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Edição nº 50 - 8/9/2013 ![]() Pode ter faltado um pouco mais de lobby e divulgação por parte da produtora correspondente. Mas não tem como negar que o fato relatado acima acentua o desprestígio comercial do samba de raiz. Os jovens cada vez se afastam mais do gênero, abraçando outros. Funk e sertanejo universitário são quem dão as cartas na maioria dos playlists particulares. Cópias mal-feitas de samba que somos obrigados a engolir nas rádios e na TV, em contrapartida, têm êxito comercial. Isso não é novidade pra ninguém. Tem até uma banda aí que faz versões de gosto duvidoso de canções famosas no ritmo do ziriguidum, que inclusive desponta em abertura de novela... Um dos "pagodeiros" mais célebres da atualidade tem uma história curiosa. Pelos idos de 2002, Thiaguinho era um dos mais inexpressivos participantes de uma edição do extinto reality-show global "Fama". Nas primeiras semanas, era sempre indicado para a berlinda, ouvindo poucas e boas dos especialistas do programa a respeito de seu potencial e técnica vocal. Sobreviveu a dois paredões, sucumbindo ao terceiro. Mas a sorte estava ao seu lado: Péricles o chamou para substituir Chrigor, então recém-saído do Exaltasamba. A partir dali, aquele discreto calouro construiria uma bem-sucedida carreira. Tão bem-sucedida que o próprio artista julgou estar acima do bem e do mal. É o típico caso do sucesso subindo a cabeça. No ano passado, Thiaguinho declarou estar feliz por "ter mudado a história do samba". Uma declaração infeliz de um artista cujo estilo sequer se aproxima do samba de raiz. De quem engolia sapo frequentemente em rede nacional há uma década atrás. Além da falta de respeito com os grandes baluartes e com quem os reverencia, o cantor acaba por convencer seus fãs alienados de que, realmente, representa por inteiro a história do samba. E o resto é o resto! Por que não seria um fato? Afinal, a menina que tem pôsteres do rapaz espalhados pelo quarto certamente nunca ouviu falar em Cartola, Paulo da Portela, Candeia e Mano Décio da Viola mesmo. É isso: Thiaguinho é o samba e ponto final. E os discursos do "sambista" não pararam por aí. No Prêmio Multishow realizado na primeira semana de setembro, Thiaguinho reencontrou Péricles, ambos agora em carreira solo. Não sei se por devoção ou pela eterna gratidão ao antigo parceiro, Thiaguinho exclamou que Péricles é "o melhor cantor de samba da história". Tudo bem que a trajetória deste é respeitável, trata-se de um músico experiente e prestigiado, mas... melhor cantor de samba da história? Caro Thiaguinho! Sei que você dificilmente lerá este artigo, afinal você tem suas dezenas de ocupações. Mas entenda essas palavras como uma crítica construtiva. Recomendo-lhe os discos de Roberto Ribeiro. Preste atenção no timbre de sua voz, na versatilidade do repertório. Clara Nunes... a garra que a Guerreira imprimia em suas canções, suas vestimentas, sua doçura... Paulinho da Viola, dono de uma poesia apaixonante, autor da maior declaração de amor de uma escola de samba que se tem notícia. Martinho da Vila, partideiro de voz mansa que modernizou o samba-enredo. Além de Jamelão, Noel Rosa, João Nogueira, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Almir Guineto, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra... Vou me esquecer de citar vários, é claro! Ah, os Três Malandros divertindo a todos no céu: Bezerra, Moreira e Dicró. Assim que você ouvir todos estes nomes, repita pra si mesmo: eu mudei mesmo a história do samba? O Péricles é o melhor intérprete de todos os tempos do gênero? Refletir mais um pouquinho e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Que você siga trilhando ainda mais o caminho do sucesso! Forte abraço deste humilde, chato e despretensioso escriba! FOTO: Divulgação Marco Maciel
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