Considerado uma das figuras
contemporâneas mais importantes do samba, Arlindo Cruz
está na seção Intérpretes não por
puxar samba enredo na avenida, mas é inegável a sua
contribuição para o gênero, tanto compondo quanto
gravando. Em meados da década de 80, Arlindinho já era um
compositor consagrado, com diversas músicas gravadas pelos
principais nomes do samba e da MPB e vivia o auge em sua
trajetória no Grupo Fundo de Quintal, no qual integrou durante
12 anos, sempre com muito sucesso, sendo um dos principais
compositores. Nessa época, passou a concorrer nas disputadas
eliminatórias de samba enredo de sua escola de samba do
coração: o Império Serrano.
A primeira vitória foi com o enredo "Jorge Amado, Axé
Brasil", em 1989, com uma super parceria, formada pelos bambas
imperianos Aluísio Machado, Beto Sem Braço e Bicalho,
todos freqüentadores das rodas de samba do bloco Cacique de Ramos.
Voltou a vencer novamente em 1996, no enredo "E verás
que um filho teu não foge à luta". Arlindo
emplacaria o hino imperiano também no ano seguinte, mas a escola
acabou caindo para o Grupo de Acesso A. Arlindo ainda venceria na
Serrinha em 1997, 1999, 2001, 2003, 2006, 2007 e 2012. Em 2008, Arlindo
concorreu pela primeira vez em outra escola, vencendo na Grande Rio no
enredo "Do verde de Coarí vem meu gás, Sapucaí!".
Em 2012, aventurou-se em Vila Isabel, com o elogiadíssimo samba
para o enredo sobre Angola. No Grupo de Acesso A, compôs o samba
da Império Serrano sobre "Dona Ivone Lara, enredo do meu samba"
(com seu filho Arlindo Neto e Tico do Império) e ainda
participou da gravação do CD oficial. No ano seguinte, a
Vila foi campeã do Grupo Especial com um samba seu e de uma
megaparceria que incluía ainda nomes como Martinho da Vila e o
compositor André Diniz. A obra foi aclamada como o melhor samba
do carnaval de 2013 e conquistou o Estandarte de Ouro oferecido pelo
júri do jornal O Globo. Para 2014, a super parceria (desta vez,
sem a presença de Martinho) faturou novamente a disputa em Vila
Isabel, com o fato se repetindo em 2016. Desde que começou a
disputar nas eliminatórias, Arlindo Cruz já venceu 17
vezes (onze no Império Serrano, quatro na Vila e duas na Grande
Rio) e conquistou seis prêmios Estandarte de Ouro.
O primeiro registro de Arlindo Cruz cantando um samba enredo foi no CD
Sambas de Quadra, no qual regravou "Estrela de Madureira", da dupla
Acyr Pimentel e Cardoso, samba derrotado no Império Serrano na
disputa para o carnaval de 1975. A música foi sucesso
originalmente na voz de Roberto Ribeiro. Depois, passou a gravar sambas
enredo em seus discos e DVDs ao vivo. Pertenceu ao elenco fixo do
programa Esquenta! da Rede Globo.
É o autor, junto com Gilberto Gil, do tema de abertura do
programa: "Regina de janeiro, fevereiro e março". Também
participou como comentarista das transmissões de desfiles das
escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro pela mesma emissora.
Em 17 de março de 2017, Arlindo Cruz sofreu um acidente vascular
cerebral hemorrágico. O AVC infelizmente o possibilitou de fazer
o que mais ama que é cantar, compor e tocar seu tradicional
banjo. No Carnaval de 2019, o sambista foi homenageado pela X-9
Paulistana com o enredo "Meu lugar é cercado de luta e suor,
esperança num mundo melhor! O show tem que continuar!".
Debilitado, muitos duvidavam de sua aparição no
Sambódromo no Anhembi. Sua presença no desfile com os
familiares emocionou a todos os presentes. Até hoje, Arlindo
necessita de cuidados médicos.
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INÍCIO: Ingressou na ala de
compositores do Império Serrano em meados dos anos 1980. Depois,
passou a concorrer na Acadêmicos do Grande Rio e na Unidos de
Vila Isabel
2012 - Império Serrano (gravou o samba, dividindo a
interpretação com Tiãozinho Cruz)
2013 - Vila Isabel (participou da gravação do samba)
2016 - Vila Isabel (participou da gravação do samba)
Discografia oficial:
Com o Grupo Fundo de Quintal:
Samba é no Fundo de Quintal Vol.2 (1981)
Nos pagodes da vida (1983)
Seja sambista também (1984)
Divina luz (1985)
O mapa da mina (1986)
Do fundo do nosso quintal (1987)
O show tem que continuar (1988)
Ciranda do povo (1989)
Ao vivo (1990)
É aí que quebra a rocha (1991)
Dupla Arlindo Cruz & Sombrinha:
Da música (1996)
Samba é nossa cara (1997)
Pra ser feliz (1998)
Ao vivo (2000)
Hoje tem samba (2002)
Sem limites (coletânea, 2008)
Carreira solo:
Arlindinho (1993)
Pagode do Arlindo ao vivo (2003)
Sambista perfeito (2007)
MTV ao vivo Arlindo Cruz (2009)
Batuques e romances (2011)
Batuques do meu lugar (2012)
GRITOS DE
EMPOLGAÇÃO: Em suas apresentações ao
vivo, costuma pedir aplausos para a platéia com as frases "Quem
gostou faz barulho aí" ou "Faz barulho pro (diz o
nome do artista)" (quando divide a cena com algum
convidado especial).
SAMBAS DE SUA
AUTORIA: "Jorge Amado, Axé Brasil"
(Império Serrano/1989, com Aluísio Machado, Beto Sem
Braço e Bicalho); “Império
Serrano, um ato de amor” (Império Serrano/1993, com
Aluisio Machado, Acyr Marques e Bicalho); "E verás que um
filho teu não
foge à luta" (Império Serrano/1996, com
Aluísio Machado, Beto Pernada, Índio do Império e
Lula); "O mundo dos sonhos de Beto Carreiro" (Império
Serrano/1997, com Carlos Sena, Índio do Império e
Maurição); "Uma rua chamada Brasil"
(Império Serrano/1999, com Carlos Sena, Elmo Caetano e
Maurição); "O Rio corre pro mar" (Império
Serrano/2001, com Carlos Sena, Elmo Caetano e Maurição); "E
onde houver trevas... que se faça a luz!" (Império
Serrano/2003, com Aluísio Machado, Carlos Sena, Elmo Caetano e
Maurição); "O Império do Divino"
(Império Serrano/2006, com Aluísio Machado, Carlos Sena,
João Bosco e Maurição); "Ser diferente é
normal - O Império Serrano faz a diferença no carnaval"
(Império Serrano/2007, com Aluísio Machado, Carlos Sena,
João Bosco e Maurição); "Do verde de
Coarí vem meu gás, Sapucaí!" (Grande Rio/2008,
com Carlos Sena, Edu da Penha, Emerson Dias, Maurição e
Mingau); "Das arquibancadas ao camarote número 1, uma Grande
Rio de emoção, na Apoteose do seu coração"
(Grande Rio/2010, com Barbeirinho, Carlos Sena, Chico da Vila, Da Lua,
Emerson Dias, G. Martins, Isaac, Juarez Pantoja, Levi Dutra, Mingau e
Rafael Ribeiro); "Dona Ivone Lara: o enredo do meu samba"
(Império Serrano/2012, com Arlindo Neto e Tico do
Império); "Você semba lá...que eu sambo
cá! O canto livre de Angola" (Vila Isabel/2012, com
André Diniz, Artur das Ferragens, Evandro Bocão e
Leonel); "A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - 'Água no
feijão que chegou mais um'" (Vila Isabel/2013, com Martinho
da Vila, André Diniz, Tunico da Vila e Leonel); "Retratos de
um Brasil plural" (Vila Isabel/2014, com André Diniz,
Evandro Bocão, Professor Wladimir e Artur das Ferragens), "Poema aos Peregrinos da Fé"
(Império Serrano/2015, com Arlindo Neto, Lucas Donato, Alex
Ribeiro, Rogê, Carlos Senna, Beto BR, Andinho Samara, Zé
Glória, Wagner Rogério, Chico Matos, Ronaldo Nunes e
Léo Guimarães), "Silas canta Serrinha" (Império Serrano/2016, com Aloísio Machado, Arlindo Neto, Ze Gloria, Andinho Samara e Lucas Donato) e "Memórias
do 'Pai Arraia' - um sonho pernambucano, um legado brasileiro"
(Vila/2016, com Martinho da Vila, André Diniz, Mart'nália e Leonel).
ESTANDARTES DE OURO:
6 (Império Serrano 1993 [Grupo
A], 1999,
2001, 2006 e 2012 [Grupo A] e Vila
Isabel 2013, todas como autor do melhor samba).
SAMBAS ENREDOS
GRAVADOS POR ARLINDO:
- "Estrela de Madureira", no CD Sambas de
quadra
- "O Império do Divino" e "Aquarela brasileira" (Silas de
Oliveira), em MTV ao vivo Arlindo Cruz
- "Dona Ivone Lara, o enredo do meu samba" e "Bum Bum Particumbum
Prugurundum" (Aluísio Machado e Beto Sem Braço), em
Batuques do meu lugar.
Troféu Sambario de personalidade em 2023
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