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Os sambas de 1998

Os sambas de 1998

A GRAVAÇÃO DO CD - No último ano em que o CD foi gravado ao vivo, prevalecem no início de algumas faixas (Viradouro, Mocidade, Beija-Flor, União da Ilha e Caprichosos) um pequeno show da bateria para depois o samba ser iniciado. Pela primeira vez a ordem dos sambas no CD era estabelecida de acordo com a colocação de cada escola no desfile do ano anterior (vem sendo assim até hoje, antes a ordem era aleatória). A gravação deixou os sambas como se estivessem sendo apresentados ao vivo na quadra ou na avenida. De todos os seis discos gravados no Teatro de Lona (de 1993 a 1998), esse é o que a bateria menos se destaca. Aparece arrebentando no começo das cinco faixas descritas acima, mas durante os sambas ela já se mostra discretíssima em relação aos discos dos anos anteriores. O teclado ao som de violino aparece de vez em quando e quem se destaca na gravação é o cavaco, sobretudo na faixa da Imperatriz, onde o cavaco simplesmente abafa o som da bateria. Aparecem com destaque também os alusivos das escolas, que chegam a ocupar mais de trinta segundos no começo das faixas. A voz dos intérpretes junto com o coro (reforçadíssimo) soam com um pouco de eco, dando um total clima de gravação ao vivo. De um modo geral, os sambas de 1998 não chegam a ser extraordinários, mas são bons. E é óbvio que temos de lamentar a inexplicável ausência do samba do Salgueiro no disco. A escola brigou com a gravadora BMG e lançou um disco independente para lançar o seu samba-enredo de 1998. Esse foi um dos fatores que fez com que as vendas do CD de 1998 fossem um total fracasso. Tais acontecimentos acarretaram na mudança da gravação do CD do ano seguinte do Teatro de Lona para o Estúdio. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (Mestre Maciel).

O CD de 1998, como todos os gravados "ao vivo", tem um andamento acelerado demais, o que acaba prejudicando o ouvido menos treinado a entender as variações melódicas do samba. Além disso, a produção, cheia de fru-frus desnecessários (o que iria se acentuar ainda mais no ano seguinte), torna o som muito carregado. Aliás, esse é um ponto que deveria se discutido pelos responsáveis nas gravações dos sambas, porque torna mais cansativa a experiência de escutar os CD's de samba-enredo - é muita informação para o ouvinte ter de assimilar. A reverberação acentuada na voz dos intérpretes, no entanto, é um ponto positivo, ressaltando o entendimento da letra diante de tanta poluição sonora. A safra é boa, com algumas jóias que, em tempos mais antigos, poderiam se tornar antológicas, como os sambas da Beija-Flor e Portela. Até a de 2005, a de 1998 tinha sido a última que não se configurara um desastre. Lamentável a ausência do samba do Salgueiro do CD, que foi comercializado em um produto a parte, com produção afetada, que tornou o samba inaudível. Fez falta, também, o Império Serrano, que se encontrava no Grupo de Acesso, mas que trazia neste ano um dos melhores sambas da escola nos últimos tempos. NOTA DA GRAVAÇÃO: 6 (João Marcos).

O CD de 1998 é muito bom, sendo a primeira vez que a ordem das faixas aparece na ordem das colocações do ano anterior (o que é mantido até hoje). A gravação foi feita ao vivo, assim como nos anos anteriores. Em 1999, passaria a ser em estúdio. O som da bateria prevalece bem, apesar de não aparecer tanto como no disco de 1997. Talvez seja a clara pressão do coro cadenciadíssimo (algo muito bom!) e dos inúmeros arranjos líricos, como o teclado e os violinos (algo bonito, mas não tão bom...). Os tamborins são os instrumentos mais audíveis, além das caixas e cuíca estarem muito presentes. A gravadora faz prevalecer a voz dos intérpretes, do mesmo jeito que os demais CDs dos anos 80. Faz questão que a gente entenda cada palavra que o cantor diz. Mas o grande destaque do disco são os showzinhos das várias baterias de diversas escolas nas faixas, antes do samba começar a ser cantado. Esses showzinhos estão presentes nos sambas da Viradouro, Beija-Flor, União da Ilha, Caprichosos e Tradição. Porém, sem a menor dúvida, a melhor de todas é a da Mocidade, com os Herdeiros de André arrebentando a boca do balão! A safra é excelente. Entre os sambas, temos os inesquecíveis "Orfeu, o negro do Carnaval", "Chico Buarque de Mangueira", "Quase no ano 2000", "Lágrimas, suor e conquistas no mundo em transformação", além do belíssimo samba da Beija-Flor. O samba do Salgueiro também é muito bom, mas ficou de fora do CD por uma briga com a BMG. O presidente Miro Garcia decidiu fazer um disco avulso, com o samba-enredo e músicas de Parintins (visto que a cidade era o enredo). Curiosidade: a introdução de arranjos da faixa da Mocidade (depois do show da bateria) é a mesma da Grande Rio, sendo a da escola de Padre Miguel mais forçada. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (Gabriel Carin).

O CD, apesar de ter sido gravado num andamento rápido, apresentou grandes obras como os sambas de Viradouro, Mangueira, Beija-Flor, Portela, Vila, Ilha e Caprichosos, e as baterias dando um show com paradinhas muito bem desenvolvidas. O Salgueiro, que brigou com a BMG, não esteve no CD, embora tenha produzido um álbum que não deixou a desejar. Este CD é um dos que mais ouço, pois além de ser de boa qualidade, foi o último gravado ao vivo no Teatro de Lona. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,5 (Bruno Lemos Surcin).

O CD de 1998 traz o último bom momento das gravações. Depois dele, todos os registros de sambas de enredos ficaram chatos e repetitivos. Nessa gravação podemos ouvir as baterias com perfeição, onde a voz do intérprete não é tão abafada pelo coral e um showzinho de cada bateria em algumas faixas. A safra de 1998 é boa, nada antológico, mas com algumas obras que lembramos até hoje, como a da Portela, Viradouro e Unidos da Tijuca. Essa última mais pelo apelo popular do enredo. No geral, um bom CD. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Bruno Guedes).

1 - VIRADOURO - É o samba mais famoso da escola devido ao refrão para lá de popular "Hoje o amor está no ar/Vai conquistar seu coração...". Um samba animado e gostoso de se ouvir, bem puxado por Dominguinhos da Estácio, intérprete que dispensa comentários. Embora tenha uma melodia contagiante e seja praticamente uma unanimidade entre os bambas e um dos sambas-enredo recentes mais conhecidos, francamente eu acho que este samba enjoa fácil. Eu, por exemplo, faz um bom tempo que não o ouço. Mas é um samba maravilhoso! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

Gosto muito deste samba. Sua melodia é bem marcante, com boas variações que caíram na graça dos carnavalescos em geral. A letra possui alguns clichês e deixa a desejar pulando algumas partes importantes do tema. É um dos poucos sambas que caíram na boca do povo em geral. Até quem não é de carnaval ainda canta o refrão deste samba até hoje. Numa época em que os sambas estão descartáveis, este samba ficou na memória de todos. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim).

É um samba moderno - e falar isso de um samba não é elogio. Não tem aquela coisa de arte popular, de inspiração do sambista. Parece mais um jingle, elaborado para ficar na mente, para vender o produto, para angariar a simpatia do ouvinte... mas não me agrada. Evidente que não tem graves problemas técnicos, mas eu sempre espero que o samba enredo tenha uma qualidade transcendental, eterna, que este, definitivamente, não tem. É melhor que o samba do ano anterior, trilha sonora do único título da Viradouro no desfile do Rio, é o mais popular, mas não é o melhor da escola. É um samba comercial, como o carnaval de hoje. NOTA DO SAMBA: 8,7 (João Marcos).

"Orfeu" é um dos mais famosos sambas-enredo da Viradouro e é de longe o melhor. Sua a letra é PERFEITA!!! Não tem nenhuma falha, o que muito bizarro depois de 26 anos da morte de Silas de Oliveira e vindo de uma escola emergente como a Viradouro. As rimas são excepcionas! O que dizer de rimar "talento" com "reconhecimento", "fatalidade" com "saudade" e com "eternidade", ou então "desilusão" com "paixão". O uso de palavras complexas chama mais atenção que as rimas. Gilberto Gomes, R. Mocotó, Gustavo, P. C. Portugal e Dadinho mostram que são mesmo gênios! São termos muito difíceis de se trabalhar e eles fizeram o maior milagre da história dos sambas-enredo modernos. E isso tudo sem ser trash em nenhum momento! Ultrapassa em muito o samba do ano anterior. A melodia (aceleradinha) também é muito envolvente! Foi o casamento perfeito de uma letra sem falhas com uma belíssima melodia. Os dois refrões, além de belos, foram feitos para cair na boca do povo e foi exatamente o que aconteceu. Quem não se lembra do refrão "Hoje o amor está no ar/Vai conquistar seu coração..."? A obra-prima é cheia de momentos perfeitões como "Eurídice, o verdadeiro amor/Do vencedor por aclamação geral/Da escola de samba do morro/Que vai decantar nos seus versos/A história do carnaval" ou "Tem no seu talento, reconhecimento/Num desfile magistral/O Grêmio do morro venceu/E o samba do negro Orfeu/Tem um retorno triunfal". Afirmei agorinha só as minhas partes favoritas. Como o samba-enredo é perfeito, não existe trecho ruim. O começo da obra lembra um pouco o samba de 1994, que por sinal também é excelente. Compare: "Lá, onde a vida faz a prece/E o Sol brilhante desce para ouvir/Acordes geniais de um violão" com "Amor, amor, amor.../Sou a viola de cocho dolente (...)". Ambos exaltam o sentimento profundo dos sambistas. Pelo menos, "viola de cocho dolente" faz lembrar "acordes geniais de um violão". Destaque para o entrosamento perfeito de intérprete-coro-bateria. Sinistro! Além disso essa é a faixa do CD, que mais dá para identificar a presença de vozes femininas no coro. Nas demais músicas, o coro é "unisex", ou seja, é tão misturado que a gente não consegue identificar quem é homem e quem é mulher. Dominguinhos se firma como puxador depois do campeonato de 1997. Muito lindo! Só não dou mais de 10 porque não pode! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin).

Bom samba, com melodia rica e de fácil associação. O refrão marcante até hoje reflete a grande obra, muito bem interpretada por Dominguinhos do Estácio. É o mais famoso da escola e um dos que mais ouço deste CD. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Lemos Surcin).

O samba mais conhecido da escola de Niterói. O refrão principal é lembrado até hoje: Hoje o amor está no ar/Vai conquistar seu coração”. Também é a primeira de oito vitórias de Gusttavo Clarão e cia., na agremiação. Um samba com melodia envolvente, que não tem como ficar parado, traz uma variação melódica lindíssima na segunda parte. Os dois refrões são bastante fortes, assim como a letra que traz boas saídas e poesia. Dominguinhos do Estácio e Mestre Jorjão repetem o bom entrosamento que rendeu o título do ano anterior. O CD começa com uma sambão, vale repetir várias vezes a faixa. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Bruno Guedes).

Um grande samba, a primeira vez que ouvi não gostei muito, mas agora ouço muito. Prefiro a gravação do CD do Especial de 2002, não gosto muito dessa. Ele tem um refrão principal de muita qualidade, chamando para o público cantar. A primeira parte é toda "pra cima", excelente. O refrão central também é muito bom. A segunda parte tem uma melodia muito boa, conseguindo ser melhor que a primeira. É com certeza absoluta o melhor da história da Viradouro, apesar do maravilhoso de 2006. NOTA DO SAMBA: 9 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

2 - MOCIDADE - Samba chato e de melodia comum. O hino da Mocidade de 1998 peca pela falta de originalidade melódica. E, além de ser comum, ela também é bem chatinha. Na minha opinião, um dos piores sambas da história da escola. A melhor parte da faixa da Mocidade do CD de 1998 é, sem sombra de dúvida, o empolgante show da bateria dos Herdeiros de André no início da faixa. É exatamente este show da bateria que já chegou a compor o fundo musical no momento em que a TV Record anunciava os patrocinadores da emissora nas transmissões de futebol. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Mestre Maciel).

Um tema abstrato acabou por dar fruto a um samba bastante fraco, com muito pouco conteúdo. A melodia deste samba da Mocidade não tem nenhum brilho. Na avenida o samba não aconteceu, bem como o desfile da escola. NOTA DO SAMBA: 7 (Franclim).

Mais um samba pavoroso para a galeria de Padre Miguel. É impressionante como uma escola tão grande e forte como a Mocidade não consegue apresentar bons sambas. Geralmente, quando a Mocidade apresenta um samba ao menos mediano, é campeã ou vice. Este é um punhado de clichês entoados junto a uma melodia genérica e os costumeiros ÙÙÙÙs de Wander Pires - os famosos vibratos que sempre estragam suas interpretações. Vibrato quem fazia bem era Aroldo Melodia. Colocar isso em samba sem sair forçado não é para qualquer um, Sr. Wander. NOTA DO SAMBA: 6,4 (João Marcos).

Assumo que já não gostei desse samba. Eu achava sua melodia "melosa" e sua letra "enfrufruzada". Mas passei a prestar mais atenção nos bons momentos da obra, como o refrão "Amor, vou te levar/Nesse mar de alegria/Iluminado vou na paz da estrela guia". Na verdade, o problema da faixa é que os arranjos são muito enjoativos, assim como a interpretação de Wander Pires. Pra completar, ele não funcionou bem na avenida. O desfile hi-tech do mestre Renato Lage deixou a escola muito fria na avenida, apesar dos esplendorosos carros e fantasias. Resultado: 6º lugar. Isso depois de um campeonato e um vice. A Mocidade também ressentia a perda do patrono, o bicheiro Castor de Andrade. Mas a obra é coadjuvante na própria faixa. Excelente mesmo é o showzaço da bateria! Os tamborins e as cuícas deixam a música eletrizante. Só quero deixar bem claro que talvez o samba seja horrível e a ficha ainda não caiu para mim. Influência talvez da minha paixão pela Mocidade da "era Renato Lage", época em que a escola entrava sempre linda na Sapucaí e incendiava a galera; ou talvez do meu gosto pessoal por astronomia, já que o enredo é sobre estrelas. Cada um tem sua opinião! Até agora, a minha é positiva. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

Mediano, porém peca pela falta de originalidade na melodia. Podia ter sido mais bem desenvolvido. NOTA DO SAMBA: 8,4 (Bruno Lemos Surcin).

Um bom samba, mas que enjoa. A melodia é muito arrastada e a letra não traz nada inovador, o que acaba por cansar os ouvidos. A escola se arrastou na Avenida... E é uma pena porque não é uma obra ruim, apenas faltou capricho na melodia e mais requinte na letra. Os refrões não tinham a explosão característica da Vila Vintém. Wander Pires está bem postado no CD e a bateria de Mestre Coé dá um baile no início da mesma. É a introdução mais famosa entre todas do carnaval carioca e já foi usada por diversos compositores para a gravação de sambas concorrentes. No mais, ficou devendo em 1998 a Mocidade. NOTA DO SAMBA: 9 (Bruno Guedes).

Até hoje não entendo porque que criticam esse samba, é maravilhoso. A introdução é muito boa, com Wander Pires cantando o refrão principal. Agora vamos falar do samba: o refrão principal é muito bom, passa rápido, não é enjoativo, dá gostinho de quero mais, junto com o da Vila Isabel de 1996: "Bailando na avenida minha Vila Isabel/ Faz o Grenal mais bonito/ Com Lupícinio e Noel". A primeira parte é muito boa. O refrão central também é ótimo. A falha do samba: a segunda parte. A parte do Cruzeiro do Sul é péssima. Sei dos defeitos desse samba, mas continuo adorando. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

3 - MANGUEIRA - O alusivo "Oh, Mangueira, pra você eu cantarei a vida inteira" cantado por Eraldo Caê (o principal auxiliar de Jamelão, responsável pelos cacos na faixa) e pelo coro é belíssimo. É uma excelente introdução para um bonito samba, que animou e conquistou a Sapucaí. Embora eu ache que a letra do samba poderia ser melhor, é um hino que tem total cara da verde-e-rosa e de Jamelão, que deu um show (que novidade...) e levou o Estandarte de melhor intérprete (puxador, não!). O hino mangueirense de 1998 é um autêntico samba de enredo: animado, envolvente e com letra e melodia simples. Ajudou a escola a conquistar o título (dividido com a Beija-Flor) depois de onze anos de jejum. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Mestre Maciel).

Fazendo uma análise rápida, chega-se a conclusão que este samba da Mangueira é de boa qualidade. Mas quando se sabe que o tema da escola é Chico Buarque, conclui-se que o samba é muito fraco para tal. Chico Buarque merecia um samba com muito mais poesia, com mais melodia, enfim, um samba bem melhor. Na Sapucaí, o samba funcionou perfeitamente, e o peso do homenageado acabou sendo decisivo para o título da verde-e-rosa. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim).

Nelson Dalla Rosa, Vila Boas, Carlinhos das Camisas e Nelson Csipai replicaram com perfeição a fórmula de Hélio Turco e, por isso, conseguiram fazer um samba de boa qualidade, que caiu no gosto do público. A letra, apesar de simplória, tem uma coisa interessante que é não ser apenas uma enumeração das obras de Chico, mas uma homenagem de verdade, contando a história do artista sinteticamente e exaltando suas características pessoais. A melodia é simples e envolvente. O samba funcionou com perfeição no desfile, levando a Mangueira ao título. A escola não foi a mais técnica, mas foi a do povo, como nos anos 80... NOTA DO SAMBA: 9 (João Marcos).

Clássico mangueirense, muito criticado pelo fato de ter sido feito por um grupo de compositores paulistas. Eu particularmente o considero fascinante. A letra assimila de forma poética toda a trajetória artística de Chico Buarque com suas grandes obras musicais. A melodia é riquíssima e vai cativando o ouvinte a cada variação. O refrão de cabeça possui uma levada maravilhosa na dupla-repetição do termo “Ô iaiá”, o que o torna intensamente explosivo. Já o central, foi todo metrificado para gerar um jogo de palavras muito funcional em suas rimas. Na avenida, ajudou a Mangueira a consagrar mais um título, que, na minha opinião, foi extremamente merecido, visto que a agremiação realizou um legítimo desfile de escola de samba, priorizando mais a emoção do qualquer outra coisa, tal como nos tempos do carnavalesco Júlio Mattos. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Gabriel Carin).

Como o nosso amigo Mestre Maciel disse, o alusivo que o Eraldo Caê canta junto com o coro é um dos mais emocionantes que eu já escutei como entrada de faixa. Falando do samba, ganho por uma parceria vinda de São Paulo, apresenta uma boa melodia, verdadeiramente um samba enredo digno de Mangueira, com destaque pro Mestre Jamelão e Eraldo Caê que gravaram esta obra. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Lemos Surcin).

Compositores paulistas campeões na Mangueira, provando que São Paulo dá samba sim, e não só café como cantou Noel Rosa. Sambão. O refrão é marcheado, mas muito forte. A letra simples ajudou a boa melodia daquele que seria o melhor desfile junto com a Viradouro, em 1998. Um belíssimo alusivo de Eraldo Caê no início da faixa traz uma bateria muito agressiva e um Jamelão inspirado. Campeã com sobras e justiça. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Bruno Guedes).

Nunca gostei desse samba, acho animado demais. O alusivo é ótimo. O refrão principal é até bonzinho, mas de estilo que eu não gosto: "Ô IAIÁ... Ô IAIÁ...". A primeira parte é muito boa, apesar de ser muito rápida. O refrão central é maravilhoso: "É o Chico das Artes... o gênio/ Poeta Buarque... boêmio/ A vida no palco, teatro, cinema/ Malandro sambista, carioca da gema". A segunda parte também é muito boa. Reconheço que esse samba é muito bom, mas não simpatizo com ele. NOTA DO SAMBA: 8 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

4 - BEIJA-FLOR - A introdução é fantástica, com uma excelente demonstração do que a bateria da Beija-Flor é capaz de fazer (dar show, naturalmente). E ao som instrumental de Deusa da Passarela ("Beija-Flor minha escola/Minha vida, meu amor") no cavaco, Neguinho faz um emocionante discurso à nação nilopolitana. Entre suas palavras, ele diz "Unida, com muita força, em busca desse título tão sonhado". O discurso do intérprete deu sorte, pois "o título tão sonhado" veio (dividido com a Mangueira, é verdade) depois de quinze anos de jejum. Quanto ao samba, é simplesmente um dos melhores da história da escola. Ele é a cara da escola, de melodia pesada, vibrante e envolvente. É um sambaço, agradável de se ouvir e de cantar. Está entre os três melhores do ano, ao lado dos sambas da Portela e da União da Ilha. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

Um dos grandes sambas da década de 90. Envolvente desde o começo, este samba canta um enredo difícil, mas com maestria. Letra rica em conteúdo, sem deixar nenhum fato do compelxo tema de fora. Melodia perfeita. No desfile, o samba da escola não passou bem, se tornando cansativo. Incrivelmente, a Beija Flor chegou ao título. Mas o samba é uma obra-prima. NOTA DO SAMBA: 10 (Franclim).

Foi só a Beija-Flor caprichar um pouquinho em samba-enredo para sair do jejum. Belo samba, pesadão, longo, com boa letra e melodia fortíssima. Tecnicamente, é excelente, um dos melhores da história da escola. O grande problema desse samba, como da maioria dos sambas modernos, é que a sinopse obscura levou a uma letra obscura, de difícil entendimento, apesar de retratar o enredo com perfeição. Talvez seja por isso que os sambas de hoje não façam tanto sucesso como os de antigamente - o povo não compreende o que está sendo passado pela escola. Mas a tarefa dos compositores foi cumprida com perfeição. NOTA DO SAMBA: 9,8 (João Marcos).

Depois de anos sem títulos, a escola inicia aí uma nova era nos sambas-enredo cariocas. Antes de 98, a escola apostava em marchas-enredo e em sambas sem brilho relevante (apesar de bons!!!). A escola, a partir desse ano, decidiu apostar em sambas muito pesados, em tom menor, de letras gigantes e variações complexas. Como essa fórmula não tem um nome característico, chamo-os de "sambas-lençol do século XXI", pois são músicas complexas e imensas, mas tem o seu ar moderno. E não foi só nos sambas-enredo que a escola se modificou! Com a saída de Milton Cunha, a Beija-Flor tornou o espírito de comunidade muito mais ativo. A partir desse ano, quem desfila não é a Beija-Flor, e sim todo povo nilopolitano! Laíla decidiu unir vários nomes que trabalharam como ajudantes de inúmeros carnavalescos já famosos e formar uma "comissão de carnaval". E pelo jeito a idéia do mais famoso diretor de harmonia do Brasil foi muito bem-sucedida, tanto que a escola foi campeã (junto com a verde-rosa). Se em 1996 houve o "Muda Mangueira!" do Elmo, em 98 houve o "Muda Beija-Flor!". Quanto ao samba da "nova era", é excelente! O início da faixa é cheio de emoção. Tem um showzinho excelente da bateria, o discurso magistral de Neguinho em prol do campeonato e o coro entoando "É Beija-Flor! É meu amor!", até que, lá pro um minuto de faixa, o samba-enredo começa a ser cantado. Há um casamento perfeito de letra com melodia. Os dois refrões são sensacionais e as variações melódicas foram muito bem-feitas. Poderia ser chamado também de "A criação do mundo na tradição caruana" (o nome do enredo de 1978, só que era da "tradição nagô"). É uma obra que começa muito bem ("Contam que no início do mundo/Somente água existia aqui/Assim surgiu o girador, ser criador/Das sete cidades governadas por Auí"). A primeira parte da obra fala o sobre a criação do girador e das cidades de Auí. A segunda é mais uma exaltação ao povo e a cultua do Pará. O trecho que eu mais gosto é "Anhangá representa o mal/Evoque a energia de Auí/Pra vida sempre existir/Oferenda ao mar pra isentar a dor/Com a proteção dos caruanas Beija-Flor". Um dos melhores sambas-enredo da história da escola, sem a menor dúvida! Curiosidade: foi o primeiro ano do mestre Paulinho na bateria. Só pra constar, Joãozinho 30 não gostou do campeonato. Deu os parabéns para a Mangueira e ao trabalho do Louzada, porém alegou o título da Beija injusto. Realmente, João, a escola ganhou pela garra dos componentes, e não por beleza ou emoção. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Gabriel Carin).

Outra entrada de faixa emocionante, com Neguinho dando aquele discurso além de emocionante, verdadeiro, porque a escola é unida e a bateria dando um show, realmente é de chorar!!! O samba apresenta melodia pesada, porém com a cara da Beija-Flor. Muito bom de se escutar. Sem dúvida, um dos melhores do ano. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Lemos Surcin).

Nascia a era dos sambas de enredos em tom menor da escola de Nilópolis. Uma apresentação linda da bateria no início da faixa seguido de uma convocação do Neguinho da Beija Flor à comunidade Nilopolitana, dava o tom do que viria por aí. Um samba com alguns nomes complicados de cantar, mas letra excelente e uma melodia forte, iniciou a era dos sambas “Estilo Beija Flor”. O destaque fica por conta do refrão principal. Ninguém esperava, mas a escola com um desfile certinho levantou o caneco. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Bruno Guedes).

Com certeza o melhor do CD, com certeza o melhor da Beija-Flor, com certeza o melhor de triênio 96/97/98... É todo uma maravilha. Refrão principal: excelente. Primeira parte: excelente. Refrão central: excelente. Segunda parte: sem adjetivos. Lindo, adivinha a nota? NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

5 - PORTO DA PEDRA - Marcha-enredo animada, de letra coloquial e irônica. Particularmente, não gosto muito deste samba. As críticas aos jurados dos desfiles são evidentes, pois os pontos roubados da escola são considerados "um assalto", bem dentro do contexto do enredo. Prova disso está em versos como "Foi condenado por querer ser campeão" e "O culpado fez o bem/O inocente o mal/Todo mundo é jurado neste carnaval". Wantuir mantém a média, mesmo cantando um samba que não é do seu estilo. Embora a letra coloquial caracterize a animação do samba e a proposta do enredo, eu ainda acho que ela poderia ser um pouco mais criativa em versos como "Para ter felicidade não precisa assaltar", "Porto da Pedra está aí pra te levar" e "Então se liga". Os jurados assimilaram a crítica da escola, mas pegaram pesado: rebaixaram a escola, até então promissora (vinha de um quinto lugar no ano anterior) em último lugar. Até hoje os bambas consideram o seu rebaixamento neste ano uma injustiça, ou seja, a Porto da Pedra "foi condenada por querer ser campeã". NOTA DO SAMBA: 7,8 (Mestre Maciel).

Samba cuja letra explora bem o tema irreverente da escola, com termos que tem claramente um segundo sentido no samba, como no refrão do meio "...o culpado fez o bem, o inocente o mal, todo mundo é jurado nesse carnaval..." falando claramente do Carnaval de 97, quando a escola foi aclamada por muitos como a campeã. A melodia do samba puxa descaradamente para a marcha, tornando o samba cansativo. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Franclim).

Sacanear jurado pode ser catártico, mas não é uma boa estratégia. Se o Império Serrano, que é o Império Serrano, se deu mal em 1992, com a maior esculhambação de jurado da história, sempre com a costumeira precisão cirúrgica ("Sou Império, sou Patente / Só demente que não vê / Do samba sou expoente / Abra meu livro, pois tu sabes ler ...), quanto mais a Porto da Pedra, sem qualquer tradição no Grupo Especial. E a Porto da Pedra estava reclamando de barriga cheia, porque tinha tido uma colocação boa demais para o desfile que tinha feito no ano anterior. Agora, se quer esculachar, tem de ter cacife. A escola fez um desfile ruim, ao som de uma marchinha péssima, de letra fraca e melodia pior ainda. NOTA DO SAMBA: 5,9 (João Marcos).

O refrão "Foi condenado por querer ser campeão" com certeza é o que esse "samba" tem de melhor. A obra da Porto de 1998 é muuuuuuuito ruim! O que você entende de um trecho assim "As cebolinhas tem boi na linha/Cuidado com o trem pagador"? A outra coisa bisonha é "Vamos acender a luz, é pra já/Vida de maracutaia, não, não dá". Acender a luz? Que luz? E por botaram um trash "é pra já" depois? Começar um samba-enredo com "Alô rapaziada!" é suicídio. Pior ainda quando colocam um "A vida é uma longa caminhada", que não tem absolutamente nada a ver com o assunto. E eu pergunto aos compositores por que eles botaram um "Robin Wood" no samba, sabendo que não é um termo nada poético. Que maluquice é esse trecho "Então se liga/Tem sempre um Casanova pra azarar"? Não dá pra entender! Além disso, a escola escolheu falar mal também dos jurados, como no refrão "O culpado fez o bem/O inocente o mal/Todo mundo é jurado/Neste carnaval". A Porto tinha acabado de chegar no Grupo Especial, em 1996 levou até Estandarte de Ouro de revelação e nesses dois anos conseguiu duas excelentes colocações para um agremiação emergente (respectivamente, 9º e 5º lugar, em 96 e 97). Agora quer falar mal do júri que nunca implicou com ela? Em compensação, levou um rebaixamento e virou escola-ioiô (que vive subindo e descendo). A melodia também é um desastre. É retíssima, e as poucas variações que tem são muito comuns no mundo do samba, ou seja, uma cópia de outras obras! O enredo é irreverente, falando sobre assalto, e pelo jeito só a São Clemente consegue fazer algo útil com um tema desse. A única coisa boa da faixa é o alusivo "Sou Porto da Pedra/Faço samba por amor/Vim de São Gonçalo, mostrar meu valor" e a excelente interpretação de Wantuir. No meio do samba, o puxador diz que o "show" apresentado ali era para o falecido presidente Sérgio. Receber este samba horrível como homenagem e ainda chamar de show? NOTA DO SAMBA: 5,3 (Gabriel Carin).

Samba querendo passar humor, porém uma marchinha muito fraca. O samba-enredo peca por querer "esculhambar" os jurados que, no ano anterior, puniram a escola junto com um tema que foi mal explorado no samba. NOTA DO SAMBA: 6,4 (Bruno Lemos Surcin).

O samba mais fraco do ano. Letra confusa, ás vezes achamos que estão fazendo apologia ao crime, quando na verdade é o contrário. A melodia não ajuda também e o samba fica chato, apesar de Wantuir fazer um esforço pra levantá-lo. Há uma passagem na letra que o Tigre lembra o carnaval anterior, onde terminou em 5ª lugar quando a apontavam como uma provável campeã: “Foi condenado por querer ser campeão”. Nem de longe lembrava a escola promessa de 1997... NOTA DO SAMBA: 8 (Bruno Guedes).

Eu gosto muito deste samba, não sei porque o criticam tanto. O refrão principal é bom, apesar da letra pífia. Acho que "vamos acender a luz" quer dizer pra pessoa ter esperança, porque sempre tem uma luz no fim do túnel. A primeira parte é boazinha. O refrão central tem uma excelente melodia, apesar da crítica aos jurados. A segunda parte tem uma ótima melodia, apesar da letra mais pífia ainda. É um bom samba, com uma péssima letra. NOTA DO SAMBA: 9 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

6 - IMPERATRIZ - Preto Jóia, como sempre, dá show neste samba que é injustamente criticado pelos bambas. Eu particularmente o adoro. Animado, de melodia agradável e letra simples, a gravação do samba surpreende pelo fato do cavaquinho abafar o som da bateria. O refrão principal "É novo tempo, é bom pensar..." é fantástico. Samba com cara de samba mesmo. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel).

Refrões sem força são as maiores características deste samba que tem uma letra apenas modesta, assim como a melodia. A Imperatriz já teve melhores momentos em relação a seus sambas. Em 98, a escola só perdeu pontos já com o descarte em um quesito: samba-enredo, tirando a escola da primeira colocação. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Franclim).

Impressionante como Guga consegue assinar sambas tão diferentes uns dos outros, sempre para a Imperatriz. Ele é capaz de fazer marchas como "Estrela Dalva", sambas leves como o de 1978 e o de 1981, sambas pesados como o de 1974, e sambas mais clássicos como este. "Quase no ano 2000" é um autêntico samba enredo, com letra simples e bons refrões. Faltou alguma coisa, mas é uma bela obra. NOTA DO SAMBA: 8,7 (João Marcos).

“Quase no ano 2000”, enredo futurista genialmente criado e desenvolvido pela carnavalesca Rosa Magalhães, gerou um samba muito clássico, cujo lirismo transla irretocavelmente por seus versos numa suavidade ímpar. A letra, embora simplória, traspassa uma bela mensagem de alerta ambiental através de uma poesia muito funcional no contexto do desfile realizado pela escola. A melodia, rica em variações, possui uma interligação sentimental com a letra que é realmente de impressionar. Quando a letra do samba expressa descontração, a melodia se torna animada. Porém quando ela tenta induzir uma certa preocupação ou desesperança no futuro, a obra acaba ganhando um ar melódico mais melancólico, demonstrando até alguma tristeza. Isso ajuda a aumentar o romantismo do samba e a tornar enredo mais sensibilizante. Ambos os refrões também são fantásticos. Excelente samba-enredo! NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin).

No CD, a bateria é a que menos aparece em termos da pressão tipo Grande Rio neste mesmo CD. Destaque para Preto Jóia que arrebentou na gravação. O samba é leve, de fácil associação e bom. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Bruno Lemos Surcin).

Rosa Magalhães deixava de lado os enredos históricos e trazia um politicamente correto, preocupada com a natureza. E rendeu um bom samba enredo. Muito abaixo dos outros sambas da agremiação na década de 90, talvez o mais fraco entre todos, mesmo assim bom. Letra que traz o enredo inteirinho e uma melodia em tom menor, fez com que a escola inovasse, fugindo do óbvio. Tem uma primeira parte grande, mas que não cansa. Preto Jóia e a bateria do Mestre Beto fazem o feijão com arroz. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Guedes).

Adoro este samba, acho melhor do que o de 1996. O refrão principal é muito bom, reforça a idéia do enredo (meio confuso, por sinal). A primeira parte é linda. "Mas o homem que previa, ôôô/ Esqueceu da ecologia, ôôô/ A natureza, o ar/ A terra azul e o mar/ Fez o Universo acordar" é o trecho mais belo de 1998. O refrão central mantém a média, excelente. A segunda parte também é muito boa. Lindo samba, com certeza, o segundo melhor do CD. NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

7 - PORTELA - Samba lindo e encantador. Mereceu o Estandarte de Ouro, sem dúvida nenhuma. Rogerinho, oriundo da Em Cima da Hora, tem uma atuação segura na condução do samba. A melodia do hino portelense de 1998 é coisa de outro mundo: dá vontade de repetir umas quatro ou cinco vezes o samba e cantá-lo sem parar. Dois refrões fantásticos, com as demais partes emocionantes, e uma excelente gravação (com show da bateria) fazem deste samba-enredo o mais lírico do ano. Obrigado, Portela, por esta obra-prima! NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel).

Samba de letra de pura poesia, ao estilo antigo. Os compositores resolveram contar a noite com poesia, sem nenhum compromisso com a realidade, mas sim naufragados em devaneios. Ficou muito bonito. A melodia também é ótima. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim).

O melhor samba do ano é um poema, com variações melódicas complexas, mas que são feitas de forma tão competente que decorrem naturalmente, como conclusões lógicas do esquema melódico. A homenagem à noite rendeu uma verdadeira serenata, com refrões fantásticos e empolgantes. Se tivesse sido apresentado nos anos 80, seria um clássico do quilate de "Contos de Areia" ou dos clássicos de David Correa. Em 1998, rendeu apenas um Estandarte de Ouro e uma bela colocação para a Portela. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos).

Um completamente lírico. A primeira parte é poesia pura, muito linda. A segunda é competente, mas tem momentos trash (apesar deles não atrapalharem em absolutamente nada). Quando digo trash, me refiro a clichês como "O que é, o que é?" ou "Sai dessa fossa". A letra no geral é extremamente simples. O começo da obra é a parte que me chama mais atenção, causando grande impacto em quem o escuta. O trecho "A noite/Se vestiu de azul e branco/Abriu seu manto/Com encanto e poesia/Seus olhos, são a luz do luar/Que ilumina a passarela/Para a Portela brilhar" é muito lindo! A melodia é carne-e-unha com as sacadas inteligentes dos compositores. A atuação perfeita da bateria e a interpretação brilhante de Rogerinho aprimoram ainda mais o samba. Depois do "Gosto que me Enrosco", foi a última participação da Portela no Desfile das Campeãs, embora eu ache que aquele trabalho do Ilvamar Magalhães não foi a melhor coisa do mundo. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin).

Um samba enredo de verdade, estréia segura de Rogerinho na Portela. Samba leve, pura melodia na primeira parte, belíssimo. O meu maior destaque são para os refrões, principalmente o do meio "Vem me beijar amor/Te quero só pra mim/Maravilhosa flor/Que encanta o meu jardim". Depois de 95, o de 98 é o melhor. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Bruno Lemos Surcin).

O samba do ano. Melodia emocionante, letra inspirada e dois refrões fortíssimos renderam a escola de Oswaldo Cruz a sua última volta ao desfile das campeãs. Foi nessa época que me tornei portelense e vi minha querida agremiação pela primeira e única vez no sábado pós-carnaval. Rogerinho é limitado na defesa do samba, mas dá conta do recado. Estandarte de Ouro e todas as notas máximas para o melhor samba de 1998. Parabéns a Noca da Portela e cia. NOTA DO SAMBA: 10 (Bruno Guedes).

Odeio este samba. Não vejo nenhuma parte boa, sei que ele tem sua beleza, mas não me agrada. Prefiro não comentar. NOTA DO SAMBA: 7 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

8 - VILA ISABEL - Embora até hoje muita gente não entenda a proposta do enredo, pelo menos o samba-enredo foi uma das poucas coisas boas do desfile da Vila Isabel de 1998. Mesmo o samba sendo longo, a sua melodia cativante e emocionante abole totalmente um provável cansaço devido ao seu elevado comprimento. Possui dois lindos refrões, com Gera e Jorge Tropical (pelo menos no CD) mantendo uma excelente harmonia. O samba também tem uma bela letra. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel).

Samba de primeira linha. Mantendo a tradição da escola de Noel, o samba da Vila de 98 é um primor. A letra tem na descrição do samba seu ponto alto, aliado a uma pitada de poesia na medida exata, enquanto a melodia oferece contornos precisos e de ótima qualidade. Casamento perfeito entre letra e melodia. Bela obra. Um Samba-Enredo, no ápice da palavra. NOTA DO SAMBA: 10 (Franclim).

A Vila apostava em sambas de verdade nos anos 90, construindo a melhor seqüência de sambas da década. Este aqui não é um "Gbala", é comprido demais e não esclarece bem o enredo, mas é samba enredo de verdade, bem construído, com bons refrões. Um samba para ser admirado, mas não amado. NOTA DO SAMBA: 8,9 (João Marcos).

Em 1994, André Diniz soube criar e consagrar uma fórmula praticamente indispensável para que qualquer sambista possa vencer alguma eliminatória de samba na Vila Isabel a partir de então. O hino da escola para o carnaval de 1998 não foge a regra tendo em vista que possui características já tradicionais do compositor, como uma letra longa, melodia cadenciada e refrões explosivos. Porém é inegável sua singularidade diante das demais obras que seguem a “receita de bolo” de Diniz. Trata-se de um samba de verdade com todas as qualidades essenciais para ser tachado como obra-prima. A letra, apesar de longa, consegue aliar, com perfeição, didática e poesia. A melodia é emocionante e causa um impacto gigantesco no ouvinte. Ambos os refrões são belíssimos, sendo o central um dos melhores de todos os tempos. Sambaço! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin).

O enredo é confuso, mas as vezes é difícil entender como o samba é melhor que o enredo. Esse é o caso deste samba, porém com uma melodia rica e muito boa. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Bruno Lemos Surcin).

Eu sou fã desse samba. Não tem letra com clichês e muito menos usa de refrões “oba oba”. Um samba-enredo de verdade. Pra mim, um dos melhores de 1998. A melodia traz pouca variação melódica, mas suficiente pra tornar o samba bonito. A segunda parte é enorme, lembrando alguns sambas da década de 60. Gera e Jorge Tropical forma uma dupla bacana, estilo Pelé e Garrincha. Sem dúvidas é a melhor faixa do CD. Pena que a escola teve vários problemas na Avenida e quase caiu. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Bruno Guedes).

Lindo samba. O refrão principal é muito bom. A primeira parte não chama atenção. O refrão central é meio cansativo de se ouvir. A segunda parte é a mais bonita de 98 (parte inteira, não trecho), se fosse falar o que eu gosto dela, a copiaria inteira. Acho que quando a pessoa lê a letra de um samba tem que entender sobre o que diz, coisa que não acontece com esse samba, continuo sem entender o enredo. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

9 - GRANDE RIO - O samba conquistou a Sapucaí devido ao fato de seu refrão principal conter o bordão do momento: "Ah, eu tô maluco!", que nada tinha a ver com o enredo. Prova explícita de que o formato do samba-enredo atual estava totalmente mudado em relação aos tempos de outrora. No mais, é um samba que possui uma excelente animação, uma melodia interessante e um refrão central longo (seis versos). NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel).

Depois de alguns anos trazendo sambas engajados a seus enredos, a Grande Rio decidiu por um samba que em alguns momentos apelou para alguns clichês e rimas fáceis. Mas o samba é valente, com refrões fortes, que fizeram sucesso na avenida. Peca por não passar bem o enredo proposto. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim).

Este samba tem quase tudo que eu não gosto num samba, mas me agrada, não sei por quê. Talvez seja a interpretação exuberante de Nêgo, talvez seja por ter sido a faixa melhor produzida. O fato é que este samba tem uma força estranha, gruda no ouvido sem enjoar. Tem tudo para ser um desastre, mas não é. Tecnicamente, a letra é um horror, o refrão do "Ah, Eu tô maluco!" é pura apelação e o único momento em que a obra sai do nível de ordinário é no refrão contando os locais onde Prestes morou no exílio. Ainda assim, este samba funciona no CD, como funcionou na avenida. NOTA DO SAMBA: 9,2 (João Marcos).

A introdução de Nego com o refrão de 1996 é excelente. Tiro as palavras do comentarista João Marcos: o samba é uma trashelândia só, mas a melodia dolente faz a gente somente prestar atenção nos bons momentos. O refrão central é, com a maior certeza do mundo, a melhor parte do samba! A letra narra muito bem o tema. Luís Carlos Prestes, pela sua vida e obra, recebeu uma belíssima homenagem! João Carlos, Carlinhos Fiscal e Quaresma são competentes. Só tem que aprender a não tentar apostar num refrão principal apelativo e que não tem nada a ver com o enredo. "Cavaleiro da Esperança" é, no fundo, um samba-enredo extraordinário! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

Depois de 93, o mais conhecido da escola. O uso apelativo do "Ah eu tô maluco!!!" engrandeceu o samba, porém peca na melodia. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Bruno Lemos Surcin).

Esse samba é polêmico por causa de seu refrão: “Ah eu tô maluco, amor/ Ah quero reforma já”. Esse era um hit dos anos de 97/98, no qual os compositores encaixaram no samba. Méritos pra eles, porque o samba foi o mais cantado na Sapucaí... Mas que ficou estranho, ficou. Até porque o samba é excelente, traz uma letra que conta bem a história de Prestes e tem uma melodia valente, que ditaria o tom da escola até 2000. Mestre Odilon apronta novamente, assim como no CD do ano anteriores pela Santa Cruz. Nego canta o samba de forma magistral. “Repeat” na faixa. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Bruno Guedes).

É um bom samba, mas o pior do triênio 96/97/98. A primeira parte é toda pra cima, apenas boa. O refrão central é muito bom, apesar de ser muito longo. A segunda parte também é boa. O refrão principal é daqueles que chama pra cantar, mas é meio oba-oba e apelativo. Um samba inferior aos dos anos anteriores, mas também qualquer samba da Grande Rio seria inferior aos anteriores, que são verdadeiras obras-primas. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

10 - UNIDOS DA TIJUCA - É um dos sambas-enredo recentes mais lembrados, assim como o da Viradouro, não só devido ao refrão principal "Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol)/A rede vai balançar (vai balançar)/Sou Vasco da Gama, meu bem/Campeão de terra e mar" mas também pelo fato da torcida do Vasco da Gama tê-lo adotado como o seu segundo hino. Segundo o meu grande amigo e vascaíno Lucas Calvin, nos jogos do Vasco no São Januário, a torcida canta o samba inteirinho até hoje. O hino da Unidos da Tijuca de 1998 é interessante pelo fato da letra exaltar em sua primeira parte o navegante Vasco da Gama e na segunda o clube Vasco da Gama de forma simples e clara. Mas, francamente, é uma ótima marchinha, porque como samba-enredo não é lá essas coisas. Mesmo sendo uma marcha-enredo animadaça, não conseguiu impedir a queda da escola para o Acesso. Se a torcida do Vasco lamentou a queda da Unidos da Tijuca no carnaval, no futebol ela festejaria meses depois o título da Libertadores, a sua maior conquista exatamente no ano de seu centenário. Bonito o alusivo "Eu sou Cruz de Malta/Sou felicidade/Vou balançar toda cidade" composto por Serginho do Porto (que deu azar mais uma vez), intérprete da escola e também autor do samba-enredo. E, no CD, a bateria, aliada a dezenas de paradinhas, dá show. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).

Um bom poder de síntese e só. De resto, este samba da Tijuca tem melodia muito simplória assim como sua letra. É o último samba da escola que podemos considerar ruim. NOTA DO SAMBA: 8 (Franclim).

A escola resolveu homenagear o clube de futebol Vasco da Gama no ano de seu centenário. Não foi uma estratégia inteligente diante do fato deste ser o grande rival do clube de maior torcida do Estado, o Flamengo. Além disso, o clube era dirigido por uma figura que vinha sendo execrada pela opinião pública, catalizando antipatia para a escola, que acabou rebaixada injustamente, fazendo uma falta terrível no Grupo Especial do ano seguinte, quando apresentou o melhor samba do ano e de sua história (e fez o melhor desfile do ano, na minha humilde opinião). Este aqui é uma marchinha ser vergonha, com bons refrões, mas letra tão confusa quanto o enredo, que misturou o clube com o navegador. NOTA DO SAMBA: 7,3 (João Marcos).

A única coisa que realmente presta é o refrão central. O resto do samba é todo apelativo, numa maluquice só. As rimas são forçadas demais! Por exemplo, o exagero de palavras terminadas em "ei" e a tentativa de rimar "aventura" com "culturas" (saiu muuuuuuuuuito força). Na primeira parte do samba, palavra "Naveguei" encheu o saco pelas inúmeras vezes que foi usada. A obra tem até alguns bons momentos, porém, no geral, é ruim. A única coisa que presta na faixa é a interpretação de Serginho do Porto e a introdução com o belo "Eu sou Cruz de Malta/Sou felicidade/Vou balançar toda cidade". Nos anos 90, a escola já andava numa corda bamba e esse boi-com-abóbora ajudou a Tijuca a cair de vez. Em compensação, depois do rebaixamento, a ala de compositores voltou a funcionar, nos proporcionando belas pérolas. NOTA DO SAMBA: 7,5 (Gabriel Carin).

Samba de apelo, pois fala de um time de força, mas o samba é fraco, com rimas muito forçadas como naveguei/encantei/encontrei/passei/lei/passei e viajei. O refrão do meio é o melhor do samba e o principal é um refrão apelativo como "Vamos vibrar meu povão, é gol é gol". Samba fraco. NOTA DO SAMBA: 8 (Bruno Lemos Surcin).

Gol contra da Tijuca. A escola do Borel vinha apresentando sambas soberbos desde 95, até que traz uma homenagem fraca ao Vasco da Gama, o time e o navegador. E olha que traz no time, Mestre Ciça e Serginho do Porto, vascaínos e craques no que fazem. Mas a letra é fraca, assim como os dois refrões. A melodia cansa na primeira passada. A bateria (como sempre) salva a faixa. Mas o samba ficou famoso, porque embalou o time e a torcida na conquista da Taça Libertadores. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Bruno Guedes).

É um grande samba, muito lembrado pela torcida do Vasco. O refrão principal é ótimo, que chama pra cantar, um verdadeiro sacode. A primeira parte é bem cansativa, tudo terminado em "ei". O refrão central também é ótimo, com uma melodia contagiante. A segunda parte é maravilhosa, prinipalmente após: "Quando entra no gramado me alucina/ Esse clube da colina, centenário de paixão". É mais um grande samba tijucano, que de 1996 pra cá tem a melhor safra de sambas-enredo. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

11 - UNIÃO DA ILHA - Com Rixxa como intérprete, a coisa mais natural do mundo é que o samba-enredo seja fantástico ou que cresça de produção consideravelmente. No caso do samba da União da Ilha de 1998, a primeira opção é disparadamente a mais perfeita. O samba é fantástico, de melodia fascinante e refrões envolventes. Para mim, é o melhor do ano, superando Portela e Beija-Flor. E isso sem contar o pequeno show da bateria no começo da faixa. Sambas que exaltam a cultura negra costumam ser lindos mesmo, em letra e melodia. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel).

Samba que foge completamente ao estilo leve e irreverente da Ilha. Com um tema afro em mãos, os compositores elaboraram um samba dolente, de letra marcante, com momentos emocionantes. A melodia bem construída também faz deste um dos grandes sambas da história da Ilha. Pena que é um samba que nada tem a ver com o estilo de desfile da Ilha, e por isso na avenida não deu certo, passando quase desapercebido. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Franclim).

A escola tentava se reencontrar nos anos 90. Tinha perdido sua característica de sambas líricos e enredos abstratos dos anos 70 e dos desfiles alegres e animados do meio para o final dos anos 80 e início dos anos 90. Com Rixxa no microfone, a escola apostou em samba afro, pesado, porém belíssimo. "Fatumbi" pode não ter cara de Ilha, mas é um dos grandes sambas de 1998, com ótimos refrões e melodia marcante. A escola fez uma boa apresentação no ano, mas continuou nos anos seguintes tentando se encontrar, o que a fez ser rebaixada em 2001, ficando no Acesso desde então. A Ilha tem de voltar logo ao Especial, faz muita falta. NOTA DO SAMBA: 9,4 (João Marcos).

A pequena introdução da bateria é excelente. Rixxa deu um show no disco. O samba é cheio de belos momentos, do melodia rica e letra bem-feita. O refrão "Negro chora, negro ri, amor, amor/Negro é raça, negro é grito/Negro é tão bonito/Fatumbi fotografou" é fantástico! A bateria faz tantas paradinhas que às vezes enche o saco. Bela homenagem ao parisiense que registrou em fotografias os rituais do candomblé baiano. Este samba marca a entrada de Milton Cunha na Ilha, depois de anos na Beija-Flor. No dia da apuração, fiquei assustado quando o jurado lascou um 8,5 para a escola! Essa gentinha... NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin).

Último grande samba da escola no Grupo Especial, meu padrinho Rhichahs deu um show, bateria do mestre Paulão idem. Samba rico, belíssimo, de grande força, sobretudo nos refrões. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Bruno Lemos Surcin).

Bom samba. Mais ainda porque nada, mais nada menos, que o Pavarotti do Samba o defende. Letra belíssima, com um refrão do meio emocionante. A melodia varia do início ao fim, subindo pra maior, voltando pra menor, depois indo pra maior novamente. Bela obra Insulana. Os enredos do Milton Cunha sempre rendem boas obras... A bateria é algo fantástico. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Bruno Guedes).

É um grande samba-enredo, também com o Rixxa... O refrão principal é mavilhoso, bem forte. A primeira parte é excelente. O refrão central é muito bom, mais confunde na hora de falar "amor". A segunda parte também é excelente. "E com Jubiabá na memória/ Muda sua trajetória, vem-se embora/ E da Bahia faz o seu canto/ Se torna filho se santo de mãe-senhora" é maravilhosa. É um samba maravilhoso, sem o estilo da Ilha. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

12 - TRADIÇÃO - Com 6 minutos e 46 segundos, a faixa da Tradição de 1998 é a mais longa da história dos discos de samba-enredo (superada por três segundos apenas pelo esquenta da União da Ilha do seu samba de 1996 no CD de Esquentas, mas estamos considerando neste caso somente os discos oficiais de samba-enredo). O alusivo utilizado é lindíssimo ("Tradição/Só por você eu clamo/Só com você me sinto bem/Tradição eu te amo"), mas o samba-enredo não é dos melhores. Também não é tão horrível assim do jeito que criticam. É que a melodia do samba apresenta pouquíssimas variações, os refrões são fracos (a letra do refrão principal sequer apresenta rimas) e Taroba também demonstra ser um intérprete bem limitado. É um samba que, obviamente, se arrastou na avenida. Mas a gravação do CD o melhorou consideravelmente. O samba é fraco, mas existem outros bem piores. NOTA DO SAMBA: 8 (Mestre Maciel).

Um dos bons sambas do histórico da Tradição. Apesar de simplória demais, a letra consegue remeter bem o enredo, sem comprometer. A melodia é simples, sendo que nos quatro últimos versos do samba - "...contos de fazer sorrir, magias de arrepiar, histórias que é pra boi dormir, do folclore popular..."- ganha contornos muito bonitos. Na avenida, fez um certo sucesso nas arquibancadas, bem diferente do desfile da escola como um todo, que foi péssimo. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Franclim).

Comparado ao que viria pela frente, este samba é uma obra-prima. A escola começou, como se pode ver pelo seu nome, tentando resgatar os valores que tornaram a Portela um dos pilares do carnaval carioca. Depois de alguns fracassos injustos, principalmente o de 1989, a escola ficou sem cara, lançando samba sem sal atrás de samba sem sal, como este aqui. Por fim, a escola virou uma "Cabuçu", fazendo homenagens descabidas a personalidades de TV, com sambas cada vez piores. Este aqui não tem brilho algum, mas não chega a ser uma desgraça. NOTA DO SAMBA: 7,5 (João Marcos).

Bom samba da Tradição, muito superior a tudo que viria pela frente. A letra retrata com simplicidade o enredo, que, por sinal, não tinha explosões de originalidade, visto que se trata de um tema muito comum dentre o histórico do carnaval carioca. A melodia, em tom doce e quase infantil, consegue mixar intensamente bem boas doses de lirismo e empolgação. Os refrões são de intenso agrado, em especial o do meio, que é, para mim, a melhor parte da obra. O grande pecado deste samba está na ausência de rimas em passagens cruciais da letra, o que destoa bastante algumas variações melódicas de qualidade. Mas é um belo hino, sem dúvida. Na avenida, a Tradição teve problemas graves de evolução e amargou o 11º lugar. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Gabriel Carin).

Samba de mediano pra fraco. O refrão principal marca porque não tem rimas. O alusivo muito bom, porém o samba é longo e fica cansativo. Taroba mostrou-se limitado, prejudicando o samba. NOTA DO SAMBA: 7,8 (Bruno Lemos Surcin).

Pra quem mete o pau no sambas da Tradição, aí está uma boa obra. Nada antológico, mas bom. Dois refrões muito bons, com uma primeira parte de boa letra e melodia. Aliás, a melodia talvez pudesse ser um pouco mais caprichada, assim o samba ficaria ainda melhor. Apesar de ter sido cantando só algumas milhares de vezes na Avenida, a Amazônia rendeu-lhes um bom samba. Taroba é muito limitado, mas segura a peteca e dá um show junto com a bateria do Mestre Dacopê. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Bruno Guedes).

Sou com certeza o maior fã desse samba, repito a faixa umas 10 vezes. A introdução é uma das melhores do CD. A única coisa estranha neste samba é ausência de rimas em algumas partes: "Amazônia, tanta beleza sem igual/ Fonte de tanta riqueza/ Que Orellana se encantou", "Hoje, tanta emoção traz essa festa festa/ Parintins vem da Amazônia, pra Sapucaí/ Meu boi-bumbá, meu boi-bumbá/ Menina linda se enfeitiçou" e até no refrão: "Verde que te quero verde/ A mãe d'água para abençoar/ Ah! É linda a Amazônia/ Nosso pulmão respira com a Tradição". O refrão principal é ótimo, apesar da falta de rima. A primeira parte idem, só que com rimas. O refrão central é bom, mas não me agrada muito. A segunda parte é excelente, principalmente em: "Contos de fazer sorrir/ Magias de arrepiar/ Histórias que é pra boi dormir/ Do folclore popular". Ótimo samba da agremiação de Campinho. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

13 - CAPRICHOSOS - A última faixa do CD começa com mais um excelente show da bateria, com os tamborins da agremiação de Pilares soando de forma mais aguda do que o original. O saudoso Jackson Martins tem uma estréia segura no estúdio (ele cantara na avenida o samba do ano anterior). O samba-enredo da Caprichosos de 1998 é, na minha opinião, o terceiro melhor da escola (perdendo apenas para os sambas de 1985 e 1982, em ordem de qualificação). É um samba de melodia e letra simples, mas envolventes. Os refrões também são bem vibrantes. Este belíssimo samba marcou a volta da Caprichosos ao Grupo Especial, após um ano no Acesso. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

A Caprichosos voltou ao Grupo Especial com um samba muito valente. Tanto letra como melodia não possuem muito brilho, mas seus versos possuem muita força, o que fazem este samba valer a pena. Samba pequeno, que flui com rapidez e naturalidade. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Franclim).

A Caprichosos, depois de amargar um ano no Acesso, resolveu caprichar um pouquinho para se manter entre as grandes. O resultado é o melhor samba da escola nos últimos 15 anos, uma obra que tem muita força, apesar de não ter cara de Caprichosos. Jackson Martins estreava no CD das escolas. Particularmente, sua voz e estilo não me agradavam muito, mas serviram bem para este samba. NOTA DO SAMBA: 8,6 (João Marcos).

Samba-enredo afro diferente. Não é daqueles que ficam falando palavras do candomblé ou da cultura negra toda hora. Cita algumas palavras e nada mais. tem uma melodia muito evolvente, emocionando o ouvindo, mostrando que a escola tem sim bons sambas-enredo! No dia do desfile, o Brasil todo decorou o refrão central "pergunta-e-resposta" ("Quem tem magia no pé... É Pelé/Quem vem na força da fé... É Mandela/E a voz que veio de lá... Da favela/É da guerreira Bené... Salve ela"), tornando este um dos sambas mais famosos da Caprichosos. Destaque para o lindo trecho "Segue o negro trabalhando/Construindo este gigante, na raiz/A bandeira da igualdade/Desfraldada pelo mundo/O povo é mais feliz". A bateria também dá um show no começo da faixa, com o refrão principal acompanhado de um berimbau. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin).

Mostrou que pode fazer sambas bons. Jackson Martins e a bateria emocionam na introdução da faixa. Samba afro de um modo diferente, sem linguajar africano, envolvente e muito bom. O melhor da escola na década de 90. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Bruno Lemos Surcin).

Outro samba famoso de 1998. Jackson Martins estréia em CDs de samba enredo em grande estilo e com um grande samba. Valente e honrando a lenda dos enredos afros com belos sambas. O refrão do meio é pra levantar do sofá e cantar aos plenos pulmões, assim como (a pequena) segunda parte. A bateria faz uma abertura de faixa legal. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Bruno Guedes).

Ótimo samba da Caprichosos. A introdução é maravilhosa. O refrão principal é excelente. A primeira parte é muito boa, e em tamanho é perfeita, nem grande, nem pequena demais. O refrão central com certeza é a melhor parte deste samba, é muito boa, um grande trunfo do CD. A segunda parte é minúscula, o que na minha opinião tira um pouco o brilho do refrão principal, mas é muito boa. É um bom samba. NOTA DO SAMBA: 9 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba

SALGUEIRO - Para completar a análise dos sambas de 1998, o grande desfalque do CD não poderia faltar, né? É um samba-enredo que não chega a ser ruim, mas também não é aquela maravilha. Possui versos longos, e o fato deles terem de ser cantados rapidamente atrapalham um pouco a harmonia. A melodia do samba é animada, já que Quinho é um intérprete que dá animação até à mais melosa canção de Roberto Carlos em homenagem a sua finada Maria Rita. A letra possui clichês como "Olha o Salgueiro na Sapucaí", "Alô você", "Vem salgueirar, vem salgueirar, vem salgueirar", "São dois pra lá/São dois pra cá", tudo oba-oba. Por isso, acho a letra do samba razoável. E não sabia que o nome da tribo era Parintintins. Não sei porque comeram uma sílaba e deram o nome de Parintins à cidade. Com Quinho, é meio difícil a escola relembrar seus velhos e clássicos sambas-enredo, já que os sambas tem de ser animadaços para se encaixarem em sua voz. O samba de 1998 é mais um que se encaixa perfeitamente no estilo oba-oba, inaugurado pelo Salgueiro em 1993 com Peguei um Ita no Norte e que não parou mais desde então. Gravado em estúdio, o estilo de reprodução do samba é até parecido com o dos demais presentes no disco de 1998. Repito mais uma vez: a sua ausência no CD é lamentável. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel).

Samba com alguns clichês dispensáveis, mas muito vibrante. O refrão do meio tem melodia e letra empolgantes, sendo a melhor parte do samba. Na avenida, o samba emplogou até a metade do desfile, depois, caiu muito, devido principalmente ao refrão principal, muito arrastado. NOTA DO SAMBA: 9 (Franclim).

Esse é o samba mais oba-oba da escola no pós-Ita. Ou seja, é oba-oba até não poder mais, até dizer chega. Tem bons momentos, mas a produção tem fru-fru demais, tirando um pouco da força da obra. O Salgueiro desperdiça sua boa ala de compositores, desperdiça seu intérprete (que também sabe cantar samba-enredo de verdade) e desperdiça ano a ano sua possibilidade de voltar a ser campeã com sambas como este. Um fenômeno como "Ita" não ocorre todo ano. O jejum já devia ter feito o Salgueiro entender isso. NOTA DO SAMBA: 8,7 (João Marcos).

O samba do Salgueiro faz muita falta no CD. Simplesmente, pelo fato de ser um dos melhores sambas oba-oba da história. Ele fora gravado num disco separado, com o Mestre Quinho dando um showzaço, além das cuícas da bateria de Mestre Louro serem extremamente exploradas. A gravação do tal disco é muito melhor que o das demais escolas. O falecido presidente e bicheiro patrono do Sal, Miro Garcia, investiu muito mesmo para ver sua escola consagrada. Parintins se uniu com o carnaval carioca, dando a maior força do mundo para a escola de samba. O CD separado das demais, contendo o samba-enredo de 98 e músicas lá da Amazônia na voz do puxador, foi parte culminante desse investimento, apesar de ser uma influência óbvia da briga da escola com a BMG. Outro ponto culminante daquele desfile foi o seu luxo e esplendor. Além do Mário Borriello (o mesmo do "Ita"), um designer lá do festival de Parintins chamado Juarez foi contratado. Ele ficou encarregado de fazer os carros alegóricos e o Mário, as fantasias. Esse Juarez realmente é um gênio! O trabalho dele, que era inexperiente no carnaval do Rio, foi um dos melhores dos anos 90! Quem não se lembra do abre-alas com aquela gigantesca Iara prateada? Ou então, do carro do Boi Garantido com um imenso homem-boto rosa, segurando um coração de néon com um boi-bumbá fazendo evoluções em cima? O Salgueiro fez o melhor desfile do domingo e tinha TUDO (tudo mesmo, com a maior ênfase do mundo!!!) para levantar o caneco. Quanto ao samba, é uma marcha-enredo linda! A obra tem letra inspirada, unido aos clichês típicos da escola, como "Vem salgueirar, vem salgueirar, vem salgueirar" ou "Vem garantir, ioiô, vem caprichar, iaiá". A melodia é pra lá de envolvente, cuja as variações dispensam comentários. Os dois refrões, apesar de imensos, não se arrastaram no desfile. A primeira parte é animada, feita para dançar. A segunda apela mais para o lado emocional do ouvinte, sendo muito dolente. A parte que eu mais gosto é "Esse é o Brasil cultural/Raça mestiça e amor/Mostrando seu visual no Carnaval/Nossa cultura é assim/O nosso povo é de fé/Vem pro Salgueiro se banhar de axé". Isso sim é o "Brasil cultural"! Unir o carnaval com a festa do boi-bumbá, misturando ainda com a elegância de Quinho e da família salgueirense, só poderia dar nisso. Mas o que me chama mais atenção nesta obra é o número de compositores. Apenas UM: Paulo Onça. E isso em plenos anos modernos. Pra quem não sabe, Paulo Onça é compositor de sambas-enredo do carnaval de Manaus e no mundo samba, está metido com gente do maior escalão, como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Leci Brandão. Paulo é o maior nome do samba da Região Norte do Brasil. Graças ao enredo sobre sua terra (ele vai entender muito mais que qualquer sambista carioca), o cara foi para "Cidade Maravilhosa" e incorporou o espírito de festa da vermelho-e-branco da Tijuca. Enfim, é uma obra-prima, um presente do amazonense ao povo carioca! Infelizmente... "infelizmente" não!!! ODIOSAMENTE, o Sal ficou em sétimo lugar! Tanto investimento da escola para nada. Para mim, essa é uma das cinco maiores injustiças do carnaval brasileiro. A Mangueira mereceu vencer sim, mas o Salgueiro tinha que ser vice ou pelo menos, voltar no Sábado das Campeãs. Lamentável... NOTA DO SAMBA: 9,7 (Gabriel Carin).

O samba do Salgueiro ficou um pouco fora mídia musical por causa da briga com a BMG. O oba-oba marca o samba, lembrando o famoso "Festa para um rei negro" de 71, mas é médio, nada mais do que isso. Não apresenta um ponto forte como outros sambas. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Bruno Lemos Surcin).

Ausente do CD por causa de uma briga com a gravadora BMG, a escola apresenta um samba mediano. Letra cheia de clichês e melodia genérica. O samba é de um autor apenas. O refrão do meio é o destaque, com um balanço que destoa do restante da obra. No mais, só. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Bruno Guedes).

Com certeza fez muita falta ao CD de 98. Um samba salgueirense que não chega a ser marcheado, um grande trunfo. A introdução é lindíssima, uma das melhores de 98. O refrão principal é muito bonito, uma previsão do que está por vir. A primeira parte é muito boa, meio oba-oba em seu começo. O refrão central é excelente, apesar de ser muito comprido, o que acaba enjoando. A segunda parte é muito bonita, do início ao fim. É um lindo samba salgueirense, apesar d'eu ser suspeito pra falar... NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Ferreira). Clique aqui para ver a letra do samba