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Os sambas de 2010 - Acesso B por Marco Maciel A GRAVAÇÃO DO CD – O disco, basicamente, não tem
diferenças relevantes com relação aos anteriores de grupos de acesso produzidos
por Leonardo Bessa e Chico Frota, seguindo aquele mesmo padrão de um som mais
autêntico das baterias, com algumas até um tanto aceleradas (como na faixa da
Lins). Inclusive algumas escolas continuam nos proporcionando um show de
bateria como introdução nas faixas, o que já ocorria nos álbuns anteriores. A
safra do Grupo RJ-I 2010 é mediana, com sambas em sua maioria na dita categoria
“médio pra bom”, mas muito longe de figurarem em outra superior. As reedições
de Tradição e Lins Imperial estão anos-luz à frente dos demais sambas. Entre os
inéditos, Sereno de Campo Grande é o que mais se destaca. Arranco, Flor da Mina
do Andaraí e União de Jacarepaguá aparecem a seguir. O restante não desponta
com muito destaque. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,5 (Marco Maciel). 1 –
MOCIDADE DE VICENTE DE CARVALHO – “Bonecas
impossivel nao se apaixonar”. De volta à Sapucaí, a escola traz um enredo de
contornos e contexto originais, pois fala sobre bonecas. O samba-enredo é
correto, funcional, e traz momentos melódicos inspirados como no trecho “Cabaças, mamolengas, namoradeiras/Nas danças
dão um toque especial”. No mais, não tem tanto brilho. O intérprete Arthur
Mocidade canta o samba no CD, mas como ele será uma das vozes do Império
Serrano, a obra será defendida na Sapucaí por Hugo Júnior (intérprete da escola
virtual Arriba Muchacho, da Virtuafolia). NOTA DO SAMBA: 8,5 (Marco Maciel). 2 – FLOR
DA MINA DO ANDARAÍ
– “Eu acendi, ela quis apagar”. Resultado
de uma fusão de duas parcerias, o samba-enredo para falar sobre os diferentes
tipos de vela (como a que veleja e a que tem pavio) tem como principal ponto
forte a sua bela melodia, bastante dolente e valorizada pelo intérprete Carlos
Júnior. A letra também apresenta bons momentos, como “Bons ventos conduz... Num sopro feliz/O velejar do meu país/O ouro
reluz num sonho real.../No peito e na alma nacional”, lembrando as
conquistas brasileiras no iatismo, o esporte que mais medalhas de ouro deu ao
Brasil na história olímpica. Vamos torcer para que a simpática Flor da Mina
“não segure vela” no carnaval e permaneça desfilando na Sapucaí nos próximos
carnavais. NOTA
DO SAMBA: 9,1 (Marco Maciel). 3 –
ARRANCO – “No embalo desse cordão, eu vou, segura a
chupeta, vem brincar”. Samba leve, gostoso, daqueles feitos para o folião
cantar sem parar, até mesmo depois que o desfile acabar. É o que sugere o
enredo, que, como acaba se remetendo a temas já usados, como a alegria proporcionada
pelo carnaval, a letra acaba contendo alguns clichês. O intérprete Ciganerey,
que retorna ao Engenho de Dentro, mantém o belo nível de Jorge Tropical, que
defendeu com maestria o samba na versão dos compositores. Um dos melhores do
grupo. NOTA DO
SAMBA: 9,2 (Marco Maciel). 4 – UNIÃO
DE JACAREPAGUÁ – “Vejam, brilha os olhos do artista”. A
escola mantém o seu estilo de sambas mais dolentes e cadenciados, porém a
diferença está na voz. Rixxa, que após seis anos na escola foi para a Mangueira
ser um dos “três tenores de Ivo Meirelles”, é substituído por Diego Nicolau (compositor
multicampeão no Cubango) e Tiganá (ex-intérprete do Leão de Nova Iguaçu em
2005). A dupla manda muito bem na gravação de um samba que apresenta belas
variações melódicas e bons refrões. Um dos compositores do belo samba-enredo da
União é a jovem revelação James Bernardes, intérprete da escola virtual Império
do Progresso, da LIESV. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Marco Maciel). 5 –
TRADIÇÃO – “Mulato frajola de lá da Guiné”. Uma das
obras-primas da dupla João Nogueira-Paulo César Pinheiro para a agremiação de
Campinho, indiscutivelmente é um dos melhores sambas que já passaram pela
Sapucaí. Curiosamente, o samba desfilou originalmente também no Terceiro Grupo,
em 1986. O samba-enredo, em si, dispensa quaisquer comentários, pois apresenta
uma riqueza melódica gigantesca e emocionante. Só não precisava duplicar os
nove versos a partir do “Morena de
Angola, me faz cafuné...”, transformando o trecho em um refrão, o que pode
acarretar riscos de arrastamento para este sambaço. Boa atuação do novato
intérprete Vandinho da Mangueira. NOTA DO SAMBA: 10 (Marco Maciel). 6 – UNIÃO
DO PARQUE CURICICA
– “O caldeirão vai ferver”.
Para
falar sobre superstições, a Curicica opta por um samba
divertido, que mescla
partes leves e pesadas. Sobre a letra, por recordar de
expressões como “a bruxa
tá solta”, “pé de pato, mangalô,
três vezes”, “esconjuro”, “gato
preto”,
“sexta-feira 7 – BOI DA
ILHA – “Hoje tem festa de Boi, na freguesia”. E
o Boi fala sobre... o Boi. O samba-enredo, por ter uma letra extensa e a
melodia com variações nem tão relevantes, pode ter uma tendência de
arrastamento. Mas o samba tem bons momentos, como o valente refrão central
(embora cite as touradas, festividade cultural que, como defensor de animais
que sou, particularmente abomino), e alguns trechos da segunda parte. No CD, a
excelente atuação da bateria boiadeira é destaque, ao lado da boa interpretação
de Marquinhos do Banjo (um dos autores do samba da União da Ilha). NOTA DO SAMBA:
8,4 (Marco Maciel). 8 – SERENO
DE CAMPO GRANDE –
“O Circo Sereno chegou...”. Um enredo
sobre circo é bastante corriqueiro no carnaval, devendo ter anualmente nos
desfiles pelo país, com sambas geralmente de qualidade duvidosa. No caso do
Sereno, tai uma honrosa exceção. O “Circo Sereno” gerou um samba maravilhoso,
puro, delicioso de ouvir e de cantar, e com refrões fortes. As variações
melódicas são louváveis, sobretudo no início da segunda parte. Enfim, o melhor
samba do grupo dentre os inéditos. Sobre mais uma espetacular atuação de
Antônio Carlos no disco... bem, nem vou dizer mais nada! Só sei que, se pintar
o “olho gordo” ao estilo Curicica por parte de escolas maiores, não sei se o dito
intérprete ficará muito tempo 9 –
ALEGRIA DA ZONA SUL
– “Juntei sete letras, hoje a Zona Sul
contagia, Alegria”. O samba-enredo do Alegria mistura lirismo e valentia
(esta última característica é valorizada pela sempre forte interpretação do
experiente Edmilton di Bem), e possui alguns bons momentos. Mesmo assim, o
samba é apenas discreto e não chama tanta atenção. Ah, nunca é uma boa idéia
colocar crianças para deixarem mensagem no samba, tampouco cantá-lo. Dá pra
contar nos dedos de uma das mãos as ocasiões em que isso deu certo... NOTA DO SAMBA: 8
(Marco Maciel). 10 –
ACADÊMICOS DO SOSSEGO
– “Sagrada trindade, é o branco da paz no
meu coração”. De volta à Sapucaí depois de sete anos, a escola niteroiense traz
um samba-enredo que, assim como o do Boi, também é longo, com bons momentos
melódicos, mas que chega a ser cansativo. O refrão central lembra o concorrente
de 2009 de Armênio Poesia para a Imperatriz, do enredo sobre os 50 anos da
agremiação. Clóvis Pê, intérprete da Mocidade Alegre 11 – LINS
IMPERIAL – “Abre a porta oh senhora, muitas léguas
caminhei”. A primeira sensação que tive ao ouvir o clássico “Folia de
Reis”, samba-enredo do carnaval de 1976, na voz do novato Ricardo 10 foi de
estranheza. E até hoje a sinto, confesso, pois estou acostumado a apreciar a
obra no vozeirão magistral do saudoso Abílio Martins para o LP original daquele
ano. A gravação reflete as mudanças do carnaval atual com relação àquele de
mais de 30 anos atrás. O registro de Abílio é muito mais cadenciado. Já o pro
CD do Grupo B 2010 é acelerado, com alguns trechos ganhando oitavas maiores,
como já ficou corriqueiro quando um samba das antigas, com muitas partes em tom
menor, é adaptado para um desfile mais corrido. Sobre o samba, é muito bonito,
tem dois refrões fortes e líricos e tanto melodia quanto letra são de louvável
inspiração. Belo momento da Lins! NOTA DO SAMBA: 9,6 (Marco Maciel). 12 – JACAREZINHO – “Eu já disse pra teclar jacarezinho.com.br” Quando alguma escola teima em falar sobre inclusão digital no carnaval, pode preparar o terreno para um festival de bizarrices. A primeira de todas quem proporcionou foi a Rocinha, que em 1998 enfiou um “arroba ponto Rocinha” no seu samba-enredo. Ora, todos sabem que o máximo que um “@.” pode levar é a um erro 404... Depois foi a Canários das Laranjeiras em 2007, que levou um samba trash até o talo com trechos inacreditáveis como “vou invadir seu coração e nenhum hacker vai entrar”, “no mouse cliquei sua sedução” e “no e-mail da emoção, fiz um vírus se apaixonar”... Eu, hein? Até a Portela resolveu inventar de transformar a internet em carnaval, ainda que com um samba de qualidade (um pouco) superior, embora tenha pérolas como a já folclórica “jaqueira positiva pra nação”... O Jacarezinho, por fim, traz um samba que até tem melodia boa em alguns trechos, que pode ser muito bem cantado na avenida, já que é valente e envolvente. Mas ter de aturar “Eu vou entrar no seu Orkut” na bela voz grave de Ailton é muito pra minha cabeça. E a rima “carnaval/virtual” no refrão também não poderia faltar, pra variar... Ah, e pra fechar com chave de ouro: você já experimentou teclar jacarezinho.com.br? O domínio pertence... à prefeitura de Jacarezinho-PR, terra natal da ex-BBB e atriz global Grazielli Massafera. NOTA DO SAMBA: 7,6 (Marco Maciel). |
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