Sambario faz um especial
agradecimento ao Sr. Iba Nunes, baluarte e único fundador ainda
vivo da SERES Unidos do Cabuçu, por ter colaborado nas
informações referentes ao intérprete Beto do
Cabuçu)
Beto foi uma das primeiras vozes marcantes do início da Unidos
do Cabuçu na era dos registros fonográficos de
samba-enredo. Seu timbre de voz agradável era mais afeito aos
tons agudos.
O jovem carioca Gilberto foi levado para a Cabuçu em 1965 por
intermédio de Iba Nunes, compositor e fundador da escola
localizada na região da Lins de Vasconcellos, entre os bairros
do Engenho Novo e do Méier. (Iba é o único
fundador vivo da agremiação azul e branco). Na
época, Iba era tesoureiro da Cabuçu e, ao ver Gilberto
cantar, resolveu apostar no potencial do garoto.
A primeira aparição de Beto em um disco de samba enredo
aconteceu no álbum oficial do Grupo 2 das escolas de samba do
carnaval de 1974, quando gravou “Devaneios de um poeta”,
dos compositores Walmir e Wivaldo Antunes. Dois anos depois, em
parceria com Iba Nunes, assinou “Reisado da Terra das
Alagoas”, samba que deu o vice-campeonato do segundo grupo
à Cabuçu, fazendo com que a escola ascendesse ao grupo
especial. A performance na avenida rendeu ao cantor o prêmio de
melhor puxador do Grupo 2 em 1976, concedido pelo apresentador Rubem
Gerardi, na Rádio Mauá.
Em 1977 após 12 anos de ausência. a Cabuçu retornou
ao primeiro grupo, com o samba-enredo “Os Sete Povos das
Missões” (Waldir Prateado), mas a escola não se
apresentou bem e foi rebaixada. No desfile seguinte Beto cantou o
belíssimo samba-enredo “Cabuçu Exalta as Pedras
Preciosas do Brasil” (Izalmar, Marlony e Valmir).
Em 1979, a Cabuçu não venceu o título do segundo
grupo (já rebatizado de Grupo 1-B), mas a escola conquistou o
Estandarte de Ouro de melhor samba da categoria com a voz de Beto. A
obra era “O Gigante Negro da Abolição”, de
Izalmar, Marlon, Valmir e Amauri. No mesmo ano, Beto foi apoio de David
Correa na Portela, ajudando a defender na avenida
“Incrível, Fantástico,
Extraordinário”, um desfile que até hoje é
questionado pelos portelenses por que a vitória não foi
para o bairro de Oswaldo Cruz.
Para o carnaval de 1980 a Cabuçu preparou um enredo em homenagem
ao compositor Lamartine Babo, mas também não fez um bom
desfile. O samba era “Tua obra não nega,
Lalá”, de autoria de João, Augusto, Celcinho e
Dirceu. A escola chegou apenas na 7ª colocação no
Grupo 1-B. Foi a última gravação solo de Beto. No
ano de 1981, com o enredo “De Daomé a São Luis, a
pureza Mina Jêje”, Beto dividiu o microfone com o
também compositor Zé Maria D’Angola e os
então estreantes puxadores J. Leão e Celsinho.
Aos poucos, Beto foi se afastando do time de cantores da Cabuçu
e problemas pessoais o fizeram se afastar também um pouco da
escola. Sua última peformance no carro de som da azul e branco
da região da Lins de Vasconcellos foi em 1985, dividindo o
microfone com J. Leão no samba-enredo “A festa é
nossa, ninguém tasca ou Quem ri por último, ri
melhor” (J. Leão, João do Cabuçu, Celsinho,
João do Cavaco e Jorginho Harmonia), no retorno da escola ao
Grupo Especial após ter conquistado o título no Grupo 1-B
com uma homenagem à sambista Beth Carvalho em 1984, ano da
inauguração do sambódromo da Sapucaí.
Segundo seu amigo e parceiro Iba Nunes, Beto de vez em quando é
chamado em algumas rodas de samba para dar alguma palinha dos sambas da
Cabuçu das décadas de 70 e 80, muitos deles compostos
pelo próprio Iba.
Além do carnaval, Beto também atuou como profissional da
área de digitação em várias empresas na
cidade do Rio de Janeiro.
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Início: Unidos do Cabuçu, em 1965
1965 a 1980 – Cabuçu (microfone principal)
1979 – Portela (apoio de David Corrêa)
1981 – Unidos do Cabuçu (com Zé Maria D'Angola, Celsinho e J. Leão)
1985 – Unidos do Cabuçu (com J. Leão)
GRITO DE GUERRA:
Beto era da época em que o grito de guerra não era muito
comum entre os puxadores. Só adotou o recurso quando gravou em
1980, no caso: Olha do Cabuçu, aí meu irmão! Vamos nós! em seu último registro fonográfico solo.
CACOS DE EMPOLGAÇÃO: “é
isso aí pastoras”, “bora Cabuçu”,
“diz de novo”, “vamos lá”; “Nossa
Senhora”; “que beleza”; “simbora gente”;
“olha o Cabuçu”; “é isso aí
gente”.
SAMBA DE SUA AUTORIA: “Reisado da Terra das Alagoas” (Cabuçu/1976, com Iba Nunes).
PREMIAÇÃO:
Melhor Puxador do Grupo 2 em 1976, pela Rádio Mauá (Programa Rubens Gerardi).
DISCOGRAFIA DE CARNAVAL:
LP Sambas Enredo Grupo 2 1974 (faixa Unidos do Cabuçu)
LP Sambas Enredo Grupo 2 1976 (faixa Unidos do Cabuçu)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1977 (faixa Unidos do Cabuçu)
LP Sambas Enredo Grupo 1-B 1979 (faixa Unidos do Cabuçu)
LP Sambas Enredo Grupo 1-B 1980 (faixa Unidos do Cabuçu)
LP Sambas Enredo Grupo 1-B 1981 (faixa Unidos do Cabuçu)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1985 (faixa Unidos do Cabuçu)
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