Aroldo
Melodia pode ser considerado o pai de um tipo de puxador
de samba: o “enterteiner”, um animador de
público e da escola, avô dos atuais MC’s
(mestres-de-cerimônias na cultura hip-hop). Antes, havia
dois tipos: um cantor profissional que, na época de
carnaval, defendia um samba-enredo na avenida (Jamelão,
Jorge Goulart, Elza Soares, Pery Ribeiro, Marlene,
Roberto Ribeiro) e um sambista da comunidade, que dava a
largada nas primeiras viradas do samba no desfile (Noel
Rosa de Oliveira no Salgueiro, Garganta de Ferro na Vila
Isabel, Silvinho do Pandeiro na Portela).
É neste cenário que chega
Aroldo Fiorde, apelidado “Melodia” graças ao
vozeirão e a pecha de compositor moldada nas rodas de
samba e gafieiras da Ilha do Governador. Passou por
diversos blocos carnavalescos do outro lado da Baía de
Guanabara (Guerreiros da Ilha, Boi da Ilha) até chegar
à União da Ilha do Governador na época em que
desfilava na Praça XI. Aroldo Melodia foi um dos
protagonistas da projeção e da fase áurea que a escola
tricolor teve – da segunda metade dos anos 70 até a
primeira metade da década de 80 – quando consagrou
o estilo bom, bonito e barato de fazer carnaval, apesar
de nunca ter conquistado um título no Grupo Especial.
Aroldo Melodia foi responsável
por instituir os hoje obrigatórios gritos de
empolgação tanto para a escola que desfila (vamos lá,
bateria; gira minhas baianas) quanto para o povo que
assiste (canta, meu povo). Após marcar sua passagem na
União da Ilha, Aroldo também emprestou seu talento à
Mocidade Independente de Padre Miguel, Acadêmicos de
Santa Cruz, Caprichosos de Pilares, Unidos da Ponte e
até na pequena Camisolão, de Niterói. Em 1986, foi
contemplado com um Estandarte de Ouro de melhor puxador.
A
trajetória de Aroldo Melodia foi interrompida devido a um
derrame sofrido logo após o carnaval de 1996, o que obrigou o
velho intérprete a andar de cadeira de rodas e se afastar do
microfone no desfile principal. Seu último registro
fonográfico está presente no CD do Grupo de Acesso de
2006, em que gravou, com Rixxa, a faixa da escola de samba Flor da
Idade. Aroldo faleceu em 2 de julho de 2008, vítima de
falência múltipla dos órgãos causadas por
insuficiência cardíaca e respiratória. Seu estilo
deixou diversos discípulos, entre eles, seu filho Ito, que
começou como apoio de seu próprio pai.
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INÍCIO: blocos carnavalescos da Ilha
do Governador, como os Guerreiros da Ilha e o Boi da
Ilha.
1970 a 1983 – União da Ilha do
Governador
1981 a 1983 – Camisolão
(Niterói)
1983, 1985 e 1993 - Sem Compromisso (Manaus, na gravação do LP)
1984 – Mocidade Independente de
Padre Miguel
1985 (Grupo Especial) e 1986 (Grupo
Acesso) – Acadêmicos de Santa Cruz
1986 e 1987 – União da Ilha
1989 (Grupo Especial) e 1990 (Acesso)
– Unidos da Ponte
1990 – Caprichosos de Pilares
1991 e 1992 – União da Ilha
1995 e 1996 – União da Ilha
GRITO DE
GUERRA: Canta,
minha Ilha
GRITOS DE
EMPOLGAÇÃO:
“segura a marimba”; “há-hay”;
“eu falei”; “segura, segura,
segura”, “lindo, lindo, lindo”.
Principais
composições:
“Lendas e festas das Yabás” (74, com
Leôncio), “O que será?” (79, com Didi),
“Azul, vermelho e branco” (samba de quadra).
Estandarte de Ouro: 1986
Discografia: Canta Ilha - Sigura a Marimba! (1991)
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MAIS FOTOS DE AROLDO MELODIA
Cantando com Jamelão
Com o
filho Ito, no desfile de 2002
Com
Quinho
Mais momentos com o filho Ito (acima, a jornalista Carolina Grimião)
Capa do LP "Canta Ilha - Sigura a Marimba!", lançado em 1991
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