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FAZENDO ARTI

FAZENDO ARTI

PRESIDENTE Tiago dos Santos Barros
VICE-PRESIDENTE Thiago Morganti
CARNAVALESCOS André Cardozo e Daniel Guedes
INTÉRPRETES Celsinho Mody e Leo Reis
CORES  Vermelho e Branco
FUNDAÇÃO 01/01/2013
CIDADE-SEDE São Paulo - SP
SÍMBOLO Esquilo

A Fazendo Arti surgiu de um sonho, realizar o que mais gostamos, samba,carnaval e festa!

Cores: vermelhos e branco, pois somos da Zona Leste de SP e estamos bem próximos à Leandro de Itaquera.

Estamos aqui para contribuir e fazer bonito na avenida virtual, levando alegria, real a todos os paulistanos e Brasil afora!

Nossa escola não conseguiu desfilar em 2013 mesmo tendo um grande samba, passamos por um momento delicado, em 2014 fomos 14º lugar e, com a chegada do nosso grande carnavalesco André Cardozo, chegamos ao grande sexto lugar! A classificação para a LIESV veio com o sexto lugar no CAESV em 2015. A estreia no Acesso foi em grande estilo: o vice-campeonato e a classificação para o Grupo Especial em 2017, estreando na elite com uma décima posição. Em 2018, foi quinto.

Também contamos com uma duradoura parceria com Celsinho Mody e Léo Reis.

Essa é a Família Fazendo Arti.

Ano

Enredo

Colocação

2019 Caxambu – Ngoma, meu filho, que eu quero ver… -º (Especial)
2018 Axé em Olorum 5º (Especial)
2017 Ave Maria no Morro: Uma oração de Fé para o Povo do Brasil 10º (Especial)
2016 De um surdo centenário à filarmônica do samba virtual. Imperatriz, Paulista no samba, na alma e na raiz 2º (Acesso)
2015 Sou caipira de Pirapora e batendo tambor da nação, fui com ginga para São Paulo conhecer o João 6º (CAESV)
2014 Respeitável publico, com vocês, Fazendo Arti orgulhosamente apresenta… O Mundo Mágico do Circo 14º (CAESV)

SINOPSE ENREDO 2019

Caxambu – Ngoma, meu filho, que eu quero ver…


Justificativa

“Quem ensinou meu avô
Me conta através do tambor
Que um povo sem sua cultura
É escravo esperando o feitor”

(Mestre Marcus Bárbaro)

A Fazendo Arti, em 2019, trará a origem do Caxambu.

O enredo teve leve inspiração na música “Caxambu”, de Bidubi, Jorge Neguinho, Zé Lobo e Elcio do Pagode, eternizada na voz de Almir Guineto.

A ideia é trazer a história dos Ovimbundus, povo de Angola; em seguida, a resistência desse povo contra a escravidão; a chegada deles ao Brasil, para trabalhar nas fazendas de Café e Cana de Açúcar, em Minas Gerais; o Caxambu, como resultado da cultura deste povo; e, por fim, a popularização da dança e do ritual, com ênfase no Caxambu do Salgueiro, que é homenageado na canção supracitada. 

Enredo

Dizem os Ovimbundus que descendem de FETI, o primeiro homem.

FETI caiu do céu, e seu nome significa “princípio”. Na terra, FETI encontrou inúmeros animais e plantas, mas ninguém como ele.

Em dado momento, viu sair das águas uma bela mulher a quem chamou TCHOYA, cujo nome é “ornamento, perfeição”. Ambos tiveram dois filhos, NGALANGI e VIYÉ, dando origem a todas as raças que habitam a região do Bié.

Bié é parte de Angola, lugar onde fica o Rio Kwanza.

Dizem os historiadores, no entanto, que os Ovimbundus são descendentes dos autores das pinturas rupestres de Caninguiri. Ou seja, a arte sempre esteve presente entre os Ovimbundus. Como todos os Bantus de Angola, na música, eles utilizavam o Ngoma, uma espécie de tambor africano.

Os Ovimbundus criaram o Reino Bailundo e durante muito tempo lutaram contra a ocupação colonial portuguesa.

Escravizados pela força da opressão, foram enviados ao Brasil.

De Benguela, os navios negreiros partiram. Foram neles que os Ovimbundus vieram para o Brasil, parte deles para trabalhar nas fazendas de café e cana de açúcar de Minas Gerais. Trouxeram consigo suas raízes e a cultura. E o Ngoma veio junto.

“Roda Caxambu vamos recrear
Roda Caxambu minha gente pra lá pra cá

Caxambu é dança velha
Que você não conhece
Caxambu veio de minas
Quem mandou rodar fui eu
Na Bahia tem o jongo
Capoeira de afoxé

Para dançar o caxambu
Vai ter que bater com o pé

Desde os tempos de menino
Eu sonhava conhecer
Essa dança tão bonita
Que eu sempre ouvi dizer
A mãe velha Mariana
Junto com Tia Luzia
Entoava o Caxambu
Até o romper do dia”

Em Minas, floresceu o Caxambu ao som do tambor Ngoma, da mesma forma que o Jongo, na Bahia. O jongo é sua mais popular derivação. Mas o Caxambu é mais do que canto e dança. Naqueles tempos, sua poesia metafórica permitiu que os praticantes da dança se comunicassem por meio de pontos que os capatazes e senhores não conseguiam compreender. Sempre esteve, assim, em uma dimensão marginal, em que os negros falam de si, de sua comunidade, por meio da crônica e da linguagem cifrada.

Por isso, foi proibido por lei, uma vez que, sobre o Caxambu, “temiam que os encontros propiciassem aos escravos a chance de ‘organizar sociedades secretas, aparentemente religiosas, mas sempre perigosas, pela facilidade com que alguns negros astutos podem usá-las com finalidades sinistras’ “.

O Caxambu, então, que consiste numa dança ao som do tambor Ngoma e de uma dança de umbigada, uniu-se à religião e todas as demais manifestações da cultura negra, que foram rechaçadas pelo poder opressor, e só sobreviveu clandestinamente.

Oi negro, que tá fazendo
Oi, na fazenda do senhor?
Sinhozinho mandou embora
Pra quê que negro voltou?
Dia treze de maio
Cativeiro acabou
E os escravos gritavam
Liberdade, senhor!

[cantado pelos jongueiros do Quilombo de São José da Serra].

Após o chamado “fim da escravidão”, com a Lei Áurea, a pobreza forçou os negros a morarem nos morros e favelas. Lá, mesmo sendo proibidas por lei as manifestações da cultura negra, o Caxambu, assim como o samba, sobreviveu escondido nos quintais das mães de santo. Uma delas, a tia Ciata, se tornou símbolo da resistência dos sambistas. No Jongo, uma variação do Caxambu, Maria Joana Monteiro foi a pioneira na preservação cultural, no morro da Serrinha.

No ritual do Caxambu, um solista puxa um ponto de reverência a Nossa Senhora do Rosário, a São Benedito. É o pedido de licença. E aí começa a batucada, o canto e a dança, com pontos que ora exaltam a religiosidade, ora servem como recados para adversários:

Olha vamos na dança do Caxambu
Saravá, jongo, saravá,
Engoma, meu filho que eu quero ver
Você rodar até o amanhecer,
Engoma, meu filho que eu quero ver
Você rodar até o amanhecer

O tambor tá batendo é pra valer
É na palma da mão que eu quero ver
O tambor tá batendo é pra valer
É na palma da mão que eu quero ver

Dona Celestina me dá água pra beber
Se você não me der água
Vou falar mal de você
Deu meia noite, o galo já cantou
Na igreja bate o sino
É na dança do jongo que eu vou

Deu meia noite, o galo já cantou
Na igreja bate o sino
É na dança do jongo que eu vou

Carreiro novo que não sabe carrear
O carro tomba e o boi fica no lugar
Carreiro novo que não sabe carrear
O carro tomba e o boi fica no lugar

Quem nunca viu vem ver
Caldeirão sem fundo ferver
Quem nunca viu vem ver
Caldeirão sem fundo ferver

O tambor tá batendo é pra valer
É na palma da mão que eu quero ver

(“Caxambu”, de Bidubi, Jorge Neguinho, Zé Lobo e Elcio do Pagode)

E, então, o Caxambu foi preservado, seja no Jongo da Serrinha, seja no Caxambu do Salgueiro, que foi exaltado por Almir Guineto em música de verdadeiro sucesso nacional. E, aqui, vale o registro da luta de Tia Guida, Tio Antero, Tio Arão, D. Leonor e Mestre Geraldo, entre outros, que transformaram o Caxambu na principal manifestação folclórica absorvida pelos salgueirenses,

A Fazendo Arti, com isso, tenta ajudar na preservação deste legado cultural, que é a manifestação de parte relevante e negligenciada da história negra brasileira, exibindo com orgulho nossas raízes e cultura, e trazendo, de forma breve, a riqueza afro-brasileira

Outras Informações Julgadas Necessárias (fontes de consulta, livros etc):
. FERNÁNDEZ, Jose Carlos. Religião Ovimbudu, acessado em: http://nova-acropole.pt/religiao-ovimbundu/
. ISSO, Mbela. A Origem dos Ovimbundu Segundo a Tradição Oral, acessado em https://www.ovimbundu.org/categoria/historia-dos-ovimbundu/origem-dos-ovimbundu-segundo-tradicao-oral
. KANDIMBA. Ngoma meu filho que eu quero ver, acessado em http://kandimbafilms.blogspot.com/2011/08/ngoma-meu-filho-que-eu-quero-ver.html
. VIEIRA, Miguel Manuel. O Reino do Bailundo. Acessado em: https://vieiramiguelmanuel.blogspot.com/2015/06/o-reino-do-bailundo-trabalho-elaborado.html
. Dança do Caxambu, acessado em : http://cantosdecongoitabira.blogspot.com/2010/09/roda-caxambu-vamos-recrear-roda-caxambu.html
. Dossie IPHAN 5 – Jongo no Sudeste, acessado em: http://www.cnfcp.gov.br/pdf/Patrimonio_Imaterial/Dossie_Patrimonio_Imaterial/Dossie_Jongo.pdf
. Historia do Jongo e o Jongo da Serrinha, acessado em http://jongodaserrinha.org/historia-do-jongo-no-brasil/
. Jongo, movimento cultural, do site Na Estrada Com as Minas, acessado em: http://naestradacomasminas.com.br/2017/10/18/jongo-movimento-cultural/
. Site Caxambu do Salgueiro (http://caxambudosalgueiro.blogspot.com/)