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TOP 10 CONCORRENTES DERROTADOS (ESCOLHIDOS PELOS LEITORES)
  
TOP 10 CONCORRENTES DERROTADOS (ESCOLHIDOS PELOS LEITORES)

8 de novembro de 2022, nº 69


Mantendo (e retomando) velhas tradições neste espaço, a lista de concorrentes derrotados está de volta em grande estilo. Passadas as maratonas das disputas de samba da temporada 2023, encerradas com a definição da Mocidade e que serão vistas em compacto no "Seleção do Samba" da TV Globo a partir do próxomo sábado, 12, o momento é de lembrarmos daquelas obras que, embora não serão cantadas na avenida, tem o seu devido destaque.

Dessa vez, decidimos fazer um pouco diferente: de forma interna e aberta, a coluna pesquisou entre populares - da "bolha" ou não - pra saber deles quais sambas foram eleitos para ser a "viuvez" da temporada. Muitos foram bem citados, outros faltaram. Por se tratar de uma escolha soberanamente popular, sem qualquer indicação do escriba, algumas escolas ficaram de fora da lista, como por exemplo Mangueira (consagrando uma obra amplamente favorita), Salgueiro e Vila Isabel, que apresentaram safras abaixo do esperado - o que acabara refletindo em ambas as escolhas, mas isso deixamos pra quando for a hora de publicar as análises de safra neste site assim que sair o álbum oficial.


Ademais, bora pra listinha:


Mocidade foi a última escola a definir seu samba para 2023 (Foto: Eduardo Hollanda)


1 - "Já deu Duque de Caxias, confirmei na apuração" - Grande Rio (Parceria de Toninho Geraes)


Autores de vários sucessos de Zeca Pagodinho, o homenageado do enredo, Toninho Geraes e Dunga se juntaram a G Martins, compositor consagrado da agremiação caxiense, e companhia pra fazer um samba que mistura valentia com um malandreado bem ao estilo do seu Jessé. O ponto alto é sua segunda estrofe, que vai dos velhos parceiros musicais ("Traz o banjo do Guineto, as rimas do Beto / Pra sombra da tamarineira / O sorriso do Arlindo / Amigo de uma vida inteira") à uma reverência/agradecimento a ele e sua escola de coração ("Hoje a minha escola campeã / Agradece à coirmã / Por que o Zeca é da Portela / Do asfalto e da favela / É o nosso porta voz / Um pouco de todos nós"). O refrão principal é um barato, apostando na repetição do "Pede uma gelada e confere a milhar no talão".

Foi um dos finalistas da disputa, não resistindo a "bela quitanda, quitandinha de erê"...







2 - "E te amarei por mais cem carnavais" - Portela (Parceria de Claudio Russo)


O centenário foi a senha para que Claudio Russo voltasse a disputar pelas bandas de Madureira após duas décadas. E esse sentimento de reencontro é sintetizado na cabeça da (bela) letra, tendo Paulo Benjamin de Oliveira como narrador da história: "Portela / Mesmo depois de tantos anos / Ainda me rendo aos teus encantos em lindas noites ao luar". Há ainda outras destacaveis passagens como "Senhor de toda letra e melodia / Me ensionou que a monarquia / Usa chapéu Panamá" e o refrão com o recurso do Laiá laiá laiá laiá laiá.

Foi uma das obras cortadas na semifinal da disputa.







3 - "De todos os santos, altares e guias" - Unidos da Tijuca (Parceria de Leandro Gaúcho)


É um samba bem balanceado, fiel a proposta do enredo sobre a Baía de Todos-Os-Santos. Destaque aos seus refrães, sobretudo o principal "Chame gente, vem pra rua, tem sorvete na ribeira". Outro trecho a destacar está na primeira estrofe: "Revolta na maré cheia, camará / Assusta o opressor, meia lua / Ê capoeira que anseia / Rasteira de trovador na rua (na rua)".

Foi uma das finalistas da disputa.







4 - "Com todo respeito... Deu Águia" - Portela (Parceria de Mauro Diniz)


O samba capitaneado pelo filho do eterno Monarco segue uma linha melódica muito tradicionalista, do jeito que a escola se acostumou com o tempo. Ainda que a letra não seja um banho de perfeição, tem uma passagem muito forte a partir do "Se tem jogo feito… Deu águia / Se tem banca forte… Deu águia / São tantas e tantas estrelas a iluminar".

Caiu na semifinal.







5 - "E o Império se embalou pra te embalar" - Império Serrano (Parceria de Pretinho da Serrinha)


A parceria liderada pelo cantor e instrumentista, junto de André Diniz (fã e parceiro de Arlindo Cruz nos sambas de 2012 e 2013 na Vila Isabel) e a cantora Karinah, exaltou o sambista perfeito de uma maneira inspirada - não por acaso polarizou com a obra de Sombrinha, que vai pra avenida. A cabeça da letra ("Desperta, poeta") até lembra muito os diversos sambas compostos por Arlindo. O grande ápice é o falso refrão, que cita o samba de 1996 (onde ele é um dos autores) e chama os grandes baluartes da história da escola para reverenciá-lo: "Salve Aniceto que o batuque começou / Cadê Fuleiro e Tia Eulália pra dançar? / Mano Décio a viola harmonizou"; "Chama o Das Neves pra tocar o agogô / Silas e Beto pra compor e pra versar / Vó Maria, Dona Ivone Laraiá".

Foi um dos sambas finalistas.







6 - "Vem xaxá na Leopoldina" - Imperatriz (Parceria de Manu da Cuíca)


Disputando pela primeira vez na escola de Ramos, o casal Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo e seus parceiros fizeram uma obra melodicamente suave, para uma letra - em formato de diálogo - que é bem extensa, que até dá impressão de que não chega ao fim, mas tem sacadas bem interessantes como "Adispois veio nas trevas / Tascou fogo na gerênça / É prucausaque no inferno / Basta eu de Seu Baderno / Num 'dimito cãocurrênça".

Foi cortado nas etapas finais da disputa.







7 - "Sou Rosa negra flor" - Viradouro (Parceria de Heraldo Faria)


A obra do veterano Heraldo Faria tratou o enredo de uma forma lírica e poética. O grande destaque é sua letra, inspirada do começo ao fim, trazendo passagens marcantes em seu início, como a cabeça "Courana sou eu / Olhar inocente sobre o espelho d'água", e os fortes refrães - sobretudo o central "Vento ventou, feitiçaria".  Entretanto, a segunda estrofe é irretocável, principalmente no trecho "Voltei, rosário nas mãos / Joelhos no chão, Santana divina / Rezei, pelos pecadores / Acalantei as dores de almas peregrinas / Sonhei com as águas do céu / Lavando a intolerância com perdão / A esperança sob um majestoso véu / De mãos dadas com o rei Sebastião".

Deixou a disputa antes das quartas de final.







8 - "O xaxado é envolvente, sedutor" - Imperatriz (Parceria de Lucy Alves e Zé Katimba)


Do alto de seus 90 anos, Zé Katimba ganhou a companhia de Lucy Alves, atual protagonista da novela das nove e que defendera o samba vencedor de 2016 sobre Zezé di Camargo & Luciano, e fez um samba que retratou de forma leve e porque não dizer brilhante na simplicidade o enredo. Melodicamente e em trechos estruturais de letra até lembra muito a obra de seis anos atrás, sem muitos momentos de explosão, mas com uma competência certeira. Um dos momentos de destaque é o trecho terminado no bis "Anarriê, Anarriá... Arreda, nem aqui... nem lá".

Foi cortada faltando quatro etapas pra final.







9 - "Eu tô voltando pra rever meu mundaréu" - Mocidade (Parceria de Altay Veloso)


Todo em tom menor, a obra dos menestréis (assim exaltados por Wander Pires no registro) Altay Veloso e Paulo Cesar Feital fazem uma obra bem ao estilo de suas composições - no carnaval e fora dele. Algo que fica explícito em versos como "Saudade tenho dos loucos / Que esculpiram meus sonhos / Eudócio e Zé Caboclo / Galdino e Luiz Antônio / Que no descanso da lida / Jogam xadrez no terreiro / No tabuleiro da vida / Com Bispo Mané Pãozeiro", na segunda estrofe.

Parou na semifinal da disputa.







10 - "O infinito é teu lugar" - Portela (Parceria de Mariene de Castro)

A consagrada cantora se juntou ao grupo de Marcelo Lepiane, autor de sambas como o que levou a Mancha Verde ao título do último carnaval em São Paulo, pra fazer uma obra toda pra cima, sem deixar de lado a emoção. A letra é inspirada de ponta a ponta, destacando trechos como a cabeça ("Não sei se foi sonho meu, mas eu me pus a voar / Sob as estrelas do céu, sobre a espuma do mar") e a segunda ("Peguei um pouco de cetim, pintei de azul celestial / Assim aprendi a fazer carnaval").

Também parou na semifinal.





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Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca