ELIANA DE LIMA
ELIANA DE LIMA
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Nome completo: Eliana Maria de Lima
Ano de nascimento: 1961
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Principal
representante feminina do samba de grande apelo popular feito em
São Paulo e que invadiu as rádios na década de 80
e 90, Eliana de Lima ficou conhecida nacionalmente como
intérprete de samba-enredo por atuações marcantes
pelas escolas de samba Unidos do Peruche e Leandro de Itaquera. Tem no
currículo dez discos e vendeu mais de dois milhões de
cópias, que lhe renderam três discos de ouro e dois de
platina duplo. Participou dos principais programas de televisão
e até foi chamada de “A Rainha do Pagode”.
Ainda criança, um primo mais velho a levou para conhecer (sem a
permissão de sua mãe) uma quadra de escola de samba. Os
dois foram parar na sede da Cabeções da Vila Prudente.
Lá, a menina Eliana viu Silvia, intérprete da escola, uma
mulher que tinha uma bela voz e que “cantava lindamente”.
Eliana gostou do que viu e após uma semana voltou à
quadra da Cabeções e pediu para cantar. Desde
então passou a frequentar a escola e a se apresentar na sede da
agremiação de Vila Prudente.
Apesar de ser boa cantora e ter uma bela voz, por ser mulher
não foi aceita como puxadora imediatamente. No entanto, logo
surgiu um convite para cantar numa escola vizinha de bairro, a
Príncipe Negro, que havia conquistado o título do Grupo 2
(Acesso ao Especial) em 1979 e com isso subiu para o Grupo Especial.
Eliana teve a chance de gravar o samba “Cultura, divindades e
tradições de um povo” (dos compositores
Rubão e Naor) no disco oficial do Carnaval de 1980 e defendeu o
hino na Avenida Tiradentes. E a garota nem havia completado 19 anos de
idade!
No ano seguinte, Eliana de Lima foi para a Unidos do Peruche, que havia
caído para o Grupo 2 e, desde a eliminatória, o samba
“Moço de Prata, Vitória-régia no
Carnaval” (de Clidinho, Ilhão e Paulo Casa Verde) foi na
voz da intérprete, que também cantou na Avenida.
Porém, já nesta época, Eliana tinha o sonho de
gravar um disco e ela saiu da escola.
A intérprete ficou dois anos como apoio na Mocidade Alegre.
Depois passou pela Barroca Zona Sul onde ganhou o samba nas
eliminatórias (“O Novo Paraíso”, composto por
Toninho de Carvalho) e gravou a obra no disco, mas não cantou na
Avenida, segundo ela, por ser mulher. Após a
frustração de não cantar o samba barroquense na
Tiradentes no carnaval de 1984, foi então parar na Imperador do
Ipiranga. Nas eliminatórias para o carnaval de 1985 defendeu e
venceu com o samba de autoria de Claudinho, Fininho e Escocês
para o enredo “Que Rei Sou Eu?”. Porém, logo em
seguida, Eliana aceitou retornar ao Peruche e convidou a
intérprete Márcia Inayá para ocupar seu lugar na
agremiação da Vila Carioca.
A volta à nação perucheana se deu após
Eliana defender na disputa e ganhar com um samba de Ideval Anselmo e
Mestre Lagrila, que a consagraria no Carnaval de 1985: o
histórico “Água Cristalina”. A partir
daí, Eliana de Lima passa a se consolidar como uma das
principais vozes do carnaval paulistano.
O ano de 1986 marcou também um novo momento da carreira: a
gravação de seu primeiro disco solo, “Fogueira de
não se apagar”, pela gravadora Continental. O álbum
reuniu canções de nomes como Jorge Aragão,
Cláudio Jorge, Aldir Blanc, Elson do Forrogode, Marquinhos Lessa
e de bambas paulistanos como Totonho e Talismã, além da
regravação do samba “Água Cristalina”,
que foi sensação no carnaval de São Paulo no ano
anterior.
Em 1988, ainda no Peruche, Eliana de Lima cantou “Filhos de
Mãe Preta” (Joaquinzinho e Benê) em um dueto
inesquecível com o Mestre Jamelão. “Foi uma
experiência maravilhosa e um dos maiores sambas de enredo que eu
cantei em minha vida!”, declarou a cantora. No ano seguinte veio
o convite para se transferir para a então emergente Leandro de
Itaquera e também um novo marco na história da folia
paulistana: Eliana de Lima seria a primeira intérprete do
carnaval de São Paulo a receber cachê para cantar no
desfile. “Na época, a maioria dos puxadores de samba
não recebiam nada para cantar, era mais paixão. Eu
precisava ter condições melhores para apresentar o meu
trabalho. Após este período, os dirigentes
começaram a remunerar os profissionais”, afirmou. Assim
como em 1985 com a Peruche, o resultado em 1989 pela Leandro foi
novamente arrebatador. O samba “Babalotim – A
História dos Afoxés” (assinado por Clarice, Thiago
Lee, Grupo Relíquia e Sandrinha, mas segundo
especulações no meio carnavalesco, teria sido composto
por Dom Marcos e Ronald Elias Balvetti, o Xixa) na voz de Eliana fez
literalmente as arquibancadas na Avenida Tiradentes tremerem, passando
a ser considerado um dos melhores sambas-enredos de todos os tempos do
carnaval de São Paulo.
Após a apoteose com “Babalotim”, Eliana achou que
já era hora de retomar sua carreira de cantora de sambas
românticos. O primeiro LP, de 1986, não repercutiu o
esperado devido a outros ritmos que estavam em alta na época e
não foi dado seguimento ao trabalho. No entanto, em 1991, com o
segundo disco “Fala de amor” – que teria vendido 1
milhão e meio de cópias – veio seu grande sucesso,
“Desejo de Amar” (de Gabu e Marinheiro), um divisor de
águas na carreira. Em seguida, Eliana começou a emplacar
vários hits um atrás do outro, como
“Badabauê” (Marquinhos Lessa e Toninho), “Gato
Siamês” (Zeca Sereno), a regravação de
“Tortura de Amor”, de Waldick Soriano, e “Volta Pra
Ela”, de Luiz Carlos, Waldir Luz e Antônio Carlos de
Carvalho.
A cantora é conhecida também por ter protagonizado a luta
pelo reconhecimento da mulher e a valorização do cargo de
intérprete nas escolas de samba. Sempre que é questionada
sobre a ausência de mulheres na liderança das alas
musicais das agremiações paulistanas, Eliana disse que
existe machismo quanto ao assunto no Carnaval.
Em 1990, ela retornou à Peruche, onde permaneceu por dois
carnavais. No início de 1991, Eliana gestava sua filha
Mônica, com previsão de dar à luz no dia 17 de
fevereiro, uma semana depois do carnaval. Mas a menina nasceu antes, no
dia 9 de fevereiro, no exato dia em que a Peruche iria desfilar com o
enredo “Quem não Arrisca não Petisca”, samba
de Ideval Anselmo, Carlinhos e Zelão, e também na data
que celebrou a inauguração do Sambódromo do
Anhembi. Impossibilitada de cantar na Avenida, Eliana de Lima cedeu
lugar a Bernardete, na época puxadora da Império Lapeano,
uma escola do terceiro grupo. Bernardete havia sido contratada pela
diretoria da Peruche para ser apoio no carro de som por conta da agenda
de shows e da gestação de Eliana e acabou sendo ela a
cantar no desfile. Eliana de Lima só foi estrear no
Sambódromo no ano seguinte.
Em 1992, nova temporada na Leandro de Itaquera, permanecendo na escola
por cinco anos, até a agremiação cair para o
Acesso em 1995, com o enredo “Felicidade” (samba de Xixa,
Kabelo, Turko, Di Lorena, Wilson Cavalo, Nezão e Zé
Carlos). Após um período sabático de quatro anos
para se dedicar à carreira musical e à maternidade,
Eliana retornou com tudo à Leandro em 1999, no enredo que
homenageava o patrono da educação brasileira, o professor
Paulo Freire. Em 2001, ficou de fora do carnaval. A artista viu que era
hora de retornar às origens e por dois desfiles (2002 e 2003)
voltou a empunhar o microfone principal do Peruche. Desde então,
Eliana de Lima não retornou mais aos carros de som no
Sambódromo do Anhembi. Sobre seu afastamento do
sambódromo, a artista diz que é culpa do machismo.
“Acho que as mulheres têm condições de
trabalhar, já foi provado isso. Basta que as diretorias das
escolas deixem as mulheres cantarem nos seus tons, porque não
dá para mulher cantar no tom de um homem. Acho que o machismo
impera ainda quanto a isso. O segredo do samba-enredo é
você pegar no tom certo”, afirmou.
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INÍCIO: Escola de Samba Príncipe Negro de Vila Prudente, em 1980.
1980 – Príncipe Negro de Vila Prudente
1981 – Peruche
1982 e 1983 – Mocidade Alegre (apoio de Portela da Mocidade e Sargento Garcia)
1984
– Barroca Zona Sul (gravou o samba no disco, mas não
cantou no desfile) e Imperador do Ipiranga (não chegou a
desfilar).
1985 a 1987 – Peruche (intérprete principal)
1988 – Peruche (em dueto com Jamelão)
1989 – Leandro de Itaquera
1990 – Peruche (não gravou o samba no disco, mas cantou no desfile)
1991 – Peruche (gravou no LP, mas não atuou devido ao nascimento da filha no dia do desfile)
1992-1995 – Leandro de Itaquera
1999-2000 – Leandro de Itaquera
2002-2003 – Peruche
2019
– Mocidade Unida da Mooca (gravou o samba no CD como
participação especial ao lado dos intérpretes Gui
Cruz e Clayton Reis, mas não cantou no desfile).
GRITO DE GUERRA: Axé meu Peruche/nação itaquerense, axé meu presidente, axé minha mãe Maria Baiana!
CACOS DE EMPOLGAÇÃO: No início da carreira, costumava usar mais o
“arrepia minha bateria nota 10”, “e aí, e
aí”, “diz de novo”, “simbora
Peruche/Mestre Lagrila”, “girando minhas baianas”,
“segura o refrão”, “canta comigo meu
povo”. Depois Eliana de Lima passou a não usar mais
esse artifício, deixando os cacos a cargo de um dos cantores de
apoio do carro de som e preferindo a condução segura do
samba. Costuma fazer a chamada com a primeira palavra do verso do samba.
DISCOGRAFIA SAMBA-ENREDO:
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1980 (faixa Príncipe Negro)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1984 (faixa Barroca Zona Sul)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1985 (faixa Unidos do Peruche)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1986 (faixa Unidos do Peruche)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1987 (faixa Unidos do Peruche)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1988 (faixa Unidos do Peruche)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1989 (faixa Leandro de Itaquera)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1991 (faixa Unidos do Peruche)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1992 (faixa Leandro de Itaquera)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1993 (faixa Leandro de Itaquera)
- LP Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1994 (faixa Leandro de Itaquera)
- LP/CD Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1995 (faixa Leandro de Itaquera)
- CD Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 1999 (faixa Leandro de Itaquera)
- CD Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 2000 (faixa Leandro de Itaquera)
- CD Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 2002 (faixa Unidos do Peruche)
- CD Sambas Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1 Carnaval de 2003 (faixa Unidos do Peruche)
- CD Sambas Enredo das Escolas de Samba de São Paulo Grupo
Especial e Acesso Carnaval de 2019 (faixa Mocidade Unida da Mooca, como
participação especial, ao lado de Dom Marcos os
intérpretes Gui Cruz e Clayton Reis).
DISCOGRAFIA COMPLETA:
Fogueira de Não Se Apagar (Continental, 1986)
Fala de Amor (JWC, 1991)
Caminhos da Ilusão (JWC, 1992)
Drink de Amor (JWC, 1993)
Eliana de Lima (RGE, 1994)
Eliana de Lima (RGE, 1995)
Eliana de Lima (RGE, 1996)
Ao Vivo (RGE, 1997)
Eliana de Lima (RGE, 1998)
Vou Viver a Vida (Paradoxx Music, 1999)
Ao Vivo 2 (Paradoxx Music, 2000)
Sentimento de Mulher Ao Vivo (Da Massa Records, 2005)
Estou Assim (Zaid Records, 2007)
Trilha sonora da novela Dona Xepa – tema de abertura (TV Record, 2013)
PREMIAÇÕES:
Eliana de Lima recebeu diversos prêmios, como o Troféu
Imprensa, Prêmio Sharp, Troféu SBT, Troféu
Rádio Globo Nacional, entre outros.
PARTICIPAÇÕES EM PROGRAMAS DE TV:
- Em 2013 a musica "A Xepa" vira tema de abertura da novela Dona Xepa (2013) da Rede Record.
- Em 2015 ela entra para o reality Além do Peso do programa
"Hoje em Dia" da Rede Record sendo a segunda eliminada da
atração.
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MAIS
FOTOS DE ELIANA DE LIMA
Eliana de Lima em 2020
Eliana de Lima no desfile de 1987 da Unidos do Peruche, cantando o samba "O Rei do Dia Numa Noite de Carnaval"
Eliana de Lima no desfile de 1987 do Peruche
Foto da capa de seu 1º disco solo, "Fogueira de não se apagar"
Eliana
de Lima (ao centro da foto, de blusa prateada), a única mulher
que cantou ao lado de Jamelão (casaco branco) no carnaval de
São Paulo. Ao lado de Jamelão, de amarelo, o jovem Royce
do Cavaco, com o instrumento que leva seu sobrenome artístico.
Foto tirada na quadra de ensaios da Unidos do Peruche, provavelmente em
1987
Eliana
de Lima em sua estreia no Sambódromo do Anhembi, no carnaval de
1992, já que, no ano anterior, ficou impossibilitada de desfilar
devido ao nascimento de sua filha Mônica
Puxando a Leandro de Itaquera no carnaval de 1994
No
carro de som da Leandro de Itaquera no carnaval de 1995. Atrás
dela, ao microfone, o intérprete e compositor Ronald Elias
Balvetti, o Xixa
Capa
do disco "Fala de amor", cujo carro-chefe foi a música "Desejo
de amor (Undererê)", que alavancou sua carreira de cantora de
sambas românticos
Capa
do disco lançado em 1995. A música de maior sucesso foi
"Volta pra ela", em dueto com Luiz Carlos do conjunto Raça Negra
De volta à Unidos do Peruche, no carnaval de 2003 (ao fundo, Celsinho Mody em seu primeiro desfile)
Na
gravação do samba da Mocidade Unida da Mooca, fazendo
participação especial com Dom Marcos (de fones) e os
intérpretes da escola, Gui Cruz (à esq. da foto) e
Clayton Reis
Eliana de Lima 2021 (divulgação)
Eliana
de Lima estreou como intérprete aos 18 anos de idade na escola
de samba Príncipe Negro, em 1980. Na foto, a cantora posa ao
lado de um componente da escola, na Avenida Tiradentes, antigo local de
desfiles na capital paulista
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