EMÍLIO SANTIAGO
EMÍLIO SANTIAGO
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Nome completo: Emílio Vitalino Santiago
Ano de nascimento: 1946
Ano de falecimento: 2013
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Considerado
um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, o carioca
Emílio Santiago era reconhecido no país e no exterior
pelo público e pela crítica. O artista conquistou
diversos prêmios, como o Grammy Latino de Melhor Álbum de
Samba/Pagode, pelo álbum “Só danço
samba” (2012), um ano antes de falecer, além de outras
honrarias, como os Prêmios Sharp, TIM e Prêmio da
Música Brasileira, além de vários festivais.
O sonho de Emílio não era ser músico. Por
influência de um tio, optou pelo Direito e tinha como objetivo
ser diplomata. Queria ser o primeiro negro a trabalhar no Itamaraty. De
família humilde, o músico começou a trabalhar aos
13 anos como office-boy, sem deixar de estudar, é claro. A
música só entrou em sua vida em 1970, quando amigos da
Faculdade Nacional de Direito o incentivaram a investir na carreira
musical. Depois de muita pressão, ele começou se
apresentar em pequenos festivais.
Antes de se tornar um ícone da música brasileira,
Emílio participou do programa de calouros “A Grande
Chance”, apresentado por Flávio Cavalcanti, na extinta TV
Tupi, em 1973. Foi lá que conquistou o público com sua
voz grave e a suavidade de sua interpretação. A arte
falou mais alto e Emílio trocou o Direito pela música, o
que de início magoou sua mãe. Logo após a
participação no programa de Flávio Cavalcanti,
gravou seu primeiro compacto, “Transas de Amor”. Seu
primeiro LP foi lançado dois anos depois e recebeu seu nome.
Ganhou o concurso MPB Shell, promovido pela Rede Globo em 1982, com a
canção “Pelo Amor de Deus” (Paulo
Debétio e Paulinho Rezende). Três anos depois foi
escolhido como melhor intérprete no Festival dos Festivais,
também da Rede Globo, com a canção “Elis,
Elis” (Estevan Natolo Jr. e Marcelo Simões).
A grande fase de sucesso do cantor iniciou-se em 1988, com o
lançamento do LP “Aquarela Brasileira”, pela Som
Livre – um projeto especial coordenado pelo produtor Roberto
Menescal – dedicado exclusivamente ao repertório de
música brasileira. Inicialmente, planejava-se lançar
apenas um LP, mas devido à grande repercussão e ao
sucesso, foram lançados sete trabalhos da série Aquarela
Brasileira. O projeto ultrapassou a marca de quatro milhões de
cópias vendidas. O próprio Emílio Santiago, divide
sua carreira 'antes e depois' das Aquarelas. De fato, antes do projeto,
Emílio era um cantor de prestígio no meio, mas não
era tão popular, mesmo com os prêmios de festivais de
música da Rede Globo. Com a chegada das Aquarelas e seus
milhões de cópias vendidas, ele virou um cantor das
massas. As gravações eram embaladas por arranjos
sofisticados e o repertório era composto por dezenas de
músicas do passado. Todas valorizadas por uma voz que sempre
será referência em qualidade e clareza.
A discografia do cantor totaliza 30 álbuns lançados entre
1975 e 2012. Seu repertorio sempre gravou compositores de samba e
também reservou espaço para incluir sambas de enredo em
seus trabalhos. Para quem nasceu e foi criado no Rio de Janeiro, a
escolha parecia natural.
Uma semana antes do carnaval de 2007, a diretoria da
Estação Primeira de Mangueira convidou Emílio
Santiago para integrar o carro de som verde e rosa na Marquês de
Sapucaí e interpretar o samba “Minha língua
é minha pátria, Mangueira, meu grande amor. Meu samba vai
ao Lácio e colhe a última flor”, dos compositores
Lequinho, Junior Fionda, Aníbal e Amendoim. O titular Luizito,
que estreava como microfone número 1 da verde e rosa naquele
carnaval, apresentou problemas coronários semanas antes do
desfile. Curiosamente, Luizito estava substituindo o lendário
Jamelão, que por ter sofrido dois derrames no ano anterior,
ficou impossibilitado de cantar. A diretoria da Mangueira havia
definido que Luizito daria o grito de guerra e cantaria sozinho a
primeira passada do samba, sem a bateria, e após deixaria a
condução para o coro, formado por Emílio e os
auxiliares de canto Lequinho, Clóvis Pê, Eraldo Caê,
China Branco e Zé Paulo Sierra.
No entanto, por conta e risco, Luizito seguiu cantando o samba por todo
o desfile, sob olhares atentos e apreensivos dos médicos
contratados pela escola para acompanha-lo. A Mangueira obteve o 3º
lugar. No Sábado das Campeãs, Luizito cantou apenas no
início do desfile e o samba foi defendido por Emílio e
pelos demais cantores da escola até o final da
apresentação. A cantora Alcione também
reforçou o apoio.
Em 2010, Emílio cantou o alusivo na faixa da Mangueira no CD
oficial, baseado na segunda estrofe da música “Bem
Simples”, composta por Ricardo Feghali e Mariozinho Rocha, e
gravada originalmente no álbum de estreia da Banda Roupa Nova,
em 1981: Eu pensei te dizer / Tanta coisa / Mas pra quê / Se eu tenho a música (música).
Emílio também aparece no clipe do samba “Mangueira
é música do Brasil” (Renan Brandão, Machado,
Paulinho Bandolim e Rodrigo Carioca), que a escola desfilou naquele ano.
O querido artista estava com 66 anos quando partiu precocemente
após sofrer um acidente vascular cerebral, em 20 de março
de 2013. Pouco mais de um mês antes do falecimento, na noite do
dia 9 de fevereiro, Emílio Santiago fez uma das suas
últimas performances. O cantor dividiu o palco Marco Zero,
principal polo do festivo carnaval de Recife, com a cantora paraense
Fafá de Belém, perante uma multidão de 60 mil
pessoas, na abertura do carnaval da capital pernambucana. |
INÍCIO:
Começou profissionalmente no quadro de calouros chamado A Grande
Chance, no programa de TV de Flávio Cavalcanti, no início
dos anos 70. No carnaval, costumava desfilar pela Mangueira e se
declarava torcedor mangueirense.
2007 – Mangueira (apoio de Luizito)
2010 – Mangueira (cantou o alusivo da escola na gravação do CD e no início do desfile)
GRITO DE GUERRA: Ô, Mangueira! (utilizou apenas na gravação do samba em 2010)
CACOS DE EMPOLGAÇÃO: Não tinha.
SAMBAS ENREDO GRAVADOS POR EMÍLIO SANTIAGO:
- “Aquarela Brasileira” (Império Serrano 1964), no LP Brasileiríssimas;
- Medley “O Homem do Pacoval (Portela 1976), “Sonhar com
Rei dá Leão” (Beija-Flor 1976), “Os
Sertões” (Em Cima da Hora 1976) e “Arte Negra da
Legendária Bahia” (Unidos de São Carlos 1976), no
LP Brasileiríssimas;
- “Domingo” (União da Ilha 1977), no LP Comigo é Assim;
- Medley “Kizomba, Festa da Raça” (Unidos de Vila
Isabel 1988), “100 Anos de Liberdade, Realidade ou
Ilusão” (Mangueira 1988) e “Lenda Carioca, Os Sonhos
do Vice-rei” (Portela 1988), no LP/CD Aquarela Brasileira;
- Medley “Festa Profana (União da Ilha 1989),
“Liberdade, Liberdade, Abra as Asas Sobre Nós”
(Imperatriz Leopoldinense 1989) e “Direito é
Direito” (Unidos de Vila Isabel 1989), no LP/CD Aquarela
Brasileira 2;
- Medley “Vira Virou a Mocidade Chegou (Mocidade Independente
1990), “E o Samba Sambou” (São Clemente 1990),
“E Deu a Louca no Barroco” (Mangueira 1990), “Os
Heróis da Resistência” (Acadêmicos de Santa
Cruz 1990), “Todo Mundo Nasceu Nu (Beija-flor 1990) e “Sou
Amigo do Rei (Salgueiro 1990), no LP/CD Aquarela Brasileira 3;
- Medley “Chuê, Chuá as Águas Vão
Rolar” (Mocidade Independente 1991) e “De Bar em Bar”
(União da Ilha 1991), no LP/CD Aquarela Brasileira 4;
- “Sonhar Não Custa Nada ou Quase Nada” (Mocidade Independente 1992), no LP/CD Aquarela Brasileira 5;
- “Peguei um Ita no Norte” (Salgueiro 1993), no LP/CD Aquarela Brasileira 6;
- “Passarinho Passarola Quero Ver Voar (Tradição
1994), “Rio de Lá Pra Cá” (Salgueiro 1994) e
“Atrás da Verde e Rosa só não vai quem
já morreu” (Mangueira 1994), no LP/CD Aquarela do Brasil 7;
- “Chico Buarque da Mangueira” (Mangueira 1998), no CD Preciso Dizer que te Amo.
- CD Sambas Enredo Grupo Especial 2010 (faixa Mangueira)
DISCOGRAFIA:
- Compacto Transas de Amor (CID 1973)
- LP Emílio Santiago (Philips 1975)
- LP Brasileiríssimas (Philips 1976)
- LP Comigo é Assim (Philips 1977)
- LP Feito pra Ouvir (Philips 1977)
- LP Emílio (Philips 1978)
- LP O Canto Crescente de Emílio Santiago (1979)
- LP Guerreiro Coração (Polygram 1980)
- LP Amor de Lua (Polygram 1981)
- LP Ensaios de Amor (Polygram 1982)
- LP Mais que um Momento (Polygram 1983)
- LP Tá na Hora (Polygram 1984)
- LP/CD Aquarela Brasileira (Som Livre 1988)
- LP/CD "Aquarela Brasileira 2 (Som Livre 1989)
- LP/CD "Aquarela Brasileira 3 (Som Livre 1990)
- LP/CD "Aquarela Brasileira 4 (Som Livre 1991)
- LP/CD "Aquarela Brasileira 5 (Som Livre 1992)
- LP/CD "Aquarela Brasileira 6 (Som Livre 1993)
- LP/CD "Aquarela Brasileira 7 (Som Livre 1995)
- LP/CD "Perdido de Amor (Som Livre 1995)
- CD "Dias de Luna (Sony Music 1996)
- CD Emílio Santiago (Som Livre 1997)
- CD Emílio Santiago (Som Livre 1998)
- CD Preciso Dizer que te Amo (Som Livre 1998)
- CD Bossa Nova (Sony Music 2000)
- CD Um Sorriso nos Lábios (Sony Music 2001)
- CD Emílio Santiago Encontra João Donato (Lumiar Discos 2003)
- CD O Melhor das Aquarelas Ao Vivo (Indie Records 2005)
- CD De um Jeito Diferente (Warner Music 2007)
- CD Só Danço Samba (Universal Music 2010)
- CD Só Danço Samba Ao Vivo (Biscoito Fino 2012)
PREMIAÇÕES:
- Festival da Faculdade Nacional de Direito 1970 – Melhor Intérprete;
- Festival MPB Shell 1982 – Melhor Canção, com “Pelo Amor de Deus”;
- Festival dos Festivais 1985 – Melhor Intérprete, com “Elis, Elis”;
- Prêmio Sharp 1990 – Melhor intérprete;
- Prêmio 1991 – Show do ano;
- Prêmio TIM de Música 2003 –
Melhor CD, com CD “Emílio Santiago encontra João
Donato”;
- Prêmio TIM de Música 2008 – Melhor Cantor e Melhor
Disco de MPB, com o CD “De um jeito diferente”;
- Prêmio da Música Brasileira 2011 – Melhor Cantor de MPB;
- Grammy Latino 2012 – Melhor Álbum de
Samba e Pagode, com o CD “Só danço samba ao
vivo”. Prêmio dividido com Beth Carvalho, com o CD
“Nosso samba tá na rua”.
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MAIS
FOTOS DE EMÍLIO SANTIAGO
Com Lupicínio Rodrigues, participando do Programa Flávio Cavalcanti em 1973, pela TV Tupi
Capa de seu primeiro LP, em 1975
Em 1978, atração do Projeto Pixinguinha
O divisor de águas de sua carreira: o álbum Aquarela Brasileira (1988)
Com a cantora Zizi Possi, antes do desfile da Mangueira em homenagem a Chico Buarque, em 1998
Uma dupla mangueirense das antigas: Rosemary e Emílio, em desfile da verde e rosa nos anos 2000
Puxando
o samba da Mangueira com a amiga Alcione no desfile das campeãs
em 2007. Atrás dos cantores, o então presidente da
escola, Álvaro Luiz Caetano (Alvinho)
Em 2007, no carro de som verde e rosa acompanhando Luizito (de branco) e China Branco (no centro da foto)
Na
gravação da vinheta Globeleza para o samba da Mangueira
para 2010. À direita da foto, está o intérprete
Rixxa, com o microfone
Cena do clipe oficial do samba da Mangueira para 2010
Constelação
ilustre na quadra da Mangueira: Margareth Menezes (à esq), Beth
Carvalho, Jamelão (de casaco verde), Emílio Santiago e
Alcione (à direita). Foto tirada provavelmente em 2005
Emílio
em uma das suas últimas performances, no palco Marco Zero, na
abertura do carnaval de Recife em 2013, pouco mais de 1 mês antes
de seu falecimento. Foto: Marcelo Lyra.
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