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Os sambas de 2013 por Victor Raphael

Os sambas de 2013 por Victor Raphael


As avaliações referidas apresentam critérios distintos dos utilizados pelo júri oficial, em nada relacionados aos referidos desempenhos que as obras virão a ter no desfile

A Gravação do CD – Segue o padrão dos últimos anos, com o diferencial de parecer mais dedicado a ressaltar a voz dos interpretes em meio ao coralzão que dá o clima do Ao Vivo às faixas. Ponto positivo nesse sentido, mas as novidades em si são meros detalhes, pois o formato é o mesmo. Destaque mesmo é a belíssima foto da Capa do CD, momento de extrema felicidade do fotografo e da equipe que escolheu a mesma para ser a cara do CD de 2013 – Nota 9

UNIDOS DA TIJUCA – É... o enredo fez lá seus estragos nessa obra, tornando-a de difícil entendimento de sobre o que, afinal, o samba diz respeito. A sacada do samba fica por conta do refrão, em sua segunda “perna” – Metade do meu coração é Tijuca, a outra metade é Tijuca também”. Impressionante como a melhor passagem do samba não tem rigorosamente nada a ver com o enredo. E se tiver, justificadamente, de antemão minhas sinceras desculpas. De resto um samba que acompanha o nível das ultimas obras tijucanas. - 9

SALGUEIRO – Salgueirão aparece metendo bronca com o refrão, mas no meu entender a parte que empolga é so ela mesmo. Mas já é o suficiente pra sacudir. É uma baita sacada o trecho “Vermelha paixão no peito... tem banca, moral, respeito”. No resto do samba, a parceria faz o que pode pra transformar um enredo que não provoca grandes versos em uma obra que atenda as expectativas de uma harmonia bem feita. Não há grandes destaques além do refrão em questão, que tem a cara, a identidade, e até mesmo o ar “diferenciado” do salgueirense. – 8,9

VILA ISABEL – Sejamos sinceros, bem que tentaram estragar a obra. Ficou uma miscelania de vozes estranhas essa junção de três cantores com estilos totalmente divergentes entre si: Se ocorresse em trechos diferentes, as características sem manteriam, e não ficaria com a cara de samba de criolo doido que dá a impressão em alguns momentos. Sobre a obra em si, ela é ótima, mesmo que eu não pense ser uma obra prima, ficando abaixo inclusive do samba de 2010 da mesma Vila Isabel. Mas seria leviano não considerar o hino um brilhante destaque na safra – 9,9

BEIJA-FLOR – Que surpresa entrar na faixa da Beija e não ouvir aquele menorzão pesado, que se tornou a identidade da escola no pós- 1998. Pois bem, um samba animado na Beija não é novidade, mas andava um tanto quanto raro. A escola mudou sua “cara” pra esse hino e acertou. O enredo sobre o cavalo, que sofreu severas criticas, passa leve nessa obra, com destaque positivo aos dois refrões, que, apesar das agruras que um samba em primeira pessoa traz, ainda mais sendo o narrador o tal Mangalarga Marchador, são muito bons. Mas... sempre tem o mas. Sinto que na segunda do samba, a força de atração para o samba em “menor” volta com uma carga ate potente, mas adequada ao conjunto melódico da obra – 9,5

GRANDE RIO – Acho bom. Porém, trata-se de um samba que criei bastante expectativa, porque é um prato cheio para uma critica mais “carnavalesca”. O “vem cá, me dá, o que é meu é meu...” dá um recado interessante, mas qual o problema de se usar o bom humor? Seria uma sacada genial que acabou desprezada. Alem disso, os exemplos sobre o que se pode fazer com os royalties ficaram meio “destacados”, dissociados do resto do samba, da defesa da ideia de não se retirar a tal grana. No que tange à melodia, um destaque à primeira do samba, bem diferente, bem interessante, e facilitando o canto. – 9,2

PORTELA – Vem de Madureira o ensinamento. Leia o samba, escute-o. Olhe como um samba não precisa de altos floreios, inovações melódicas, grandiosas viradas ou mesmo uma hecatombe de sons difusos para ser bom, pra chamar a atenção. Portela se destaca como samba... sendo SAMBA. Com laiá, com ioiô, com iaiá e o batuque característico de um samba de enredo bem feito. A “malandragem” contida na melodia dos versos te leva pra dentro do ambiente de Madureira... Genial, sendo simples. Não há combinação melhor - 10

MANGUEIRA – Cada vez que olho um samba concorrente que ganha... e ouço o mesmo samba acompanhado da voz de Luizito e da Surdo Um.. eu me dou conta de que não adianta ficar ouvindo as versões concorrentes da Mangueira. O “feeling” só vem com a versão oficializada, e dessa vez acompanhada pelo trio Ze Paulo, Ciganerey e o surpreendente Agnaldo Amaral, que desde o alusivo já mostra a que veio. E na duvida, é melhor não encostar. A obra mangueirense mantem a pegada dos últimos anos no ritmo, ainda que a letra sofra com as sempre presentes problemáticas de um enredo CEP. Destaque pra melodia do refrão principal, que promete trazer o componente, e a síntese do canto mangueirense na passagem de Luizito a cantar quase com raiva – Eu sou Mangueira a todo vapor! – 9,5

UNIÃO DA ILHA – É ruim o samba? Nem tanto. Merecia mais? Muito mais. O samba da União da Ilha me parece uma tentativa de mesclar o estilo ilha de desfilar, levinha, descontraída, com uma certa “tristeza” que permeou as obras do Poetinha. Mas a ganancia por se colocar trechos alinhados com as obras de Vinicius acabou fazendo o samba cair numa das armadilhas mais comuns no gênero. A falta de coesão, deixando os versos soltos demais uns dos outros. Melodicamente ele cumpre seu papel, ainda que fique notório um certo “arrasto” não provocado pelo andamento no CD, mas sim pelo estilo que se preconizou no samba em si. – 8,6

MOCIDADE – O que dizer? Tem uma passagem de uma inteligência ímpar: o refrão central – “Pandeiro e guitarra, suingue perfeito / Não tem preconceito a nossa união / Meu Baticumbum é diferente / Não, não existe mais quente” – tanto que é dado uma atenção especial ao trecho com direito a guitarra, paradinha e toda a carga de destaques que se possa imaginar. Mas ficia difícil dizer que o resto do samba está à altura desse trecho. Não está, e deixa o brilho um pouco apagado. Ponto negativo pra “lista de compras “ que é forçada quando começam a citar os lugares por onde o Rock in Rio passou. – 8,5

IMPERATRIZ – A despeito de quem diz, por mitologia, que a Imperatriz sempre tem um samba bom (Referendado em muito pelos três últimos anos, onde a agremiação exibiu belíssimas obras), esse ano sinto uma “patinada” nesse senso comum. Em melodia, o samba tem boas passagens, sendo a de maior “presença” o final da segunda, com os dizeres a respeito da fé em Nossa Senhora de Nazaré, também a parte mais interessante do hino. De resto, uma obra que tem mais notoriedade pelo que está a sua volta do que por brilho próprio – 8,9

SÃO CLEMENTE – Tem seu charme. As sacadas na associação das novelas dá uma tônica bem humorada ao samba, que vai ao encontro da identidade clementiana. A Viuva Porcina sambando igual mulata bota nossa cabeça pra imaginar o fato, e tira boas risadas. O “pecado desse samba” é logo após uma de suas passagens mais inteligentes, que é o refrão do meio com direito a “quero ouro, muito dez, Inshalá!!”: A segunda do hino se perde em letra e em melodia, parece que o samba vai caindo, caindo... e so retoma o pique quando vira pro refrão de cabeça. Faz uma espécie de curva decrescente que acaba por prejudicar o resultado final – 8,9

INOCENTES DE BELFORD ROXO – É o típico caso da limonada feita com um limão bem pequeno. O enredo não ajuda em nada os compositores e eles acabam dando toda a sua transpiração pra uma letra que atenda o que o enredo pede, e depositam mais afinco e talento na melodia, que atende muito bem ao canto da escola. Mas a letra, quando se presta atenção, não acompanha o competente trabalho de melodia na obra da Inocentes. O destaque da faixa é a cabeça do samba, após o refrão, com uma bela “arrancada” na melodia e enfatizando a estreia da escola na Elite do carnaval. Mais um caso em que o melhor trecho do samba não tem nada a ver com o enredo que a escola apresenta. Que coisa... – 8,5