Bateria
Bateria

O coração da
escola. Assim pode ser definida a bateria de uma escola de samba.
Lá, o samba pulsa, na batida do surdo. É dali que a animação
flui, transbordando pela Sapucaí, ditando o ritmo da
agremiação no desfile. Quando o puxador da escola começa a
cantar o samba, público e componentes já se agitam. Mas é
somente quando o repique soa e a bateria entra que a festa é
total: é carnaval! Ao seu vibrante som, acompanhado pelo
samba-enredo cantado, a escola passa e encanta na avenida.
Uma bateria de escola de samba tem, em geral, cerca de 300
componentes (segundo as obrigatoriedades do regulamento, ela não
pode se apresentar com menos de 200 ritmistas). Os diretores de
bateria a dividem em vários naipes de instrumentos. Antigamente,
era usual concentrar os pesados atrás e os leves na frente.
Hoje, são observadas diversas arrumações, com fileiras de
instrumentos nas laterais e outros concentrados no meio. Cada
bateria tem seu diretor principal (o chamado mestre de bateria) e
outros diretores que o auxiliam no comando dos ritmistas, em
número que varia de 5 a 10. Esses diretores se posicionam ao
longo da ala e comandam seu setor. O naipe de tamborins, em
geral, é o único que tem diretores específicos.
O puxador, para manter o andamento do samba, tem sempre a seu
lado um cavaquinho (e eventualmente um violão de sete cordas).
Mas tais instrumentos só aparecem junto ao carro de som, não
fazendo parte do corpo da bateria. Também são proibidos nos
desfiles instrumentos de sopro.
Aqui você irá
conhecer mais detalhes sobre os instrumentos que compõem a
bateria de uma escola de samba.
Instrumentos
Pesados ou de Marcação (são a base do ritmo)
Surdo de primeira -
É o maior surdo e o que dá o andamento principal ao samba,
servindo como base. Os puxadores se guiam por ele para não
acelerar ou desacelerar o canto do samba. Em geral, há um surdo
de primeira junto aos puxadores, como guia. Tem uma afinação
mais forte e mais aguda do que a dos surdos de resposta.
Surdo de segunda - É
a resposta ao surdo de primeira. Serve como sustentação para o
samba no momento em que o surdo de primeira está 'parado', sendo
um contraponto.
Surdo de terceira - Aparece
entre os outros dois (um pouco antes do surdo de segunda). Serve
para dar um molho especial à cadência, quebrando a dureza dos
outros surdos e dando um balanço à marcação. A batida varia
de escola para escola, pois cada uma utiliza um tempo de corte.
A bateria da
Mangueira é famosa por não apresentar os surdos de resposta
(segunda e terceira). Tem apenas a primeira e um surdo de corte,
também chamado surdo mor, que não é de resposta, mas que
suinga a primeira. Ela é a única escola que faz sua marcação
desta forma; as demais utilizam as marcações comuns com
primeira, segunda e terceira.
Caixa de guerra - É
o que dá o som característico ao samba. Só com o som da caixa
já se pode identificar uma escola de samba. É sempre tocado com
duas baquetas, e tem duas cordas sobre o 'couro' que dão uma
afinação diferente. Marca o andamento, mas permite floreios que
não ocorrem nos surdos. A forma como se toca uma caixa varia
também de escola para escola: algumas utilizam o instrumento
embaixo, na altura da cintura, tocando normalmente com as duas
mãos; outras põem a caixa 'em cima', utilizando uma mão como
apoio e a outra livre. O tarol é
uma caixa de guerra mais fina. O som é muito semelhante, e o
tarol, em tamanho, equivale a 'meia caixa'.
Repique - É
uma resposta à caixa. É bastante utilizado nas
paradinhas e nas viradas do samba, como 'senha' para a volta dos
demais instrumentos. Antigamente, utilizava-se predominantemente
o repique nas paradinhas. Hoje, já admite-se o uso de chocalhos,
tamborins e outros, enquanto o resto da bateria silencia.
Instrumentos
Leves ou de Percussão (são o molho do samba)
Chocalho - É
formado por várias fileiras de 'chapinhas'. Há chocalhos com
duas, três, quatro, cinco e até seis fileiras. Não há uma
grande diferença no som dos chocalhos devido ao número de
fileiras (mas uma maior quantidade de fileiras produz um som mais
forte). Esse instrumento aparece mais nos refrões, e fica
passagens inteiras do samba sem ser tocado. O chocalho ajuda a
caixa a dar o suingue do samba, mas é mais leve.
Tamborim - É
um dos instrumentos mais importantes, já que faz todo o desenho
do samba.
Enquanto
os surdos e a caixa fazem uma marcação contínua, o tamborim
faz diferentes bossas no samba. Sua baqueta pode ter ponta única
ou múltipla, o que produz sons diferentes. Por sua importância
dentro da bateria, o naipe de tamborins costuma ter diretores
específicos para ele.
Cuíca - O
som da cuíca é produzido através de uma pequena haste que fica
em seu interior, que puxa um esticadíssimo couro que reveste o
instrumento. Seu andamento é dependente da marcação dos
surdos, que são seguidos pela cuíca. As cornetas e outros
apetrechos que aparecem em algumas cuícas na Avenida são
meramente decorativas.

Agogô - Tem
um dos sons mais agudos da bateria. A bateria do Império Serrano
é famosa por privilegiar seu naipe de agogôs, o que acabou por
se tornar uma das maiores marcas da escola. Atualmente são mais
de 50 agogôs na bateria da verde-e-branco de Madureira.
Reco-reco - Formado
por uma haste e um pedaço de madeira (ou metal), seu som é
produzido pelo atrito entre essas partes. Algumas baterias já
não têm mais reco-recos entre seus ritmistas, mas muitas ainda
mantêm esse instrumento. O instrumento observado à esquerda é
feito de metal, assim como sua vareta.
Pandeiro -
Dá um ritmo característico ao samba, mas tem um som pouco
audível no conjunto da bateria. Por isso, muitas escolas
aboliram o pandeiro de suas baterias. É usado como 'alegoria'
por muitos ritmistas, que o tocam para as mulatas sambarem e
fazem coreografias.
Prato - Outro
instrumento utilizado basicamente como 'alegoria' pelos
ritmistas. Em geral, as escolas têm uma ou duas pessoas com o
prato, à frente da bateria, sambando e fazendo malabarismos com
os pratos. O som, produzido pela batida de um prato no outro, é
bastante forte.
FONTE: O
Dia