Descendente de libaneses, Armando é natural do Rio de Janeiro,
oriundo da Barra da Tijuca. Na infância, se mudou para a
região central da então capital federal devido às
condições financeiras da família, agravadas com a
morte de seu pai. Com 10 anos de idade, já possuía grande
habilidade com o apito e a frigideira, instrumento que mais tarde viria
consagrá-lo como o "maior frigideirista do mundo". Desde
então, era apitador do tradicional "Bloco Senhor dos Passos",
onde sua irmã era porta-estandarte. Tornou-se assíduo
frequentador dos ensaios da Mangueira.
Se transferiu para São Paulo
em 1950, quando sua mãe montou uma padaria especializada em
produtos árabes nas proximidades da Rua 25 de Março.
Naquela época, começou a cantar e divulgar os sambas
mangueirenses, além de tocar sua frigideira nas esquinas
paulistanas, dando início a um novo hábito na
região do mercado central. Armando da Mangueira passou a fazer
shows em clubes com sua frigideira. Trouxe do Rio uma
seleção de músicos e mulatas, formando o grupo
"Armando da Mangueira e os Acadêmicos da Guanabara", que se
apresentou nos locais mais requintados da cidade. Durante mais de
35 anos, animou carnavais de salão, bailes de gala,
reveillón, shows turísticos, além de marcar
presença em diversos programas de TV e se apresentar na Europa. Em 1974, foi condecorado na quadra da verde-e-rosa como "Comendador e Embaixador da Mangueira em São Paulo".
Armando,
no final dos anos 50, descobriu na Zona Leste de São Paulo
a Nenê de Vila Matilde. Armando passou a ser ritmista da
agremiação, até que, em 1975, foi convidado por
Alberto Alves, o Seu Nenê, para ser o intérprete da
escola na avenida, função que desempenhou até
1993 (se ausentando por apenas dois anos), se consagrando como uma das
maiores vozes da história do
Carnaval de São Paulo. Puxou a Nenê no célebre
desfile da escola na Sapucaí em 1985, quando a azul-e-branco da
Zona Leste participou da noite das Campeãs como a vencedora
daquela ano (quebrando um jejum de 15 anos), na única
oportunidade em que uma
agremiação paulistana se apresentou na Passarela do Samba
carioca. Compôs oito sambas-enredos e vários sambas
exaltação da Nenê. Em 1976, à convite de
Oswaldinho da Cuíca, grava o primeiro samba do então
bloco Gaviões da Fiel, que teria seis obras de sua autoria. Em
1988, depois de anos a fio na Nenê, desfilou no Peruche, junto
com seu amigo Jamelão e Eliana de Lima. No ano seguinte, foi
campeão no Camisa Verde e Branco.
Em 1990, voltou à Nenê, para cantar com Dom Marcos e, no
seu último ano (1993), teve Márcia Ynaiá ao seu
lado. Ainda venceria 11 sambas na Primeira da Aclimação.
Armando da Mangueira faleceu em 27 de dezembro de 2000. A Primeira da
Aclimação homenageou o intérprete em 2002 com o
enredo "Um Canário que deixou Saudade - Armando da Mangueira".
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INÍCIO: Nenê de Vila Matilde, no fim da década de 50, como ritmista
1975 a 1987 - Nenê de Vila Matilde
1980 a 1982 - Gaviões da Fiel (desfile de blocos carnavalescos)
1988 - Unidos do Peruche (ao lado de Jamelão e Eliana de Lima)
1989 - Camisa Verde e Branco
1990 a 1993 - Nenê de Vila Matilde (em 90 com Dom Marcos e em 93 com Márcia Ynaiá)
GRITO
DE GUERRA: Não tinha um grito específico
SAMBAS
DE SUA AUTORIA: Exaltação
às Raças de um Brasil Gigante (Nenê de Vila
Matilde/1975); Treze Rei Patuá (Nenê de Vila
Matilde/1979, com Jangada); Um Sonho de Candeia (Nenê de Vila Matilde/1981, com Jangada); Folias de Momo (Gaviões da Fiel/1981, com Jangada); Palmares - Raízes da Liberdade (Nenê de Vila Matilde/1982, com Jangada); Folias de Zé Pereira (Gaviões da Fiel/1982, com Jangada); Meu Gosto Abraçado à Ilusão (Nenê de Vila Matilde/1983, com Osvaldo Arouche e Biquinho); Fique bem Comportado e será Lembrado (Gaviões da Fiel/1983, com Osvaldo Arouche); Sagração dos Deuses (Nenê de Vila Matilde/1984); Não temos tema para não criar problema (Gaviões da Fiel/1984, com Osvaldo Arouche); Jubileu de Diamantes (Gaviões da Fiel/1985, com Osvaldo Arouche); Rabo de Foguete (Nenê de Vila Matilde/1986); Pernambuco Leão do Norte (Nenê de Vila Matilde/1987, com Miguelzinho
da Vila, Pilica, Milton, Filé e Ricardo), Um Voo para a
Liberdade (Gaviões da Fiel/2000, com José Rifai,
Alemão do Cavaco e Ernesto Teixeira), "Geraldo, um Filme de
Glórias" (Primeira da Aclimação/2001, com Mazinho
Xerife e Serginho Madureira).
DISCOGRAFIA: Tonelada de Samba (Brasidisc)
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