“Mestre”, “The Best”, “Frank” (em
alusão ao cantor norte-americano Frank Sinatra) e “A
voz”. Estas eram algumas das alcunhas com que Carlos Medina era
anunciado. Considerado por especialistas como o maior cantor de
carnaval que Porto Alegre já teve, em quase 40 anos de carreira,
o músico emprestou o seu talento e sua voz a diversas entidades
carnavalescas da Capital.
Hexacampeão do carnaval e ícone adorado por
multidões, era impossível não o identificar com a
folia porto-alegrense. Foi vencedor de diversos prêmios de melhor
intérprete dos desfiles da capital gaúcha.
Morador do bairro Partenon, ainda garoto, o pequeno Carlos ia com
frequência à sede da tribo carnavalesca Comanches, que
ficava perto de sua casa. Mesmo garoto, já tinha uma voz
potente. Em função disso, certo dia, na ausência do
solista da tribo, foi convidado para participar do coro vocal da
entidade. Essa foi sua primeira participação no carnaval.
Depois, sua trajetória musical prosseguiu ainda nos tempos de
quartel cantando com os colegas de farda.
Medina então passou a cantar profissionalmente. Integrou os
grupos musicais Dólar, passando também pelos Metais Sons,
Musical Everest, Grupo São Francisco e Grupo Mensagem. Prestou
também teste vocal na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre,
sendo aprovado e permanecendo na OSPA por dez anos. Em 1977, Carlos
Medina fez sua estreia como solista principal no Cordão de
Sociedades Floresta Aurora e na Escola de Samba Acadêmicos da
Orgia.
O primeiro registro fonográfico de sua voz data de 1980, no LP
oficial dos sambas de enredo do carnaval de Porto Alegre. Naquele ano,
o solista aparecia em duas faixas: a da Sociedade Floresta Aurora e
também defendendo “As alegrias da vida”,
antológico samba composto por Zé Grande para a Academia
de Samba Praiana. Com uma voz tecnicamente perfeita, bem timbrada e
notável dicção, Medina chamava a
atenção de todos pelo talento e profissionalismo. No ano
seguinte, de volta aos Acadêmicos da Orgia, interpretou outro
legendário samba, “Hoje o astro sou eu”, de Wilson
Ney.
Em 1982, começa seu caso de amor com a Imperadores do Samba, a
escola com quem mais se identificou. Permaneceu na vermelho e branco
por quatro carnavais seguidos, depois se transferindo para a
Império da Zona Norte, e em seguida, União da Vila do
IAPI. Medina retornou aos Imperadores em 1988, ano em que a
agremiação homenageou o craque Falcão e se sagrou
campeão pela primeira vez com sua escola querida. O cantor foi
contratado pela União da Vila do IAPI em 1991 e conquistou o
vice-campeonato. No ano seguinte, retorna aos Imperadores e vive a fase
áurea da escola nos anos 90: em seis carnavais, conquista quatro
títulos.
Após o desfile de 1997, se transferiu para a arquirrival Bambas
da Orgia, com a notícia pegando de surpresa todo o meio
carnavalesco. Em 2000 nova mudança, desta vez para o Estado
Maior da Restinga. O ano seguinte marcou a volta do cantor à
Praiana. Permaneceu na verde e rosa por mais cinco desfiles até
seu derradeiro retorno aos Imperadores, em 2006. Nesta última
estada, a vermelho e branco enfrentava dificuldades e apresentou
desfiles que em nada lembravam a grandiosidade da década de
1990. Ao término do carnaval de 2008 foi dispensado pela
direção da agremiação. Sem escola, Medina
passou os três últimos carnavais de sua vida como diretor
de harmonia da Banda da Saldanha, se apresentando no Rio de Janeiro nos
quatro dias de folia. Seus filhos, Márcio e Daniel,
também músicos, acompanhavam o cantor no carro de som das
escolas por onde passou.
Um infarto calou a voz do cantor no dia 27 de março de 2011,
deixando um grande vazio no mundo do samba. Medina vinha tendo
problemas renais e diabetes. No carnaval de 2014, a Acadêmicos da
Orgia homenageou Carlos Medina com o enredo “Alô harmonia!
Carlos Medina, a voz que encantou o universo do Samba”. No dia 29
de junho de 2015, a câmara de vereadores de Porto Alegre aprovou
projeto de lei que denomina Rua Carlos Medina um logradouro localizado
no bairro Praia de Belas, junto ao Estádio Beira-Rio.
Fora do carnaval, Carlos Medina gravou três discos de carreira
com repertório variado de samba, swing e música
romântica, marcando época na cena cultural gaúcha.
Entre seus maiores sucessos estão “Companhia Ideal”,
“Bis”, “Zabel”, “Até a
próxima” e “Só um problema nesse amor”.
Foi aclamado por duas vezes com o Prêmio Açorianos de
Música (o mais importante prêmio cultural do Rio Grande do
Sul) na categoria melhor cantor em 1996, e na categoria melhor disco em
1999.
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Início: Tribo Carnavalesca Os Comanches, nos anos 70.
1977 e 1981 – Acadêmicos da Orgia
1977 – Sociedade Floresta Aurora
1980 – Praiana
1982 a 1985 – Imperadores do Samba
1986 – Império da Zona Norte
1987 – União da Vila do IAPI
1988 e 1989 – Imperadores
1991 – União da Vila do IAPI
1992 a 1997 – Imperadores do Samba
1998 e 1999 – Bambas da Orgia
2000 – Estado Maior da Restinga
2001 a 2005 – Praiana
2006 a 2008 – Imperadores do Samba
GRITO DE GUERRA:
- Alô, harmoniiaaaa... (comum a todas)
- Olha o mar vermelho e branco aí gente!/Vamos lá Imperador! (na Imperadores do Samba);
- Vamos lá nação azul e branco! (nos Bambas da Orgia);
- Tinga teu povo te ama! (na Restinga)
- Vamos lá nação praianense! (na Praiana)
CACOS DE EMPOLGAÇÃO:
Usava cacos nas gravações. Na avenida preferia a
condução segura do samba e deixava a
empolgação para os cantores de apoio. Nas
gravações costumava usar “lindo,
lindo”; “beleza minha bateria”. “uau”;
“atenção coral”.
DISCOGRAFIA DE CARNAVAL
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1980 (faixas Sociedade Floresta Aurora e Praiana)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1981 (faixa Acadêmicos da Orgia)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1982 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1983 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1984 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1985 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1987 (faixa União da Vila do IAPI)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1988 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1989 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1991 (faixa União da Vila do IAPI)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1992 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1993 (faixa Imperadores do Samba)
• LP Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1994 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1995 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1996 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1997 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1998 (faixa Bambas da Orgia)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 1999 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2000 (faixa Estado Maior da Restinga)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2001 (faixa Praiana)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2002 (faixa Praiana)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2003 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2004 (faixa Praiana)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2005 (faixa Praiana)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2006 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2007 (faixa Imperadores do Samba)
• CD Sambas Enredo Carnaval de Porto Alegre 2008 (faixa Imperadores do Samba)
DISCOGRAFIA SOLO:
• LP Companhia Ideal (Gravadora Isaec/Discoteca, 1990)
• LP Bis (Nova Trilha, 1991)
• CD Nova Estação (Raízes Produções, 1999)
PREMIAÇÕES:
Prêmio Açorianos – Melhor Cantor (1996)
Prêmio Açorianos – Melhor Disco de Samba (1999)
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