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GERA

GERA

       

 

 

 

 

     

        Nome Original: José Geraldo Cavalcante

 

 

 

        Ano de nascimento: 1951   

                                                                      

   
No momento em que o futebol perdia um promissor goleiro, o mundo do samba passava a ganhar um grande intérprete. Gera foi jogador de futebol profissional. No início da década de 70 jogou nas equipes do Sport Recife e do Santa Cruz, em Pernambuco, sua terra natal, Atuava como guarda-metas e, numa partida, devido a uma bola dividida, quebrou o maxilar. Na mesa de operação, o então atleta sofreu um choque anafilático que o deixou com uma sequela no rosto até hoje.

Após abandonar o futebol, formou um grupo de samba em Recife e passou a ser conhecido como Gera. Numa das apresentações na noite da capital pernambucana em 1979 conheceu Martinho da Vila. Já consagrado na MPB, Martinho conheceu e gostou do trabalho de Gera e o convidou para defender o seu samba concorrente na Vila Isabel para o carnaval de 1980, “Sonho de um sonho”.

Depois da disputa, Gera passou a fazer parte do carro de som da escola do bairro de Noel Rosa que, na época, era comandado por Marcos Moran. Para o carnaval de 1984, além de defender novamente um samba de Martinho da Vila durante as eliminatórias, o cantor passou a ser a primeira voz da escola no disco oficial e na avenida. Gera no disco oficial gravou o clássico samba “Pra Tudo Se Acabar na Quarta-Feira”, dividindo os vocais com Marcos Moran e Valcy.

Quando Moran deixou a Vila, logo após o desfile de 1984, a escola contratou Sobrinho (ex-Unidos da Tijuca) para assumir o microfone principal da agremiação. O cantor chegou a gravar o samba “Até Parece que Foi Ontem” (de David Corrêa, Jorge Macedo e Tião Grande) no disco oficial do carnaval de 1985. No entanto, semanas antes do desfile, a Vila dispensou Sobrinho e incorporou o cantor e compositor David Correa, da parceria vitoriosa na disputa de samba enredo para aquele ano, junto ao carro de som, juntando-se a Gera. Por também ter vencido o concurso de samba-enredo no ano seguinte, David seguiu como puxador da escola em 1986, uma praxe da época quando os compositores avocavam a prerrogativa de serem puxadores dos sambas de sua autoria. Somente em 1987 é que Gera saiu da equipe de apoio de canto e finalmente passou a ser o microfone principal da Vila Isabel.

Aliás, a trilogia dos carnavais da Unidos de Vila Isabel no final da década de 80 não sai da memória de Gera. “‘Kizomba, a festa da raça’, em 1988, foi o auge. Foi um carnaval marcante, pois era o centenário da Abolição da Escravatura e marcou o primeiro título da Vila no carnaval. A escola já tinha apresentado um grande carnaval em 1987, com o enredo ‘Raízes’, que tinha um sambaço do Martinho. E no ano após o título, ‘Direito é Direito’, de 1989, a Vila fez outro grande carnaval, mas não levou”, relembra.

Em 1993, o cantor participou na coleção Escolas de Samba Enredo com os sambas mais representativos de dez escolas do Rio de Janeiro, no CD dedicado à Vila Isabel. A maioria do repertório do disco é formada por sambas de autoria de Martinho da Vila, que também foi a voz principal do álbum. Gera gravou duas faixas com Martinho: “Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira” (1984) e “Raízes” (1987), samba enredo de Martinho da Vila, Ovídio Bessa e Azo.

A partir de 1994, além de Gera, a Vila reforça seu plantel de intérpretes, com a chegada de outro grande puxador, Jorge Tropical, também cria do bairro de Noel. A Vila passa a ter dois cantores de excelente qualidade na condução do samba, dobradinha esta que perdurou por quase uma década.

Gera deixou o bairro de Noel depois do carnaval de 1999, após um convite tentador para assumir o posto de intérprete da Portela. Para evitar desgaste, o cantor preferiu que a madrinha Portela pedisse a permissão à afilhada Vila Isabel. Assim, o presidente portelense na época, Carlinhos Maracanã, conversou com Olício Alves dos Santos, que era presidente da Vila. A liberação ocorreu sem problemas. Assim, após 19 anos de Vila Isabel, Gera estava se transferindo para o bairro de Oswaldo Cruz, ingressando em uma das agremiações mais tradicionais do carnaval carioca já no desfile do ano 2000, que marcou o carnaval dos 500 anos do Descobrimento.

Em 2004, Gera teve uma oportunidade de ouro: cantar o clássico “Lendas e Mistérios da Amazônia” (de Catoni, Jabolô e Waltenir), que foi reeditado pela azul e branco.

Depois do carnaval de 2004, a direção da Portela mudou e Gera saiu do cargo de intérprete da escola. O cantor ficou alguns anos fora do carnaval carioca. Em 2010, após defender o samba de Martinho da Vila durante as eliminatórias, Gera ganhou a oportunidade de retornar à escola que o consagrou, como apoio de Tinga.

Dono de uma voz grave, Gera tem uma interpretação correta na avenida, preocupando-se mais em conduzir o samba do que perder-se em gritos de empolgação desnecessários. Sua conduta é reconhecida por honrar os compromissos e os horários de shows e ensaios. O cantor se diz da linhagem de intérpretes tradicionais, como Jamelão, Aroldo Melodia e Ney Vianna. Para Gera, é importante descansar, se alimentar bem e ter cuidados com a voz para um bom desempenho na avenida. Gera tem quatro CDs gravados em sua discografia solo.

Curiosidades envolvendo Gera e David Corrêa:

- No disco do carnaval de 1983, é a voz de Gera que aparece acompanhada pelo grupo As Gatas na gravação do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, “O Rei da Costa do Marfim visita Chica da Silva em Diamantina”, de Matias de Freitas, Carlinhos Boemia e Nelson Lima. No entanto, o samba da escola de Ramos foi conduzido na Avenida por David Corrêa, enquanto Gera estava no carro de som da Vila.

- Com a dispensa de Sobrinho semanas antes do desfile de 1985, David Corrêa foi integrado ao carro de som da Vila, tendo Gera como apoio por dois carnavais consecutivos.

- No carnaval de 2002, os papeis se inverteram. Mesmo David Corrêa sendo um dos autores de “Amazonas, Esse Desconhecido”, junto com Grillo e Naldo, e participando da gravação do samba no disco, o compositor foi apoio de Gera na Sapucaí, quando o pernambucano era o intérprete principal da Portela.

INÍCIO: Unidos de Vila Isabel, em 1980

1980 a 1983 – Vila Isabel (apoio de Marcos Moran)
1983 – Imperatriz (apenas gravou o samba no disco, ao lado do grupo As Gatas)
1984 – Vila Isabel (com Marcos Moran e Valcy)
1985 e 1986 – Vila Isabel (apoio de David Corrêa)
1987 a 1993 – Vila Isabel (intérprete principal)
1994 a 1999 – Vila Isabel (com Jorge Tropical)
2000 a 2004 – Portela
Desde 2010 – Vila Isabel (apoio de Tinga, Gilsinho, Igor Sorriso e novamente Tinga)

GRITO DE GUERRA: Na Vila Isabel, seu grito de guerra sempre começava com “Alô Vila Isabel, vamos lá!”. Na Portela, não tinha um grito específico. Utilizava: “Alô família portelense, a águia vai voar”.

GRITOS DE EMPOLGAÇÃO: Preocupa-se mais em conduzir o samba. De vez em quando aparecem: “vamos lá”; “lindo, lindo gente”; “haaaay”; “minha bateria nota 10/estandarte de ouro”; “e aí”; “que beleza”; “alô Morro dos Macacos”; “gira baianas”; “arrebenta”; “esse ano é preciso confirmar”.

DISCOGRAFIA DE CARNAVAL:

LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1983 (faixa Imperatriz Lepoldinense)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1984 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1987 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1988 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1989 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1990 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo Especial 1991 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo Especial 1992 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo Especial 1993 (faixa Vila Isabel)
CD Escolas de Sambas-Enredo Unidos de Vila Isabel – Coletânea Sony (1993)
LP Sambas Enredo Grupo Especial 1994 (faixa Vila Isabel)
LP Sambas Enredo Grupo Especial 1995 (faixa Vila Isabel)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1996 (faixa Vila Isabel)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1997 (faixa Vila Isabel)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1998 (faixa Vila Isabel)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 1999 (faixa Vila Isabel)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2000 (faixa Portela)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2001 (faixa Portela)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2002 (faixa Portela)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2003 (faixa Portela)
CD Sambas Enredo Grupo Especial 2004 (faixa Portela)

DISCOGRAFIA SOLO:

Um Canto Forte (Continental, 1988)
Pura Realidade (Paralelo, 1991)
Amigo Leal (Tropical/Polygram, 1991)
Gera Canta Samba (ZFM Records, 1998)

PARTICIPAÇÃO EM DISCOS:

LP Pagode das Estrelas, coletânea (RCA Victor, 1986), na faixa “Tributo a Martinho da Vila”.

MAIS FOTOS DE GERA






Em 1988, cantando o antológico samba "Kizomba"


No clipe do carnaval de 1987


Capa de seu LP de 1988 "Um Canto Forte"


Gera conduzindo o carro de som da Vila Isabel em 1987


Soltando a voz no samba "Gbala" pela Vila no carnaval de 1993


Em 1994 formou-se uma das dobradinhas de intérpretes mais bem sucedidas da Sapucaí: Gera (ao centro) e Jorge Tropical (à direita, de cavanhaque)


Arrancada da Vila Isabel na Sapucaí no desfile de 1994


Ao lado de Jorge Tropical na gravação da vinheta Globeleza para o carnaval de 1997


Gera (à direita) junto com Jorge Tropical na gravação da vinheta Globeleza para o carnaval de 1994


Gera (ao centro) puxando a Vila Isabel em 1990


Gera (de chapéu panamá) na numerosa equipe de canto da Vila Isabel no carnaval de 2020

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