CANDANDA
CANDANDA
|
Nome completo: Gilson Candanda
Ano
de nascimento: 1951
'
Ano de falecimento: 2014
|
A
história de Gilson Candanda no carnaval confunde-se com a
própria história da escola de samba
Tradição, agremiação que ele foi um dos
fundadores. Negro, de voz grave e potente, foi o puxador de samba de
primeira hora do Condor de Campinho. Surgia o Candanda da
Tradição.
Até surgir a Tradição, Candanda era portelense de
coração. A história conta que, após o
carnaval de 1984, houve a dissidência de sete alas da Portela,
capitaneada por Nésio Nascimento (filho de Natal da Portela) e
mais a adesão de figuras importantes da escola, como Tia
Vicentina (irmã de Natal) e a porta-bandeira Vilma Nascimento,
cerne do surgimento do GRES Tradição. Na ocasião
da fundação, a nova agremiação não
tinha ala de compositores. A responsabilidade de fazer os sambas enredo
da Tradição foi passada à consagrada dupla
João Nogueira e Paulo César Pinheiro, sendo o primeiro,
“Xingu, o pássaro guerreiro” (1985), interpretado na
avenida por Candanda, quando a escola se apresentou no Grupo 2-B.
Para o carnaval seguinte, o samba escolhido foi “Rei Sinhô,
Rei Zumbi, Rei Nagô”, que aparece na voz de João
Nogueira no seu disco de carreira “De amor é bom”.
No LP oficial de sambas enredo do Grupo 2-A, laçado pela
gravadora Top Tape, no entanto, quem defendia a obra e fazia seu
primeiro registro fonográfico era Candanda, acompanhado pelo
então novato Grupo Raça. Em 1987, defendeu brilhantemente
na avenida o samba “Sonhos de Natal”, detentor do
Estandarte de Ouro de melhor samba enredo do Grupo 1-B e que ajudou a
Tradição a subir para o Grupo Especial. Na estreia no
Grupo Especial, em 1988, cantou “O melhor da raça, o
melhor do carnaval”, um dos mais bonitos sambas do ano.
Em 1989, foi a vez de “Rio, samba, amor e
Tradição”, último samba enredo composto pela
dupla João Nogueira/Paulo César Pinheiro. Candanda,
microfone número 1 do Condor de Campinho, teve que dividir seu
posto com a cantora Simone, graças a uma jogada de marketing do
presidente Nésio Nascimento para direcionar os holofotes para
sua escola, que, de quebra, ainda levou a modelo Luma de Oliveira como
rainha de bateria. Apesar das aquisições
midiáticas, a agremiação teve dificuldades durante
o desfile e acabou amargando seu primeiro rebaixamento. Mesmo assim,
para o sambista, este foi o seu melhor momento como intérprete
de samba enredo.
Para o carnaval de 1990, missão dupla para Candanda: cantou no
sambódromo da Marquês de Sapucaí o samba “A
coroação” (Tarcísio de Guadalupe, De Moraes,
Chiquinho e Jorge Makumba) e foi à Porto Alegre defender um
samba de sua autoria em homenagem a Machado de Assis pela escola de
samba Unidos de Vila Isabel, da cidade de Viamão. Após o
carnaval, o cantor se desentendeu com a presidência da
Tradição e foi mandado embora. Com isso, Candanda
afastou-se da escola e da folia.
Em 2013, depois mais de duas décadas afastado do meio
carnavalesco, seu coração portelense novamente despertou.
Candanda foi convidado para trabalhar na campanha das
eleições para a presidência da Portela e ajudou a
eleger a chapa liderada por Serginho Procópio. Como
reconhecimento, o cantor retornou à sua escola querida e fez
parte do coral de apoio do puxador Wantuir. O intérprete, agora,
assinava Candanda da Portela.
Mas a saúde do sambista já tinha dado sinais de fraqueza.
Em 2011, operou-se de câncer, mas este ano a doença
apresentou metástase e a bela voz de Candanda calou-se no dia 17
de outubro de 2014. Candanda era zootecnista e torcedor roxo do
Flamengo. E é de sua autoria o grito de guerra que é
até hoje a marca registrada da azul e branco de Campinho. Tanto
nas gravações quanto nos ensaios e na avenida, com toda a
propriedade, Candanda bradava: Isto sim é a
Tradição!
|
INÍCIO: Portela, nos anos 70. Foi fundador do GRES
Tradição, em 1984.
De 1985 a 1990 – Tradição
1990 – Unidos de Vila Isabel (Porto Alegre)
2014 – Portela (apoio de Wantuir)
GRITO DE GUERRA: Isto sim é a Tradição!
GRITOS
DE EMPOLGAÇÃO: “e daí”;
“alô, bateria”; “chega mais”;
“alô minhas baianas”, “alegria, alegria,
alegria”; “vamos lá”; “o que é
que tem”.
SAMBAS DE SUA
AUTORIA: “Homenagem aos 100 anos de nascimento de Machado
de Assis” (Unidos de Vila Isabel, de Porto Alegre/1990).
CURIOSIDADES:
•
Pouquíssima gente sabe, mas Candanda não é apelido
e, sim, sobrenome de família. Não foram poucas as vezes
que seu nome era grafado erradamente como Kandanda, Candanga ou
até mesmo Kandonga.
• Candanda
é o criador do grito de guerra da Tradição. Seja
qual for o puxador, desde 1985 até hoje, o grito de guerra da
escola é sempre o mesmo: Isto sim é a
Tradição!
* Informações fornecidas por Álisson Davis, filho
do intérprete Candanda.
|
MAIS FOTOS DE CANDANDA
Com a
primeira porta-bandeira portelense Tia Dodô
No Portelão,
com Tia Surica e Paulinho da Viola
Dream Team portelense
de vozes: Wantuir (à esq.), Rychahs (ao fundo, de sapato branco)
e Rogerinho (de camisa azul claro)
Simone e Candanda na
quadra de ensaios da Tradição às vésperas
do Carnaval 1989 e no desfile da Tradição naquele ano
Candanda e Simone na
quadra de ensaio da Tradição em 1989
Vinheta da Manchete
do samba da Tradição de 1989
Voltar à seção Intérpretes
|
|
|