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O ZUMZUMZUM DO ZUMZUMZUM “A arte começa onde a imitação
acaba” (Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde) Sou um
cara polêmico. Quem me conhece sabe disso. Não que eu costume falar o que
penso, até porque isso é impossível. A questão é que não tenho por hábito me
furtar ao direito de expor minha opinião sobre determinado assunto sob pena de
macular os egos de quem quer que seja. Sou do samba, mas se isso é ser
sambista, prefiro que me chamem de sambeiro. Quando ouço alguém dizer que não
sei da dificuldade em se colocar um carnaval na rua ou que devo ter respeito
aos baluartes de escola A ou B, chego a sentir náuseas. Primeiramente porque,
para as escolas que costumo criticar, não costuma haver obstáculo algum na
concepção de um desfile senão a própria incompetência delas. Está ai a Grande
Rio como prova disso. Dessem a um Império Serrano metade da verba da qual ela
dispõe, o título não sairia de Madureira tão cedo. Em segundo lugar, gostaria
que me respondessem que importância tais escolas dão a seus próprios baluartes quando
abarrotam suas fileiras com atores do elenco global e ex-Big Brothers? Será que
estou errado ao denunciar isso? Porque se o faço, é justamente em respeito aos
pobres velhinhos que são relegados a segundo plano, e não o contrário, do que
me acusam. Infelizmente, vivemos na era do politicamente correto, em que a
inversão de valores é comum, e falar de qualquer escola mercantilista causa
arrepios nas pessoas. Mas pra falar a verdade, estou cagando e andando. Pois
bem. Todo esse discurso introdutório é para esclarecer que não me preocupo com
o que vão dizer sobre minha opinião a respeito do assunto que será abordado
nesse texto: a reedição do samba-enredo “Bahia de todos os deuses” pela escola
de samba Unidos do Viradouro. Os que me acompanham nesse espaço sabem que minha
primeira coluna foi sobre o delicado tema da releitura de sambas de uma escola
por outra. Sou radicalmente contra isso. Ainda mais quando a escola que se
propõe a tal já o fez em outra oportunidade. Desde que o Monassa morreu, a Viradouro
parece ter perdido o rumo. Sua atual diretoria conseguiu transformar ensaio da
comunidade em pano de fundo para funk e micareta na quadra, perder um carnaval
que era pule de dez, desfazer-se de seus dois maiores nomes e reeditar um samba
já reeditado por outra escola que não a dos que o compuseram. Na Viradouro nada
se cria, tudo se copia. Mas como se não bastasse isso, o presidente chegou a
propor o absurdo de se efetuar mudanças na letra do tal samba para adequá-lo ao
contexto no qual o carnavalesco pretende inserir o enredo. Pior, impossível. Que me
perdoem os amigos que tenho na escola, mas não posso deixar tamanha
mediocridade passar incólume. Vocês hão de concordar comigo que não há nada,
rigorosamente nada que justifique a escolha de tal reedição, e que a escola tem
de perder ponto em enredo e samba-enredo por conta disso. Se é pra reeditar,
porque não fazer isso com um samba da própria Viradouro? Por que não seguir o
exemplo da Cubango e escolher um enredo que remete aos tempos em que as duas desfilavam
na sua cidade natal? Eu mesmo tenho alguns LP’s dessa época, e posso dizer que
não faltariam boas opções se pensassem em fazer isso. Entretanto, parece haver na Viradouro uma ânsia por só se levar em consideração a sua história do ano 1997 em diante, deixando de lado os tempos da quadra no Garganta e dos primeiros desfiles no Rio, o que é lamentável. Como disse o próprio Paulo Barros, não se constrói futuro enterrando passado. Muito menos desenterrando o dos outros. Cláudio Carvalho |
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