Agnaldo
do Samba era uma das vozes mais marcantes do carnaval de Manaus. Tal
potencialidade lhe valeu a alcunha de “o barítono da
Selva”.
Tinha uma pequena estatura, mas com uma voz de gigante. Sempre era
requisitado para apresentações e com seu jeito brejeiro,
brincalhão e chisteiro, cativava muitos fãs.
Boêmio, bom malandro, desde menino Agnaldo tinha
predileção pelas artes. Cedo começou a batucar e
foi nas baterias pela cidade de Manaus que ele ingressou nas fileiras
do samba. No início dos anos 80, com sua voz destacável
chegou à então nascente Mocidade Independente de
Aparecida. Na “Pareca” se tornou o puxador oficial.
Também ajudou a compor sambas e fez seu nome na prestigiada
escola verde e branca.
Cantou em várias escolas até chegar à Sem
Compromisso, no início da década de 1990. E foi no Tucano
que Agnaldo teve maior identificação. A cara de Agnaldo
do Samba se fazia presente no canto do alusivo bastante conhecido, da
escola amarela e preta: “Só tenho uma certeza na vida /
minha paixão é pra valer / óh minha escola querida
/ sou Sem Compromisso até morrer”.
Em 1998 uma breve transferência para a Mocidade do Coroado. No
ano seguinte, assumiu o microfone da Unidos do Alvorada. No ano 2000
foi novamente chamado para a Sem Compromisso, para compor a base de
intérpretes que tinha ainda Arlindo Júnior (o famoso
levantador de toada do Boi Caprichoso), Ed Carlos, Samuel, Daniel
Sales e Paulo Onça (amazonense muito conhecido no carnaval
carioca, por ter sido um dos compositores dos sambas-enredo que
Salgueiro e Grande Rio levaram para a Sapucaí em 1998 e 2017,
respectivamente). Para o carnaval de 2000, Agnaldo compôs um
samba de concentração primoroso, que dizia:
“Levante o seu astral venha brincar / deixe a tristeza pra
lá / Sem Compromisso levando alegria pro ar / não quero
ver ninguém parado / esse é o recado para esse
carnaval… (…)”.
Em 2007, o barítono volta à Alvorada, onde fica por dois
anos. Em 2009, mais uma volta à Sem Compromisso. O cantor e
compositor canta na escola até 2012. Em 2010 se torna o
intérprete oficial da Ipixuna (onde cantou até 2013).
Também cantou na Presidente Vargas. De 2014 a 2016 ele canta na
Andanças de Ciganos.
Agnaldo era também presença constante no Jangadeiro Bar,
tradicional reduto da boemia no Centro de Manaus, onde cantava
não apenas sambas e pagodes, mas também vários
outros gêneros. E cantou samba em big bands de Manaus, nos
Carnavais.
Seu grito de guerra “Olha o bicho!”, apesar de lembrar o
“solta o bicho”, de Tinga, foi criado mais de dez anos
antes do que o do seu colega carioca: o “bicho” a que
Agnaldo se referia é o tucano, ave-símbolo da escola de
samba Sem Compromisso.
Agnaldo do Samba faleceu aos 56 anos, na madrugada do dia 3 de maio de
2019, no Hospital Universitário Getúlio Vargas, em
Manaus. A passagem prematura se deu em função de um
aneurisma cerebral que ele havia sofrido no mês de abril. Operado
em caráter emergencial, acabou não resistindo.
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INÍCIO: Começo da década de 80,
na Mocidade Independente de Aparecida.
De 1986 a 1991 – Aparecida
1992 a 1997 – Sem Compromisso
1998 – Coroado
1999 – Unidos do Alvorada
2000 – Sem Compromisso (com Arlindo Júnior, Ed Carlos,
Samuel e Daniel Sales, e Paulo Onça ).
2007 e 2008– Alvorada
2009 a 2012 – Sem Compromisso
2010 a 2013 – Ipixuna
2014 – Mocidade Presidente Vargas
2014 a 2016 – Andanças de Ciganos
GRITO DE GUERRA: É agora, (diz o nome da escola).
Tá na hora, meu povo! Olha o bicho!
GRITO DE EMPOLGAÇÃO: “essa bateria é um show”;
“canta minha lôra”, “o mundo é
gay”.
SAMBA
DE SUA AUTORIA:
“Verso a verso, cante o meu Universo” (Aparecida/1987, com
Cid e Marinho); “A história antes da
história” (Aparecida/1989, com Cid, Marinho, Arnaldo,
Marão e Jorginho); “O imortal Velho Guerreiro,
Chacrinha” (Guerreiros do Vinho/1989, com Zezinho Potofe);
“Que Zona é essa?” (Aparecida/1991, com
Sávio, Tuta, Renato, Papaco, Marinho da MIA e Pery da Mocidade);
“Tempos de guerra, sonhos de paz” (Sem Compromisso/1994,
com Aôr, Doka, Vílton, Renildo, Daniel Sales e Samuel);
“A explosão que veio da Ilha” (Sem Compromisso/1995,
com Vilton e Onércio); “Isaac Sabá, gigante pela
própria natureza” (Sem Compromisso/1996, com Chico da
Silva e Paulino Braga); “Amazônia, esperança do
terceiro milênio” (Ipixuna/1996, com Vilton Roberto,
Edmundo Soldado, Bruno e Walmir da Mocidade); “No tarô da
floresta, a magia vira festa” (Sem Compromisso/1997, com Vilton,
Onércio, Samuel e Daniel Sales); “Voar, um sonho de
liberdade” (Sem Compromisso/1998, com Vilton, Papaco e Paulino
Braga); “Sou o que sou, não o que dizem”
(Alvorada/1999, com Sesinha e Batista); “Acelerando com
Pizzônia” (Sem Compromisso/2001, com Rosângela e
Onércio); “Zona Sorte, Zona Norte, Zona Franca, Zona
forte” (Sem Compromisso/2003, com Séfora, Paulino,
Onércio, Rosângela e Daniel Sales); “Eduardo... do
passado e do presente, orgulho de nossa gente” (Alvorada/2004,
com Manoelzinho, David Israel e Janderson do Cavaco); “Sou da
balada, descolado, sou ficante, sou futuro, sou jovem, sou
brilhante” (Sem Compromisso/2004, com Paulino Braga);
“Amazonas, teu pólo é o colo dos deuses que se
multiplica em esperanças” (Alvorada/2005, com Manuelzinho,
David Israel e Janderson do Cavaco); “UEA - Universidade Cabocla
- O sonho que se tornou realidade” (Sem Compromisso/2005, com
Sesinha e Daniel Sales); “A visão, o homem e o dom divino
da criação” (Sem Compromisso/2010, com Paulino
Braga, Miguel Zamba, Fabiano Castro, Daniel Sales, Bento Coelho,
Barquinho, Sezinha e Samuel); “30 anos de luta na
educação – Sinteam é pura
emoção” (Ipixuna/2010, com Daniel Sales); “A
Dragões do Império é show: a história e a
magia do circo chegou, vamos sorrir, vamos gargalhar”
(Dragões do Império/2012, com Bento Coelho); "A saga
árabe na Amazônia - uma história de paz e amor"
(Sem Compromisso/2012, com Bento Coelho); "Vitória Régia:
A Ilha saúda o teu pavilhão. Berço do Samba, raiz
e tradição" (Primos da Ilha/2018, com Jadson Nobre, James
7 Cordas, Harlen HP, Júnior Di Paula, Paulo Medeiros e Daniel do
Cavaco).
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