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Os sambas de 2006 - Acesso B

Os sambas de 2006 - Acesso B

A GRAVAÇÃO DO CD - Produzido por Leonardo Bessa, e com assistência de produção de Chico Frota, o CD dos Grupos de Acesso A e B, gravado na quadra do GRES União de Parque Curicica, conta com um bom time de músicos de base e coro de primeira linha. É um disco em que você consegue identificar as escolas sem precisar recorrer ao encarte, ao contrário do que acontece no Grupo Especial. Uma produção em que se destacam as reedições de sambas como: ''Quem é você'' (Estácio), ''Bahia de todos os deuses'' (Salgueiro/Tradição), ''O Amanhã (União da Ilha/Boi da Ilha), ''Da cor do pecado'' (Ponte), ''Tijuca, cantos recantos e encantos'' (Império da Tijuca), ''A lenda das sereias'' (Império Serrano/Inocentes) e ''Lua viajante'' (Lucas), além de belos sambas inéditos. Belo trabalho da AESCRJ, que abre espaço para a escola de samba Flor da Idade (que abre o desfile do Grupo A e das campeãs), na última faixa do primeiro CD. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Cláudio Carvalho).

Uma belíssima idéia a comercialização de um CD duplo com os sambas dos Grupos A e B. Assim, os sambas do Terceiro Grupo certamente terão uma maior visibilidade. Só é lamentável o fato do CD ser vendido apenas no Rio, o que dificulta um pouco a vida dos residentes em outras cidades. Eu, por exemplo, pedi pro Cláudio Carvalho me enviar. Devo a ele os CD's de samba de Porto Alegre de 2005 e 2006. A qualidade da gravação é muito semelhante aos dois anos anteriores, pois desde 2004 o disco do Acesso A é gravado ao vivo na quadra da Curicica. Ou seja, o samba tem cara de samba, nada de arranjos privilegiando cordas e efeitos especiais, comuns no Grupo Especial. Por conta disso, ultimamente a produção de Leonardo "tá bom a" Bessa anda sendo a preferida de boa parte dos bambas, suplantando os veteraníssimos Laíla, Zacarias e cia. Muitas escolas aproveitam para mostrar as respectivas bossas de suas baterias no disco e as faixas não chegam a ser tão longas como no Grupo Especial. Sobre os sambas, várias agremiações, principalmente no Grupo B, apelam às reedições de hinos antigos para ganhar pontos preciosos no desfile. Por isso, mais uma vez será possível ouvir obras-primas do carnaval nos desfiles de sábado e terça em 2006. Temos uma safra de boa qualidade nos dois grupos, pois as escolas que não reeditaram também cantarão sambas consideráveis. E, por fim, destaque para a volta de Aroldo Melodia que, mesmo debilitado, aparece cantando - com muito esforço - o samba da Flor da Idade, dividindo os vocais com Rixxa, que agradece, no fim da faixa, a ilustre companhia. Apesar dos problemas de Aroldo, sua presença certamente emociona a todos. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (Mestre Maciel).

A gravação e produção, na minha opinião, é melhor que a do CD do Grupo Especial. Privilegia o gosto do sambista, enquanto que, no CD do Especial, se preocupam mais com efeitos e outras coisas que o sambista não sente a mínima falta, e as baterias das escolas não participam da gravação, ao contrário do CD do Acesso, onde as baterias de cada escola foram gravadas na quadra. O CD duplo dos Grupos de Acesso A e B tem como destaques as reedições e bons sambas inéditos. O CD do Acesso A conta com uma faixa bônus: a da escola de samba da terceira idade, Flor da Idade, cantada por um debilitado Aroldo Melodia, com ajuda de Rixxa. O que não me agradou, apesar de considerar o tamanho dos sambas, foi a desigualdade de tempo entre as faixas: tem escola que tem faixas que duram quase 6 minutos e outras que tem pouco mais que 3 minutos. O mais curioso é que, em média, os melhores sambas do disco, na minha opinião, são justamente as faixas das agremiações que trazem os melhores sambas para 2006. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Induliar).

Mais uma vez a qualidade da gravação do CD dos grupos A e B (agora reunidos num disco duplo) teve um resultado excelente. A junção de forças dos produtores musicais Leonardo Bessa e Chico Frota foi benigna. Para os amantes do gênero, é formidável ter, em apenas um estojo, 23 faixas de carnaval. Quanto à safra, temos sambas que se mostram bons e novamente uma leva de reedições (várias reedições-cover), que dará aquele toquezinho nostálgico aos desfiles. No entanto, vários sambas pecam no formato extremamente padronizado, o que vem sendo observado desde as eliminatórias. Há poucos refrões vibrantes - daqueles de grudar no ouvido e que servem para levantar as gélidas arquibancadas tomadas por turistas - e autores que têm a pretensão de estabelecer novos estilos de samba-enredo, só que acabam pecando em exageros, não raro em equívocos. Quanto à distribuição do disco, é uma pena que somente através da internet que os aficionados em carnaval que moram fora do Rio de Janeiro podem adquirir o álbum, comprando através dos sites especializados. A comercialização está restrita às quadras de ensaios das escolas ou na sede da AESCRJ. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Rixxa Jr).

A boa recepção dos CDs do Grupo B, aliada a proliferação de escolas inexpressivas e seus patronos endinheirados, fez com que escolas tradicionais, como Império da Tijuca, Unidos da Ponte e Unidos de Lucas, desfilassem em grupos que tinham pouca visibilidade. Com o advento das reedições, essas escolas acabaram chamando a atenção do folião e o resultado foi um aumento muito grande de interesse nas no Terceiro Grupo. Diante disso, nada mais inteligente do que unir os dois grupos inferiores (mas que ainda desfilam na Sapucaí) num CD duplo. Aliás, a grande quantidade de reedições faz com que seja bom, do ponto de vista artístico, a presença das escolas do Grupo B. A produção é semelhante a do Acesso A. Apesar de muito elogiada pelos internautas, particularmente me incomoda muito a aceleração excessiva dos sambas. No CD, eu quero ouvir a melodia, a entonação do canto, toda a nuance das obras. Por isso, prefiro um andamento mais cadenciado. Entretanto, em nome de um clima mais típico de desfile, a produção coloca os sambas em andamento marcheado, rapidíssimo, que acaba nivelando (por baixo) as faixas. Entendo que desfile é uma coisa, e o CD tem de ser outra. No CD, você escuta o samba; no desfile, você faz a festa. Particularmente, não gosto de andamento rápido nem em desfile, quanto mais no CD. O resultado é que nenhuma das reedições supera as versões originais em termos de qualidade de gravação, o que é espantoso diante das tecnologias disponíveis hoje em dia. Outro problema grave é que, na mixagem, a voz do intérprete fica alta demais, abafando a parte instrumental - problema típico de quase todas as produções sonoras brasileiras a partir da era digital. A bateria acaba soando artificial. Enfim, se você comparar com a qualidade da produção do LP do Especial de 1985, sentimos o verdadeiro tiro na água dado pelos produtores do CD do Acesso A e B - enquanto no LP de 1985, todas as faixas têm uma sonoridade musculosa, com o coro dando o exato sentimento que os sambas pediam, com aquele clima de festa e de diversão dos desfiles da época, o CD de 2006 do Acesso parece frio, profissional e artificial. Opa, será que a gravação reflete o espírito dos desfiles atuais? Quanto à safra, no Grupo A, a média está mantida - alguns sambas se destacam, mas a maioria é medíocre e gera indiferença na audição. No Grupo B, a diferença de qualidade entre os sambas novos e as reedições é de uma brutalidade tão impressionante que assusta. Como aqui o samba ainda tem um pouco de valor para o desempenho das escolas, muito provavelmente campeã e vice serão escolas que reeditam sambas, situação que levou a Associação a criar regras limitando as reedições para 2007. Por fim, no CD do Grupo A está presente o samba da escola Flor da Idade, puxado pelo mestre Aroldo Melodia e Rixxa. NOTA DA GRAVAÇÃO: 4,5 (João Marcos).

1 - BOI DA ILHA - O que eu disse a respeito da Tradição pode se repetir aqui. Há de se dizer, porém, que nesse caso existem agravantes, uma vez que tratam-se de escolas da mesma localidade. Imaginem, por exemplo, a Portela reeditando samba do Império, a Viradouro fazendo o mesmo com a Cubango ou vice-versa. Por mais que se tente criar um clima de amenidade, fica sempre aquela situação tipo saia-justa. Um dos maiores inconvenientes da reedição é acirrar rivalidades entre escolas. Enfim, ''O Amanhã'' dispensa comentários e merece dez, mas a escola não leva em virtude do que relatei aqui. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Cláudio Carvalho).

Outra escola que pega enredo emprestado. Dessa vez, a Boi resolveu recorrer à vizinha União e levar de volta para a Sapucaí o clássico "O Amanhã". O intérprete Cadinho, menos rouco que de costume, conduz corretamente o samba de João Sérgio (embora muitos digam que é de Didi, lendário compositor da União da Ilha). De letra curtíssima, vamos ver como este samba tão conhecido até por quem não é bamba irá se sair na avenida 28 anos depois. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

Samba antológico que dispensa comentários. Quem não conhece os versos "Como será o amanhã/Responda quem puder/O que irá me acontecer/O meu destino seja o que deus me der". O samba ficou com um andamento um pouco acelerado no CD, o que não comprometeu muito. No caso do Boi da Ilha, eu acho até válida a opção de pegar um samba emprestado de uma escola que tem até uma ligação histórica, pois, antes da União da Ilha brilhar na avenida, já se tinha o bloco do Boi da Freguesia, contando com o auxílio da notória escola da Ilha do Governador em algumas ocasiões. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Induliar).

Mais uma reedição-cover (em que uma escola se apropria de um samba antigo de outra). Levar "O Amanhã" para a avenida é uma prova de que a escola quer jogar para torcida, já que é um samba manjado e que está na boca e no imaginário do povo. O cantor Cadinho da Ilha surpreende e, apesar de ainda precisar de umas pastilhas Valda para curar a rouquidão, está cantando corretamente com seu jeito "Quinho" de interpretar. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Rixxa Jr).

"O Amanhã" é um dos sambas-enredos mais conhecidos da história, principalmente pelo refrão memorável e pela letra que, mesmo contando o enredo, é tão bem feita que se sustenta por si só, sem precisar de alegorias e fantasias para dizer alguma coisa. Não é um samba do mesmo nível dos grandes clássicos da União da Ilha, mas ganhou o status de antológico por sua popularidade. A escola Boi da Ilha resolveu tomar o samba emprestado e provavelmente vai conseguir subir de grupo porque todo mundo vai cantar o samba, o público e os componentes irão se empolgar, a escola tem uma estrutura competitiva para o grupo... Porém, no CD, a gravação é um desastre total. O intérprete não tem um décimo do carisma e do talento de Aroldo Melodia, a bateria acelera de forma irritante. O samba passa reto - as variações melódicas do samba são quase desconsideradas, mais sugeridas do que percebíveis. Enfim, tudo parece feito nas coxas, como se não se precisasse muito esforço para fazer o samba funcionar. Ficou muito ruim. NOTA DO SAMBA: 8,2 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

2 - UNIDOS DA PONTE - Outro dos males da reedição, a meu ver, é a acomodação. É o segundo ano seguido em que a Ponte vai reeditar, e nesse caso, trata-se de um samba que nem de longe pode ser considerado um dos melhores, nem sequer da escola. Como se não bastasse, ''Mizélia'' e ''Martílio'' estão totalmente fora do contexto, apesar da atual crise política do país. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Cláudio Carvalho).

A escola de São João do Meriti resgata um samba que não é dos seus melhores, mas representou o último título da Unidos da Ponte, o Acesso A de 1992. Só acho que as palavras "mizélia" e "martílio" poderiam ser substituídas por "miséria" e "martírio" mesmo, já que os ex-ministros Zélia Cardoso de Mello e Marcílio Moreira não têm mais nenhuma ligação com o governo. Ao contrário de 1992, quando o samba tem uma levada mais lírica, em 2006 o samba será todo jogado pra cima, como a gravação no CD prova e evidente também no verso "E assim eu vou feliz da vida", que ganhou um agudo com relação à versão original. Tico do Gato, ex-Império Serrano e Praça da Bandeira, tem uma magistral interpretação. E o samba possui uma excelente melodia, com dois adoráveis refrões. Tem de tudo para passar muito bem na Sapucaí de novo e fazer Serginho do Porto, um dos autores, rir à toa mais uma vez, como Tico do Gato brada no meio do samba. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

Samba gostoso de ouvir e cantar. Tem uma melodia com partes interessantes, apesar de parecer ser um pouco marcheado. Apesar do tema que me parece uma crítica social nada atual, considero essa reedição da Ponte de 92, quando conquistou a vaga para o Grupo Especial de 93, um samba bem gostoso e empolgante. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Induliar).

A meu ver, a Ponte teria para reeditar, no mínimo, outros 10 sambas bem melhores do que este. O refrão é datado, como já foi dito, mas é um samba até hoje lembrado, por ser relativamente recente e fácil de cantar, o que será vantagem na hora em que a escola entrar na avenida. Interpretação correta e segura do experiente Tico do Gato. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Rixxa Jr).

É interessante a escola se utilizar do samba de 1992. Além de não ser um samba extremamente conhecido, a letra é meio datada, tendo referências à fatos políticos da época. É um samba bacana, tem uma letra coloquial e uma melodia agradável, mas está longe do nível dos clássicos da escola na década de 80. A escolha deve ter o dedo de Serginho do Porto, um dos autores do samba, que hoje é um dos manda-chuvas da Ponte. A interpretação de Tico do Gato é musculosa, nervosa, totalmente diferente da de Grilo - inclusive, ele jogou alguns trechos do samba para oitavas bem acima das originalmente utilizada pelo intérprete na gravação da época. Por fim, é uma das poucas gravações de sambas reeditados que não fica devendo muito à faixa original. NOTA DO SAMBA: 8,7 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

3 - TUIUTI - Samba grande, que retrata fielmente a história do Bairro Imperial de São Cristóvão, que já foi o mais nobre da cidade. O andamento muito acelerado da bateria pode comprometer o resultado do desfile. NOTA DO SAMBA: 9 (Cláudio Carvalho).

O samba ficou muito mais marcheado no CD com relação à época em que era concorrente. Mas sua audição é saudável, a melodia é boa, os dois refrões são de boa qualidade e, enfim, pode ajudar mais do que nunca a Tuiuti a voltar para o Grupo A. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel).

A tradicional escola do morro do Tuiuti trouxe um samba bem animado, Samba de melodia simples, e apesar da letra não conter muita poesia, parece descrever de forma eficiente, se não perfeita, o enredo da escola, uma homenagem para lá de merecida ao bairro onde sua comunidade está localizada. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Induliar).

O bairro de São Cristóvão, morada da Paraíso do Tuiuti, rendeu um samba bom, mas apenas correto, sem maiores inovações. Eficiente, mas sem a criatividade e atração musical dos sambas que a escola apresentou em 2001, 2003 e 2004. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Rixxa Jr).

A simplicidade da letra é um dos poucos pontos positivos deste samba. Os refrões são muito fracos e a melodia genérica e indigente. O samba acaba cansativo pela falta de variações melódicas e parece mais comprido do que é. Quando o enredo foi anunciado, muitos acreditavam que seria reedição do samba de 1968, que embalou o primeiro título da escola, no então Grupo 3. Talvez tivesse sido mais interessante esta opção. NOTA DO SAMBA: 6,6 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

4 - FLOR DA MINA DO ANDARAÍ - O primeiro refrão é uma cópia de ''Pedras preciosas quero me enfeitar'' (O dono da terra - Tijuca 99). É outro samba lençol, explicadinho demais. É tanta informação que acaba se tornando poluição sonora. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Cláudio Carvalho).

O refrão principal tem melodia idêntica ao do clássico "O Dono da Terra", da Unidos da Tijuca 1999, principalmente se ouvirmos a versão concorrente cantada por David do Pandeiro, que foi intérprete do samba da Tijuca e também da própria Flor da Mina em 2005. A letra é bastante extensa, principalmente na primeira parte, o que acaba fazendo com que a melodia se assemelhe nos últimos versos. O refrão central é envolvente e a segunda parte possui melodia não muito original. É um samba que tem suas qualidades, mas seu tamanho extenso pode acarretar no arrastamento durante o desfile. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).

Muitos alegam que o refrão é plágio de "O Dono da Terra", e o curioso é que o atual presidente da Flor da Mina assina a obra de 99 da escola de uma de suas comunidades vizinhas. A letra contém tanta informação, que de cara não dá para saber que o enredo se trata sobre a história dos transportes no Brasil, mas tem uma melodia interessante e bem gostosa. O glorioso ex-bloco de enredo e berço de um grande sambista faz seu retorno a Sapucaí onde a comunidade do Complexo do Andaraí poderá mostrar a sua força que não fica devendo nada às comunidades vizinhas que compõem várias das escolas de samba mais tradicionais, do Salgueiro, Borel, Macacos e Formiga. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Induliar).

O samba já começa com um plágio do refrão de "O Dono da Terra", que a Unidos da Tijuca apresentou em 1999. O que é suficiente para eu já torcer o nariz para a composição. Apesar disso, o samba tem uma letra descritiva, o que leva a uma fácil compreensão do enredo. NOTA DO SAMBA: 8 (Rixxa Jr).

O enredo árido e o tamanho da letra fazem com que este samba não seja de audição das mais agradáveis. Para piorar, as pouquíssimas variações melódicas não ajudam em nada a diminuir a chatice deste samba. Um faixa como esta mostra os efeitos colaterais do "carnaval técnico" feito para jurado. Não é possível que alguém ache esse samba divertido ou interessante. É apenas mais uma letra explicadinha, um samba para contar o enredo, como se a escola estivesse morrendo de medo de que os jurados tirem ponto. Lamentável. NOTA DO SAMBA: 6,3 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

5 - INDEPENDENTE DA PRAÇA DA BANDEIRA - O enredo sobre o Velho Chico é o mesmo da Mangueira, e tudo indica que a escola irá utilizar as alegorias da verde e rosa em seu desfile. A melodia é uma das piores do disco, com uma bizarra alternância entre notas longas e curtinhas. A letra é pobrinha, e também não empolga. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Cláudio Carvalho).

A letra é muito simples, mas sua melodia pra lá de envolvente e repleta de garra compensa tudo. A excelente interpretação de Leléu também ajuda muito. Agradável de se ouvir, o samba-enredo pode causar polêmica em função do verso "Só a transposição das águas/Vai mudar o seu destino". Diz isso pra aquele frei do Nordeste que fez greve de fome para protestar contra a transposição... NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

A nova força de São João de Meriti no seu segundo ano de Marques de Sapucaí traz para 2006 um belo hino que fala sobre o Rio São Francisco com um enfoque bem interessante. O samba, de letra inteligente, traz uma bonita mensagem, e a melodia lembra a dos sambas antigos que, mesmo simples, ganha beleza. A letra conta com uma interpretação que também lembra os belos sambas do passado. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Induliar).

O melhor samba entre os inéditos do Grupo B e uma prova de que uma fusão - quando bem construída - pode gerar uma excelente obra. A letra traz uma mensagem otimista, de que o Nordeste pode vencer a seca e se tornar viável a partir da transposição das águas do rio São Francisco. Destaque para as excelentes convenções dos batuqueiros da escola de São João do Meriti na gravação da faixa. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr).

Sem sombra de dúvidas, o melhor samba inédito do Grupo B, a única faixa que não é reedição e que vale alguma coisa. A melodia é muito forte e poderosa, principalmente no refrão de cabeça. A letra dá uma escorregada aqui e ali, mas o enredo está bem contado e facilmente entendível. É um bom samba. NOTA DO SAMBA: 8,6 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

6 - LINS IMPERIAL - A segunda parte tem quase o dobro do tamanho da primeira. O uso da expressão ''Brasis'' nunca me agradou, pois nome de país não se fala no plural, além disso soa mal aos ouvidos. Apesar de melodia e letra razoáveis, esse samba também passa desapercebido no CD. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Cláudio Carvalho).

O hino da Lins para 2006 peca pela melodia, reta do primeiro ao último verso. Quando dá a impressão de que ela irá explodir, nada acontece. Deverá cansar o público e, obviamente, se arrastar na avenida. Uma pena, pois fala sobre o meu Estado natal, o Pará. NOTA DO SAMBA: 8 (Mestre Maciel).

A Águia Imperial traz um samba que tem até alguma beleza, porém se mostra sem muito brilho. A letra simples explica bem o que pode-se dizer diferente e inédito do enredo que a verde-e-rosa das redondezas do Meíer traz para 2006. O samba até parece ser bonitinho, mas eu acho que esta obra passa despercebida pelo CD. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Induliar).

A meu ver, a grande decepção do Grupo B. A Lins sempre se caracterizou por apresentar bons sambas, mas este "Arraial da Pavulagem" é um autêntico pula-faixa. Melodia chata, toda em tom menor, e composição sem vibração. A verde-e-rosa do bairro de Lins de Vasconcellos merecia coisa bem melhor. NOTA DO SAMBA: 6,8 (Rixxa Jr).

É um dos poucos sambas que me dão impressão de que os compositores realmente tentaram. A letra é simples, um pouco didática demais, e a melodia é certinha. Entretanto, a fórmula de fazer sambas genéricos está tão interiorizada nos compositores atuais que eles não conseguem fazer algo realmente memorável. É mais um samba que depois de sua audição, não deixa qualquer marca na alma do ouvinte. NOTA DO SAMBA: 6,5 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

7 - IMPÉRIO DA TIJUCA - A Império entrou na onda da reedição, e escolheu um belo samba, que conta a história do bairro que é seu berço. Difícil será adaptar a melodia ao andamento atual dos desfiles. Se você escutar a gravação de 1986, vai entender direitinho o que estou querendo dizer. Além disso, o samba contém um erro de concordância grave em: ''Lugar que Estácio de Sá deu aos jesuítas o direito de ficar''. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Cláudio Carvalho).

Samba magistral, na gravação do CD sua melodia acabou sendo prejudicada pela aceleração da bateria. Se você ouvir a versão de 2006 e depois a original, de 1986, vai sentir muito a diferença. Mas nada que tire o brilho deste maravilhoso samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Mestre Maciel).

Reedição do belo samba da verde-e-branco da Tijuca que, para muitos, merecia o Estandarte de melhor samba do Grupo Especial de 1986 e que acabou indo para a agremiação homônima de Madureira e primeira escola a usar o nome de "Império", que conta a história do bairro que abriga a comunidade da Formiga, como também as do Borel e do Salgueiro que são homenageadas no enredo pela co-irmã. Tem uma linda melodia e bela letra principalmente na primeira parte do samba, onde exalta o passado e a Reserva Florestal da Tijuca. Uma curiosidade é que um dos compositores desta bela obra e consagrado sambista já fora citado mais acima. NOTA DO SAMBA: 10 (Induliar).

Bela lembrança este samba de 1986 que a Império da Tijuca resolveu reeditar. De melodia e estilo clássico, leva a assinatura, entre outros, de dois compositores importantes da história da agremiação: Marinho da Muda e Pedrinho da Flor. A obra perdeu um pouco as nuances harmoniosas devido à gravação acelerada no CD, mas a escola deverá fazer bonito com este samba-enredo de verdade. No período pós-carnaval de 2005, correu o boato de que a escola do Morro da Formiga contrataria Paulinho Mocidade (que já havia desfilado na Imperinho em 1998) para cantar este samba, o que acabou ficando só na especulação. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr).

Apesar da gravação muito acelerada, o samba do "Imperinho" é de uma qualidade tão impressionante que a faixa mantém a simpatia da gravação original. Tecnicamente, é um samba perfeito, irrepreensível. Inclusive, o suposto "erro de português", apontado por um dos colegas em comentário acima, não existe - a concordância está corretíssima. A letra exala o mesmo charme do bairro da Tijuca, contando sua história e suas maravilhas de forma poética e didática ao mesmo tempo, tudo bem amarrado, com um cuidado tocante. Enfim, a escola é outra das favoritas para ascender de grupo, já que possui boa estrutura para o grupo e, este ano, ao contrário de 2005, tem um bom samba, que não prejudicará no julgamento. NOTA DO SAMBA: 9,6 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

8 - UNIÃO DE JACAREPAGUÁ - Refeita da queda em 2005, a União escolheu um enredo inusitado para o carnaval do ano que vem: a Av. Intendente Magalhães, que não só lhe serve de endereço, como também para a Tradição. Os desfiles dos Grupos C, D e E também são lá, como descreve a letra de mais um samba lençol da escola. Só que esse, ao contrário do anterior, é mais fácil de se aprender. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Cláudio Carvalho).

Surpreendendo a todos, Rixxa permanecerá na União de Jacarepaguá mesmo no Grupo B e mesmo encarregado de auxiliar Jamelão na Mangueira. É óbvio que este samba-enredo é muito inferior aos anteriores, marcados pela letra extensa e melodia muito bem variada. Achei que seria um legítimo boi-com-abóbora, mas a interpretação de Rixxa dá a este samba algum valor. Agora, que a letra do refrão principal é algo grotesco, isso não se tem a menor dúvida... NOTA DO SAMBA: 8,4 (Mestre Maciel).

A verde e branco de Campinho resolveu homenagear a estrada onde se destaca o comércio automotivo, onde, junto à Tradição, está também residida, além de abrigar os desfiles das escolas do grupos C, D, E. Uma brincadeira maldosa é dizer "União rumo a Intendente", parodiando o samba sem muito atrativo que a escola traz, samba animado, diferente ao que a escola vinha apresentando no grupo A nos últimos anos. Achei que a interpretação do idolatrado intérprete Rixxa não caiu muito bem ao samba animado que a "arroz com couve" traz para 2006. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Induliar).

Apesar de alguns considerarem como o boi-com-abóbora do Grupo B, este samba, pra mim, resgata a alegria e a malícia que estavam fazendo falta à União de Jacarepaguá. Depois de alguns anos apresentando sambas épicos com letras quilométricas e pretensiosas, a escola voltou à simplicidade com o tema que fala da avenida que lhe serve de endereço, apesar das más-línguas dizerem que a Estrada Intendente Magalhães deve ser o local onde a escola deverá desfilar no ano que vem. O puxador Rhychahs não abriu mão de sua cantoria característica e deu à composição o costumeiro tratamento operístico-grandiloqüente. A meu ver, o samba mereceria um vocal mais gaiato (cairia como uma luva para um Preto Jóia, um Ito Melodia, um Serginho do Porto ou até para o saudoso Carlinhos de Pilares). NOTA DO SAMBA: 9 (Rixxa Jr).

O enredo esdrúxulo, falando sobre a Av. Intendente Magalhães, aliado ao foco no patrocinador, fez com que a escola, que sempre teve fama de trazer bons sambas, apresentasse esse "boizinho" com abóbora. Na verdade, acredito até que os compositores fizeram mais do que se podia esperar. Rixxa torna a faixa mais aceitável, apesar das bizarrices que a letra traz aqui e ali. Realmente, a coisa está feia e a escola parece ter perdido o rumo mais uma vez. NOTA DO SAMBA: 6,4 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

9 - INOCENTES DE BELFORD ROXO - Não vou mudar uma vírgula do que disse nos casos anteriores. Daria dez se estivesse julgando os sambas de 1976, mas estamos em 2006, falando de uma escola que não tem nada a ver com o Império Serrano. Então, me desculpa, mas não dá pra registrar nota máxima. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Cláudio Carvalho).

O clássico de 1976 da Império Serrano ganhou um balanço perfeito na gravação de 2006. O samba, que aparece com muito destaque no CD, é mais uma vez produto de um empréstimo de enredo. Agora, da Império Serrano para a Inocentes de Belford Roxo. Deverá passar redondinho na Sapucaí. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

Muito criticada a opção desta escola da Baixada, que já mudou de endereço desde a sua fundação, de Belfort Roxo para São João de Merití, de São João de Merití novamente para Belford Roxo. A escola é a antiga Unidos de Nilópolis, e fiquei imaginando sobre qual foi a razão da escola pegar emprestado este grandioso samba da verde-e-branco de Madureira. Cheguei à conclusão que talvez a finada Unidos de Nilópolis era apradrinhada pela escola do Morro da Serrinha, e as cores da Unidos de Nilópolis eram a verde e a branca, quem sabe esta seja uma das razões da opção da escola de Belford Roxo pela reedição do samba de 76 do Império Serrano. O samba que conta a história das sereias dispensa maiores comentários, interessante é que o andamento no CD não ficou muito acelerado e ficou muito bem adaptado. NOTA DO SAMBA: 10 (Induliar).

Apesar da execução acelerada, para se enquadrar aos padrões atuais de samba-enredo, este clássico do Império Serrano de 1976 (já gravado também pela cantora Marisa Monte) deverá sacudir as arquibancadas da Marquês de Sapucaí na noite de terça-feira. Destaque para o puxador Tem-Tem, que conduziu bem o samba. Uma pena que é mais uma reedição-cover. Soa estranho para uma escola chamada Inocentes cantar versos como "Toda a corte engalanada/transformando o mar em flor/vê o Império enamorado/chegar à morada do amor". Só por isso, não vai levar a nota máxima. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Rixxa Jr).

A regravação de Marisa Monte tornou o samba do Império Serrano, de 1976, relativamente conhecido. É um samba interessante e foi a reedição mais bem gravada, onde se percebe até alguma ginga na bateria. Entretanto, não é uma obra excepcional, tendo inclusive alguns problemas técnicos de métrica, principalmente na passagem do refrão final, cantado corrido, para o reinício do samba, que é bem mais lento. Entretanto, ainda assim, é muito melhor do que a maioria dos sambas-enredos atuais e ajudará a escola se a galera cantar junto. NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

10 - DIFÍCIL É O NOME - ''Olubajé, a festa da libertação'', é a homenagem da escola de Pilares a Obaluaê, o orixá das doenças e da cura, que carrega consigo os segredos da vida e da morte. Sou suspeito em falar a respeito de sambas com temas afro-brasileiros, mas gosto muito desse hino, apesar da disparidade de tamanho entre as duas partes. É muito mais digno, no entanto, do que reeditar samba da vizinha Caprichosos pra não cair. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Cláudio Carvalho).

Uma verdadeira obra-prima! Não fico surpreso, até porque enredos com temas afro geralmente proporcionam grandes sambas. De melodia envolvente, por muitas vezes chega a lembrar "Orun Ayê", clássico de 2001 da Boi da Ilha. Lembrando que este samba é uma reedição da própria escola do tema apresentado em 1994, quando a Difícil é o Nome conquistou o título do Grupo B do carnaval daquele ano. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

Reedição do samba de 94 da vermelha-e-branca de Pilares que, na ocasião, com o carnavalesco Paulo Menezes, levou a escola do que é o atual Grupo de Acesso B para o A. Um samba que era desconhecido pela maior parte dos amantes do samba surpreende pela sua qualidade. A letra fala de forma simples o enredo que exalta o orixá da cura e da doença. A melodia também simples e interessante dá um grande brilho à esta bela obra que tem uma grande força. Só pôde vir ao conhecimento da maior parte dos sambistas pela idéia tão criticada que é a reedição de sambas. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Induliar).

Este samba apresentado em 1994 era uma pérola que estava escondida e impressiona pela qualidade da composição. Por ser desconhecido de mais de 95% do público de carnaval, tem gosto de obra nova. O samba roga por paz, por esperança e por um mundo melhor ao orixá Obaluaiê, ao mesmo tempo em que descreve a festa em celebração à divindade afro. Um estilo que lembra "Águas claras para um rei negro", da Grande Rio, em 1992. NOTA DO SAMBA: 10 (Rixxa Jr).

Esta talvez seja a reedição mais válida em matéria de registro fonográfico, uma vez que este samba foi utilizado pela escola no Grupo B, em 1994, quando foi campeã. E é um ótimo samba, com aquela pegada e aquele fascínio que todos os bons sambas-enredo de temática "afro" têm. E é interessante também porque a escola resgata sua história e faz uma opção mais artística do que as co-irmãs, uma vez que certamente o samba não foi escolhido por sua popularidade com o público. Bola dentro. NOTA DO SAMBA: 9,2 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

11 - UNIDOS DE LUCAS - Esse ano, os componentes do Galo de Ouro acharam que a escola iria cair, e desfilaram sem compromisso. Ajudados pelo belíssimo samba, fizeram o desfile mais empolgante da terça-feira gorda, fechando com chave de ouro o carnaval carioca. Em 2006, a escola virá com outro samba reeditado, ''Lua Viajante'', que fala sobre Luiz Gonzaga. Em 82, esse foi um desfiles mais comentados do Acesso, e a escola aposta que o mesmo se dará agora. Tá tudo muito bem, tudo muito bom, mas é muito difícil não acreditar que a escola está reeditando por medo de não cair. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Cláudio Carvalho).

Foi a regravação que menos gostei. O samba-enredo é um dos melhores da história do carnaval, mas ganhou um tom marcheado demais. O agudo exagerado em vários versos, inexistente na versão original, não me agradaram muito. Edmilton di Bem conduz com competência o samba, o que não é novidade, mas o excesso de agudos comprovam a nova temática do carnaval, que está quase extingüindo as obras-primas em tom menor, maneira como era cantado o samba por Abílio Martins na versão de 1982. É o favorito para levar o bi no Prêmio Sambanet de melhor samba. Mesmo com as críticas sobre a gravação para 2006, "Lua Viajante" ganha nota dez por ter totais créditos comigo, pois considero este um dos melhores sambas de todos os tempos. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

Lindo samba, samba antigo que foi muito bem adaptado para os padrões atuais na gravação do CD. Pessoalmente prefiro a gravação do disco do Grupo de Acesso 82 que conta com a presença do homenageado pelo tradicional Galo de Ouro da Leopoldina. Um dos melhores sambas, se não o melhor do CD na opinião geral. Falam muito que a escola é uma das favoritas a cair para o Grupo C, mas, se a comunidade de Parada de Lucas fizer o que sabe, pode repetir o mesmo sucesso da reedição do maravlhoso "Mar Baiano em Noite de Gala". NOTA DO SAMBA: 10 (Induliar).

Apesar de eu ser fã tanto deste samba quanto do estilo de Edmilton di Bem, acho que a gravação de "Lua viajante" (ao contrário do que ocorreu no ano passado com "Mar baiano em noite de gala") não caracterizou num casamento perfeito entre cantor e música. O intérprete modificou algumas notas e o samba ficou bem acelerado para o meu gosto. Prefiro a imbatível versão de 1982, na voz do legendário Abílio Martins e do homenageado Gonzagão. Apesar disso, o samba deverá levar a nota máxima. É curiosa a situação do Galo da Lepoldina: há 24 anos, quando apresentava este mesmo enredo, a Unidos de Lucas brigava pelo título do Segundo Grupo para ter direito a subir para o Especial. Hoje, vai recorrer a este belo samba para tentar se manter no Grupo B. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Rixxa Jr).

Lucas reedita mais uma vez e, se quisesse, poderia reeditar por mais alguns anos - é a escola do Grupo que, sem sobra de dúvidas, tem a maior quantidade de grandes sambas de enredo. Depois de se salvar da degola em 2005 com a reedição do samba de 1976, a escola resolveu agora escolher o samba de 1982, um dos melhores sambas da história dos grupos de acesso. O objetivo é o mesmo - superar todos os problemas de estrutura e de dinheiro com garra e samba no pé para, quem sabe, se manter no Grupo B. Não sei se dois raios podem cair no mesmo lugar, mas resta a torcida. A gravação original contava com a curiosa presença do homenageado, Luiz Gonzaga, confirmando os fatos contados no samba. A deste ano não é tão boa - o intérprete Edmilton di Bem, que costuma ter boas participações nos CDs, canta gritando o tempo todo. Mas foi uma escolha bacana por resgatar um belíssimo samba, de conhecimento de poucos. NOTA DO SAMBA: 9,5 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

12 - UNIÃO DO PARQUE CURICICA - Se eu disser que o samba é ruim, vai chover e-mail de associações de GLS me chamando de preconceituoso, mas é mesmo, que vou fazer? Se serve de consolo, não é pior do que o de 2004, o que não o isenta de nada. É uma marchinha, mal distribuído, e que ainda por cima faz merchandising barato. NOTA DO SAMBA: 7,7 (Cláudio Carvalho).

A introdução instrumental, com belos acordes do cavaco, é de intenso agrado. O tema é original: gays e o movimento GLS. Por isso, o samba que a Curicica apresenta para 2006 é o mais apropriado impossível para o enredo. A animação também é bastante combinativa. Os dois refrões chamam a atenção, mas há uma grande diferença de tamanho entre a primeira e a segunda parte. Na versão concorrente, o verso "Eva e Adão no paraíso" era cantado como "é viadão no paraíso", um perfeito duplo sentido bem bolado pelos compositores. Mas, na gravação, a cacofonia foi deixada de lado para evitar mais polêmicas. Destaque também para a lembrança de Roberta Close no verso "Dá um close nela, é ele ou ela". Vamos ver se a dita cuja participará do desfile, o que acho difícil, pois ela (ou ele) não quer mais saber da mídia e vive bem em seu canto na Europa. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Mestre Maciel).

Um enredo polêmico, curioso e contraditório a azul, vermelha e branca de Jacarepaguá traz para 2006. É bem verdade que não se dava para esperar uma obra que se destacasse na safra. É bem animada e tem no mínimo passagens divertidas como "Amor que pinta quando bate fica", "E a Curicica mata a cobra e mostra o pau" e principalmente na segunda parte do samba onde se têm menção aos gaúchos pelo caco "TRI LEGAL" no verso "Ô da gravata, deixa de graça/Assuma logo a sua posição/Dá um close nela, é ele ou ela?/Essa é a vida que eu sempre quis/Na onda do arco-íris/Passei por baixo e fiquei feliz". Se o gênero samba-enredo e as escolas do Grupo B tivessem alguma projeção, esta obra poderia vir a ser conhecida a nível nacional e se tornar um verdadeiro símbolo da luta GLS, mas, infelizmente, o "grito" vai se encerrar junto ao carnaval no sambódromo. NOTA DO SAMBA: 8 (Induliar).

O samba da União do Parque Curicica, que presta uma homenagem à comunidade GLS, promete resultar num dos mais animados e polêmicos desfiles do Grupo B. A letra, recheada de frases de duplo sentido, é criativa e bem construída, brincando com trocadilhos e ditados populares. O samba é leve, brincalhão e animado, bem no espírito do que o enredo propõe. O desfile se encerrará em alto astral, com muita pluma, paetê e purpurina. Vai ser "babado". NOTA DO SAMBA: 9 (Rixxa Jr).

Um dos sambas mais estranhos da história. O enredo, tratando de um tema polêmico, deu origem a uma marchinha animada, porém de versos inacreditavelmente bizarros como os citados pelos colegas de SAMBARIO. O refrão é de um mau gosto sensacional "Quem pode, pode, e tem poder de sedução/No velho mundo a orgia era geral/GLS é movimento mundial/E a Curicica mata a cobra e mostra o pau". Até agora, não dá para entender se a escola está homenageando ou sacaneando a comunidade GLS ao exaltar os clichês do mundo gay de forma escrachada. Provavelmente, será um dos desfiles mais divertidos do ano, mas o samba grita, vestido numa mini-saia cor de rosa, "boi com abóbora". NOTA DO SAMBA: 5,9 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba

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