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Os sambas de 1992

Os sambas de 1992

A GRAVAÇÃO DO CD - Gravação bem tradicional, com um formato clássico da bateria. Destaque para as caixas e os agogôs, com os tamborins também aparecendo bem. Já o repique no disco de 1992 apresenta passagens marcantes. A cadência dos sambas é absolutamente correta. O intérprete canta o samba acompanhado de um pequeno coro na primeira passada. A partir da segunda, o coro é quem passa a cantar o samba, com o intérprete se dedicando mais aos cacos. Apenas o CD disponiblizou as faixas da Tradição e do Leão de Nova Iguaçu, as duas escolas campeãs do Acesso-91 (a Santa Cruz, cujo desfile no Grupo Especial fora definido poucos dias antes do carnaval, gravou a sua faixa para o disco do Acesso-92). O LP vinha com as doze faixas restantes, seis em cada lado, e com o fim de ambas cortado em relação à versão do CD. Por exemplo, na versão do LP, a faixa da Vila Isabel tem um pouco mais de 4 minutos. Já no CD, a duração do samba da Vila é de 5 minutos e 49 segundos. Era a faixa de carnaval mais longa já produzida até então, batendo por oito segundos a da Viradouro do mesmo ano. Sobre os sambas de 1992, é uma safra riquíssima, que fez um estrondoso sucesso no carnaval daquele ano. Eu, que tinha oito anos na época, me lembro muito bem da festa que foi o carnaval no ano da ECO. Muitos hinos foram apresentados. Escolas como Mocidade, Estácio, Viradouro, Salgueiro, Unidos da Tijuca e Portela desfilaram com grandes sucessos lembrados e cantados até hoje. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9 (Mestre Maciel).

1 - MOCIDADE - "Sonhar não custa nada/o meu sonho é tão real...". Sonho de verdade foi a escola de Padre Miguel, atual bicampeã na época, pisar na Marquês de Sapucaí com um samba tão esplendoroso, que deu uma contribuição imensa para o grande desfile realizado (até hoje muitos reclamam do vice-campeonato). Um dos sambas-enredo contemporâneos mais famosos, é considerado um dos hinos da Mocidade e, de tanta fama que alcançou, muitos sequer se lembram que se trata de um samba-enredo. Paulinho Mocidade, intérprete da escola na época, foi o principal compositor do samba, de melodia extraodinária e romântica. Desculpem-me pela expressão, mas este clássico carnavalesco é "um colírio para os ouvidos". NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

2 - IMPERATRIZ - Samba de tom bem animado, não recebe a simpatia de muitos bambas. Seu refrão central é muito qualificado e a melodia, no geral, me agrada bastante. Mas é evidente que a escola possui sambas de enredo melhores. Preto Jóia, aos poucos, começava a se firmar como um intérprete de primeira linha, pois deu vida a este samba com muita qualidade. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

3 - ESTÁCIO - Muitos consideram o grande clássico estaciano, fundo musical do desfile que deu o único título do Grupo Especial à escola, uma legítima marcha-enredo. Essas considerações se devem a partes como o caco "ai, meu Deus eu vi", logo após o "Eu vi" (primeira frase do samba); ao refrão central gostoso, mas que não tem nada a ver com o enredo ("Me dê, me dá..."); e, por fim, à melodia animada com uma mescla de frases curtas (de canto lento) e frases longas (de canto rápido). O samba da Estácio pode até ter um quê de marchinha, mas que é adorável de se ouvir, isso sem dúvida nenhuma. Sem este excelente samba, seria difícil a Estácio levantar o caneco no carnaval de 1992. Aliás, este samba-enredo tem a cara de Dominguinhos na era Pró-Viradouro, pois o que ele cantou de sambas animados, que eram característicos da Estácio na segunda metade da década de 80... NOTA DO SAMBA: 9,6 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

4 - VIRADOURO - Um samba longo, mas de letra maravilhosa e uma melodia fora-de-série. Com justiça, levou o estandarte de melhor samba de 1992, superando hinos como os da Mocidade e da Estácio. A competência do excelente intérprete Quinzinho acrescentou ao samba uma qualidade ainda maior. Uma pena que um incêndio em um carro alegórico fez a escola perder posições na apuração. Sem este acidente, a agremiação de Niterói poderia ter se classificado até em terceiro lugar. E isso apenas no seu segundo ano no desfile principal... NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

5 - UNIÃO DA ILHA - Samba bem animado, característico dos últimos anos de Aroldo Melodia como intérprete. Com a categoria de sempre, leva um samba legal de se ouvir, mas com uma letra que deixa a desejar de tão simples para um enredo interessante, que abrangia a existência de todas as ilhas do mundo. O destaque fica por conta do gostosíssimo refrão central. Mas a União da Ilha, obviamente, tem sambas muito melhores. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

6 - VILA ISABEL - Um enredo muito confuso geralmente gera sambas criticados. Este é o caso do hino de 1992 da agremiação do "Zé Ferreira": até hoje ninguém compreende aquele papo da Vila ver o ovo e pôr as claras. A única coisa que sei é que o enredo fazia uma abrangência aos 500 anos (completados na época) do descobrimento da América por Colombo. O samba-enredo peca muito em letra e apresenta variações melódicas atípicas e esquisitas. Mesmo assim, curto muito este samba e adoro ouvi-lo (eu devo ser o único). Gera não compromete, mas nem Jamelão conseguiria acrescentar muito a este samba-enredo longo que se arrastou na avenida e comprometeu o desfile da Vila Isabel, que escapou do descenso por muito pouco. Muitos até hoje condenam a permanência da Vila com aquele desfile, alegando que a emergente Leão de Nova Iguaçu apareceu melhor com sua homenagem a Janete Clair. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

7 - TRADIÇÃO - Belo samba, com uma letra bem feita e uma melodia agradável, mas sem nada de original. Os dois refrões são longos e bem qualificados (principalmente o central). Só acho que a atuação do intérprete Moisés Santiago ficou devendo um pouco no CD. Ausente no LP de 1992, o samba não impediu o rebaixamento da escola naquele ano. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

8 - SALGUEIRO - Samba com a cara de Quinho, o Salgueiro partia, a partir de 1992, a fazer sambas animados a fim de se adequar ao estilo de seu irreverente intérprete, que estava no auge na época. Ainda assim, este samba-enredo é qualificadíssimo, com uma letra bem feita e unida a uma melodia excelente (principalmente no refrão central). O samba fez um esplêndido sucesso na avenida e até hoje faz sucesso no meu som ou no meu Winamp no PC. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

9 - BEIJA-FLOR - Samba-enredo leve, totalmente diferente do estilo de Neguinho e da escola de Nilópolis. Talvez tenha soado artificial demais, já que se diferenciou muito do característico estilo de sambas pesados da agremiação. O último samba-enredo composto por Neguinho tem uma letra fraca e sua melodia não tem nada de mais. A sétima colocação adquirida na apuração foi a pior da escola desde o seu primeiro título, conquistado em 1976. Talvez tenha sido influência do fraco samba. Ah, e o refrão central "Que rei sou eu, que rei eu sou..." é muito semelhante ao mesmo refrão central do samba da escola no ano anterior ("Quem sou eu, quem eu sou..."). NOTA DO SAMBA: 8,7 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

10 - PORTELA - Samba-enredo de letra simples, mas de boa melodia. Conduzido muito bem pelo saudoso Dedé da Portela, o hino portelense de 1992 é correto e competente, ainda que não seja um dos destaques da grande discografia da Águia. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

11 - UNIDOS DA TIJUCA - Talvez o mais famoso e lembrado samba-enredo da escola (não contando o de 1998, entoado constantemente pela torcida do Vasco). Seus marcantes refrões até hoje não foram esquecidos ("É no balanço desse mar amor/Vou navegar..." e "Maré que vem/Maré que vai vai vai..."). A melodia do hino da agremiação de Boréu é extraordinária e, quando ele é executado aqui em casa, o repito umas duas ou três vezes. Sem dúvida, um dos grandes clássicos carnavalescos da década de 90. Após sete carnavais, este foi o último ano de Nêgo na Unidos da Tijuca, antes da transferência para a Grande Rio. Ele voltaria para a escola em 2003. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

12 - CAPRICHOSOS - Um dos clássicos da agremiação de Pilares. Muito bem conduzido por Carlinhos de Pilares, é um samba de melodia qualificada, gostoso de se ouvir, em especial no trecho "ai que batuque gostoso/um axé bem formoso...". NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

13 - MANGUEIRA - Outro clássico de 1992, mas ainda assim com menos brilho em relação à maioria das obras daquele ano. Mas Tom Jobim ganhou uma belíssima homenagem da verde-e-rosa. Como agradecimento à homenagem, Tom compôs o clássico "Piano da Mangueira". NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

14 - LEÃO DE NOVA IGUAÇU - A grande surpresa do carnaval de 1992. A emergente escola, que homenageava a saudosa autora de novelas Janete Clair, desfilou com um samba-enredo extraordinário. Sua melodia é gostosa, agradável e a letra é muito criativa e bem feita. O samba cativou tanto que muitos consideram até hoje injusto o seu rebaixamento na ocasião. Assim como a Tuiuti, em 2001, o Leão, escola de pequeno porte, causou excelente impressão no seu único desfile no Grupo Especial, principalmente por cantar um excelente samba-enredo. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel). Clique aqui para ver a letra do samba

SANTA CRUZ - No ano anterior, a escola, que desfilava pelo Acesso com o enredo "O Boca do Inferno" (com um samba-enredo magistral), amargou uma queda de energia elétrica na Marquês de Sapucaí durante a sua apresentação. A Santa Cruz, que não fora avaliada na apuração, passou a exigir uma vaga no Grupo Especial do ano seguinte. Porém, o processo se arrastou até as vésperas do carnaval de 1992, quando finalmente concederam a vaga à escola para desfilar entre as grandes. Porém, a decisão foi tomada tarde demais, já que a agremiação havia feito uma preparação para desfilar no Acesso. Resultado: a escola estava muito inferior às demais e acabou rebaixada em último lugar. Sobre o samba apresentado pela Santa Cruz: fraquinho, merecia uma letra mais criativa (já que falava sobre o cabalístico número quatro). Nem o grande intérprete Sobrinho o salvou. O samba-enredo foi gravado para fazer parte do disco do Acesso-92, já que a previsão era da escola desfilar no Segundo Grupo naquele ano. NOTA DO SAMBA: 8,3 (Mestre Maciel)Clique aqui para ver a letra do samba

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