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Os sambas de 2017 por Carlos Alberto Fonseca

Os sambas de 2017 por Carlos Alberto Fonseca


As avaliações e notas referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile

A GRAVAÇÃO - Pelo oitavo ano consecutivo as bases e corais foram gravadas na Cidade do Samba - um recorde nas gravações ao vivo já batido no ano passado, até porque o Teatro de Lona recebeu por apenas seis anos seguidos o registro do álbum. Nada mudou no estilo de gravação, a não ser a adição de alguns corais extras registrados em estúdio, que podem ser notados nas faixas de Mangueira (introdução), Beija-Flor (introdução, trecho inicial da segunda parte do samba e fim da faixa), Imperatriz (um "ôôôô" básico), Mocidade ("ôôôô, lá laiá laiá lá, lá laiá laiá laiá, da amizade" na introdução) e União da Ilha (introdução, o "ôôô, ôôô" bem fora de sincronia). Assim como em 2016, os sambas são muito bem cadenciados - dois deles, aliás, explicarei o porquê mais a frente. Ah, mudou também o pacote gráfico da capa (o do encarte segue o mesmo) numa tentativa (mal sucedida, sejamos sinceros) de resgatar aquelas dos anos oitenta, e ainda num ângulo de imagem que nos remete a sentir saudades da antiga torre de TV. Quanto ao importante, isto é, a safra: é ótima, mas não é melhor que a de 2016, como vejo em alguns comentários. Os melhores sambas são o de Beija-Flor, Mocidade e União da Ilha, seguidas por Mangueira, Vila Isabel e Imperatriz. - NOTA: 9.6 

1 - MANGUEIRA - Depois de torturantes 14 anos, a Estação Primeira volta a ocupar a faixa 1 do CD, e abre o disco com um grande samba. Para falar sobre a fé do brasileiro em todos os santos, a verde e rosa traz um samba que traz emoção ao ouvinte do primeiro ao ultimo verso. As discrepâncias são o "Bati três vezes na madeira para a vitória alcançar" e o "Bala, cocada e guaraná pro Erê" ser entoado de forma confusa, mas como não se emocionar ao ouvir o refrão central ("O manto a proteger, mãezinha a me guiar/Valei-me meu padim onde quer que eu vá/Levo oferendas à rainha do mar/Inaê, marabô, Janaína") ou o trecho que considero o mais bonito do samba: ("Firmo o ponto pro meu orixá no terreiro/Pelas matas eu vou me cercar, mandingueiro/Mel, marafo e abô…/Só com a ajuda do santo eu vou/Confirmar meu valor/O morro em oração, clamando em uma só voz/Sou a Primeira Estação, rogai por nós!")? Na sequência vem o belo refrão principal que tem um grande achado da letra ("Nascido e criado pra vencer demanda/Batizado no altar do samba"). Ciganerey tem uma atuação bem mais solta em relação a 2016, a bateria tem grande exibição, utilizando duas sacadas muito boas: o rufar dos tambores na primeira entoada do refrão e uma pequena bossa para representar as três batidas na madeira. Excelente também a participação do Milton Gonçalves no fim da faixa. Uma grande obra da verde e rosa. A título de curiosidade: na abertura da faixa, o coral mangueirense solta um "Olha ela!", famoso bordão da polêmica ex-big brother Ana Paula, que inclusive, declarou em suas redes sociais que adorou a "homenagem". Depois do elogio, será que rola um convite pra dona Renault sair na escola? - NOTA: 9.9

2 - UNIDOS DA TIJUCA - Obra que tenta ser simpática, todavia possui muitas limitações. Fazer samba sobre a mistura da música americana com a brasileira foi um desafio um tanto que ingrato e decepcionante. De uma safra que foi criticada e até "resetada", foi escolhido o "menos pior" que contém uma melodia muito razoável (além de genérica) e uma letra ruim, com rimas bem forçadas (canções/corações, eternizou/americanizou, por exemplo) e possui alguns clichês como "enredo do meu carnaval". O refrão central ("Chega my brother, vem ver.../A batucada é de enlouquecer") apesar de muito trash é bem divertido e tem feito um considerável sucesso. Na contramão, o refrão principal não impressiona, além de outras partes que tem problema de métrica. Diferente dos anos anteriores, a Pura Cadência resolveu vir reta em toda a faixa, seguindo orientação da produção do CD. Uma pena. Tinga até vai bem, mas tive nítida impressão que registraram sua voz num desses estúdios de sambas concorrentes, pois o registro final ficou bem diferente dos demais. A introdução é bem interessante, mas o excesso de acordes da guitarra foi de testar a paciência do ouvinte. - NOTA: 9.5 

3 - PORTELA - O samba é lindo, tem uma melodia bem típica de samba de roda - característico nos últimos anos na azul e branca - mas só tem um problema: a letra não propõe o enredo com muita clareza. Para um ouvinte leigo, ele terá a primeira impressão de que está ouvindo um samba-exaltação ao invés de um samba-enredo. Apenas oito versos tentam passar um pouco do enredo ("Vem beber dessa fonte/Onde nascem poemas em mananciais", "Onde mora o mistério, tem sedução/Mitos e lendas do ribeirão" e um dos refrões, "É água de benzer, água pra clarear/Onde canta um sabiá" são alguns deles), a maioria é auto exaltação à Portela. É claro que o samba tem ótimos momentos apesar do que já foi citado, destaco a segunda parte ("Cantam pastoras e lavadeiras pra esquecer a dor/Tristeza foi embora, a correnteza levou/Já não dá mais pra voltar (ô iaiá)/Deixa o pranto curar (ô iaiá)/Vai inspiração, voa em liberdade/Pelas curvas da saudade") que considero o melhor momento da obra. Coincidentemente, estes versos acabaram vindo a calhar, já que há dois meses a Águia perdeu seu então presidente Marcos Falcon (homenageado no fim da faixa com a frase "Grandioso irmão, de onde estiver olhe sempre por todos nós"). O refrão principal é bom, destacando o "Quem nunca sentiu o corpo arrepiar/Ao ver esse rio passar" que virou o título do enredo devido ao problema com os direitos autorais da canção "Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida" de Paulinho da Viola. Novamente sozinho no microfone da escola, Gilsinho tem atuação segura, auxiliado pelo show a parte da Tabajara do Samba. - NOTA: 9.7 

4 - SALGUEIRO - Diferente do ano passado, a Academia opta por trazer um samba curto e funcional. O resultado foi satisfatório, todavia ache que faltou aquele algo a mais. Começa bem, com trechos bem esbaldantes ("Prazer… (ô prazer)/Sou poeta delirante, o amante/Na profana liberdade/Devoto da infernal felicidade/Quero o gostoso veneno do beijo/Saciar o meu desejo") tem um "up" no refrão, com uma bela sacada em "Pra que juízo, amor? A noite é nossa…/Do jeito que o pecado gosta!" mas dá uma caída na segunda parte. Não curti o trocadilho do "Três 'com sagrados' talentos", mesmo que a ideia seja válida não deu bom efeito de métrica. O falso refrão que se encerra na repetição do "Só entende quem é Salgueiro" carece de explosão. Serginho do Porto e Leonardo Bessa vão bem na faixa, demostrando o entrosamento que tem, sendo ajudados uma vez mais por Xande de Pilares (quinta participação consecutiva na faixa salgueirense), que desta vez, foi um mero figurante. A Furiosa tem mais uma boa atuação. Bom samba, mas poderia ser melhor. - NOTA: 9.7 

5 - BEIJA-FLOR - Sambaço. Ousado e extenso, do jeito que o nilopolitano gosta. Para levar o romance Iracema de José de Alencar para a Sapucaí, a Deusa da Passarela aposta numa obra que impressiona até quem não é muito interessado em carnaval. Descreve com muita clareza o tema proposto, e isto fica bem claro em quase toda a primeira parte ("O ódio de Irapuã/Quando a virgem de Tupã se encantou com o europeu/Nessa casa de caboclo hoje é dia de Ajucá/Duas tribos em conflito/De um romance tão bonito começou meu Ceará"). O samba também traz ótimas sacadas, como os trechos "Ele sente a flecha, ela acerta o alvo/Índia na floresta, branco apaixonado/Vem pra minha aldeia, Beija-Flor" e o "Pega no amerê, areté, anamá" que apesar de ser o refrão central, é entoado quatro vezes. Também tem seu quê de lirismo do trecho "Declamando a pureza da pela vermelha" até o segundo bis. E é claro, há de se citar o cartão de visitas da obra: o refrão principal, responsável pelo grande sucesso que fez durante as eliminatórias. É um refrão longo (oito versos) que, ao contrário da lógica, tem uma levada contagiante. Em qualquer lugar certamente você encontrará alguém entoando o "Vou cantar Juremê, Juremê, Juremê/Vou contar Juremá, Juremá". Agora vamos falar do andamento: até esperava que viria cadenciado para se adequar a voz do Neguinho, e achei bem agradável, apesar de entoar o "Bate o coração de Moacir" de forma bem esquisita, mas creio que o seu Marcondes vai abrilhantá-lo na avenida. O único porém foi a bateria não ter destilado sua ousadia e limitar-se a uma convenção. Ademais, uma aula de enredo que resulta no melhor samba do ano. - NOTA: 10 

6 - IMPERATRIZ - Um lindo samba para falar sobre o Xingu, mas que ficou bem chato de se ouvir no disco. Sobre isso explico mais a frente. Vamos ao samba: uma bela melodia, apesar de nos remeter a sambas anteriores da escola em alguns trechos, e uma letra bem extensa, dando a impressão de que não irá acabar nunca - aliás, quase que a letra não coube no encarte. Mas, apesar de longa, descreve muito bem o enredo. Contém trechos muito tocantes como "Sou o filho esquecido do mundo/Minha cor é vermelha de dor/O meu canto é bravo e forte/Mas é hino de paz e amor!" e "Kararaô… Kararaô… o índio luta por sua terra/Da Imperatriz vem o seu grito de guerra!", o único senão é o trecho composto por metáforas bem batidas ("Andar onde ninguém andou/Chegar aonde ninguém chegou"). A faixa nos traz a grata surpresa de Arthur Franco, ex-intérprete de Em Cima da Hora e Mocidade de Vicente de Carvalho, que faz sua estreia no Grupo Especial, e com o pé direito, interpretando muito bem. Tem um grande futuro e tomara que tenha uma passagem longa pela agremiação, já que a GRESIL tem trocado de intérprete sucessivamente. Tal como a Beija-Flor, vamos falar do andamento, desta vez sendo um pouco mais objetivo: um erro de mão inacreditável, ter deixado o samba completamente pra trás o deixou bem sonolento, se fosse um pouquinho mais acelerado ficaria muito mais agradável. - NOTA: 9.8 

7 - GRANDE RIO - Samba contagiante, do jeito que o enredo sobre Ivete Sangalo pedia. Não era meu preferido no período pós-escolhas, mas cresceu muito na voz do Emerson Dias, que aliás vem melhorando a cada ano. Todo em primeira pessoa, a obra é iniciada pelo refrão principal - raramente vemos refrães principais na cabeça do samba - apesar de forte melodicamente, é fraco e com rimas previsíveis (axé/fé/promete/Ivete). A primeira parte narra a infância da cantora em Juazeiro com citações ao rio São Francisco e o despertar de sua paixão pela música, citado no trecho "Sol inclemente/Terra seca era o sertão/Adolescente, abraço o violão/Forroziei, pulei fogueira, viva São João/Minha família, doce inspiração" que é sucedido pelo ótimo refrão central ("E lá vou eu, pé na estrada/E lá vou eu, meu amor..."). Mais a frente temos o clímax da obra ("Meu timbau... Virou sucesso internacional/Nos palcos do mundo, o estrelato, a consagração") seguido por um verso muito interessante ("Comunidade, povo do gueto, eu sou/Caxias me abraçou") que demonstra a reciprocidade de Ivete com a escola e vice versa. Como disse acima, o samba cresceu muito na versão oficial, muito pela brilhante interpretação de Emerson Dias, sendo ajudado pela homenageada em algumas partes - apesar da produção do álbum ter reciclado sua voz da gravação promocional feita pela escola antes de fazer o registro no CD. A Invocada desta vez esteve mais invocada do que nunca, destacando a introdução "a lá Olodum". Achei muito bacana a mistura da sanfona com a guitarra em alguns trechos. A tricolor caxiense promete ser "miseravona" e "levantar poeira". - NOTA: 9.7 

8 - VILA ISABEL - Para cantar “O Som da Cor”, o Povo do Samba traz um samba que cresceu impressionantemente em relação às eliminatórias. Não era muito cotado após vencer o badalado samba-acróstico de André Diniz e cia, tampouco bisava nos meus preferidos, mas depois deste banho de estúdio (o segundo consecutivo) não há dúvidas quanto a qualidade da obra. A melodia valente se destaca, e a letra, apesar de boa e descritiva, tem muitos problemas, sendo o principal deles a repetição do "Vila" em várias partes ("A minha Vila chegou", "Vila, 'azul' que dá o tom a minha vida" e o trocadilho do "Ouvi-la"). A primeira parte possui alguns trechos muito fortes como "A pele arrepia ao som da batida.../Força dos meus ancestrais/Herança que fez ressoar o rufar do tambor". A segunda parte é algo excepcional. A sequência iniciada em "Eu vou, eu vou.../Onde fez raiz a tradição nagô" é ótima e arrepiante, bem como o trecho pergunta-resposta ("Ginga no lundu... morena/Negro é o rei... é o rei/Toque de Ijexá... afoxé/Pra "purificar"... minha fé") e o fortíssimo refrão principal, que invoca Kizomba. A Swingueira de Noel fez um registro bem convencional, com apenas duas bossas. Já Igor Sorriso, no auge da carreira, faz uma esplendorosa atuação, provando que é um dos melhores intérpretes da atualidade. - NOTA: 9.8 

9 - SÃO CLEMENTE - Numa tentativa de elevar um pouco as notas no quesito, a preta e amarela resolveu mudar radicalmente seu estilo de samba-enredo escolhendo a obra capitaneada por Luiz Carlos Máximo e Toninho Nascimento, multicampeões na Portela. O resultado, no entanto, não foi dos mais felizes. É um samba que não me cativou, e com a cadência imposta no disco (cerca de 140 bpm) ficou bem chato de se ouvir. A melodia se sobressai, enquanto a letra segue fielmente a sinopse, usando como elemento principal o Rei Sol, onde, segundo o enredo, é o comandante que nomeia um ministro para cuidar de seu tesouro, enriquecendo de forma, digamos, ilegal. O único trecho que achei bem interessante foi o que compõe a segunda parte ("Daí então o ministro do tesouro/Ergueu a peso de ouro/Um palacete e convidou/O soberano que encantou-se nos jardins/Com a beleza se mirando nas águas do chafariz"). A sequência da letra é apenas descritiva e o refrão principal é fraco e com rimas previsíveis (coroar/alumiar/sou eu/deu). A Fiel Bateria foi bem discreta e Leozinho Nunes não teve uma interpretação muito feliz, principalmente ao entoar o "coroar/deixa alumiar" de forma bem estranha. A São Clemente, desta vez, fica devendo - e muito. - NOTA: 9.4 

10 - MOCIDADE - Qual independente poderia imaginar que o criticado enredo sobre Marrocos renderia um excelente samba? E quem pensaria que Wander Pires - que retorna a escola após oito anos - faria uma ótima interpretação, ao menos, no CD? Pois é, este mundo dá muitas voltas. Na tentativa de retornar ao Sábado das Campeãs (que não frequenta desde 2003), a estrela-guia nos brinda com uma agrabilíssima obra. Logo de cara, uma primeira parte que mistura elementos brasileiros e marroquinos, citando até uma confraternização de Alah com Xangô, que polemicamente quase foi limada da obra. No falso refrão central (incrível como este recurso tem sido frequente de uns tempos pra cá) vemos uma interessante sacada ao fazer uma ponte do "Saara de lá com o Saara de cá". Na curta e objetiva segunda parte, o melhor momento da obra ("A caravana de além-mar retorna à nossa aldeia/Oh meu Brasil, abrace a humanidade/És a pátria mãe gentil da amizade") que traz mensagem semelhante ao samba de 2016 da Viradouro - basta lembrar que Altay Veloso, Paulo César Feital e Zé Paulo Sierra estão entre os autores do samba independente, para efeitos de curiosidade. O refrão principal, de melodia densa, invoca o brilho do Cruzeiro do Sul no Brasil e o Céu de Sherazade no Marrocos, além de trazer uma bela sacada no "Sonha Mocidade" que convoca o independente apaixonado a escrever um futuro glorioso. Wander Pires, em sua quinta passagem por sua escola do coração, faz uma ótima interpretação (quem diria...) acompanhado pela correta exibição da Não Existe Mais Quente. Que o Céu de Sherazade leve a estrela-guia de Padre Miguel ao começo de uma nova era. - NOTA: 10

11 - UNIÃO DA ILHA - Que pedrada! Mesmo não tendo costume de fazer enredos afros, a tricolor insulana optou por resgatar sua "alma africana" adormecida desde Fatumbi (1998). Possui uma melodia forte e aguerrida do começo ao fim e uma letra muito boa, apesar do verso "Avermelhou, Kiamboté nos fez caminhar" ser problemático melodicamente e de achar o "A árvore da vida é a vida que dá" ser esquisito, mas concedemos uma ressalva. A parte inicial ("Dos bantos Nzambi, o criador/Gira ampulhetas da magia") já explica de forma bem direta boa parte do enredo, quando o mundo é criado por Nzambi, que convoca Nzara Ndembu para criar o tempo. Gosto muito do falso refrão central ("Ndandalunda a me banhar (me banhar)/Seiva que brota do chão/Em rituais de purificação") onde as subidas e os ápices melódicos são espetaculares, bem como o início da segunda parte ("A chama ardente é fogo/O fogo que queima é paixão/É Nzazi fazendo justiça/Na força de um trovão"). O único refrão da obra ("Êh, é no girê, é no girê/Macura dilê no girá") é um daqueles que pega na veia, além de possuir uma bela construção melódica. Ito Melodia, como de costume, dá um show a parte, e Mestre Ciça dá uma aula de comando de bateria (arrisco a dizer que é sua melhor atuação desde Y-Jurerê Mirim/Grande Rio 2011) com a sensacional exibição da Baterilha com bossas na primeira passada e entrando com força total a partir da segunda. Se a União estava devendo ótimos sambas há algum tempo, esta dívida com seu torcedor finalmente será paga. - NOTA: 10 

12 - PARAÍSO DO TUIUTI - De volta ao Especial após longos 16 anos (apesar de uma subida um tanto que controversa) a azul e amarelo de São Cristóvão traz uma obra irregular, e isto já se nota pelo seu começo, que junta uma rima óbvia com uma frase clichê ("É Tropicália, olha aí... meu Tuiuti/Um paraíso não existe nada igual"). Cá entre nós, rimar "aí" com "Tuiuti" soou muito, mas muito forçado. Mais a frente, avistamos outro famigerado verso ("Brasil, riqueza da mãe natureza"). O único bom momento do samba é o refrão central ("Coração balançou, muito samba no pé/Lá no morro nasceu nosso Parangolé") que na versão original não era repetido, apesar de que este traz uma incógnita no verso "Quem vestiu coloriu… Por aí se espalhou" que não explica quem e o quê se vestiu. A segunda parte só não passa despercebida, pois tem um belo clímax em seu final ("Tantas flores no jardim/Encarando a opressão/Mas raiou o sol/Iluminando os versos da canção"). O refrão principal ("Alô povo brasileiro... aquele abraço") é mediano e tem sério problema de melodia ao prolongar o "É o segredo dessa vida". Em suma, uma melodia problemática e letra que alterna bons e péssimos momentos. Wantuir - estreante na agremiação - foi muito bem no registro, dando uma outra cara à obra, e a SuperSom 120 (pontos no quesito) deu o espetáculo de sempre, mas ambos foram insuficientes para salvarem o samba, que terá a ingrata e complicada missão de abrir os desfiles. - NOTA: 9.3