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COLUNA SAMBARIO

DISSECANDO AS JUSTIFICATIVAS (QUESITOS MUSICAIS - PARTE 1)

23 de abril de 2019, nº 16

Divulgadas que foram nos dias 4 (Grupo Especial) e 5 de abril (Série A) pela LIESA e LIERJ, as justificativas das notas do carnaval que passou já foram e ainda são assunto das rodas de conversa da folia, seja pela internet, nos debates da mídia especializada ou até naquele bate-papo informal na mesa do bar. E neste humilde espaço não poderia ser diferente. Claro e evidente que não vamos falar de todos os mapas detalhadamente, e para tal recomendo a ótima série "Justificando o Injustificável" escrita por Rafael Rafic no blog Ouro de Tolo. Como o texto aqui ia ficar muito longo (e já vai ficar, né...) vamos dividir em quatro partes: os quesitos musicais (Bateria, Samba-Enredo e Harmonia) divididos em dois textos com as sete últimas e a sete primeiras do Grupo Especial, um outro texto com destaques dos demais quesitos no mesmo Especial e um quarto texto com algumas justificativas da Série A.

Introdução feita, vamos começar a resenhar sobre alguns cadernos de julgamento que chamaram a atenção do escriba. Vamos nessa.

IMPÉRIO SERRANO

Samba-Enredo: Não há muito o que dizer sobre as justificativas do 1 ponto total que a escola perdeu no item, pois já era uma bola cantada: TODOS os jurados de Samba-Enredo (não custa repetir: TODOS OS JURADOS) citaram o verso trava-língua de O que é, o que é? ("Eusóseiqueconfionamoçaenamoçaeuponhoaforçadafé") para tirar décimos da escola de Madureira no quesito.

É aquilo: por falta de aviso não foi.

Harmonia: Três dos quatro jurados do quesito citaram o andamento acelerado do samba no desfile para tirar décimos da verde e branca, que perdeu 1,1 total (0,3 descartados). Abaixo, as justificativas de Deborah Levy e Mirian Orofino Gomes, respectivamente.

Bruno Marques tirou 0,3 por observar "número considerável de alas com o canto inconsistente", "desencontros rítimicos recorrentes entre o canto, a base harmônica e a bateria" e "problemas de amplitude dinâmica" no canto da agremiação.

Bateria: A Sinfônica do Samba deixou 0,6 pela pista. Phillipe Galdino tirou 0,1 pela ausência da sonoridade dos repiques. Sergio Naidin deu o mesmo desconto pois observou pouca sonoridade das caixas. Cláudio Luis Matheus (justificativa abaixo) tirou 0,2 por "pouca criatividade" e entender uma convenção complicada no trecho "Ela é a batida de um coração". Jorge Gomes também descontou 0,2 por "acelerações de andamento" e "desencontro rítimco entre as caixas e repiques em vários momentos".


IMPERATRIZ

Samba-Enredo: Alfredo Del Penho tirou 0,2 do samba gresilense. 0,1 da melodia, onde citou problemas no refrão "Me dá, me dá, me dá, me dá um dinheiro aí" e no trecho "Tem pato mergulhado no dinheiro". E mais 0,1 na letra pelos momentos pouco inspirados, entre eles o "Hashtag no infinito".


Eri Galvão tirou apenas 0,1 por entender que a melodia poderia ser mais criativa. Mas na mesma justificativa, pasmem, ele me escreve que acha os refrões do samba "fortes". Ora bolas, se "Troca-troca ê na beira da praia" pra ele é refrão forte, o que o dito cujo pensaria, por exemplo, de "Eu vou tomar um porre de felicidade" de Festa Profana?

Harmonia: Menção a justificativa de Mírian Orofino Gomes, que tirou 0,1 da escola de Ramos por "falta de empolgação". É um dos 450 chavões que costumam ser usados em, pelo menos, 70% das justificativas todos os anos.

Bateria: A Swing da Leopoldina recebeu três notas 10 e um 9.9 (descartado) de Cláudio Luis Matheus, que justificou o desconto por entender um "excesso de convenções". Ah, faça-me o favor...


SÃO CLEMENTE

Samba-Enredo: Dos 0,4 que a reedição de "E o Samba Sambou" deixou pela pista, dois deles são, para se dizer o mínimo, inacreditáveis: Felipe Trotta deu 9.8 por considerar a crítica datada e entender que as rimas são pobres e que geraram pouca empatia com o público.

Peraí, cara pálida. A questão da crítica ser datada eu até faço um pequeno esforço pra entender esse ponto de vista. Agora, "pouca empatia com o público" é de doer no fundo do pâncreas. Não só o samba, bem como todo o desfile provaram justamente o contrário - e olha que tive alguns poréns à reedição.


Harmonia: Um dos quesitos que é o "calcanhar de aquiles" da escola nos últimos anos, a São Clemente perdeu 0,7 no total. Destaco a justificativa de Deborah Levy, que despontuou a aurinegra pelo seguinte argumento: "A escola iniciou seu desfile com uma linda introdução da intérprete Larissa Luz. Porém, a unidade do coro foi prejudicada em função da desigualdade de volume entre as vozes masculinas e femininas. O equilíbrio traria a compensação necessária pelo desfavorecimento do tom da música à voz feminina".

Bateria: A Fiel Bateria perdeu 0,3 no quesito. A destacar o 9.9 de Cláudio Luís Matheus, que puniu a bateria aurinegra ao "desenho ritmico complicado" no refrão central.


BEIJA-FLOR

Samba-Enredo: A trilha sonora em homenagem aos setenta anos da escola deixou 0,4 pela pista. Destaque a justificativa de Clayton Fábio Oliveira, que conceu 9.9 destacando problemas no trecho final da segunda estrofe, justamente onde a escola mexeu após anunciar a junção dos sambas finalistas na disputa.


Harmonia: Um dos quesitos mais fortes da escola historicamente, a Beija-Flor perdeu 0,3 (0,2 foram descartados) no quesito. Ao justificar seu 9.8, Bruno Marques apontou "força insuficiente" e "problemas de afinação ocasionais" - esta podemos atribuir à subida de tom do samba no desfile.

Bateria: A bateria dos mestres Plínio e Rodney obteve as quatro notas 10.

UNIÃO DA ILHA

Samba-Enredo: Um dos mais criticados da safra, o samba insulano foi penalizado com 0,8 (0,3 descartados). Alfredo Del-Penho deu aquela "traulitada" ao justificar seu 9.7, quando citou as frases clichês da letra.


Harmonia: A Ilha perdeu 0,6 no quesito - 0,3 valeram para a soma final. Ao conceder o 9.7 (descartado) à Tricolor, Bruno Marques apontou que o canto da escola foi "sustentação inconstante e pouco expressiva" e "afinação extremamente baixa".

Bateria: A Baterilha dos estreantes Keko Santos e Marcelo obteve as quatro notas 10.

GRANDE RIO

Samba-Enredo: Outro samba que fora bastante criticado no pré-carnaval, a tricolor caxiense sofreu uma penalização maior em relação à Ilha. A escola perdeu nada menos que 1 ponto (0,7 válidos) no quesito. Clayton Fábio Oliveira justificou o "vocabulário frágil" da letra - entre outros - para conceder 9,7.


Harmonia: A Grande Rio perdeu 0,5 totais em Harmonia. A nota mais baixa (e descartada) foi o 9.8 de Déborah Levy, que justificou ver "imprecisão de afinação do canto em diversos momentos e trechos" e o verso "Tá errado, sem lição nem professor" se tornar incompreensível devido a seu tom grave.

Bateria: A Invocada do estreante Mestre Fafá obteve as quatro notas 10.

PARAÍSO DO TUIUTI

Samba-Enredo: A obra de Cláudio Russo, Moacyr Luz, Zezé, Jurandir e Aníbal obteve as quatro notas 10.

Harmonia: A azul e amarelo de São Cristóvão perdeu 0,4 totais no quesito. O 9.8 descartado foi de Bruno Marques, que justificou ter visto "alas cantando apenas alguns trechos da melodia", "notas do canto que não foram atingidas" e "modulação para o tom menor confusa nas primeiras passagens".

Bateria: A SuperSom de Mestre Ricardinho perdeu apenas dois décimos, que foram descartados na soma final. Cláudio Luis Matheus atribuiu 9.8 pois observou "falta de peso (grave nos surdos)" e "caixas e tamborins fazendo a mesma coisa".

"Sambando por aí" volta com a segunda parte das justificativas dos quesitos musicais, com as sete primeiras colocadas.

[Aos nossos leitores: assim que terminarmos a série sobre as justificativas neste espaço, voltaremos com a Sambando Por Aí no formato tradicional, quando então falaremos sobre os enredos já divulgados para 2020 e, claro, sobre o racha na Série A entre LIERJ e a recém-criada LIGA-RJ. O vai e vem das escolas para o próximo carnaval voltará em breve. Pedimos compreensão e um pouquinho de paciência. Att.]

Carlos Fonseca
Twitter: @eucarlosfonseca
Apresentador do Carnaval Show na Rádio Show do Esporte todas às quartas-feiras às 20h
www.radioshowdoesporte.com.br