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Os sambas de São Paulo 2025 por Patrick Anderson As avaliações e notas referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile Considerações Iniciais
Olá, me chamo Patrick, tenho 26 anos, sou Coordenador de Marketing Digital e acompanho os desfiles de São Paulo desde 2006, quando ainda era uma criança, mas que já apaixonado por este mundo. Desde então quase todos os anos acompanho os sambas desde o lançamento até o dia do desfile. De uns anos para cá, eu não gosto de acompanhar as eliminatórias, isso para evitar uma frustração que acontecem em 99,99% das pessoas quando o samba favorito não vence. Deste modo, eu somente escuto quando a gravação oficial da Liga-SP, pois, invariavelmente, é o que teremos que aceitar como trilhas sonoras no dia do desfile oficial. A análise a seguir seguirá a ordem de desfile, irei fazer uma classificação final dos sambas, do 1º ao 14º no Grupo Especial, do 1º ao 8º no Acesso I e do 1º ao 10º no Acesso II, além disso, colocarei minhas opiniões como um mero apreciador do espetáculo e sem nenhum compromisso com questões técnicas musicais, pois não é minha área de especialidade, são apenas minhas impressões como um espectador de anos e anos de acompanhamento. Minha visão vai levar em consideração a gravação do CD e o que esperar das versões ao vivo nos ensaios e no dia de desfile, levando em consideração a posição do desfile e considerações sobre determinadas situações que aconteceram em anos anteriores. Gravação: Finalmente a Liga-SP voltou a criar os clipes e gravar os sambas na Fábrica do Samba, o que deu uma uniformidade e harmonia para as gravações de todas as escolas. A ideia de tentar trazer uma atmosfera de “ao vivo” para a gravação foi excelente, é ótimo escutar os sambas e sentir a energia do coral em harmonia com a voz dos intérpretes, os arranjos de cordas e a bateria. Meu único senão, é que em alguns momentos do videoclipe, se nota alguns errinhos como o interprete dando um caco no áudio, mas no vídeo ele estava cantando o samba normal. Porém, esse tipo de questão não faz a menor diferença na qualidade sonora que, na minha opinião, está de parabéns e pode ser melhor nos próximos anos. NOTA: 9,7/10 Safra A Safra deste ano não é das melhores, mas também não é nada horroroso. Existe, para mim, um samba que é muito acima da média dos demais, alguns que são excelentes, alguns medianos e alguns que ruins. Mas não existe nenhum samba que é “inaudível”. Até mesmo os sambas que são abaixo, após escutá-los algumas dezenas de vezes, você se acostuma com a ideia e acaba nem achando eles tão ruins assim. E os sambas bons dão vontade de seguir escutando e escutando. Ao contrário de outras safras que eram complicadas, essa aqui eu acho que está na “média nivelada por baixo”, pior que a do ano passado, mas nada que a desabone de ter na playlist de uma viagem aleatória de final de ano. NOTA: 7,5/10 Grupo Especial Análises Colorado do Brás É uma das escolas que eu mais tenho simpatia em São Paulo. A Colorado sempre vem quietinha, não promete muito e entrega tudo que pode, eu acho que esse ano ela vai novamente nesta pegada! O ano começará com um samba muito simpático e para cima! O samba tem um ritmo muito interessante, principalmente nos dois refrões que jogam a escola para cima. A primeira parte do samba tem os versos que se conectam muito bem e é fácil de decorar. A segunda segue a mesma linha, quando você menos percebe, está cantarolando o samba inteiro com pouquíssimas audições. A Colorado do Brás irá abrir os desfiles com um samba que tem tudo para ser um desfile animado que irá esquentar bem o público. É bom lembrar que a Colorado caiu em 2022 por um erro bobo de Merchan, mas a escola sabe desfilar bem. Acredito que não terá dificuldades para ficar no Grupo Especial se tudo sair bem feito. Léo do Cavaco faz uma gravação muito bem afinada e dá uma vida ao samba. Esse samba é muito melhor do samba do ano passado da escola, e é o melhor samba da escola desde do Hakuna Matata (2019). NOTA: 9,6/10 Posição Geral: 6º Lugar Barroca Zona Sul Nos últimos anos, é difícil a Barroca Zona Sul nos apresentar um samba ruim. Se não me falha a memória o último samba abaixo da escola foi o de 2018, quando ela volta do Acesso II para o Acesso I. Depois disso, ela veio com Oxóssi (2019), Tereza de Benguela (2020), Zé Pelintra (2022), Guaicurus (2023), Cinquentenário (2024) e todos são ótimos. Pode haver gostos pessoais entre eles, mas, em geral, esse samba de Iansã deste ano é um sambaço! Ele vem com Afro na veia, é uma delícia de escutar e cantar, refrões fortes, que se bem ensaiados vão fazer a escola cantar muito! Os intérpretes Chris Santos e Dodô Ananias deram o recado e, sinceramente, acho que a escola está bem servida depois da saída do Pixulé. Só acho que a agremiação poderia ter sido mais ousada na escolha do horário do desfile, pois esse samba, um pouquinho mais tarde, pegaria a avenida mais quente e certamente ajudaria. Acho, sim, que esse samba é melhor do que o ano passado, mas eu ainda prefiro Oxóssi (2019). Apenas gosto pessoal. Eu espero sinceramente que a comunidade cante a plenos pulmões esse sambaço do Barroca Zona Sul. “Barroca, ventania de aruanda!”. NOTA: 9,9/10 Posição Geral: 2º Lugar Dragões da Real De volta à fórmula que sempre deu certo nesta escola, o lúdico! Esse tipo de enredo sempre foi muito bem feito na Dragões da Real. Apesar dos bons resultados com outros tipos de enredo, eu sinto mais simpatia pela escola quando ela vem assim: simples, lúdica, com uma pegada mais infantil. Mas infelizmente o samba não refletiu a ideia do enredo. Esse enredo nasceu de um fato triste que aconteceu na familia do carnavalesco Jorge Freitas, onde ele perdeu seu netinho muito novo. A ideia era ser um enredo feliz e esperançoso, mas o samba ficou muito triste e para baixo na minha opinão. Eu queria me sentir escutando a música "Aquarela" na escola, enquanto fazia um desenho para aula de arte, mas eu me sinto só triste… Não me toca no lúdico que deveria tocar. Existem partes que ele se torna melancólico demais e um pouco sofrido, principalmente no final da segunda. Além disso, ele não tem refrões fortes, que talvez possa fazer com que a escola passe mais fria do que as duas primeiras, e as duas que virão em sequência. Mas certamente a Dragões passará extremamente técnica e com o regulamento embaixo do braço. Em geral, é um samba que pode ser a famosa oportunidade do público ir tomar um cafezinho ou uma água e depois voltar. Renê Sobral é fora de série, tudo fica bom na voz dele. Então ele dá uma salvada nesse samba que poderia ser muito melhor. NOTA 9,3/10 Posição Geral: 11º Lugar Mancha Verde Um enredo que fala da Bahia sempre dá samba bom né? Não! O que mais falta nesse samba da Mancha é... Bahia! Não tem! Melodia com uma cara de já te vi, clichês baianos mal colocados, saudações a orixás jogados aleatoriamente e, a meu ver, sem cuidado. E a Mancha tem sambas bons na história como o da Humildade (2012) e o da Princesa (2019), até mesmo o samba da Água (2022) que não era lá essas coisas, é melhor que esse. A melhor parte do samba é a última estrofe: “Meu amuleto é a fitinha abençoada”, e é isso. O samba da Colorado, por exemplo, tem MUITO MAIS BAHIA que esse, muito mais axé, muito mais swing baiano e conta muito melhor a história. O da Mancha parece-me algo totalmente arroz com feijão sem sal. Ou melhor, acarajé sem pimenta. Mas o que talvez salve um pouco esse samba da Mancha é o fato dele ser muito mais animado que o da Dragões que vem antes. E as duas são escolas que passam sempre muito técnicas, um samba mais animado talvez faça a Mancha se destacar um pouco mais na noite. Apesar disso, o samba não tem essência, parece que existem mais mil sambas iguais a esse. Por falar de Baiha, me pareceu decepcionante. Para não dizer que tudo são críticas, Fredy Vianna como sempre exemplar em conduzir esse samba com maestria, o que faz as audições não serem cansativas. NOTA 9,4/10 Posição Geral: 10º Lugar Acadêmicos do Tatuapé A análise do Tatuapé é sempre a mesma todo ano. Se o samba for bom, eles vão cantar como loucos e levar a escola nas costas. Se o samba for mediano, eles vão cantar tanto a ponto do samba parecer bom. E se o samba for ruim, eles vão cantar como se fosse a melhor obra do mundo. A escola é muito forte na sua comunidade e mais uma vez mostrou uma energia sem igual. O samba do Tatuapé não é nenhuma obra-prima, longe disso. Mas a melodia tem energia, é um samba que você se pega cantando, principalmente os dois refrões que são a cara do Tatuapé. Ele se encaixa perfeitamente no samba médio que a escola faz parecer bom de tanto gritar esse samba. A letra tem clichês sobre justiça, mas não é nada que incomode. “A escola da emoção, veste a toga da justiça”, eu acho uma sacada legal. Celsinho Mody é monstro! Faz mais uma vez uma brilhante apresentação conduzindo um samba na zona leste. Como curiosidade, o Celsinho só perde para o Ernesto nos Gaviões (40 anos) como intérprete há mais tempo em uma agremiação no Grupo Especial de São Paulo (10 anos). No acesso, Agnaldo Amaral está mais tempo na Nenê (12 anos). NOTA 9,6/10 Posição Geral: 7º Lugar Rosas de Ouro Faz anos que a Rosas de Ouro canta “identidade” nos seus sambas. Sempre tentando vender essa ideia de uma escola com uma identidade única. Mas é nítido para quem acompanha o carnaval, que no Grupo Especial, é a escola mais perdida dos últimos 10 anos. Uma hora é Tatuagem (2016), outra vem com caminhoneiros (2018), aí do nada pega uma vaga nas campeãs com Armênia (2019), tenta usar um samba de eliminatória antigo (2023)... Em fim, eu poderia dissertar sobre isso por um texto somente da Sociedade Rosas de Ouro e seu problema de identidade. Agora a escola vem com o mesmo enredo de 2011 sobre jogos, sorte, ou seja lá o que for… Vai ter gente que vai dizer que é diferente e tudo mais. A diferença é que em 2011 a Rosas tinha o Jorge Freitas e um samba ruim, agora a Rosas vem em má fase com um samba pior! Em 2011 já deu ruim, esse ano eu não quero nem pensar. Eu espero que “A grande jogada” da escola não seja se jogar no Acesso I. Falando do samba: tem várias quebras melódicas, clichês chatos e partes que parecem uma marchinha. O refrão principal é complicadíssimo, dando a impressão de que tem alguma bet patrocinando a Rosas. O resto é uma grande salada de jogos e frases feitas. Carlos Junior não dá sorte, cantando obras como Líbano (Império 2020), Carlinhos Maia (Império 2022) e agora esse. Ele se sai bem, mas com esse samba é difícil. Enfim, que a Rosas tenha a tal “sorte” que ela tá cantando, porque vai precisar! NOTA: 8,9/10 Posição Geral: 13º Lugar Camisa Verde e Branco Misturar rock com samba costuma dar ruim né? Não aqui! Temos inúmeros exemplos de quando ao relacionado ao rock foi tentado e falhou, vou citar dois apenas, Mocidade Independente de Padre Miguel (2013) e Mocidade Alegre (1997). Aqui o Camisa acertou na veia! Eu gosto muito de samba, que é mais um seguindo a tendência que a Viradouro fez em 2022, em forma de carta. Uma carta escrita pelo próprio Cazuza para sua mãe Lucinha, contando sua história, sua discografia e seu legado. Eu achei tão singelo essa sacada dos compositores e único. A melodia desse samba é uma delícia de cantar e ouvir, e ele flui de uma forma uniforme, mas que você pode ouvir várias vezes, por várias passadas e nunca enjoa. É um dos melhores sambas dos últimos anos do Camisa. O amanhecer da sexta de carnaval vai sim “nascer feliz”. Fico muito feliz do Camisa retomar o protagonismo com um excelente samba no Grupo Especial. Alías, o último samba bom do Camisa no Especial foi com João Candido (2003), e de lá para cá o Camisa amargou muitos anos de sofrimento. A escola merece muito um desfile digno desse samba e da história da escola. Igor Vianna se apresenta muito bem! Ele já criou uma identidade no microfone do Camisa e faz uma apresentação muito segura. NOTA 9,8/10 Posição Geral: 4º Lugar Águia de Ouro Benito de Paula merecia muito mais! A obra tem estrofes que lembram o samba dos cachorros de 2017 ("Amigo do sol e da lua"), que não rimam. No mais, um monte de citações aleatórias das músicas do Benito batidas no liquidificador e jogadas para parecer um samba de crioulo doido. É um baita enredo com um samba inversamente proporcional. Para mim é o pior do ano, justamente pelo enredo ser bom e merecer muito mais. A próxima escola que irei comentar vai na mesma linha, mas daqui pouco eu explico porque eu acho um melhor que o outro. Eu sinceramente acho que, de novo, o Águia de Ouro dá um tiro no próprio pé escolhendo abrir o desfile, e dá um tiro nos dois pés com esse samba! No mais, o Douglinhas e o Serginho do Porto precisam tirar leite de pedra e eles conseguem. Porque, apesar da minha crítica, o samba não é “inaudível”. NOTA 8,8/10 Posição Geral 14º Lugar Império de Casa Verde A ideia do enredo era fazer outro ponto de vista sobre as fábulas, mostrando outro lado da história. Como o que a Mangueira fez em 2019 com a história do Brasil e depois virou tendência. Eu já acho que isso ficou saturado nesses anos, mas isso é outra conversa. Aqui me parece que a Império mirou numa crítica e acertou numa “zoeira”. O samba é completamente 'maluco' o tempo todo, com várias referências a contos de fadas, Marvel, DC e tudo mais que tiver direito. Colocaram sete anões, Batman, Harry Potter numa salada de frutas aleatória. Apesar de fraco, esse samba é muito farofa! Ele não tem compromisso com absolutamente nada. E me parece que a escola abraçou a ideia de ser desleixada, engraçadinha no pique meio São Clemente. E isso faz eu achar ele melhor que o da Rosas e o da Águia, por exemplo, que são complicados e nem sequer tem uma aposta ousada como a da Império. Um exemplo de quando isso deu certo foi X9 Paulistana (2018) no samba dos ditados populares que era fraco também, mas super farofa. Chegou no dia, funcionou e teve uma aceitação ótima do público. Eu acho que o samba do Império vai no mesmo caminho. Mas aqui, ficar entre nós: Saudades Fafá de Belém (2024), saudades Império dos Tambores (2023), saudades 2019, 2016, 2013, 2008, 2007, 2005, 2003… Dos sambas bons, Império! NOTA 9,0/10 Posição Geral: 12º Lugar Mocidade Alegre Mocidade Alegre é igual à Coca-Cola: tem uma fórmula secreta de sambas que a gente escuta e sabe que é dela. Podem tentar fazer igual, mas só ela sabe fazer direitinho. Outro samba padrão Mocidade! Excelente samba. É claro que não está nem perto de ser um dos melhores da história da escola, até porque a discografia dela é gigantesca. Mas esse samba me lembra um pouco o de 2014, os temas são similares. O refrão principal é fortíssimo, e será certamente cantado a plenos pulmões pela comunidade do Limão. O refrão do meio é bem forte também. Minha única crítica a esse samba é a segunda do samba que se perde um pouco na parte do "Fé, na terça um terço na mão, É o dia da consagração, DEZ mais uma estrela no pavilhão". Na gravação, a escola fez uma paradinha nas duas passadas do samba, mas não tem uma continuidade nesta parte. Mas isso não é nada que desabone o samba na totalidade. Igor Sorriso é a cara da Mocidade Alegre! Faz uma gravação que dá energia ao samba e é mais um excelente samba da safra. Mocidade encaminha bem o tri-campeonato. Aliás, a Mocidade abre uma trinca pesadíssima de sambas do sábado de carnaval. Depois de dois sambas sofríveis, ela tem tudo para se destacar. NOTA 9,8/10 Posição Geral: 5º Lugar Gaviões da Fiel Anos e anos da escola comendo o pão que o inimigo amassou e aí ela vem finalmente com um enredo afro. Há anos que peço isso para escola! E que pedrada! É o samba do ano sem sombra de dúvidas! Esse samba tem um swing, um axé, uma letra maravilhosa! O samba começa direto na primeira, já dando suas credenciais de sambão! Possui variações melódicas que me lembram os afros que a Vila Isabel fez em outrora. Já ouvi algumas pessoas dizendo que o samba é difícil de cantar. Eu não acho difícil, ele tem palavras em Iorubá como 90% dos sambas enredos afros já feitos. Não tem dificuldade, tem é trabalho da harmonia para aprender as pronúncias corretas. O samba é maravilhoso, bem construído, tem fluidez, gostoso de cantar. Sobre a letra, apesar das palavras em outro idioma, podemos entender perfeitamente o enredo sobre as máscaras africanas. Com uma plástica bem feitinha e a Gaviões jogando com o regulamento embaixo do braço, a chance da escola sair da fila é grande! Ernesto Teixeira é uma lenda do carnaval! Depois de anos cantando sambas mais limitados, agora sim defenderá um samba digno da história dele! Aliás, com a aposentadoria do Neguinho da Beija-Flor, o Ernesto passará a ser o interprete com mais tempo de casa em uma escola de samba em atividade em 2026. Vida longa à voz da Fiel Torcida! Parabéns Gaviões por resgatar a história da agremiação e tomara que esse seja o primeiro ano de muitos que ela volta a nos proporcionar sambaços! NOTA: 10/10 Posição Geral: 1º Lugar Acadêmicos do Tucuruvi Cantareira! Que samba Tucuruvi! Nas mesmas fórmulas de Ifá (2024), que era um grande samba, a Tucuruvi se superou mais uma vez e, para mim, esse samba é melhor que do ano passado. Tucuruvi está encontrando sua fórmula, deixou de ser a escola farofeira ou de meio de tabela e tá jogando sério. Tá vindo com tudo mais uma vez! Esse samba é um dos que eu mais gosto de cantar. O refrão principal é fortíssimo, possui palavras indígenas, mas seguindo a mesma lógica que expliquei da Gaviões, é questão de trabalho de harmonia de aprender a pronúncia correta das palavras. Ano passado a mesma Tucuruvi fez isso com maestria. O falso refrão do meio tem uma sacada que vejo um poucos sambas. A primeira estrofe é igual à última, a segunda é igual à penúltima e existe uma estrofe no meio que é uma levada para repetir inversamente as primeiras estrofes. Eu acho isso de uma grande sacada, e ficou muito bom. Único adendo é que essa estrofe do meio é meio trava-língua, mas como eu disse, é trabalho de harmonia para que a escola tire de letra. Hudson Luiz criou uma identidade que parece que está há anos na escola. Ele se identificou tanto com a escola e a escola com ele, sinceramente que ele faça carreira na escola e possamos dizer que ele é a voz da Cantareira! Que a escola faça tudo certinho no desfile para termos o prazer de ver esse samba passar duas vezes no Anhembi. NOTA: 9,9/10 Posição Média: 3º Lugar Estrela do Terceiro Milênio Depois dessa trinca de sambas, fica difícil não ponderar que o samba da Milênio está abaixo desses três. Apesar dessa posição de desfile ser boa para escola se manter no Especial (aliás, obrigado Águia de Ouro, FEZ A BOA) eu acho que esse samba não é ruim, mas também não é bom. É apenas OK. A letra do samba é boa, dentro do enredo e do protesto que a escola pretende fazer no enredo sobre a comunidade LGBTQUIA+. O problema maior para mim está na melodia, principalmente no refrão principal, que é muito alto. A impressão que dá é que Darlan não alcança essas notas e a Grazzi sim. Mas acho que poderiam baixar um pouco esse tom para até mesmo facilitar o canto da escola, porque não é todo mundo que consegue cantar nesse tom por mais de 60 minutos e acho que isso pode prejudicar. Além disso, o refrão principal tem uns clichês jogados como “valer a pena” e “vai à luta” que são frases de efeito que, a meu ver, não se encaixam. No decorrer do samba ele melodicamente fica completamente linear, contando a história do enredo e fazendo as manifestações que são completamente pertinentes. Volto a repetir: não é um samba ruim, ele é médio, mas três fatores me preocupam com a escola. O 1º é a posição de desfile, vir depois da Mocidade, Gaviões e Tucuruvi com sambas muito superiores pode fazer a arquibancada querer descansar. O 2º é que a escola acaba de subir do acesso, em 2023 ela tinha mais condições de ficar no especial e caiu (injustamente), me preocupa a caneta pesar. E 3º é comparar ela com ela mesma. O samba da Vovó Cici (2024) é muito melhor que esse, a escola poderia ter se esmerado mais em trazer um samba na mesma pegada. A Grazzi dá um show! Todo mundo sabe que ela canta muito bem, só que eu acho que o tom matou o Darlan. Esse tom é confortável para ela, porque ela tem um vozeirão alto, que o Darlan não alcançou. Talvez o tom pudesse baixar um pouco para ficar mais confortável para os dois e para a própria comunidade. NOTA 9,5/10 Posição Geral: 9º Lugar Vai-Vai Esse refrão principal mexe com muitos sentimentos do povo da Bela Vista. Colocar o trecho do samba exaltação foi para pegar no coração do mais gelado alvinegro que vem sofrendo com os últimos anos da escola. Foi um grande acerto, mas para por aí! Agora, falaremos do resto do samba. É apenas um samba de meio de tabela. Esse refrão do meio é chato e sem criatividade, repetir “Zé” quatro vezes me soa totalmente forçado. Não tinha outras soluções? Precisa ser tão superficial? Se quiser falar tanto “Zé”, escuta o samba do Amizade Zona Leste (2023) que erá totalmente farofa, mas era uma farofa bem feita. Esse refrão do meio não me desce. A letra em geral conta bem o enredo, a vida e a arte do Zé Celso. Mas a melodia em alguns momentos se perde, no final da primeira ela fica um pouco gritada, no início da segunda ela parece estar meio engasgada. O samba não é de todo ruim, ele tem momentos legais e até mesmo esses problemas, depois de algumas audições você se acostuma. Mas é só isso mesmo. Eu já fui bastante crítico do Luiz Felipe, ele prata da casa, jovem, tava aprendendo nos últimos anos a como ser a voz principal de uma das maiores escolas de samba do país. Esse ano ele se saiu bem, porque esse samba não iria ajuda-lo como a reedição do samba de 2005 (2023) fez. Mas ele tem uma atuação boa. Enfim, será interessante ver o sábado amanhecer com o Vai-Vai novamente. Mas eu esperava que fosse um samba melhor. Paciência. NOTA 9,5/10 Posição Geral: 8º Lugar Posição Geral de Classificação 1º Gaviões da Fiel 2º Barroca Zona Sul 3º Acadêmicos do Tucuruvi 4º Camisa Verde e Branco 5º Mocidade Alegre 6º Colorado do Brás 7º Acadêmicos do Tatuapé 8º Vai-Vai 9º Estrela do Terceiro Milênio 10º Mancha Verde 11º Dragões da Real 12º Império de Casa Verde 13º Rosas de Ouro 14º Águia de Ouro Grupo de Acesso I Análise Unidos de São Lucas Que samba gostoso! É logo o melhor samba inédito do grupo! Pelo segundo ano a escola vem com samba muito forte! Esse samba tem axé que alguns sambas não têm (viu Mancha!?). A melodia é ótima. E aqui farei uma consideração importante. O samba também é cantado em tom maior, como a da Milênio, mas aqui a melodia foi ajustada para que a comunidade pudesse cantar de forma uniforme. A letra é simples, e se for ver bem, são rimas simples, algumas até clichês, mas é bem feito! É bem cuidado! Dá para perceber que se teve cuidado em fazer um samba para cima, para abrir o grupo com o pé na porta! É um dos meus sambas favoritos do ano entre todos os grupos. A São Lucas não participa do Acesso I desde 2012, quando ela trouxe um enredo sobre Raul Seixas. A interprete da escola na época era a Vânia Medeiros, ícone da escola. Falando em intérprete, Tuca Maia faz a melhor apresentação dentre todos os grupos. Ele dá uma energia para esse samba e canta muito bem! Enfim, meus parabéns a São Lucas, que pode sim sonhar com grandes realizações neste carnaval. Começou com o pé direito com esse samba. NOTA: 9,8/10 Posição Geral: 2º Lugar Mocidade Unida da Mooca Eu ouvi Hutukara 2.0? Sim, esse samba é muito parecido com o samba do Salgueiro 2024. O tema é quase o mesmo, a abordagem, a melodia, a letra e até o interprete é o mesmo. Dito isso, o samba é muito bom, tal qual seu precursor (ou inspirador). Dou destaque ao refrão do meio que é muito forte, gosto muito da última estrofe ("Do cariri, do guarani, do potiguar") soa muito bem. O refrão principal é para cantar alto e essa é a única parte do samba que não me lembra o Hutukara salgueirense, esse refrão tem cara de MUM. Mas um adendo, esse samba é pesado, como a Mooca sempre traz e acho que essa fórmula de samba está ficando saturada na escola. Desde que ela acendeu ao Anhembi, todos os sambas, sem exceção, tem uma letra complexa, com melodia pesada. Geralmente são sambas longos e com muita informação, talvez por isso, goste mais do samba da São Lucas, que é mais leve, mais para cima, mais carnaval. Obviamente que isso é só minha opinião, e muitas pessoas acharão o samba da Mooca melhor, o que é totalmente válido. Emerson Dias faz uma estreia de gala no carnaval de SP, com a qualidade que sabemos que ele tem. Mas, sempre bom lembrar que o tom dele também é muito alto e isso às vezes prejudica o canto dos meros mortais que desfilam. NOTA 9,8/10 Posição Geral: 3º Lugar Independente Tricolor Só eu que acho os sambas da Independente todos iguais? Se pegar um samba de um ano aleatório e comparar com esse, me parece o mesmo. Exceto ano passado que tinha um samba que era bom, ela vai e me faz um desfile antártico (gelado) e fica em 14º lugar. Me parece mais um samba tipo Mangueira 2019 genérico, criticando a história do país, etc. Já deu, esse tipo de enredo já tá muito saturado. E engraçado que só deu certo com uma escola específica em um ano especifico, depois só deu ruim. Por que as escolas seguem com isso? Na safra, esse samba não fede e não cheira, ele é completamente 'deja vú'. Não desperta nada absolutamente de especial, nem pra falar mal, nem para falar bem. Apenas cumpre tabela. Chitão Martins faz uma apresentação correta assim como o samba. Para mim, o intérprete precisa cuidar os tons altos. NOTA: 9,1/10 Posição Geral: 6º Lugar Tom Maior Samba de reedição não tem que ter análise, porque ele já passou, já sabemos como foi. Muita gente (inclusive eu) acha esse samba o melhor da safra de 2009. Então só irei ponderar a gravação. O samba combinou bem na voz do Gilsinho, ele deu outro tempero no samba, que ficou excelente também. É bom lembrar que a versão original é cantada pelo Renê Sobral, hoje na Dragões. Só o que corta o clímax é a gravação terminar na metade da segunda do samba pelo tempo de gravação. Não precisa mais disso em pleno 2025. Sem mais, grande samba, mas é reedição. NOTA: 10/10 Posição Geral: 1º Lugar Unidos de Vila Maria A escola precisa acordar! Agora tá fazendo um enredo sobre Gaia, aí você pensa que pode vir uma obra como Salgueiro 2014. Mas veio esse samba que parece consulta com psicólogo, ou textão de rede social. A ideia do samba foi a própria Terra (Gaia) cantando para a humanidade as suas frustrações da humanidade. Não entendo que desde 2018 é o mesmo tipo de samba. A escola já tomou chá de acesso e segue com o mesmo estilo? Samba de autoajuda, de superação, natureza e tudo mais, não dá certo! É um samba sonolento, chato, melancólico, não tem explosão, nada… Se serve de consolo, é um pouco melhor do samba de 2023 que fez a escola cair. Mas se não cuidar, é capaz de amargar um novo rebaixamento. Esse grupo é um grupo da morte e, no ano passado, já não foi lá essas coisas. Dito isso, saudades Ira-shai Masé (2008), saudades Cubatão (2007), saudades Ilhabela (2016) que por sinal eu acho que é o último samba TOP da escola. Tem o de 2017 de Nossa Senhora, mas foi um desfile bem frio, então não morro de amores por ele, como muitos. Cleyton Reis, recém-repatriado pela escola após anos de MUM, até que tenta salvar, mas não consegue. NOTA 8,5/10 Posição Geral: 8º Lugar Nenê de Vila Matilde Após Faraó Bahia bater na trave e Lia de Itamaracá ser aclamado pela mídia e pelo público, a Nenê me apresenta um samba completamente linear, não tem nenhum swing de “repente” que a letra canta. É um samba apenas OK e sem nenhuma variação melódica. Uma letra comum e sem nenhum lampejo de inspiração a mais. O samba não tem o “que de magia” que é cantado. Enfim, decepcionado com essa obra. Ela só é melhor que Vila Maria por ser um pouco mais animado e não ter a melancolia do hino da Vila Mais Famosa. Agnaldo Amaral sempre vai tentar tirar o melhor do samba, e eu escuto mais pelo intérprete mesmo, porque é difícil defender. NOTA 8,8/10 Posição Geral: 7º Lugar X-9 Paulistana Eu gosto muito da música Clareou, acho uma obra-prima do samba clássico e tenho ela na minha playlist. Mas eu fico com o pé atrás quando tentam fazer uma adaptação para samba-enredo. Vou ser sincero, eu achei que viria uma obra pior do que realmente veio. Eu acho esse samba simpático. Mesmo sendo fórmula de autoajuda, que eu particularmente não gosto. Aqui, eu acho que funciona razoavelmente bem. Não é um samba incrível, mas acho um funcional. Agora, como esse enredo será contado no dia do desfile é outra história. Meu único adendo para esse samba é a repetição de "Deus é maior, maior é Deus" do refrão principal, é verdade que lembra a música original, mas talvez para o samba-enredo ficou um pouco forçado. No mais, o samba tem uma letra e melodia linear, que não é cansativo e também não acho que ficou melancólico. Daniel Collette, Helber Medeiros e Royce do Cavaco cantam com maestria. Ver o Royce e o Daniel, que são grandes nomes da escola juntos, dá uma nostalgia de bons tempos da X-9 e o Helber como nova geração, fizeram um trabalho muito bonito. NOTA 9,6/10 Posição Geral: 5º Lugar Dom Bosco de Itaquera "Vai pensando que eles só rezam". É um dos lemas que eu mais gosto no carnaval. É importante entender que a Dom Bosco é uma escola de um projeto uma diocese católica do bairro de Itaquera. Por isso, a escola tem enraizado esse tipo de enredo mais lúdico e mais alinhados à doutrina católica. O presidente é o Padre Rosalvino, então é completamente compreensível a linha de enredos da escola. O que eu acho super válido, carnaval tem espaço para todos. Dito isso, a escola sabe desfilar enredos nessa pegada como é o Circo. O samba é muito gostosinho. Não é nenhuma obra-prima, mas é muito simpático e divertido como o enredo pede. Os refrões são simples, mas bem construídos, a letra é fácil e explica bem o enredo. Amo a parte: "ah como é bom sorrir". Claro que não está entre os melhores do ano, mas acho um samba bom para encerrar o grupo e, se a escola fizer o arroz com feijão bem feito, por que não sonhar com algo maior nesse ano? Rodrigo Xará faz apresentação segura e no tom certinho que o samba pede. A comunidade e até mesmo os bravos guerreiros que seguirão na arquibancada vão cantar bem esse samba, que terá a missão de encerrar o Carnaval de SP no Domingo. NOTA: 9,6/10 Posição Geral: 4º Lugar Posição Geral de Classificação 1º Tom Maior (reedição) 2º Unidos de São Lucas 3º Mocidade Unida da Mooca 4º Dom Bosco de Itaquera 5º X-9 Paulistana 6º Independente Tricolor 7º Nenê de Vila Matilde 8º Unidos de Vila Maria Acesso II Análises Raízes do Samba A Raízes do Samba está estreando no Anhembi, ela é oriunda da antiga Valença de Perús e em 2025 pisará pela primeira vez no palco maior do carnaval de SP. E pisando mal, pelo menos no que se refere a samba enredo. O samba é muito sem graça, com um monte de clichês, e a mesma historinha de Eva e Adão no paraíso e assim vai. A ideia do enredo é achar culpados sobre as coisas ruins que acontecem, eu acho muito sonolento. A obra é fraca, não tem muito mais o que dizer, a melodia parece uma marchinha chata. Com todo respeito a escola, se a agremiação é grande, pequena, média… Não importa, o que importa a obra. E a obra da Raízes é muito inferior. Juninho Branco também não ajudou nessa gravação, atuação muito gritada. Com um samba que já é difícil, piorou mais ainda. NOTA 7,5/10 Posição Geral: 10º Lugar Imperatriz da Pauliceia A Imperatriz da Pauliceia 2025 fará um enredo sobre a escola de samba que me lembra Grande Rio 2010. O enredo é o mesmo, a letra é similar, a melodia também. Sinceramente eu achava esse samba da Grande Rio 2010 chato, esse da Pauliceia também vai igual. Ele é mais animado e infinitamente melhor que o da Raízes, mas mesmo assim é um samba fraco. Melodia linear, uma salada de frutas falando sobre setores de uma escola de samba que ficam confusos algumas vezes. O Tiganá tenta também salvar, mas não tem muito o que fazer. Ainda que eu ache que esse samba vai dar uma melhorada no ao vivo. Mas ainda sim é bem fraco e muito inferior ao de 2024. NOTA 8,1/10 Posição Geral: 7º Lugar Unidos do Peruche Quando saiu o enredo sobre o Seu Carlão eu pensei que viria um samba 'pé na porta'. Mas veio um samba frustrante! Não pelo samba que é ok, mas não para esse enredo. Um samba sobre o Seu Carlão deveria ser histórico. Mas este, quatro dias depois da apuração, a gente vai esquecer dele. Essa é a verdade. E o Peruche estava trazendo sambas tão legais, como o da Água (2022), do Perfume (2023) e da Rainha Ronké (2024) e agora teremos que ir com versos como "Eu era menino e sonhei que a peruchada fez de mim um grande rei". É para sentar e chorar. Eu achei que esse era o ano da Peruche, mas de novo a escola perdendo para ela mesma, dessa vez em samba enredo. O refrão do meio é até legal, mas o enredo era pra muito mais. Renan Bier não consegue extrair mais desse samba. NOTA 9,3/10 Posição Geral: 5º Lugar Torcida Jovem Num grupo que está nivelado por baixo, até que esse samba se destaca. Eu gosto dele, apesar de comum. A Jovem vem com um enredo (batido) sobre São Luiz do Maranhão, naquele esquema comum que já todo mundo sabe. Reggae, África, Assombração da carruagem, ilha do amor e etc. O samba é médio, mas ele tem potencial de ir melhorando conforme se escuta e, principalmente, acho que ele vai melhorar no ao vivo. A letra conta bem o enredo, tem dois refrões legais e uma melodia ok. Vaguinho faz uma apresentação segura, trazendo o samba com bastante afinação. Não creio que a Jovem terá grandes problemas com samba e tudo que se refere a ele. NOTA: 9,6/10 Posição Geral: 4º Lugar Pérola Negra Enredo AFRO pesadíssimo sobre Exú Mulher, que eu acho interessante essa visão. Gerou um samba muito legal, mas que entra na mesma análise de Gaviões e Tucuruvi: precisa-se de trabalho de harmonia. Mas o samba é ótimo. Acho que a escola juntou bem os cacos do rebaixamento que não era esperado ano passado. O samba tem dois refrões fortes, apesar de eu gostar mais do refrão do meio, mas isso é gosto pessoal. Acho que as primeiras estrofes da segunda do samba são meio travadas, mas nada de mais. Gosto do verso "pela fervura do dendê, meu padê, tem tambor a ressoar e libertar, nosso terreiro hoje canta para você". Bruno Ribas e Lucas Donato fizeram uma dupla muito boa e levam o samba com segurança e de forma uniforme. Acho que é só a Pérola fazer o trabalho bem feito que tem tudo para voltar para o Acesso I porque esse rebaixamento foi só um acidente. NOTA: 9,9/10 Posição Geral: 2º Lugar Morro da Casa Verde É Babado! Melhor samba do ano no Acesso II, talvez entre os melhores de todos os grupos. Samba com a cara do Morro da Casa Verde, samba curto e cheio de molejo falando sobre a Umbanda, que samba gostoso de cantar e ouvir. Tem dois refrões muito bons, o principal é curto, com dois versos somente, mas nem faz falta tantos versos quando o samba é bom. "Eh Jurema", refrão falso no meio da primeira do samba, que também é muito legal de cantar e que chama para o refrão do meio que é minha parte favorita. Esse refrão é uma delícia. A segunda do samba também é muito boa de cantar, até culminar no refrão principal novamente. Wantuir tem uma voz que casou excelente com esse samba e com a escola em geral. Eu acredito que a escola tenha um projeto de longo prazo para voltar para o Especial e o Wantuir vai ficar até isso se concretizar. Acho que o primeiro passo será dado esse ano e se tudo der certo a escola voltará ao Acesso I. NOTA 10/10 Posição Geral: 1º Lugar Imperador do Ipiranga Tem sambas que eu preferiria não comentar sinceramente… Imperador sempre vem com plásticas incríveis e tal, sempre favorita, mas de samba enredo nos últimos anos... misericórdia. Esse ano ela nem lutou pelo título que tanto disseram que ela ganharia justamente pelo samba ruim que ela tinha. Esse consegue ser pior. E sabe o que eu acho? Que a escola só escolheu esse enredo para reaproveitar a plástica do ano passado. Vai ter um monte de reciclagem pra escola ficar (de novo) no meio da tabela. Samba chato, sem explosão, fraco, letra cheia de clichês, cansativa, melodia inexistente. Rodrigo Atração, meu filho, tenho pena de você. Difícil. NOTA 7,8/10 Posição Geral: 9º Lugar Primeira da Cidade Líder O samba é bom? É! Mas não é mais que a obrigação para um samba que tem Oxóssi como fio condutor. Mas serei bem sincero: o samba deita em cima de um monte de fórmula pronta de enredos similares como Barroca (2019) ou Mocidade (2022). Por isso eu acho ele abaixo dos demais. Ele tem cara de "já te vi". Mas é um "já te vi" bom pelo menos. Os refrões são ok, não tem tanta potência, mas dá para o gasto. Eu acho a primeira e a segunda do samba melhores que os refrões. Mas o samba cumpre o que promete. E acredito que a escola vai fazer um desfile bom. É outro samba que acho que vai melhorar no ao vivo. Tiago Melodia cantou essa samba em tom mais alto que a voz dele, acho que ele força a barra um pouco. Eu baixaria um pouquinho o tom porque esse samba não precisa ser gritado assim. NOTA: 9,7/10 Posição Geral: 3º Lugar Brinco da Marquesa A melhor coisa desse samba é o grito de guerra do intérprete "Tá em choque? Liga pro Batman!". Eu tô em choque com a quantidade de clichês que esse samba tem. Enredo fácil sobre São Paulo, igual aqueles mil enredos que só a Rosas de Ouro trouxe sobre a cidade. Mas assim, o samba é muito fraco. Apesar disso, ele tem alguma vontade de dar uma farofada. Mas também não consegue. Os dois refrões são clichês, é complicado. A parte que eu mais gosto é um verso que nem sequer pertence ao samba ("Alguma coisa acontece no meu coração"). Quem é paulista e/ou paulistano sente o coraçãozinho aquecido com essa frase. Mas para por aí. O interprete Buiu MT faz apresentação OK, não da pra exigir muito desse samba. NOTA: 8,0/10 Posição Geral: 8º Lugar Camisa 12 Para encerrar o Acesso II, um samba que não é ruim. Mas é quilométrico. A Camisa 12 vem com essa fórmula há alguns anos, mas sempre prejudica harmonia, provoca uma evolução lenta, estoura o tempo e não consegue subir. Aí é dificil. O samba é razoavelmente bom, ele tem uma letra legal e uma melodia gostosinha, mas é muito grande. A primeira e a segunda parecem que não terminam nunca. Os refrões são ok, eu gosto mais do refrão do meio ("seis para condenar, seis para defender, pelo axé entoará aos olhos do rei, liberdade vai brilhar nas lutas sem fim, é o renascer dos alafins"). E o interprete Tim Cardoso tem uma sacada bem legal de caco nessa parte, que ele diz "Aí é 12, hein?", que é algo sutil, mas que dá um tempero diferente nessa parte do samba. No mais, achei que o Clovis Pê se sobressaiu nessa gravação e o Tim parecia um pouco rouco. Não sei se foi a gravação ou se isso realmente aconteceu. Talvez esse samba cresça no ao vivo. Mas para encerrar o Acesso II, eu fico com o pé atrás sinceramente. NOTA: 9,1/10 Posição Geral: 6º Lugar Posição Geral de Classificação 1º Morro da Casa Verde 2º Pérola Negra 3º Primeira da Cidade Líder 4º Torcida Jovem 5º Unidos do Peruche 6º Camisa 12 7º Imperatriz da Pauliceia 8º Brinco da Marquesa 9º Imperador do Ipiranga 10º Raízes do Samba |
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