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O DESFILE DE 1986 Após um carnaval de muitos atrasos,
principalmente na segunda noite de desfiles, o Carnaval 86 correu
dentro dos horários que haviam sido estabelecidos, o que causou
uma polêmica, pois muitos críticos da imprensa especializada
achavam muito estranho um desfile terminando com o dia apenas
começando a amanhecer, como aconteceu no Desfile de Domingo.
Todos nós estávamos acostumados com desfiles avançando pela
manhã e, por vezes, até o início da tarde. Pela primeira vez, após a criação do
Sambódromo, cadeiras de pista foram construídas na Praça da
Apoteose, acabando com aquele tempinho a mais que os foliões
tinham para brincar o carnaval. Falou mais alto o interesse
econômico, o que é uma pena. A Praça da Apoteose, além de
possibilitar aos sambistas mais tempo para curtir o samba, criava
uma expectativa para sabermos como as escolas iam ocupar seus
espaços. Era um prazer assistir as alas e carros chegando na
Apoteose e formando um colorido especial. Sou de opinião que
essas cadeiras sejam abandonadas no próximo desfile e que os
ingressos dos setores 6 e 13 sejam distribuídos para as
comunidades das escolas. Voltando ao Desfile de 86, quero deixar registrado
que era grande a expectativa pelo primeiro carnaval após o
término da Ditadura. O desfile teve início exatamente no
horário marcado, às 20:30, e uma das novidades do regulamento
foi a implantação do tempo mínimo, de 75 minutos. O tempo
máximo para a apresentação de cada escola passou a ser de 90
minutos. UNIDOS DA PONTE – Pela terceira vez no grupo
principal, a Ponte abriu o desfile das grandes escolas trazendo
um enredo em homenagem a Herivelto Martins. “Tá na Hora do
Samba que Fala mais Alto, que Fala Primeiro”, era o título
do enredo desenvolvido pelos carnavalescos Orlando Pereira e
Miltinho. Com aproximadamente 1800 componentes, a Ponte pisou na
passarela chamando atenção pela beleza de sua ala de baianas,
que vinha logo após o abre-alas, onde desfilou o homenageado. O
branco e o prata foram predominantes em todo o desfile,
principalmente no início. Mauro Rosas, destaque tradicional do
Carnaval Carioca, esbanjou luxo no carro que representava o
Teatro Municipal. O bom samba foi interpretado por Grilo que,
além de puxador, era também um dos autores da obra. A bateria
(foto acima) veio bem vestida e mais uma vez deu seu recado com
competência. Apesar da simplicidade apresentada e da dificuldade
que alguns carros enfrentaram para entrar na pista, a Unidos da
Ponte abriu o desfile de forma correta e simpática. ESTÁCIO DE SÁ – Com o enredo “Prata da
Noite”, homenagem a Grande Otelo, a tradicional escola do
Morro de São Carlos abriu seu desfile de forma emocionante. A
fotografia de seu ex-presidente Antonio Gentil, assassinado no
final do ano anterior, veio cercada por bandeiras de várias
escolas. Em seguida, vinha o abre-alas, trazendo os elementos
mais usados por Otelo em seus shows, tais como bengalas, luvas e
chapéus. Com um samba empolgante, não tão bom quanto o de 85,
mas que foi bem cantado pelo Dominguinhos e pelos animados
componentes, a Estácio conseguiu fazer uma apresentação bem
melhor que a do ano anterior. Além do vermelho e do branco
tradicionais, a escola usou várias cores, com destaque para o
verde, bem adequado ao setor que lembrou o filme Macunaíma.
Aliás, um dos carros de maior sucesso foi exatamente o que
representava a floresta encantada de Macunaíma, onde mulatas
banhavam-se numa cascata. No enredo, que foi muito bem
desenvolvido, não faltou a citação a Uberlândia, terra natal
de Grande Otelo. Foi um bom desfile da Estácio, que a cada ano
vinha mostrando mais qualidade em suas apresentações. MOCIDADE INDEPENDENTE – Os carnavalescos Edmundo Braga e
Paulino Espírito Santo queriam que a escola entrasse exatamente
à meia-noite, pois isso daria mais realidade ao enredo
“Bruxarias e Histórias do Arco da Velha”, mas, como o
desfile estava rigorosamente dentro do horário, a campeã de 85
iniciou sua apresentação às 23:30, trazendo 4500 componentes,
divididos em enormes 24 alas. Foi um carnaval muito luxuoso e de
bom gosto indiscutível, mas a Mocidade foi prejudicada pelo
sistema de som, que por vezes falhou durante sua apresentação.
Além disso, o samba não era dos melhores e não conseguiu
empolgar. Apesar de toda a beleza apresentada, o impacto do ano
anterior não se repetiu. Em termos plásticos, destaco a
regularidade das fantasias e o bom gosto na divisão cromática
que apresentou um “mar” de plumas em tons de verde,
misturadas ao branco, prata e dourado. Destaco ainda o bom
acabamento das alegorias e a beleza do carro em que vinha Beth
Andrade, que trazia serpentes espelhadas. IMPÉRIO SERRANO – Com o enredo “Eu
Quero”, de Renato Lage e sua esposa Lílian Rabello, o
Império conseguiu levantar as arquibancadas e contagiar até os
mais comportados assistentes. O belo samba, puxado por Quinzinho,
tinha uma letra inteligente e, em conjunto com a grande bateria,
proporcionou a escola um de seus melhores momentos na década de
80. Criticados no ano anterior, quando apresentaram alas
multicoloridas, Renato e Lílian fizeram praticamente todo o
carnaval nas cores da escola e as luzes e neons de 85 deram lugar
a um desfile mais tradicional, porém bastante criativo. O carro
que clamava por ar puro trazia árvores estilizadas e um pulmão
à sua frente; já o setor que pedia por paz apresentou um carro
que trazia um revolver que disparava delicadíssimas flores
coloridas. Em seguida veio o carro da Paz Universal, que trazia
cisnes brancos e corações prateados. As baianas vieram no final
do desfile, também com adereços florais alusivos à paz. O
desejo que todos nós temos de ver um país e um mundo melhor
possibilitou momentos de bom humor, principalmente quando passou
diante de nossos olhos o carro que tratava dos crimes de
colarinho branco. O pecado da escola foi ter cadenciado demais o
início de sua apresentação. Com 4000 componentes, a evolução
acabou ficando um pouco prejudicada no final do desfile, pois com
mais de 60 minutos, dos 90 permitidos, a escola ainda ocupava
toda a Sapucaí. VILA ISABEL – A Vila era uma das escolas mais
aguardadas, graças à sua bela exibição no ano anterior e ao
dinheiro que sabidamente estava sendo investido no barracão. Com
o enredo ”De Alegria Cantei, de Alegria Pulei, de Três em
Três Pelo Mundo Rodei”, de Max Lopes, a escola entrou na
pista com muito luxo e beleza. O enredo era um passeio por
vários países e lugares cantados em nossas marchinhas de
carnaval. O tema de Max Lopes começou em Portugal, país que foi
simbolizado por uma nau, trazendo Roberto Leal como destaque. A
seguir, o enredo visitou a Holanda, a África e a Arábia, entre
inúmeros outros lugares. A Vila ia encantando pela exuberante
beleza, já que seu samba deixava a desejar em relação aos
apresentados nos anos anteriores, quando um enorme problema
aconteceu: o carro que representava a França quebrou ainda na
concentração, impedindo a passagem das alas e carros que vinham
a seguir. Um gigantesco buraco se formou até a altura do setor
5, quando as baianas finalmente conseguiram entrar para tentar
seguir o final do desfile. Foi uma comoção, pois as baianas
passavam chorando e tentando ocupar os espaços, rodopiando
quando e como podiam. Faltou comunicação na equipe de Harmonia
dirigida pelo experiente Laíla, pois quando o carro quebrou, a
escola continuou seguindo em frente e até com certa rapidez.
Como se isso não bastasse, o público insistia em cantar o
palavrão sugerido no trocadilho de gosto duvidoso nos versos
finais do samba. Mesmo com toda a beleza de figurinos, carros e
tripés, não houve como conseguir uma boa colocação. Por
pouco, a escola não foi rebaixada. CAPRICHOSOS – Com o enredo “Brasil com Z
não Seremos Jamais, ou Seremos?”, de autoria do
carnavalesco Luiz Fernando Reis, a escola de Pilares foi alvo de
crítica de representantes políticos dos EUA, que não aceitavam
que um país considerado amigo tecesse críticas tão ácidas aos
modismos e influências vindas das terras do Tio Sam. O samba
marcheado tinha uma letra bastante crítica e chegou a fazer
sucesso na fase pré-carnavalesca. No enredo de Luiz Fernando, os
personagens de Maurício de Souza expulsavam as criações de
Disney. Isso era mostrado logo no segundo carro, que era grande e
muito colorido. Aliás, as cores predominantes nesse ano, eram as
cores da bandeira nacional, misturadas às cores da bandeira
americana e todo esse colorido acabou não funcionando bem na
avenida. Para esse desfile, o carnavalesco criou um personagem
que passeava por todo o enredo: o Canariquito, que em uma das
alegorias estrangulava a águia americana. Com pouco mais de 4000
componentes a Caprichosos passou sem a mesma alegria e
espontaneidade do ano anterior. Acho que a crítica muito
agressiva e, diga-se de passagem, muito corajosa, acabou pesando
o desfile. PORTELA – Passava das 5 horas da manhã
quando a águia da Portela apareceu na cabeceira da pista. Dessa
vez, a águia vinha toda em branco e não fazia nenhum movimento.
À frente estava a velha-guarda, saudando o público na
tradicional comissão de frente. Com o enredo ”Morfeu no
Carnaval, a Utopia Brasileira”, do carnavalesco Alexandre
Louzada, a Portela fez um desfile luxuoso, com fantasias que
traziam grandes esplendores e tinham um belíssimo efeito. A
bateria de Mestre Marçal imprimiu um andamento maravilhoso ao
samba da escola e com suas marcações muito precisas acabou
conquistando o Estandarte de Ouro. No enredo que falava dos
sonhos impossíveis, houve espaço também para os pesadelos, que
eram representados por alas vestidas de azul e roxo, uma
verdadeira festa para os olhos. A última alegoria trazia várias
águias prateadas e um riquíssimo destaque. Ao final do desfile,
já com o dia clareando, o público desceu das arquibancadas e
seguiu a escola até a Apoteose. Na minha opinião, a Portela foi
a melhor de Domingo, seguida de perto pelo Império Serrano. UNIDOS DA TIJUCA – Muita polêmica envolveu a Unidos
da Tijuca na fase pré-carnavalesca. Segundo a imprensa
especializada e boa parte de sambistas tradicionais, o enredo
“Cama, Mesa e Banho de Gato”, de Wany Araújo, apelava
excessivamente para o pornográfico. A escola abriu o Desfile de
Segunda com seu pavão tradicional no abre-alas. Um bonito carro
que não refletia a maior parte da concepção visual que viria a
seguir, pois a escola fez um desfile de altos e baixos e nem de
longe lembrou o belo carnaval apresentado em 85, quando ganhou o
direito de desfilar entre as Grandes. Com 1800 componentes, a
escola fez um desfile arrastado. Para se ter uma idéia, a
comissão de frente cruzou a linha final da avenida com mais de
60 minutos. Com um samba que atendia ao gosto duvidoso do enredo
e um desenvolvimento de carnaval bastante irregular, agravado
pela quebra do carro “Motel dos Prazeres”, a escola
não conseguiu empolgar nem seus próprios componentes, que
pareciam estar em número reduzido às 1800 pessoas anunciadas. BEIJA-FLOR DE
NILÓPOLIS – Uma
grande queima de fogos, acompanhada por centenas de bolas de
gás, chamou a atenção de todos que assistiam o início do
desfile da escola. Poucas vezes vi uma entrada de tamanho
impacto. Ao longe, raios e trovões começavam a preocupar. Não
demorou muito e grossos pingos começaram a cair na área de
concentração. Com menos de 10 minutos de desfile, o aguaceiro
despencou. Uma chuva fortíssima, acompanhada de um ventinho
chato, ia prejudicando lentamente o efeito visual de plumas e o
couro dos instrumentos da bateria. A Beija-flor, no entanto,
seguia em frente com uma garra surpreendente. O samba pouco
inspirado cresceu bastante, pois era cantado com muito vigor. Na
primeira parte do enredo “O mundo é uma Bola”, de
Joãosinho Trinta, a história do futebol foi contada e, é claro
que Joãosinho soltou a imaginação e foi buscar a origem da
bola e do futebol em civilizações milenares. Essa primeira
parte era mais luxuosa e as cores predominantes eram o azul (em
vários tons), o branco e o dourado. Quando o enredo chegou ao
Brasil, as fantasias ficaram mais leves e foi apresentado o carro
“Bumba Meu Boi”: “a bola vem do couro do
boi”, explicava o carnavalesco. Foi muito interessante a
interpretação dada pelo João aos times cariocas. Nesse setor,
destaco o carro do América, que era representado pelo inferno,
com direito a belas diabinhas. Na metade do desfile, a pista já
tinha se transformado num verdadeiro rio, com pontos de
alagamento de quase 20 centímetros. As baianas, coitadas, tinham
que desviar das poças que se formaram no setor de recuo da
bateria e evoluir como podiam. No final do desfile, uma certeza:
a Beija-flor acabara de fazer uma apresentação histórica e de
uma qualidade que lhe permitia sonhar com o campeonato. UNIÃO DA ILHA – Se a Beija-flor fora prejudicada
pela chuva, imaginem a situação da União da Ilha se arrumando
na concentração. É inacreditável, mas a escola pisou na pista
como se nada tivesse acontecido, pois até mesmo as fantasias
pareciam intactas. Alguns carros sofreram prejuízos, mas os
problemas foram solucionados a tempo. A escola, no entanto, teve
problemas com sua comissão de frente, que precisou ser
substituída pela velha-guarda. A Ilha apresentou o enredo
“Assombrações”, de Arlindo Rodrigues e, para sua
sorte, a chuva diminuiu bastante logo no início de seu desfile.
Com 3500 componentes embalados por uma bateria impecável, a Ilha
fez um de seus melhores desfiles. Desde o pavor que tomou conta
dos índios ao verem as caravelas portuguesas se aproximando da
costa, até o medo causado pela mordida do leão do Imposto de
Renda, nenhuma assombração faltou no enredo do genial Arlindo.
As fantasias eram lindíssimas e, pelo menos boa parte delas,
traziam as cores da Ilha. A carruagem de Nhá Jança era um dos
carros mais bonitos. Era dourada e trazia caveiras e bruxas sobre
ela. A bateria de Mestre Paulão, que eu já elogiei, trazia uns
tocadores de prato que davam um colorido especial ao refrão. Era
impossível ficar parado. A escola levantou o público, que
gritava “já ganhou, já ganhou!”. Dos desfiles da
União da Ilha realizados no Sambódromo, não teria a menor
dificuldade de apontar o de 1986 como o melhor deles. Ela foi
perfeita plasticamente e teve uma evolução vibrante e
homogênea. IMPÉRIO DA TIJUCA – Com o enredo “Tijuca,
Cantos, Recantos e Encantos”, do carnavalesco José Félix,
a escola entrou na pista com a responsabilidade aumentada pelas
excelentes exibições de Beija-flor e União da Ilha. Na minha
opinião, o samba de Pedrinho da Flor, Baster, Belandi, Marinho
da Muda, era o melhor do ano, principalmente pelos belos versos
que retratavam o verde da Floresta da Tijuca. Desde as moças
vestidas de índias, que abriam o desfile na comissão de frente,
passando pelos carros em homenagem a Estácio de Sá, Floresta da
Tijuca e Vista Chinesa, a escola apresentou um visual bastante
simples, porém de bom gosto. José Félix soube trabalhar bem os
materiais e jogar bem com o verde e o branco predominantes, além
de ter retratado bem a história do bairro. Os quase 2000
componentes passaram corretamente e o desfile deu a todos a
certeza de que o Império da Tijuca continuaria no Grupo 1-A. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE
MANGUEIRA – Ainda
magoados com a péssima colocação no ano anterior, uma regra
estabelecida pelos diretores da escola era que nenhuma ala podia
ter mais de 100 componentes. Júlio Matos, sujeito simples que
desde a década de 50 prestava sua colaboração ao Carnaval
Carioca, foi o carnavalesco responsável pelo enredo
“Caymmi, Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira
Têm”. Com 4000 componentes divididos em mais de 60 alas, a
escola apresentou um visual bastante simples, porém de belo
efeito. A comissão de frente trouxe a Lavagem do Bonfim e o
abre-alas, o símbolo da escola. Lilico e Mocinha defenderam o
pavilhão verde e rosa, dessa vez com fantasias douradas, de
muito bom gosto. O samba que já se anunciava como uma das
sensações daquele carnaval caiu no gosto dos componentes e do
público. No momento do refrão o entusiasmo dos mangueirenses
era fantástico e até os mais tímidos passavam requebrando ao
som da bateria, que esteve perfeita. A Bahia cantada pelo
homenageado foi lembrada em vários de seus aspectos. Não
faltaram carros e fantasias referentes à religiosidade, aos
pratos típicos, ao mar e nem à Carmem Miranda, personagem do
último carro. Mesmo abrindo alguns pequenos claros na Praça da
Apoteose, a evolução da Mangueira foi uma das mais
entusiasmadas e vibrantes que eu já assisti. ACADÊMICOS DO
SALGUEIRO – Após
onze anos sem vitórias, o Salgueiro resolveu relembrar seus
grandes momentos através de uma homenagem a um dos seus maiores
nomes: Fernando Pamplona. Com o enredo “Tem que Tirar da
Cabeça o que o Bolso não Dá – Tributo a Fernando
Pamplona”, desenvolvido pelo carnavalesco Ney Ayan, a escola
relembrou os doze carnavais feitos por Pamplona no Salgueiro:
Quilombo dos Palmares (1960); Vida e Obra de Aleijadinho (1961);
Chico Rei (1964); História do Carnaval Carioca (1965); História
da Liberdade no Brasil (1967); Dona Beija, Feiticeira de Araxá
(1968); Bahia de Todos os Deuses (1969); Praça Onze, Carioca da
Gema (1970); Festa Para Um Rei Negro (1971); Nossa Madrinha,
Mangueira Querida (1972); Do Cauim ao Efó, Moça Branca,
Branquinha (1977) e Do Yorubá à Luz, a Aurora dos Deuses
(1978). A comissão de frente veio formada pelos amigos de
Fernando Pamplona, entre eles: Albino Pinheiro, Arlindo Rodrigues
e Maria Augusta. Com o apoio de Miro Garcia, o Salgueiro
conseguiu fazer um carnaval muito bonito, com muitas alegorias
(todas de bom gosto) e fantasias de belo efeito. O bonito samba
é que não conseguiu empolgar, apesar da boa atuação do
intérprete Rico Medeiros e da boa afinação da bateria. UNIDOS DO CABUÇU – Com o enredo: “Deu a Louca
na História! E Agora, Stanislaw, Como é Que Fica?”, que
marcou a estréia de Ilvamar Magalhães como carnavalesco, a
escola fez uma brincadeira bem humorada com a história do
Brasil. A Cabuçu entrou após as 5 horas da manhã e isso, para
uma escola pouco acostumada ao Grupo Principal, não é muito
bom. O samba, apesar de alegre, não foi bem cantado e a escola
fez um desfile apenas para cumprir sua missão de permanecer no
grupo. A comissão de frente, vestida de jacaré, estava
criativa. IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE –
“Um Jeito pra Ninguém Botar Defeito – Agüenta
Coração”, esse foi o enredo desenvolvido pelo carnavalesco
Fernando Alvares. A escola entrou na pista com o dia claro, mas
completamente nublado. Muitas bandeiras em verde e amarelo
coloriram a primeira parte do desfile. A comissão de frente veio
mais uma vez formada pelos elegantes homens oriundos do Cacique
de Ramos e por jogadores de futebol. Era há alguns anos uma
garantia de nota máxima para a Imperatriz. As baianas vestidas
de branco e tons de verde foram o ponto alto da apresentação da
escola, que apesar da empolgação dos componentes, não fez um
bom desfile, pois em vários momentos pecou em evolução e
harmonia, além da combinação de cores e materiais não ter
sido das melhores. Bom mesmo foi o “arrastão da
alegria” que a escola trouxe no final de sua apresentação. Após o término dos desfiles a expectativa era
grande para sabermos quem seria a campeã. Na minha opinião,
cinco escolas tinham chances: Império Serrano, Portela,
Beija-flor, União da Ilha e Mangueira. Pela avaliação do Júri
da Globo, a Beija-flor seria a campeã e até com uma boa
vantagem em relação às demais, já que a escola conquistou 100
pontos (contagem máxima). Quando os envelopes foram abertos no
Maracanãzinho, Mangueira e Beija-flor pularam na frente, sempre
seguidas de perto pelo Império Serrano. A medida em que a
Portela ia se afastando da possibilidade do título aconteceu uma
coisa muito bonita. Alguns de seus torcedores passaram a aplaudir
todas as notas 10 que a Mangueira recebia, resultando num belo
momento de união entre as torcidas das duas escolas de samba
mais tradicionais do Rio de Janeiro. O resultado oficial foi o
seguinte: 1º Mangueira – 214 pontos 2º Beija-flor - 211 3º Império Serrano - 209 4º Portela - 207 5º União da Ilha - 207 6º Salgueiro - 205 7º Mocidade - 201 8º Imperatriz - 197 9º Caprichosos - 192 10º Estácio de Sá - 187 11º Vila Isabel – 186 12º Império da Tijuca – 176 13º Unidos do Cabuçu – 172 14º Ponte – 170 15º Unidos da Tijuca – 169 Para muitos esse resultado é questionável até
hoje, mas vale lembrar que Desfile de Escola de Samba não é
somente luxo e a Mangueira, além de uma beleza simples e
irresistível, fez um carnaval com muito samba no pé. Antes de encerrar meus comentários, gostaria de agradecer ao Marco, pela oportunidade que está me dando para que eu possa expor minhas idéias. Gostaria também de deixar claro que a minha intenção não é mostrar conhecimento e sim contribuir para que a história e as estórias dos desfiles não caiam no esquecimento. Marcelo Guireli
NOTAS DE 1986 por Denise
Tendo em vista que vi o desfile pelo
vídeo, não vou analisar os quesitos EVOLUÇÃO, HARMONIA E
BATERIA. Os quesitos MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA e COMISSÃO DE
FRENTE somente vou julgar a fantasia e o seu contexto com o
enredo. O quesito SAMBA-ENREDO será julgado pela gravação do
LP. O quesito ENREDO será julgado pela representatividade no desfile.
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