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HONRAS AOS MÉRITOS!

HONRAS AOS MÉRITOS!

29 de junho de 2025, nº 74

O titulo da Beija-Flor e a surpreendente boa colocação da Portela parecem ter inspirado as demais escolas a fazerem carnavais sobre personalidades. Para 2026, a Imperatriz traz Ney Matogrosso como enredo, a Viradouro Mestre Ciça, a Portela Príncipe Bará, a Mangueira Mestre Sassaka, o Salgueiro Rosa Magalhães, a Vila Isabel Heitor dos Prazeres, a Tijuca Carolina Maria de Jesus e a Mocidade Rita Lee. A seguir, listamos outras personalidades que gostariamos de ver como enredo das principais escolas do Grupo Especial e da Série Ouro. Confiram:

Portela: A maior campeã do carnaval carioca, que deixou a desejar na homenagem a Milton Nascimento, tem um histórico pequeno de enredos sobre personalidades. A escola de Oswaldo Cruz já trouxe Pixinguinha (1974), Clara Nunes, Natal e Paulo da Portela (1984), Getúlio Vargas (2000) e novamente Clara Nunes (2019) num enredo mal aproveitado. Também já prestou várias homenagens indiretas a Paulinho da Viola, como em 1996, 2015 e 2017. O titulo original deste último enredo que foi campeão era "Foi um Rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar", mas precisou ser alterado por questão de direitos autorais. Além de uma homenagem exclusiva ao sambista, dentre vários outras a baluartes como Candeia e Monarco, a azul e branca mandaria muito bem com um enredo sobre o portelense Gilberto Gil. Numa perspectiva mais antropológica e religiosa, a entidade de Umbanda Miguel Camisa Preta, historicamente ligada à escola, também renderia um excelente carnaval. Por fim, deixo uma pergunta: por que não pensar, em tempos de negacionismo, num enredo sobre o sanitarista que dá nome ao bairro onde a escola surgiu? 

Mangueira: A verde e rosa sempre se deu bem com homenagens. Foi campeã com Monteiro Lobato em 1967, Braguinha em 1984, Carlos Drummond de Andrade em 1987, Chico Buarque em 1998 e Maria Bethânia em 2016. Tais enredos ajudaram a escola a se manter como a única campeã em todas as décadas. Outros enredos que poderiam candidatar a Mangueira a títulos seriam Beth Carvalho, Darcy Ribeiro, Dona Zica e Dona Neuma, Fernanda Montenegro (que já afirmou só aceitar homenagem de sua escola de coracão) Leci Brandão e Mussum, por exemplo.

Beija-Flor: Campeã do último carnaval com Laila, a Deusa da Passarela já ganhou com homenagens a personalidades negras (1983) e ao rei Roberto Carlos (2011). Protagonizou outros desfiles históricos sobre Bidu Sayão (1995) e Agotime (2001). Uma homenagem a Neguinho da Beija-Flor é algo a se pensar num futuro próximo. Destacaríamos tambem Joãosinho Trinta (que já foi enredo da União da Ilha e da Acadêmicos da Rocinha), Pinah e Tereza Rachel, grande nome do teatro brasileiro e nascida em Nilópolis.

Império Serrano: Campeão duas vezes com Carmen Miranda (1972 e 2008), a verde e branca já homenageou outras personalidades como Dona Santa, Zaquia Jorge, Oscarito, Jorge Amado, Betinho, Beto Carrero, Ariano Suassuna, João do Rio, Vinicius de Moraes e o capoeirista Manoel Pereira, conhecido como Besouro Mangangá. Também já prestou loas a vários de seus baluartes, como Dona Ivone Lara, Silas de Oliveira, Arlindo Cruz e Beto Sem Braço. Nessa seara, homenagens a Jorginho do Império, Roberto Ribeiro e Wilson das Neves seriam muito bem vindas. Dois imperianos famosos, o cantor João Bosco e o dramaturgo Aguinaldo Silva, também poderiam gerar belos enredos.

Salgueiro: Escola que deu ao negro seu lugar de direito enquanto protagonista não apenas do desfile, mas também dos enredos, com Zumbi dos Palmares, Xica da Silva e Chico Rei, a vermelho e branca da Tijuca tem, dentre vários, dois personagens fundamentais da história do samba e do carnaval que carecem de uma homenagem: Haroldo Costa e Nei Lopes. Outros salgueirenses históricos como Aldir Blanc, Jorge Benjor e Zezé Motta também renderiam grandes enredos. Por último, mas não menos importante, uma homenagem a Quinho causaria verdadeira comoção no mundo do samba.

Imperatriz Leopoldinense: Campeã duas vezes com Lamartine Babo (1981 e 2020), a escola de Ramos, tradicional reduto de bambas, poderia homenagear o grupo Fundo de Quintal, historicamente ligado ao bairro. Dentre as personalidades que poderiam render grandes enredos, estão Pixinguinha, Jorge Lafond e o noventão Zé Katimba, expoente máximo da escola.

Mocidade: Situada numa localidade onde vive 70% da população do Rio de Janeiro, a escola da Zona Oeste, obviamente, tem um vasto celeiro de "crias" para homenagear. Além de Elza Soares, que já foi enredo em 2020, há Mestre André e Roberto Burle Marx, por exemplo. O eterno patrono Castor de Andrade já foi homenageado indiretamente pela escola em 1998 e diretamente pela Unidos de Bangu em 2022, mas nunca teve um enredo pra chamar de seu na escola de coração. Outras personalidades que renderiam bom carnaval seriam Sandra de Sá e Carlinhos Brown, autores dos históricos samba de 2020 e 2022, respectivamente.

Unidos da Tijuca: Bem sucedida em homenagens a Delmiro Gouveia (1980), Luiz Gonzaga (2012) e Ayrton Senna (2014), a escola  do Borel tem no bairro que lhe dá nome boas referências. como Clarice Lispector, Erasmo Carlos e Tim Maia. Além deles temos a cantora Anitta, autora do samba desse ano, embora ainda muito jovem para ser enredo do Grupo Especial na nossa opinião. Se pensarmos na ligação da escola com o Vasco da Gama, Roberto Dinamite poderia dar um bom caldo, assim como Zico na Imperatriz em 2014.

Vila Isabel: Duas das maiores personalidades do bairro e da escola já foram homenageadas: Martinho da Vila e Noel Rosa. Outro grande expoente, Heitor dos Prazeres, será em 2026. Apesar disso, há ainda Almirante, o Barão de Drummond e o compositor e jornalista Orestes Barbosa, todos podendo gerar belos enredos das mentes da talentosa dupla Bora e Haddad.

Viradouro: A vermelho e branca é pródiga em homenagear figuras femininas, como Dercy Gonçalves, Tereza de Benguela, Anita Garibaldi, Bibi Ferreira e Rosa Maria Egipcíaca. Niterói é o berço natal de várias personalidades de diferentes setores da sociedade, como Antônio Callado, Baby do Brasil, Cauby Peixoto, Leila Diniz, Paulo Gustavo (enredo da São Clemente em 2022)  e Roberto da Matta. Além das citadas, há Claudinho e Buchecha, do município vizinho de São Gonçalo, e Tony Garrido, que apesar de ser cria da Vila Kennedy e enredo da escola da comunidade de Bangu em 2025, possui ligação histórica com a Viradouro pelo desfile de 1998.

Grande Rio: O carnaval da escola em 2007 homenageava vários expoentes da cidade de Duque de Caxias. Algumas delas ganharam enredos exclusivos, como Joãozinho da Goméia e Zeca Pagodinho. Outro que poderia entrar para essa lista seria Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta. Sempre defendi que Estamira merecia um enredo só dela também. Além desses, um enredo sobre o funk, em referência a Ludmilla, Mc Marcinho, dentre outros, poderia "dar bom".

Estácio de Sá: Berço do samba e de sambistas históricos, a vermelha e branca do morro de São Carlos já prestou homenagem direta e indireta a vários deles. Faltam, a nosso ver, enredos sobre Dominguinhos do Estácio, Luiz Melodia e, principalmente, Ismael Silva, criador da Deixa Falar, primera agremiação carnavalesca a receber a alcunha de escola de samba.

União da Ilha: No tempo em que a Baía de Guanabara era limpa e a Barra da Tijuca um matagal, a Ilha do Governador era o refúgio dos ricos e emergentes. Por ali passou gente como Chacrinha, Chico Anísio, Fernanda Torres, Gonzaguinha e Gonzagão e Renato Russo, que tem até estátua numa praça do bairro. Todos eles poderiam render grandes enredos, mas não tanto como Aroldo Melodia, que, diga-se de passagem, já deveria ter sido homenageado pela tricolor insulana.

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Cláudio Carvalho
claudioarnoldi@hotmail.com