Um intérprete de timbre de
voz bem tratado que canta com maestria desde
sambas-canções até sambas enredo. Este é Almir Saint
Clair, misto de cantor, produtor, ator e showman
internacional que fez história ao conduzir os desfiles
da Império da Tijuca durante cinco carnavais.
O
início profissional de Almir aconteceu nos anos 50, na
legendária Rádio Nacional. O jovem cantava nos
programas de auditório comandados por César de Alencar,
Paulo Gracindo e Marlene. Nos anos 60, gravou diversos
compactos pelas antigas gravadoras RCA Victor e Polydor,
com um repertório que reunia sambas e canções
românticas. Fez muito sucesso ao gravar uma versão de
“Ciao amore”, um sucesso do cancioneiro
italiano. Também atuou como ator e integrou as
companhias teatrais de Tônia Carreiro, Bibi Ferreira e
Fernanda Montenegro. No cinema, atuou no filme Capitu
(1967), de Paulo César Sarraceni.
No início dos anos 70, Almir
Saint Clair passou a trabalhar na produção de shows
musicais, espetáculos grandiosos que envolviam o
trabalho de cerca de 50 pessoas. “Eram shows de
turismo receptivo feitos em hotéis cinco estrelas”.
Um dos mais bem sucedidos foi “Festa
Brasileira”, realizado entre 1973 e 1975, no qual
Almir dividia a ribalta com a cantora Watusi. Esse show
percorreu 14 países da Europa durante os dois anos em
que se manteve em cartaz. Graças a este espetáculo,
Almir ingressou no universo carnavalesco. Ao retornar
para o Brasil, com seu timbre forte e bonito, foi
convidado a cantar “Personagens marcantes do
carnaval carioca”, samba com que a Em Cima da Hora
se apresentou no Grupo Especial em 1975.
Depois disso, Almir Saint Clair
foi parar na Império da Tijuca. No Morro da Formiga,
permaneceu por cinco anos. Por coincidência, foi a fase
áurea da escola tijucana, em que a verde e branca se
mantinha entre as grandes agremiações. “Tive a
felicidade de cantar belíssimos sambas na avenida”.
Realmente, já na estréia, em 1981, Almir interpretou
“Cataratas do Iguaçu” e ajudou a escola a
subir do Grupo 1-B (atual Grupo A) para o 1-A (atual
Especial). Logo em seguida, vieram “Iara, ouro e
pinhão na terra da gralha azul” (um dos sambas mais
bonitos de 82, que tinha o memorável refrão Paraná
ê/ Ê Paraná/ É a Império da Tijuca na avenida a lhe
exaltar); “Santos e pecados” (de 83) e
“9215” (de 84, já na fase Passarela do Samba).
Apesar de ter cantado na quadra o samba de 85 –
“Se a lua contasse...” –, o showman não
chegou a defendê-lo na avenida. “Nessa época, os
autores começaram a reivindicar o direito deles mesmos
puxarem o samba”. O fato fez com que o cantor se
afastasse dos desfiles de carnaval. Ao mesmo tempo, ele
retomava a produção e o trabalho em shows de turismo
receptivo, promovido por empresas pelo Brasil e pelo
mundo.
Almir Saint Clair recebeu diversos prêmios de melhor
cantor de carnaval. Ele, inclusive, já foi homenageado
pela Mangueira, sua escola de coração. “Apesar de
ter um carinho muito grande pela Império da Tijuca, que
me projetou no universo carnavalesco, minha grande
paixão é verde e rosa”, confessa. E o cantor segue
na ativa. No final de 2003, lançou o CD independente
“Revivendo Noel Rosa”, dedicado à obra do
grande compositor de Vila Isabel. E, graças a Deus, seu
vozeirão continua em forma.
|
Início: programas de
auditório na Rádio Nacional, na década de 50
Primeiro ano como puxador: Em Cima da
Hora (1975)
1981 a 1984 – Império da Tijuca
GRITO DE
GUERRA: Alô,
meu Império da Tijuca!
CACOS
CARACTERÍSTICOS:
Não tinha muitos cacos. Preferia interpretar o samba
DISCOGRAFIA:
Revivendo Noel Rosa (2003) – CD
independente
FILMOGRAFIA:
Capitu (Paulo César Sarraceni,
1967)
Rio Zona Norte (Nelson Pereira dos
Santos, 1957)
|
MAIS FOTOS DE ALMIR
SAINT-CLAIR
Almir (de bigode) atuando como ator
Em turnê dos shows musicais "Festa Brasileira", entre 1973 e 1975.
Na época em que cantou na Em Cima da Hora (1975)
Afastado dos desfiles de
carnaval, Almir retomou a produção e
apresentações em shows de turismo receptivo, promovido
por empresas pelo Brasil e pelo mundo
Com Pinah, em apresentação no início dos anos 80.
No programa "Rio Dá Samba": com o apresentador João Roberto Kelly (E, de branco)
No programa "Rio Dá
Samba": com o apresentador João Roberto Kelly, Natal Expedito
(de óculos, presidente da Império da Tijuca nos anos 70 e
80) e o compositor Marinho da Muda
FOTOS: Arquivo Pessoal de Almir Saint-Clair
Voltar à seção Intérpretes
|