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Sambando por aí...
     
EM 1996, MOCIDADE QUASE FOI A TERCEIRA DE DOMINGO

2 de fevereiro de 2021, nº 50

Que Criador e Criatura é um dos desfiles mais marcantes da Mocidade Independente de Padre Miguel e do carnaval carioca - sobretudo os dos anos 90 - todo mundo sabe. A verde e branco explodiu a bomba, levantou o astral e o seu quinto título. Agora, o que quase ninguém faz ideia é que se não fosse uma estratégica troca, a posição de desfile poderia ter sido outra.



Em 1996, "Criador e Criatura" deu a Mocidade o seu quinto campeonato (Foto: Marcos André Pinto)

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O dia era 28 de junho de 1995. Ocasião em que a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro sorteava a ordem dos desfiles para o inchado Grupo Especial de 1996 - para o ano, dezoito escolas desfilariam na elite, repetindo o número de 1989 e 1995. Diferente dos últimos tempos, muito longe de ser aquelas festas pomposas na Cidade do Samba e/ou em alguma casa de show e/ou na quadra da campeã vigente - este formato, aliás, passaria a ser adotado apenas para o sorteio de 1998. Um parêntese importante: um mês antes do sorteio, a Liga elegeu um jovem Jorge Castanheira para seu primeiro mandato a frente da instituição responsável pelos desfiles das principais escolas da Cidade Maravilhosa.


Pelo regulamento da época, quatro escolas já conheciam o dia e a posição de desfile: o domingo, 19 de fevereiro, seria aberto por Império da Tijuca (vice do Acesso A) e Grande Rio (16° colocado em 95). A segunda-feira, 20 de fevereiro, teria Porto da Pedra (campeã do Acesso) e Império Serrano (15º colocado) abrindo a festa. As outras 14 foram para o sorteio, com a Imperatriz Leopoldinense - então bicampeã - podendo escolher em qual dia e qual posição se apresentaria. 


E assim foi se desenhando a ordem das apresentações. No domingo, além do Império da Tijuca e da Grande Rio, vinham Mocidade, Salgueiro, União da Ilha do Governador, Portela, Viradouro, Caprichosos e Unidos da Ponte. Na segunda, sequencialmente a Porto da Pedra e Império Serrano, vinham Estácio de Sá, Mangueira, Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense, Vila Isabel, Tradição e Unidos da Tijuca.


Essa era a ordem sorteada e definitiva. Bom, era.


Nos tão tradicionais (e tensos) 10 minutos reservados para possíveis trocas, a Mocidade fechou com a Caprichosos de Pilares a inversão de suas respectivas posições, livrando-se assim da responsabilidade de ser a primeira grande escola a pisar na Marquês de Sapucaí em 96.


Registra-se que ainda ocorreram mais duas trocas no desfile de segunda-feira: Mangueira com Tijuca e Beija-Flor com Vila Isabel. Com as três mudanças, a ordem definitiva dos desfiles ficou desse jeito:


Domingo, 19/2/1996: Império da Tijuca, Grande Rio, Caprichosos de Pilares, Salgueiro, União da Ilha do Governador, Portela, Viradouro, Mocidade e Unidos da Ponte

Segunda, 20/2/1996: Porto da Pedra, Império Serrano, Estácio de Sá, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Imperatriz, Beija-Flor, Tradição e Mangueira



A ordem dos desfiles para 96 (Foto: Acervo Jornal do Brasil)

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No fim das contas, a Mocidade foi a oitava do domingo, 19 de fevereiro de 1996, apesar do desfile já ter sido na manhã de segunda-feira devido ao colossal atraso provocado pela avalanche de alegorias engarrafadas na dispersão - prevista para desfilar por volta de 4 da manhã, a escola só pisou na Sapucaí às 5h55. O resto da história todos nós, em especial o torcedor independente, já sabem de cor.


Agora, façam aquele exercício de imaginação: e se a Mocidade não faz aquela troca e o domingo é encerrado por Caprichosos e Ponte com enredos que futuramente se mostrariam problemáticos?


O que o capricho dos deuses do carnaval não fazem...


Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca
Apresentador do Carnaval Show na Rádio Show do Esporte todas às quartas-feiras às 20h
www.radioshowdoesporte.com.br