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Como funciona uma escola de samba

Como Funciona uma Escola de Samba

Para que o desfile das escolas de samba aconteça, centenas de pessoas trabalham, e muito, durante todo o ano. Não é à toa que o evento é considerado o maior espetáculo da terra. Ao todo, seis grupos reúnem as agremiações do Rio de Janeiro: As do Especial, seguem o regulamento da Liga Independente das Escolas de Samba (a Liesa), e as dos Grupos de Acesso A, B, C, D e E, obedecem ao regulamento da Associação das Escolas de Samba, que sofre algumas alterações de acordo com o grupo em que cada agremiação se apresenta. A estrutura básica de todas é a mesma, com a diferença do luxo e da criatividade que cada uma delas apresenta na avenida e que definem qual será a campeã. Saiba como funciona por dentro uma escola de samba:

Comissão de Frente

No início era a velha guarda que reverenciava o público e pedia passagem. Com o tempo, esse grupo que tem como função apresentar a escola foi se sofisticando e trazendo convidados ilustres como atores, artistas circenses, personalidades etc. Todas as escolas investem e capricham nas coreografias que são exaustivamente ensaiadas (cerca de quatro meses antes do desfile). Para orientar os passos dos componentes da comissão de frente, as escolas de samba passaram a convidar dançarinos, bailarinos ou professores de dança que assumiram o cargo de coreógrafo do grupo com a importante tarefa de apresentar a escola à platéia e aos jurados. Esse quesito vale ponto.

Carro Abre-Alas

É como o próprio nome diz, onde a história começa. Muitas escolas trazem seu símbolo nesta alegoria; outras a utilizam para começar a contar o enredo. É sempre um sucesso. Normalmente vem com apenas um destaque principal. Não vale ponto individualmente. Acima, o tradicional Abre-Alas da Portela: a inconfundível águia.

Alas

São grupos de componentes que utilizam a mesma fantasia e que se posicionam no espaço entre uma alegoria e outra. Nessas alas avulsas se concentra o sambista, que não caminha: evolui. Não se sacode: se acaba! O verdadeiro folião se esbalda pra valer no desfile. Muitos perdem de 1 a 2 quilos até cruzarem o fim da avenida. Outros gostam tanto da maratona carnavalesca que chegam a desfilar em mais de uma escola. Não valem ponto individualmente.

Alegorias e Adereços

É a parte mais suntuosa de todo o desfile. Os carros alegóricos contam a maior parte do enredo de uma escola de samba. No alto das alegorias, nos chamados queijos, vêm os destaques principais da agremiação, que costumam se dividir no central alto, central baixo, lateral direito e lateral esquerdo, considerados os postos mais cobiçados. Os demais personagens que se apresentam nos carros alegóricos são denominados composições. Esse quesito vale ponto.  

Ala das Crianças

Antes de o Juizado de Menores prestar atenção, era uma ala obrigatória. Mas hoje ela é facultativa. A maioria das escolas costuma levar, em média, 200 componentes mirins para a avenida. Não vale ponto.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

São encarregados de levar o estandarte da escola de samba. Usam fantasias luxuosas, que, no caso da porta-bandeira, podem pesar até 40 quilos. As melhores duplas são verdadeiras feras da dança e costumam ser disputadas pelos dirigentes das agremiações. Apesar de muitas escolas de samba apresentarem até quatro casais de mestre-sala e porta-bandeira, apenas o primeiro, que costuma evoluir na frente da bateria da escola, é observado pelo júri na contagem dos pontos. Acima, o casal da Unidos da Tijuca.

Bateria

Representa para o desfile das escolas de samba o mesmo que uma orquestra para a ópera. Uma boa bateria tem cerca de 350 integrantes. Os componentes são alinhados por instrumentos e guiados pelo primeiro diretor, chamado de mestre, que costuma conduzir os ritmistas por intermédio de outros diretores de bateria que ficam espalhados por toda a ala. É o mestre de bateria quem dita o ritmo das batidas e o andamento do samba ao som de apito e muitos gestos. Diversos microfones acompanham a bateria durante toda a sua evolução, para espalhar o som pelas caixas que ficam distribuídas pela avenida. Cada escola possui características individuais de batidas e a cada ano, tentam se superar com novidades como paradinhas, coreografias, introdução de instrumentos diferenciados etc. Os instrumentos que compõem uma bateria são tamborim, pandeiro, chocalho, reco-reco, tarol, agogô, cuíca, repinique, caixa de guerra e surdos de primeira, segunda e terceira marcação. Algumas escolas de samba têm rainhas, princesas e madrinhas da bateria que podem ser artistas, modelos ou escolhidas em concursos pela comunidade da agremiação. São sempre mulheres muito bonitas e que levam o público ao delírio com suas aparições. A bateria vale ponto. Nas fotos acima, a primeira mostra os diretores de bateria da Beija-Flor. A segunda mostra os componentes da bateria em plena ação na avenida. E a terceira mostra Juliana Paes, rainha da bateria da Viradouro. 

Intérprete Oficial

Era conhecido inicialmente como puxador de samba. Mas graças ao Jamelão, que ocupa esse posto na Estação Primeira de Mangueira, a nomenclatura teve que ser revista. Quase todos têm um vozeirão de fazer inveja. O intérprete é considerado figura fundamental responsável por cantar, em média, cerca de 65 vezes o samba-enredo durante o tempo de desfile. Normalmente é acompanhado por dois ou três cantores de apoio. É ele quem determina o andamento do samba e conseqüentemente da agremiação. A maioria tem um grito de guerra que os identifica e os associa à escola de samba que está representando. É sempre um dos protagonistas. Apenas o samba-enredo é julgado e não o seu intérprete. Na foto acima, à esquerda, aparece Jamelão, intérprete da Mangueira. Na da direita quem rouba a cena é Rixxa, atual intérprete da União de Jacarepaguá.

Passistas

São os responsáveis em não deixar ficar um buraco na escola, quando a bateria entra no recuo. Espalham-se no espaço deixado pelos ritmistas e evoluem até que a ala seguinte preencha esse vazio. São homens e mulheres brilhantes no samba no pé e que esbanjam beleza e sensualidade. Não vale ponto.   

Ala das Baianas

Essa ala não conta ponto individualmente, mas as famosas “tias” são presença obrigatória no desfile. Essas senhoras com suas roupas rodadas levam uma vida dura: a fantasia que vestem pode chegar a pesar até 15 quilos. Algumas delas são bem idosas, mas costumam chegar inteirinhas no fim do desfile. São verdadeiramente apaixonadas por suas escolas e não admitem a possibilidade de desfilar em outro lugar. É um espetáculo à parte vê-las evoluindo no refrão do samba com suas saias rodadas.

Ala dos Compositores

É formada pelos poetas da escola. São eles que compõem os sambas das agremiações até que um deles seja escolhido, definitivamente, como o oficial. O samba-enredo oficial conta ponto, a ala não.  

Velha Guarda

Houve um tempo em que os antigos componentes abriam o desfile. Foram chegando para trás e hoje costumam encerrar o espetáculo. Alguns de seus integrantes participaram da fundação das suas respectivas escolas de samba. Essa ala não vale ponto.

FONTE: Denise Carla, Papo de Samba