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AGNALDO TIMÓTEO

AGNALDO TIMÓTEO

  

                

        Nome completo: Agnaldo Timóteo Pereira

       


        Ano de nascimento:
1936



    
  Ano de falecimento: 2021    

    

                                                                  

Agnaldo Timóteo foi dono de uma das vozes mais poderosas da música românticas do Brasil. Além de apaixonado por futebol, especialmente pelo Botafogo (era torcedor fanático do time da estrela solitária), ele nutria paixão também pelo Carnaval. E o que muito pouca gente sabia era que o cantor foi intérprete de samba-enredo na avenida, presidente de honra de escola de samba e chegou a ser homenageado com dois temas enredos no carnaval, por duas agremiações distintas.

O mineiro de Caratinga começou a cantar ainda adolescente, na década de 50, nos programas de rádio de sua cidade. O artista, que na época trabalhava como torneiro mecânico, buscava ali o início de uma trajetória profissional — ou melhor, de um sonho que começara ainda na infância, quando ele gostava de imitar vozes como as de Cauby Peixoto e Anísio Silva.

Aos 16 anos de idade, se mudou para Governador Valadares e começou a cantar nas rádios locais. Mais tarde, foi para Belo Horizonte em busca de mais oportunidades. Na capital mineira ficou conhecido como o “Cauby mineiro” e foi muitas vezes uma espécie de “substituto” local do cantor. Em Belo Horizonte foi ouvido por seu ídolo Anísio Silva, que o apresentou a seu empresário Kléber Lisboa. Namorado de Ângela Maria, Kléber apresentou Agnaldo à cantora, que o aconselhou a ir para o Rio de Janeiro, onde sua carreira teria mais chances de acontecer. Ele seguiu a sugestão e em 1960 desembarcou na nova cidade, onde pôde conhecer um jovem Roberto Carlos também recém-chegado e buscando espaço como cantor. Sem conseguir emplacar na carreira, Agnaldo pediu uma ajuda para Ângela, que o empregou como seu motorista. Ela também o indicou para o selo Caravelle, que em 1961 lançou seu primeiro disco, um 78 rotações que tinha num lado “Sábado no morro” e no outro “Cruel Solidão”.

Em 1968, gravou a canção “Meu grito”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, num disco que vendeu 600 mil cópias, colocando-o num novo patamar e reafirmando seu lugar como cantor romântico. “A Galeria do Amor”, música lançada em 1975 (que batizou o LP de mesmo nome), foi outro marco em sua carreira. Sua primeira composição própria – referência à Galeria Alaska, então ponto de entro gay do Rio – alcançou um enorme sucesso e abriu um novo caminho na carreira de Agnaldo.

Na década de 70, aproveitou a onda em que vários artistas da música popular brasileira cantavam samba-enredo na avenida (Jorge Goulart, Elza Soares, Marlene e Roberto Ribeiro, além, é claro, de Jamelão), e foi convidado pela Unidos de Lucas para defender o samba “Cidades feitas de memórias” (Baianinho, Ledi Goulart e Laci) no carnaval de 1975.

Já com a carreira musical consolidada, Agnaldo usou sua popularidade como cantor – e seu carisma alimentado por posições polêmicas – para entrar na vida política. Elegeu-se deputado federal pelo PDT em 1982. Seu primeiro discurso no Congresso Nacional – no qual simulou um telefonema à sua mãe, Dona Catarina, com um aparelho sem fio – foi aberto com a expressão “alô, mamãe”, que se tornou uma espécie de bordão seu.

O fato inusitado inspirou as carnavalescas Rosa Magalhães e Lícia Lacerda a criarem o enredo da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 1984, ano da inauguração do Sambódromo da Sapucaí. O enredo chamava-se “Alô, mamãe!” frase de abertura do discurso de Timóteo. As carnavalescas apostavam num tema bem-humorado sobre as mazelas da política econômica brasileira. O próprio cantor/deputado desfilou triunfante no carro abre-alas da Rainha de Ramos, em cima de uma escultura gigante em forma de telefone. Durante a transmissão do desfile pela TV Manchete, um repórter da emissora entregou o microfone a Timóteo, que cantou ao vivo um trecho do samba-enredo dos compositores Velha, Guga, Tuninho Professor e Alvinho.

Em 1986, Timóteo chegou a concorrer a governador do Rio. Depois de se eleger vereador em 1996 e não se reeleger em 2000, passou a concorrer em São Paulo, onde foi eleito como vereador em 2004.

Nos anos 2000, Agnaldo chamou a atenção da imprensa ao ir para a rua vender seu disco, como um camelô. Ele dizia vender uma média de 400 CDs a cada vez que armava sua barraquinha.

No carnaval de 2001, novamente as vidas do cantor e da Unidos de Lucas se cruzam. Desta vez, o Galo de Ouro da Leopoldina homenageou seu ex-intérprete com o enredo “Agnaldo Timóteo, o Filho de Dona Catarina”, com samba composto por Pinto, Licínio, Elias Azevedo, Paulo Roberto, Beto Piranha e Jairo. A escola foi a 3ª colocada no Grupo C (quarta divisão), com desfile realizado na Avenida Rio Branco. Timóteo também se tornou presidente de honra da Unidos de Lucas. Em 2019, o cantor passou 59 dias internado, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) no mês de maio.

Botafoguense roxo (geralmente trajava roupas com as cores branco e preto em suas aparições artísticas), vivenciou muitas históricas com o “Glorioso” durante sua trajetória. Em 1984, já deputado, Timóteo invadiu o campo e paralisou o jogo entre Botafogo e Operário-MT, pela Copa Brasil, para reclamar de Cláudio Adão, que perdera um pênalti. A imunidade parlamentar o garantiu que o árbitro nada fizesse. O artista chegou a ajudar financeiramente o clube, pagando “bicho” (premiação extra por vitórias ou títulos), contas para as divisões de base e também custeou o velório e o enterro de Mané Garrincha (1933 - 1983), maior jogador da história do Botafogo e um dos gigantes da Seleção Brasileira.

Uma de suas últimas aparições foi na série “Doutor Castor”, do Globoplay. Agnaldo Timóteo era um grande amigo de Castor de Andrade, contraventor, presidente de honra da Mocidade Independente de Padre Miguel e dirigente do Bangu Atlético Clube. Na série, o depoimento do cantor e político realça traços da relação famosa pela ajuda financeira em suas campanhas. Os dois também dividiam o amor pelo futebol e pelo Carnaval. Agnaldo Timóteo entoou “Ave Maria” no enterro do bicheiro, em sua homenagem e a pedido da família.

Após ser internado no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, no dia 17 de março, Agnaldo Timóteo veio a falecer no dia 3 de abril de 2021, em decorrência de complicações relacionadas à Covid-19, aos 84 anos. Dois dias após sua morte, a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou projeto de lei que dá o nome de Agnaldo Timóteo ao calçadão que fica em frente ao Estádio Nilton Santos, administrado pelo Botafogo.

O lendário cantor deixa um legado de 55 anos de carreira, 74 discos gravados e mais de 150 sucessos.
INÍCIO: Começou a cantar profissionalmente no início dos anos 60, quando se mudou para o Rio de Janeiro. No carnaval, defendeu samba-enredo uma única vez na avenida, na Unidos de Lucas
1975 – Unidos de Lucas

GRITO DE GUERRA: Não tinha.

CACOS DE EMPOLGAÇÃO: Não tinha.

DISCOGRAFIA COMPLETA:
- “Sábado no morro”/ “Cruel solidão” (compacto simples 78 RPM – Caravelle, 1964)
- “Tortura de Amor”    (compacto duplo Phillips, 1964)   
- “Surge um astro” (LP Odeon, 1965)   
- “O astro do sucesso” (LP Odeon, 1966)
- “O sucesso é o astro” (LP Odeon, 1967)   
- “Obrigado, querida” (LP Odeon, 1968)
- “Song by Brazilian International Famous Agnaldo Timóteo” (Internacional) LP EMI-Odeon, 1968)
- “Comanda o sucesso” (LP Odeon, 1969)   
- “O intérprete” (LP Odeon, 1970)
- “Sempre sucesso” (LP Odeon, 1971)   
- “Canta en Castellaño” (Internacional) (LP EMI-Odeon, 1971)
- “Os brutos também amam” (LP Odeon, 1972)   
- “Frustrações” (LP Odeon, 1973)   
- “Encontro de gerações” (LP Odeon, 1974)   
- “The Good Voice of Brazil” (Internacional) (LP EMI-Odeon, 1974)   
- “Galeria do amor”  (LP Odeon, 1975)   
- “Perdido na noite”  (LP Odeon, 1976)   
- “Eu pecador” (LP EMI-Odeon, 1977)   
- “Te amo cada vez mais” (LP EMI-Odeon, 1978)   
- “Deixe-me viver” (LP EMI-Odeon, 1979)   
- “Ângela & Agnaldo, Juntos” (LP EMI-Odeon, 1979) – Álbum lançado em parceria com a cantora Angela Maria.
- “Companheiros” (LP EMI-Odeon, 1980).
- “Agnaldo Timóteo & Carmen Costa – Na Galeria do Amor Ao Vivo no Teatro João Caetano” (LP EMI-Odeon, 1981)
- “Sonhar contigo” (LP EMI-Odeon, 1981)   
- “Eu agradeço” (LP EMI-Odeon, 1983)
- “Descobrimos nossas cores” (LP Coronado/EMI-Odeon, 1985)
- “Presente de Deus” (LP 3M, 1986)   
- “... Ontem, hoje e sempre” (LP 3M, 1987)   
- “Presente” (LP Continental, 1989)   
- “Uma palavra só... Perdão” (LP Musicolor/Continental, 1992)
- “Obrigado, Mãe” (CD Globo/Columbia, 1995)
- “Revivendo os grandes sucessos de Agnaldo Timóteo” (CD Globo/Columbia, 1996)   
- “Ao Nelson com carinho” (CD    Globo/Columbia, 1997)
- “Em nome do amor - Agnaldo Timóteo canta Roberto Carlos” (CD    Sony Music, 1998)   
- “Ângela & Agnaldo - Sucesso sempre!” (CD Sony Music, 1999)
- “Feitiço do Rio” (CD independente, 2002)   
- “Muito prazer, com carinho” (CD independente, 2003)   
- “Os verdes campos da minha terra” (CD Futura Records, 2003)   
- “Obrigado São Paulo, Obrigado Brasil” (CD Som Livre, 2010).- - “A força da mulher” (CD    Edições Musicais 2001, 2011)
- “Minha oração” (CD Edições Musicais 2001, 2012)
- “Recuerdos de Mi Juventud” (CD Atração, 2013)

FILMOGRAFIA:
- Abolição, de Zózimo Bulbul (Embrafilme, 1988)
- Alô, Alô, Terezinha!, de Nelson Hoineff (Comalt, 2009)
- Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper (Vitrine Filmes, 2012)
- Cauby - Começaria tudo outra vez, de Nelson Hoineff (Comalt, 2013)
- Eu, Pecador, de Nelson Hoineff (Comalt/Canal Brasil, 2017)
- Doutor Castor, de Marco Antônio Araújo (Globofilmes/Globoplay, 2021)
MAIS FOTOS DE AGNALDO TIMÓTEO


Agnaldo soltando o potente vocal no palco


Agnaldo Timóteo e Roberto Carlos (à dir) eram amigos desde os anos 60, Os primeiros sucessos na voz de Timóteo foram de autoria de Roberto Carlos, como a canção "Meu grito"


Capa do LP "Galeria do amor" (1975). Na música-título, Timóteo homenageou famoso reduto gay no Centro do Rio de Janeiro


Timóteo teve uma única incursão como intérprete de escola de samba. Na foto, aparece conduzindo "Cidades feitas de memórias", samba que a Unidos de Lucas desfilou na Avenida Presidente Antônio Carlos, no carnaval de 1975


Botafoguense roxo, ganhou uma camiseta comemorativa do "Glorioso" no seu aniversário de 80 anos de idade


Timóteo, que geralmente trajava roupas com as cores branco e preto em suas aparições artísticas, vivenciou muitas histórias com o Botafogo. Na foto, um momento de sofrência com o mito e amigo Nilton Santos (de óculos). Hoje, os amigos levam nomes de logradouros junto ao complexo esportivo do Fogão. Nilton Santos é a denominação do estádio administrado pelo clube e o nome de Timóteo vai batizar o calçadão em frente ao estádio


A frase que abriu o discurso de posse de Agnaldo Timóteo na Câmara dos Deputados - "Alô Mamãe" - inspirou as carnavalescas Rosa Magalhães e Lícia Lacerda a criarem o enredo da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 1984, ano da inauguração do Sambódromo da Sapucaí. Na foto, o cantor/deputado aparece no alto do carro abre-alas da escola, em formato de telefone


Agnaldo Timóteo rodeado por Maninha e Leleco Barbosa, filhos de Chacrinha, no desfile em que a Beija Flor de Nilópolis homenageou Roberto Carlos em 2011


Homenagem prestada pela Unidos de Lucas após o falecimento do cantor Agnaldo Timóteo, escola onde o artista foi intérprete, enredo e presidente de honra

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