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Os sambas de 1988

Os sambas de 1988

A GRAVAÇÃO DO DISCO - Para mim, essa é a melhor gravação de todos os discos de carnaval. O som da bateria é o mais natural possível, sem qualquer efeito de estúdio. Todos os instrumentos são ouvidos com perfeição. Ecoam à vontade repiques, caixas, tamborins, agogôs... Realmente dá gosto curtir cada um dos sambas de 1988 graças a essa magistral gravação. O disco de 1988 tem toda a cara do carnaval. O som da bateria tinha de ser o padrão desse disco. Experimentem ouvir um samba de 1988 e um do CD de 2004, com aqueles efeitos desnecessários. Sem comparação, né? O samba é o mais valorizado na primeira passada, com o intérprete cantando acompanhado de um discreto coro, juntamente com a bateria comportada. Na segunda passada, a bateria passa a arrebentar, com o coro passando a entoar o samba com mais fora. Pela primeira vez os sambas foram vendidos em álbum duplo (nos dois anos anteriores, os sambas que sobravam do disco principal eram gravados junto com alguns sambas do Segundo Grupo) e nele estão incluídas mais duas esplendorosas faixas de bateria. Quanto à safra de sambas-enredo de 1988, mais uma maravilhosa, fora-de-série, incluindo sambas lendários como Mangueira, Vila Isabel e Tradição. Vivíamos uma grande fase naquela época. 1988 foi um ano que marcou o centenário da Abolição da Escravatura. Mesmo assim, apenas três escolas (Mangueira, Portela e Beija-Flor) centralizaram este tema em seus enredos. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Mestre Maciel).

Os sambas de 1988 foram muito bem recebidos por crítica e público. A safra reflete o espírito da época - com o fim da ditadura, os cronistas botavam a boca no mundo, denunciando a corrupção, a desigualdade social, ridicularizando as figuras públicas, sem medo de censura. Os intelectuais de esquerda passaram a ditar os modismos culturais. Era um novo cenário. Por isso é um pouco difícil para quem não viveu nos anos 80 entender o carnaval daquele tempo. Os intelectuais julgavam o carnaval e tentavam, sempre que possível, aproximar o resultado oficial com o sentimento popular. A campanha das Diretas Já não era isto? Não foi a toa que a Mangueira reinou incontestada no período, com carnavais menos luxuosos e técnicos que suas co-irmãs, mas sempre apresentando um chão fantástico. Tal cenário só começou a se modificar no ano seguinte, quando a Imperatriz venceu, com um desfile tecnicamente impecável, o impacto de "Ratos e Urubus". Entretanto, o chão estava presente, e a escola cantou como nunca. Foi um dos poucos momentos em que técnica e emoção andaram juntas. Por isso, eu considero "Liberdade, Liberdade" o melhor desfile da história. Mas voltando a 1988, mais precisamente aos sambas do ano, apesar de conter alguns clássicos e sambas de excelente qualidade, o fato de inúmeros enredos tratarem de críticas à sociedade da época tornou o disco um tanto quanto datado. Destacam-se os sambas de Tradição, Mangueira e Vila Isabel. A qualidade da gravação do LP é impecável. NOTA DA GRAVAÇÃO: 8 (João Marcos).

Excelente gravação! A bateria tem uma atuação mágica, pouquíssimas vezes vista em um disco de sambas-enredo! Ela se assimila muito com uma bateria na hora de desfile. Cuícas, caixas-de-guerra e agogôs aparecem muitíssimo bem, mas não podemos compará-las com a atuação frenética dos tamborins e repiques, que em certas faixas, como da Unidos da Tijuca, quase cobrem a voz do puxador. Em compensação, os surdos "sumiram". O intérprete tem destaque total, fazendo a gente entender cada palavra até mesmo se a bateria quiser "engolir" sua voz. A gravadora não quis investir muito em recursos técnicos, mas colocou uns ecos bacanas em certos gritos de guerra. O coro (menos feminino) é menos forte que nos anos anteriores, mas ainda marca certa presença. A segunda melhor gravação dos anos 80, atrás da imbatível gravação de 1985. Porém, a safra é completamente antagonista à de 85. Na verdade, ela foge de todas as características dos anos 80. Para você entender, a década é famosa pela ausência de obras-primas excepcionais, mas também pela inexistência de bois-com-abóbora. Ou seja, todos (ou a maioria) os sambas são de excelente qualidade, mas nada demais. Só que 1988 é uma exceção das bravas. Nele temos "Kizomba", um dos mais valentes sambas da história; temos "O melhor da raça, o melhor do carnaval", uma obra-prima altamente técnica e envolvente ao mesmo tempo e temos "100 anos de liberdade ou ilusão", que é para muitos o samba-enredo mais emocionante de todos os tempos. Mas também temos o samba da Mocidade, um samba tão trash que chega a dar medo; da Imperatriz, uma marcha-enredo mal-feita sem nenhuma beleza técnica e da Cabuçu, que é apelação pura do início ao fim. Mas não precisa nem dizer que as obras-primas fazem nós esquecermos dos bois-com-abóbora por mais que eles sejam horrendos. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Gabriel Carin).

É a primeira vez que faço comentários no Sambario. Tenho 20 anos e para começar vou falar da safra de 1988 que contém alguns sambas clássicos com outros de excelente qualidade. Também estão presentes composições péssimas como o da Mocidade. Sobre a gravação do LP, ela é fantástica sem aquela artificialidade que reina nas gravações atuais. É muito difícil para quem não viveu aquela época ou não tem alguém que presenciou aqueles tempos (no meu caso tenho familiares que curtiram muito o samba daqueles tempos) entender os anos 80. Naquela época, muitos sambas eram ligados ao povo. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Daniel Benfica). 

1A (1) - UNIDOS DA TIJUCA - Numa época em que prevaleciam enredos bem-humorados na tradicional agremiação, a Tijuca cantou um dos mais escrachados sambas da história do carnaval: "Templo do Absurdo - Bar Brasil". Trechos memoráveis como "Ai, quem me dera se eu fosse um marajá/Ganhasse a vida sem precisar trabalhar/Mas acontece que é só a minoria/Que desfruta a mordomia/Nessa tal democracia" sem dúvida fizeram a alegria dos bambas (e sobretudo a minha). Ainda bem que a ditadura já havia se dissipado... Nêgo, no terceiro ano como intérprete oficial da escola, conduziu muito bem este excelente samba, animado do início ao fim. Esse é mais um daqueles sambas que, quando é executado, o repito umas duas ou três vezes. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

Depois de conquistar o título do acesso de 1987, a Unidos da Tijuca abriu, de forma surpreendente o carnaval de 1988. Com uma obra bem construída e uma ótima performance de Nego, a escola foi a mais feliz em matéria de samba dentre as que optaram por críticas sociais. Detonando os "marajás", a falsa democracia e a desilusão do povo, de forma bem humorada, a obra de Beto do Pandeiro, Nêgo, Vaguinho, Monteiro, Ivar Silva e Carlos do Pagode é um dos melhores sambas da história da escola. Infelizmente, por retratar a realidade política da época, ficou datado, mas, mesmo assim, fez a alegria dos foliões na época. NOTA DO SAMBA: 9,1 (João Marcos).

Trouxe, em seu samba, a irreverência que o enredo pedia. A letra traz algumas tiradas interessantes, como os dois refrões e expressões familiares à época como “congelaumento” e também o clima descontraído dos botecos carioca e brasileiro. A melodia, sem maiores floreios, teve um bom desempenho na avenida, conduzida pela bateria do inesquecível Marçal e pela competente interpretação dos bons cantores Nego e Vaguinho. NOTA DO SAMBA: 8 (Juninho do Porto).

Legal! Eis um samba que assimila irreverência com lirismo. A volta da Unidos da Tijuca ao Grupo 1-A gerou um hino bem simples, sem explosões de criatividade. Ele sai criticando tudo, porém em nenhum momento é grosseiro. Fica até meio esdrúxula se ouvirmos hoje em dia, assim como muitos sambas dos anos 80, mas ainda sim é super atual (infelizmente). Sambas críticos dessa época têm essa triste característica. Tiro as palavras de Nego: "Eta, papo pra rolar...". NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin).

O LP começa muito bem com este samba. Não é uma obra prima, mas é um samba muito bem construído e retrata bem o que ocorria no período. A interpretação do Nego é muito boa. Interessante que mesmo tendo trechos que nos dia de hoje soam de forma esdrúxula o samba é bem atual. Um exemplo: “O medo de sair, ser assaltado (um prato cheio para os nossos candidatos que prometem que tudo vai mudar caso eles sejam eleitos), E o plano mal traçado, A bomba que estourou em nossas mãos (impostos, taxas, etc...), As brigas com a patroa em casa, E o time que só faz perder, Não dá pra segurar, já chega de sofrer (sonho de todo mundo que deseja ter uma vida boa), Quero poder bebemorar”. Em minha opinião, um dos melhores sambas da escola. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

2A (1) - MOCIDADE - No rol dos piores sambas da história da escola, "Beijim Beijim Bye Bye Brasil" abre com um refrão fraco. Mas as demais partes me agradam, principalmente o refrão central "Tchau cruzado, inflação...". A segunda parte possui uma melodia boa e, sobretudo, original. Talvez o enredo confuso de letra estapafúrdia tenha despertado ainda mais a rejeição dos bambas pelo hino da Mocidade de 1988. É um samba razoável, mas bem audível. Talvez eu seja o único que goste deste samba... NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).

O enredo imaginado por Fernando Pinto e desenvolvido por Cláudio Amaral Peixoto atrapalhou os compositores. A escola tentou reeditar a fórmula de "Tupinicópolis", exigindo um samba cheio de citações das doideiras inventadas pelos carnavalescos... mas desta vez não deu certo. A letra é uma confusão, o refrão é fraquíssimo e a escola foi uma decepção na avenida. Ótima apenas a interpretação de Ney Vianna no LP. NOTA DO SAMBA: 6,8 (João Marcos).

Certamente, um dos mais fracos da história da escola. Exaltando as “sete brasiléias encantadas”, a letra do samba traz raros bons momentos de inspiração e o seu conjunto fica comprometido severamente com os dois refrões e com o uso de expressões de mau gosto como o próprio título do enredo no refrão inicial do samba. A melodia é apenas regular, tendo uma leve melhora nos trechos iniciais do samba. NOTA DO SAMBA: 6 (Juninho do Porto).

"Tupinicópolis" foi um dos melhores e mais exóticos sambas-enredo da história. Quanto ao hino do ano seguinte, não podemos usar o primeiro superlativo. Seus refrões são fraquíssimos, uma trashelândia só. A melodia é retíssima e quando eu digo reta é porque muuuuuuuito reta mesmo!!! As variações foram jogadas para o espaço, pois Ney Vianna o cantou como se estivesse lendo um texto. Pra completar, a letra é ridícula, uma doideira esquisitona. Se você procurar a palavra "apelação" num dicionário, lá tem a letra desse samba como exemplo. Um desastre! O segundo pior samba da história da Mocidade, perdendo só para o de 2004. O desfile da escola, tal como o samba, foi um desastre. O enredo de 1988 foi feito por Fernando Pinto, mas que veio a falecer num acidente de carro em 1987. Ele acabou sendo desenvolvido por Mário Monteiro e Cláudio Amaral Peixoto. NOTA DO SAMBA: 4,4 (Gabriel Carin).

O último enredo feito por Fernando Pinto merecia um samba muito melhor. As doideiras inventadas pelos carnavalescos Mario Monteiro e Cláudio Amaral Peixoto deram um nó na cabeça dos compositores que compuseram esse boi-com-abóbora de primeira. Os refrões são muito fracos, a letra é ridícula e para completar, o desfile da escola foi péssimo. Um dos piores sambas da escola sem sombra de dúvidas. NOTA DO SAMBA: 3,5 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

3A (1) - UNIÃO DA ILHA - Quinho, então auxiliar de Aroldo Melodia, assumia de vez o principal microfone da União da Ilha depois de três anos (Melquisedeque já fora o intérprete oficial da escola em 1985). E começava a se identificar com os bambas com um samba que não só é a sua cara como também da própria escola. Uma letra coloquial e bem-humorada serviu para homenagear Ary Barroso no enredo de nome criativo "Aquarilha do Brasil", uma alusão ao clássico "Aquarela do Brasil" do compositor. E, de cara, Quinho já dava as suas clássicas presepadas de dicção. Se não tivesse a letra do samba-enredo nas mãos, jamais imaginaria que Quinho pronuncia frases como "Quindim Gostoso" e "Zé Cariocou". NOTA DO SAMBA: 9,4 (Mestre Maciel).

Um samba animado, porém mais bem elaborado que a maioria dos sambas da escola na fase pós-Didi. A melodia leve e agradável unida a uma excepcional interpretação de Quinho (quando lhe dão um samba enredo de qualidade e ele quer cantar, é um dos melhores intérpretes do carnaval carioca) ajudou a Ilha a fazer uma ótima apresentação. A letra é simples, retratando o enredo com clareza. Bom samba. NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos).

Homenageando a vida e a obra de Ari Barroso, a tricolor da Ilha do Governador trouxe um belo samba. Samba este que traz momentos de grande inspiração em sua melodia bem feita e em sua letra correta e irreverente, como é de praxe na consagrada ala de compositores insulana. Certamente, os fãs deste grande artista e todos nós sambistas ficamos satisfeitos com o cuidado na confecção deste samba da Ilha. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Juninho do Porto).

"Arrepia Ilha!!!!". Rapaz, eu assumo agora: nunca vi uma interpretação tão bonita de Quinho! Impressionante como ele deixa os cacos de lado e pensa no samba em si. Realmente extraordinário, até porque a gravação é muito boa. Antes de conhecer essa versão original, não entendia quando falavam que "Aquarilha do Brasil" não era uma marcha-enredo e sim um samba de verdade. Hoje entendo tudo, Mestre Quinho! Falando da obra, possui uma letra excelente, aliada a uma melodia perfeita. A alusão ao homenageado no trecho "Saudade, só deixou saudade/Pra ser mais um dos menestréis/Vem na cegonha pra ver/Ari Barroso, o tema é você" é muito bacana. Muito bom! Vale a pena constar a horrenda interpretação de Robertinho Devagar para Coletânea Sony. Na versão oficial, destacam-se os gritos de "Mengo" ecoados durante o refrão principal. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Gabriel Carin).

Bom samba. Quinho (tão criticado pelos bambas) conduziu muito bem esse samba que tem uma melodia muito boa, de letra simples e que retrata bem o enredo. Gosto muito do trecho: "Saudade, só deixou saudade/Pra ser mais um dos menestréis/Vem na cegonha pra ver/Ari Barroso, o tema é você". Enfim um samba que apenas ajuda a mostrar a boa safra que tivemos em 1988. Que saudade da União da Ilha no Grupo Especial. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

4A (1) - IMPERATRIZ - Outro samba-enredo rejeitado que, porém, me agrada. Curto, também de letra coloquial e bem-humorada e melodia animada, acabou não evitando o desastroso desfile da Imperatriz, que tirou o último lugar (foi salva por não haver rebaixamento naquele ano). Alexandre D'Mendes (na época, Alexandre da Imperatriz) não conseguiu salvar o samba de ser um dos mais odiados pelos amantes do carnaval. Mesmo assim, gosto muito do hino da Imperatriz de 1988 (tanto que vivo o cantarolando). NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).

David Correa sempre conseguia unir poesia e linguagem coloquial com perfeição. Com esta fórmula, venceu inúmeros sambas na Portela, na Ponte (para quem não sabe, além de assinar o samba da escola em 80, ele é o compositor do samba de 86, apesar do seu nome não estar nos créditos por ele, também, ter vencido na Vila) e no Salgueiro. Muitos torceram o nariz para a letra do samba de 86 que ele compôs para a Vila, tanto pelo excesso de monossílabos (outra de suas características) quanto pela brincadeira com a letra ("Será, ô será/Que o samba ginga na voz Brasil/Mas deixa isto pra lá/E vá na pura do barril"). Particularmente, acho o samba muito bom. Entretanto, ele errou a mão no samba da Imperatriz de 1988. Tudo bem que o enredo, crítico e abstrato ao mesmo tempo, era complicado para transformar em samba, mas a pobreza da letra é lamentável. Pior ainda se você levar em consideração que seus parceiros eram alguns dos maiores vencedores de sambas na Imperatriz - Guga, Gibi e Zé Catimba - o que torna o pecado ainda mais grave. O samba terrível, aliado a um desfile catastrófico, prejudicado pela chuva, quase levaram a Imperatriz ao Grupo 1-B. Ainda bem que não houve rebaixamento em 1988. Em 1989, a escola repetiu o feito do Império Serrano em 1982, saindo do último lugar para uma vitória consagradora. NOTA DO SAMBA: 5,7 (João Marcos).

Trata-se de uma marcha-enredo mal sucedida. O grande equívoco desta obra foi confundir bom humor com escracho, pois a letra é totalmente irregular, incompleta e tem apenas um verso inspirado, onde comenta que “da realeza, me mandou uma princesa, que fingiu me libertar”. A melodia foge totalmente aos padrões aceitáveis para um samba de enredo. Certamente, um dos piores sambas de todos os tempos. NOTA DO SAMBA: 3,5 (Juninho do Porto).

Um desastre! Horrível! De longe o pior samba da história da escola. Nunca entendi o negócio do "Disse me disse/Na História do Brasil/Fui criança, fui palhaço/E ninguém me assumiu". Assumir? Isso é samba-enredo ou teste de paternidade do Ratinho? E que criança e que palhaço são estes? Como diz o sr. Didi Mocó: cuma? Os quatros refrões são terríveis. Até a minha samambaia faz coisa melhor. O pior de tudo é o tal refrão "Ô ô ô piuí/Piuí lá vem o trem/A ferrovia é brincadeira de neném". Um lixo! Chega dar muita pena mesmo!!! Troço pavoroso também é o maldito "Quá, quá, quá/Você caiu, caiu/É brincadeira/É primeiro de abril". Não tem sentido completo, indo contra a todas as regras gramaticais. Triste! A única coisa que se salva é a bela atuação da bateria e de Alexandre D'Mendes. Super trash! Merecia cair sim! O pior samba da escola de Ramos. O que mais irrita é saber quem são seus autores: David Corrêa, Guga, Zé Catimba e Gabi. NOTA DO SAMBA: 2 (Gabriel Carin).

A Imperatriz tem que agradecer muito que não houve rebaixamento em 1988. O quarteto que compôs esse samba é de muito respeito, mas o samba não. Uma letra ridícula com refrões péssimos aliados a um desfile que foi muito prejudicado pela chuva é o resumo da passagem de Ramos no Especial em 1988. Coisas como "Disse me disse/Na História do Brasil/Fui criança, fui palhaço/E ninguém me assumiu" são um ótimo cartão de visitas para pular a faixa deste samba no LP. O samba de 1989 é antológico, o de 1988, um dos piores de todos os tempos. NOTA DO SAMBA: 2 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

5A (1) - PRIMEIRA FAIXA DE BATERIA - Magistral! Um espetáculo grandioso da bateria que, com um ritmo cadenciado, seduz até aquele que é totalmente avesso ao samba e ao carnaval. Caixas, repiques, agogôs... Dão um show, com direito ao clássico do baião Asa Branca tocado na cuíca no fim da faixa. Não tenho palavras nem adjetivos... (Mestre Maciel)

Outra faixa incendiária de bateria. Repiques e caixas-de-guerra fazendo a festa. Tamborins arrepiando, deixando qualquer bamba maluco! Extraordinária também a cuíca entoando "Asa Branca". Swingue puro! (Gabriel Carin)

1B (1) - SÃO CLEMENTE - Grande samba da agremiação da Zona Sul: ecoa mais uma vez o inconfundível "Olha a Crítica" do grande Izaías de Paula para anunciar o que vem por aí: mais uma das indefectíveis críticas da São Clemente. E o samba, apesar de cantado num ritmo frenético de sua bateria de tão acelerada, é de muito bom agrado. Em alguns trechos do samba-enredo, não há rimas (o que deixa claro que a intenção dos compositores é tecer uma crítica direta), e sua melodia animada para denunciar a violência sem dúvida faz do samba da São Clemente de 1988 uma atração a mais no carnaval. Acho demais o trecho "Crianças encantadas com He-Man/Desconhecem as maldades que em nossa terra tem". Na época, He-Man era o desenho do momento. A SÃO CLEMENTE TEM A FORÇA... NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Depois do emocionante "Capitães do Asfalto", a escola da Zona Sul resolveu pegar pesado na crítica mais uma vez. Uma pena que o samba, muito marcheado, não tenha valorizado a boa letra, cujas sacadas inteligentes passam meio despercebidas. Como grande parte dos sambas do ano, ficou datado, mas serviu ao propósito de fazer a escola permanecer entre as grandes por mais um ano. NOTA DO SAMBA: 7.8 (João Marcos).

Um bom samba, seguindo a linha do Capitães de Asfalto. Falando sobre a violência, os compositores souberam utilizar as expressões de forma correta, encaixando bem na bela melodia e também provocando a Globo nos primeiros versos do refrão principal do samba. Também merecem a citação os bons desempenhos dos cantores Geraldão e Izaías de Paula no desfile, assim como o andamento que a bateria imprimiu no desfile. NOTA DO SAMBA: 8 (Juninho do Porto).

Nunca vi uma crítica tão grande a Rede Globo num samba-enredo! Nos anos 80, o lema global era "Pegue essa onda, essa onda pega". A São Clemente lascou um bendito "Se essa onda pega, vai pegar noutro lugar" em seu refrão de cabeça. E as críticas continuam depois: "Liberdade/Quero mudar o meu canal pra outro mundo". Não entendi direito o que a Grande Vênus faz num enredo sobre violência, mas deve ter relação com os telejornais da transmissora, considerados "pessimistas" e "sensacionalistas". Esse terceiro melhor samba da história da escola, atrás apenas de "Capitães de Asfalto" e "E o samba sambou". A melodia é muito bacana, na qual se destacam os momentos em que ela tenta enfatizar a letra irreverente justamente para chamar a atenção do ouvinte às críticas. E ainda sobra tempo para falar do centenário da abolição da escravatura ("Negro sofreu com a escravidão/Sonhava chegar o dia da libertação"). Sem dúvida, uma obra extraordinária. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gabriel Carin).

Um bom samba, mas inferior a hinos como “Capitães de Asfalto” e "E o samba sambou". A letra tem sacadas inteligentes que pegam pesado contra a violência. Concordo com o João Marcos quando ele diz que o samba é marcheado. Eu também acho. Não posso deixar de dar os parabéns para a São Clemente da década de 80 e começo dos anos 90. A escola não tinha medo de criticar as coisas erradas do nosso país. Enredos como esses fazem falta no Especial de hoje. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

2B (1) - ESTÁCIO - Mais um grande samba para o maravilhoso hall musical estaciano. Uma bela letra, com todos os tipos de boi sendo lembrados (só faltou, no samba, a conversa para boi dormir, hehe) e uma melodia carismática faz esse samba ser bastante admirado pelos bambas. Não sei se o boi deu bode na Sapucaí, porque a Estácio, em 1988, não conseguiu uma colocação muito boa na apuração... NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Tentando repetir o sucesso de "Tititi do Sapoti", a escola usou a mesma fórmula do ano anterior. Deu bode. O samba tem uma letra muito inteligente, mas a melodia deixa a desejar. Dominguinhos deu seu show particular no LP, mas o samba não funcionou na avenida, apesar de ter sido relativamente popular no ano. NOTA DO SAMBA: 8,2 (João Marcos).

Um dos sambas mais fracos da história do Berço do Samba. Descrevendo o enredo sobre o boi em toda a história, o Estácio trouxe um samba repleto de lacunas, bastante fraco em letra, com a melodia falha e, na gravação ao vivo, é possível notar o Dominguinhos, que revelou em uma entrevista que não gosta deste samba, gritar ao diretor de bateria “não deixa cair!”. Certamente, se o samba fosse bom, não haveria o temor pela queda dele durante o desfile. NOTA DO SAMBA: 4 (Juninho do Porto).

Enquanto as demais escolas de samba falavam de temas sérios como a situação do negro no Brasil, corrupção, desigualdade social e violência, Rosa Magalhães faz enredo sobre boi. Acho que essa foi uma das poucas vezes que bicho virou enredo. O samba em si é bom, de letra inteligente e melodia categórica. Acho certas expressões bizarras meio estranhas como "A onda que me levou/Me embalou/De lá pra cá numa legal", porém sei que isso não atrapalha o resultado final da obra. Adoro o refrão "O boi de corte virou vaca/A carne é fraca, é isso aí/O boi dá bode na Sapucaí". Dominguinhos deu um show na gravação. NOTA DO SAMBA: 8,9 (Gabriel Carin).

O samba estaciano de 1988 tem uma letra muito inteligente e um Dominguinhos que deu um show na gravação. Acho meio bizarras expressões como "A onda que me levou/Me embalou/De lá pra cá numa legal". No geral um samba bem razoável, mas longe de ser antológico. NOTA DO SAMBA: 8,2 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

3B (1) - SALGUEIRO - Maravilhoso! Rixxa, estreando como intérrpete oficial no disco (em 1987, dividiu o microfone com Dalmir), canta com a maestria que os bambas estavam começando a conhecer do futuro Pavarotti do Samba um excelente samba-enredo, de melodia bem variada, letra complexa e um ótimo refrão central (aliado a uma magistral paradinha da bateria). Um samba que realmente combinava com a Academia na doce e saudosa era anti-Ita e seus sambas oba-oba e "vamos sacudir a Sapucaí, meu amor". Curioso mesmo é o número de compositores do samba-enredo: nove. Deve ter havido uma junção de dois ou três sambas para arcar com os custos das careiras eliminatórias... NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel).

Rixxa interpretou com sua habitual classe este belo samba de 1988. A primeira parte é brilhante, letra perfeita, conta o enredo com clareza. Cai um pouco de nível na segunda parte, com algumas soluções poéticas forçadas. Por fim, o refrão, metendo uma crítica à moeda da época, parece não combinar com o lirismo do restante da obra. Ainda assim, é um sambão. NOTA DO SAMBA: 9,3 (João Marcos).

Um dos melhores do ano e da história salgueirense. Exaltando a história do ouro (ciclo de ouro, ciclo do café, os Anos Dourados, o sonho dourado do desenvolvimento brasileiro na Ditadura e o mal fadado Plano Cruzado), o samba, que foi resultado de uma competente fusão comandada por Laíla, é composto de uma melodia encantadora, letra com uma elaboração bastante cuidadosa e pelo canto fenomenal de Rixxa e Rico Medeiros, além da cadência registrada do Mestre Louro na bateria colorada tijucana. Lindo samba, sem dúvida. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Juninho do Porto).

Rixxa teve uma interpretação exemplar na faixa. É muito interessante como o ouro é tratado neste samba-enredo. Ele mescla todos os tipos de ouro, desde viagens dos antigos bandeirantes ao ouro negro. A melodia é destaque na primeira parte da obra, principalmente durante no refrão "Bantô, D'angolo/Criolô, muito axé/Eis o milagre do café". Muito bom! NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

Sambão. Rixxa interpretou maravilhosamente bem este grande samba. A primeira parte é tudo de bom com letra e melodias perfeitas. Interessante é notar que o enredo sobre o ouro foi tratado de forma maravilhosa sem aquele oba-oba tradicional de muitos hinos salgueirenses depois do sucesso do Ita. Que saudades de hinos assim no Salgueiro. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Daniel Benfica).

Clique aqui para ver a letra do samba

4B (1) - PORTELA - Encantador! Mesmo com o enredo confuso, a Portela cantou na Sapucaí um samba-enredo de emocionar. Sua melodia é divinal e seu refrão principal "Briga, eu, eu quero briga/Hoje eu venho reclamar/O que que tem, o que que há/Esta praça ainda é minha/Eu também estou fominha/Jacaré quer me abraçar" foi uma febre, apesar de eu não entender patavina da mensagem que ele quer passar. O que tem a ver essa tal briga com o enredo? Que briga é essa? Que Jacaré é esse que quer me abraçar? A Portela e suas eternas brigas internas... Outro trecho encantador é o refrão central "Canta meu povo...". Se a letra do samba eu não compreendo, sua riquíssima melodia (junto com uma excelente performance do saudoso Dedé da Portela) realmente compensa tudo. Para mim, um dos melhores sambas da Portela. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Mestre Maciel).

Bom samba da Portela, apesar de bem inferior ao do ano anterior, que também é assinado pela mesma parceria. O refrão principal é estranho, principalmente na voz potente de Dedé da Portela, mas o do meio é um achado. O samba tem momentos melódicos maravilhosos, mas, no todo, parece um tanto quanto desconjuntado. NOTA DO SAMBA: 8,5 (João Marcos).

Um dos piores sambas da sua história, tão repleta de grandes e inspiradas obras. A melodia é boa, com momentos interessantes na segunda metade do samba. Mas, a letra é um festival de equívocos. Os dois refrões são absolutamente horrorosos, pois utilizam expressões condenáveis a um bom samba de enredo. “Briga, eu quero briga... / Jacaré quer me abraçar” e “Canta meu povo” são versos de extremo mau gosto e nem parecem ter sido compostos pela parceria que escreveu o majestoso Adelaide, no ano anterior. NOTA DO SAMBA: 4,5 (Juninho do Porto).

Paulada do LP! Um dos sambas mais maneiros da história da Portela, uma das poucas escolas que centralizaram o centenário em seu enredo. O refrão de cabeça, apesar de meio confuso, é fantástico! Como seria legal sair brincando o carnaval cantando "Briga, eu, eu quero briga/Hoje eu venho reclamar/O que que tem? O que é que há?/Essa praça ainda é minha/Eu também estou fominha/Jacaré quer me abraçar!". A melodia une lirismo a animação num tipo de herança do sr. David Corrêa. Destaco também o trecho "Suzana, musa deste mar de lama/Simplesmente a tua chama/Queima o peito de quem ama", cujas rimas são mágicas. Fantástico! NOTA DO SAMBA: 9,9 (Gabriel Carin).

A mesma parceria que compôs o fantástico Adelaide também é autora desse samba aí. Essa composição divide opiniões. Alguns gostam, outros não. Particularmente acho um bom samba, mas inferior ao já citado samba de 1987. A composição tem momentos melódicos maravilhosos e o refrão do meio é um achado, mas o principal eu acho meio estranho. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

1A (2) - TRADIÇÃO - Olha a dupla João Nogueira e Paulo César Pinheiro aí gente! Este samba-enredo possui uma característica peculiar: NÃO POSSUI UM REFRÃOZINHO SEQUER!!!! Nem precisava! Sua letra didática magistral e sua melodia envolvente, características singulares dos sambas de Nogueira-Pinheiro para a Tradição, dispensam qualquer tipo de reforço (isso sem contar a bateria, que dá um show na segunda passada). Foi uma estréia em grande estilo da Tradição no desfile principal: com uma obra-prima dessas, um samba de emocionar, o Condor, mesmo nessa nhaca que se encontra hoje, tem crédito pelo menos comigo graças a esses ícones do carnaval compostos pelo saudosíssimo João Nogueira, que nesse ano puxou o samba na Sapucaí (com o bom Candanga soltando os cacos no disco). No disco, ele parece não ter muita força como intérprete de escola de samba. Na avenida não deve ter sido diferente. E daí? Repito: samba-enredo da Tradição de 1988, uma obra-prima do carnaval. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

A escola chegou ao Grupo 1-A metendo moral, com o samba mais perfeito do ano do ponto de vista técnico. A melodia é excelente, a letra conta com clareza o difícil enredo da escola. No disco, a voz é do craque João Nogueira que, junto com outro gênio da MPB, Paulo César Pinheiro, compôs os primeiros (e melhores) sambas da história da escola. Outro detalhe - o samba não tem refrões e, mesmo assim, funcionou uma maravilha na avenida, o que prova que samba bom dá certo sempre. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos).

Em seu primeiro desfile no Especial, a então jovem escola de Campinho trouxe um samba lindo e fora dos padrões de “receita de bolo” que passaram a ser prestigiados a partir fim dos anos 80. Com a assinatura de dois gênios da MPB, João Nogueira e Paulo César Pinheiro, o samba exalta que o melhor do carnaval é a união das três raças a sambarem felizes no carnaval. O mais incrível é que o samba não tem refrões e é poesia pura com uma melodia fascinante. NOTA DO SAMBA: 10 (Juninho do Porto).

Clássico! A estréia da escola do Campinho no Grupo 1-A gerou uma verdadeira obra-prima dos mestres João Nogueira e Paulo César Pinheiro. A letra é um primor, didática e criativíssima. O engraçado é que ela tem "início, meio e fim" sem virar um "resuminho de sinopse". Primeiro, ela apresenta a escola e o enredo abordado ("Vem meu amor/Do teu coração abre a janela/Conquistando a passarela/Com saudades da Portela/Vem de novo a Tradição"). Depois, inicia a exaltação as três raças, começando pelos índios ("

Tem deus Tupã, tem Boitatá, tem Guaracy/Tem o Quarup e as danças de guerra/Tem Sapain, tem Aritana e Raoni/Lutando ainda pela posse da terra"). Em seguida, fala dos negros ("Tem Carimbó, tem Caxambu, tem Ticumbi/Maracatus e jongos/Tem Chico Rei, Mãe Quelé, tem Zumbi/Regando até hoje a semente dos quilombos"). Mudando um pouco os rumos melódicos, continua citando as raças, desta vez os brancos ("Quem faz a festa é o Chalaça/O imperador vai gostar/Vai ter seresta e cachaça/Mucama vai se enfeitar/Salve a mistura da raça/Que nunca vai se acabar/Até o dia de Graça chegar"). Pra finalizar, a Tradição faz um clamor pela união das raças pela festa do carnaval, que é algo muito mais forte que as próprias desavenças ("Vem, acende a chama/Da nossa história/Vamos exaltar a escola de samba/Nosso pantheon de glória/Vem, me dê a mão/Que na folia é todo mundo igual/Vem, vem cantar junto com a Tradição/O melhor do Carnaval"). Essa letra fantástica unida com uma melodia magistral acabou fazendo de “O melhor da raça, o melhor do carnaval” um dos maiores sambas-enredo da era Sambódromo. E na avenida, rendeu que foi uma beleza. Espetacular! NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin).

Tem deus Tupã, tem Boitatá, tem Guaracy, Tem o Quarup e as danças de guerra, Tem Sapain, tem Aritana e Raoni, Lutando ainda pela posse da terra”. Antológico, extraordinário, divinal. Essas qualidades e outras mais podem ser colocadas nessa obra-prima dos mestres João Nogueira e Paulo César Pinheiro. Como dito pelo João Marcos, os dois craques fizeram os primeiros e melhores sambas da escola do Campinho. O samba não tem um refrão sequer e funcionou divinalmente na avenida. A melodia é fantástica e o enredo é contado de forma clara sem ser aquele resumo babaca de sinopse. A letra é um primor. Que saudades de um samba dessa categoria no Carnaval atual. Obrigado mestres por essa obra-prima. NOTA DO SAMBA: 10 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

2A (2) - CAPRICHOSOS - Carlinhos de Pilares cantou um samba que é a sua cara. O saudoso intérprete, que vivia a melhor fase de sua carreira, levou com totais méritos o Estandarte de melhor puxador em 1988. A escola, acostumada a trazer temas bem-humorados na época, dessa vez optou por um enredo sobre o cinema. Mas com um samba animado, de letra coloquial demais (e fraca). Considero a paradinha da bateria no último refrão ("Tem comédia, tem piada/Musical com batucada...) um pouco esdrúxula. A letra ainda possui clichês desnecessários como "Amor, ai, amor" e "Ô iaiá". Tudo bem que sambas assim caíam como uma luva para Carlinhos de Pilares, mas o enredo exigia um samba-enredo mais qualificado. NOTA DO SAMBA: 8,3 (Mestre Maciel).

A escola era uma das queridinhas do público e dos intelectuais da época. Interessante é que no ano das críticas, a escola puxou o freio. Falando de cinema, a escola, que vinha de dois enredos ferozes, relaxou e fez um desfile mais leve, e, por incrível que pareça, mais próximo do de 1985 que os anteriores. O samba é medíocre, mas ajudou Carlinhos de Pilares a deitar e rolar, fazendo-o vencendo do Estandarte de Ouro de melhor intérprete no ano. NOTA DO SAMBA: 7 (João Marcos).

Exaltando os noventa anos do cinema, a azul e branco de Pilares trouxe um samba descontraído, animado, bem cantado e bonito. Também há de ser destacada a sua estrutura, pois o samba não traz um refrão principal, o que não atrapalha o conjunto da obra, que fez a sua parte, tanto em letra quanto em melodia, na avenida. Além disso, o grande desempenho vocal do carro de som, composto pelos cantores Carlinhos de Pilares e Luizito, premiou merecidamente o primeiro, que deu um toque a mais de leveza ao belo samba. NOTA DO SAMBA: 8 (Juninho do Porto).

Triste! Mais um boi-com-abóbora de 1988. A letra é ridícula, uma seqüência de termos trashes que chegam a dar medo. Os refrões são todos de se jogar fora e botar fogo, que nem lixo hospitalar. O tal do "Tem comédia, tem piada/Musical com batucada/E no velho Oeste eu vi/O Nordeste em ação/Ai, coração" é um dos maiores ápices de pobreza que eu já vi. Impressionante como os compositores veneram os malditos clichês, que fazem a festa descaradamente. Ainda tem os sérios problemas com as rimas. O verso "Tintim por tintim", por exemplo, além de trash, não combina em nada com os versos anteriores. A melodia é um troço genérico estranho, que tenta ser romântica e acaba ficando com nojenta. Horrível! Pra completar, Carlinhos de Pilares solta um "plim plim" no meio do samba. Será isto merchandising da Globo? NOTA DO SAMBA: 6,3 (Gabriel Carin).

Depois da obra-prima da Tradição, eis que isso surge no LP. Não chega a ser tão péssimo quanto aos hinos da Mocidade e da Imperatriz, mas é mais um

boi-com-abóbora do LP. Com um enredo sobre o cinema, a escola apresentou um samba medíocre com uma letra péssima. Os malditos clichês estão presentes no samba. Carlinhos de Pilares deitou e rolou com esse samba e faturou o Estandarte de Ouro de melhor intérprete de 1988. NOTA DO SAMBA: 6 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

3A (2) - BEIJA-FLOR - Um verdadeiro show da bateria na faixa do disco. Curto, de letra simplória (o que é incomum na agremiação de Nilópolis), melodia pesada (já isso é normalíssimo) e refrões quase que microscópicos caracterizam o hino da Beija-Flor de 1988. Na minha opinião, um excelente samba, sempre repetido várias vezes por mim quando executado. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

A escola pecou muito em samba enredo na década de 80. Em 1988, Joãosinho Trinta aprontou um dos desfiles mais luxuosos da história - a escola veio tão rica que doía os olhos... Mas, novamente, faltou samba. A letra é muito simples, contando o enredo com clareza, mas também com muitos clichês. A melodia não pega pelo ouvido. Mais um samba medíocre da escola, que só conseguiu se desfazer do jejum de título quando descobriu que o desfile é de escola de SAMBA. NOTA DO SAMBA: 7,2 (João Marcos).

Exaltando a consciência negra desde os tempos da Dinastia Núbia no Egito, a Beija-Flor trouxe um bom samba, fato raro nos anos 80. Sua letra curta e direta conjugada com uma melodia valente e bem conduzida pela voz de Neguinho da Beija-Flor traz uma espécie de reflexão sobre o valor do negro enquanto grupo étnico e membro da sociedade, contestando corretamente a Abolição tão aclamada pelos livros didáticos e que, na realidade, em nada mudou em relação ao preconceito e ao acesso à cidadania até hoje restritos ao negro. NOTA DO SAMBA: 9 (Juninho do Porto).

A letra do samba da Beija é terrivelmente simplória (apesar de clara), a pior letra dos anos 80. Mas a melodia é tão fantástica que torna essa marcha-enredo magistral! Ela cola nos ouvidos e gera incrível superação diante da letra precária. Ambos os refrões são fantásticos, apesar de minúsculos. É um belo samba na minha opinião, na qual eu vivo cantarolando. Destaco também a garra que a Vila e a Mangueira tiveram para superar o acabamento impecável de Joãosinho Tinta no desfile. Assim como a Portela e a verde-rosa, a escola de Nilópolis foi a única que centralizou a vida do negro pós-Abolição. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Gabriel Carin).

De letra simplória, o samba da Beija-Flor não me agrada muito. Não é péssimo como os sambas da Imperatriz ou Mocidade, mas muito longe dos hinos da Tradição, Vila, Mangueira, Salgueiro, Tijuca, etc... É inferior a outros clássicos da escola de Nilópolis. Faltou samba a escola do Neguinho da Beija-Flor da década de 80. NOTA DO SAMBA: 7,2 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

4A (2) - UNIDOS DO CABUÇU - Gosto desse samba! O refrão central "Didi, Dedé/Mussum e Zacarias/Seu mundo é/Encanto e magia" é um clássico. Uma boa letra e uma melodia simples e correta serviram para a bela homenagem da Cabuçu aos nossos queridos Trapalhões. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel).

A Cabuçu mudou de cara durante os anos 80. Era uma escola que sempre fazia grandes sambas, com enredos interessantes, contando a história sobre diversos aspectos. Quando apostava na história do negro, a Cabuçu se superava e fazia grandes sambas. Mas o sucesso popular acabou se dando com as homenagens a artistas vivos que estavam na crista da onda. Com Roberto Carlos, a escola conseguiu a melhor colocação da sua história. A homenagem aos Trapalhões não foi tão boa e a escola teria sido rebaixada se o regulamento tivesse sido cumprido. O samba é fraco, mas não chega a ser tão horrível quanto às homenagens que a Tradição fez a personalidades vivas no início do Milênio, quando a escola de Campinho deixou de ser um modelo romântico da Portela de outrora para se tornar numa cópia mal resolvida da Cabuçu. NOTA DO SAMBA: 6,3 (João Marcos).

Mais uma marchinha no carnaval de 88. O equívoco já começou na escolha do enredo, os humoristas globais dos Trapalhões. A primeira parte do samba, em letra e melodia, parece totalmente equivocada e sem inspiração, juntamente com o refrão do meio. A segunda parte melhora um pouquinho, mas não deixa de NOTA DO SAMBA: 5 (Juninho do Porto).

É de jogar fora! Ele apela, apela, apela e apela mais um pouco. A letra é um desastre, trash até cansar e cair morta. A melodia é um vexame, principalmente para uma escola que já deu cacetadas do nível de "A visita de Ony de Ifé ao Obá de Oyó" (1983). O refrão de cabeça é fraquíssimo. O samba sobre Roberto Carlos era anos-luz a frente dessa coisa pecaminosa. Mas o colega João Marcos está certo sim: o samba sobre o penta da Tradição de 2003 é bem pior que este. Curiosidade: o trechinho "Desperte em você essa lembrança/Vem comigo ser criança/Na carona da ilusão" é parecidíssimo com o trecho "Liberte do seu peito essa criança/Dê as mãos na contradança/Vamos juntos cirandar" do samba da Beija-Flor de 1993. Será apenas coincidência ou Edeor de Paula (autor de "Os sertões") utilizou essa marchinha como "musa inspiradora"? NOTA DO SAMBA: 5,2 (Gabriel Carin).

Não chega a ser tão horrível quanto aos sambinhas que a Tradição compôs no final de década de 90 e começo do século 21, mas o samba é de se jogar fora. A letra é muito ruim e apela até dizer chega. A Cabuçu compôs grandes sambas na década de 80 com enredos muito interessantes. Depois apelou para homenagens a artistas populares como Roberto Carlos. NOTA DO SAMBA: 5,7 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

5A (2) - SEGUNDA FAIXA DE BATERIA - A introdução de mais uma maravilhosa faixa de bateria do disco de 1988 é caracterizada pela clássica batida que até hoje integra as vinhetas de carnaval da Globo. Em seguida, num ritmo acelerado, a cuíca soa um cômico e animado "Atirei o Pau no Gato". A seqüência da faixa é marcada por envolventes e cativantes solos de tamborim, com o repique também deixando a sua marca. As deliciantes cuícas regressam na reta final da faixa. A festa é confirmada cada vez que essa fantástica faixa é reproduzida por aqui. É a apoteose do carnaval. (Mestre Maciel)

Mais uma faixa de bateria, menos pesada que a primeira. Os agogôs, aliados aos tamborins e repiques, fazem a festa. Desta vez, a cuíca entoa "Atirei o pau no gato" no começo da faixa e some. No meio da gravação, ela ressurge com potência máxima, dando o seu showzinho ao lado dos frenéticos tamborins. Sensacional!!! (Gabriel Carin)

1B (2) - UNIDOS DA PONTE - Um samba-enredo curto, de letra simples e belíssima melodia, de um lirismo incrível, e com a exaltação ao cantar da Ponte presente, como sempre. Uma estupenda homenagem ao hoje saudoso Paulo Gracindo, numa obra que faz jus à grandiosa fase que a escola passava na época em termos musicais. NOTA DO SAMBA: 9,7 (Mestre Maciel).

Um samba curto e de melodia maravilhosa, como o de 1987. A letra desta homenagem a Paulo Gracindo não é tão boa quanto às dos sambas anteriores, mas a escola estava numa fase tão boa em matéria de samba-enredo que nada dava errado. O desfile foi pobre, mas emocionante, tanto por força do carisma do homenageado, como do tom respeitoso e reverente da própria homenagem. Com a chegada de Aroldo Melodia à escola, no ano seguinte, a Ponte começou a perder a sua cara, caindo para o Grupo 1-B no ano seguinte, ficando no ioiô até se estabilizar no Grupo B do carnaval carioca. NOTA DO SAMBA: 9,2 (João Marcos).

Um samba pouco comentado pelos sambistas. Cantando em versos - curtos é verdade -, a carreira de Paulo Gracindo, a celeste e branco de São Mateus trouxe mais um belo samba ao desfile principal. A melodia, além de um perfeito encaixe com a letra, é bastante rica e, em nenhum momento, cansa aos ouvidos de quem escuta esta obra, seja no disco oficial ou, principalmente, na versão ao vivo. Como se não bastasse, a excelente bateria da Unidos da Ponte deu seu espetáculo à parte no desfile e compensou as limitações plásticas do desfile. NOTA DO SAMBA: 8 (Juninho do Porto).

Emocionante! Excelente melodia desse samba da Ponte, lirismo puro de uma ponta a outra. A letra, mesmo sendo simples, é muito bem estruturada. O trecho "Os Anos Dourados voltaram/A Nacional está no ar..." é fantástico. Também adoro o seu único refrão. Eis aí mais um clássico para a rica história da Ponte. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gabriel Carin).

Inacreditável como a Unidos da Ponte fazia samba bom na década de 80. Esse aí não chega a ser do nível dos anteriores (E Eles verão a Deus, Casamento da Dona Baratinha, Dez Nota dez, etc...), mas a composição é muito boa. Letra curtinha e melodia maravilhosa dão o tom desse samba. O desfile foi pobre esteticamente, mas emocionante. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

2B (2) - VILA ISABEL - A Vila kizombou! E como kizombou... Com todo o amor que um bamba pode demonstrar pela sua escola de coração, a Vila de Zé Ferreira realizou aquele que é considerado até hoje o melhor desfile da história do Sambódromo. E com um samba-enredo pra nenhum botar defeito. Ele é simplesmente perfeito! Uma das grandes obras-primas do carnaval. De letra qualificadíssima e melodia extraordinária, o samba-enredo da Vila de 1988 nunca está ausente das coletâneas de carnaval e, sobretudo, da memória do bamba. Campeã do carnaval com méritos! NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

Este samba levou à Vila ao título em 1988. A Sapucaí foi impactada com uma das maiores manifestações de samba no pé da história. A Vila entrou literalmente "possuída" na Avenida, gritando o samba a plenos pulmões, batendo no peito e assumindo sua negritude. Não foi só um enredo - a Vila viveu a "Kizomba" na frente de todos. As imagens do desfile impactam quem as vê até hoje. Um desfile que, apesar de não ter sido tecnicamente perfeito, foi único. Que bom que os jurados tiveram a sensibilidade de reconhecer isto. Quanto ao samba, é um clássico, um dos sambas de melodia mais arrebatadoras e hipnóticas da história. A letra é perfeita. É uma jóia. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos).

Que samba lindo! Decantando a raça negra e tendo como pano de fundo a Kizomba angolana, a luta contra o apartheid ocorrido, por vezes de maneira sutil, no mundo inteiro contra a negritude e a lembrança do guerreiro Zumbi na luta contra a opressão, a Vila trouxe um dos melhores sambas do seu rico acervo, juntamente com Glórias Gaúchas, Raízes e Os Imortais. Em um desfile onde tudo deu certo, inclusive o belo samba tocado em um andamento mais acelerado para a época, a escola de Seu China, Martinho e Noel escreveu o seu nome para sempre na história do carnaval e no relicário dos sambas-enredo cariocas. NOTA DO SAMBA: 10 (Juninho do Porto).

Comentar? Comentar o que? "Kizomba", composto pelas feras Luiz Carlos, Rodolpho e Jonas, é uma das maiores obras-primas do carnaval carioca, o melhor samba da Vila Isabel que não é de Martinho (pois perde apenas "Onde o Brasil aprendeu a liberdade", pérola do cantor). O que mais me agrada neste samba é sua melodia altamente clássica. Ela é valente e demonstra com muita garra o espírito de negritude: incansavelmente forte até a morte! Letra perfeita, angelical, sutil, porém potente, valente e poderosa, coisa de cabra-macho mesmo. Repare também que a único termo realmente afro citado é a palavra "Kizomba", o que mostra que não é necessário copiar palavras de um dicionário yorubá para fazer um samba sobre negros. Na avenida, nem preciso falar nada. A Vila hipnotizou o público, a imprensa e os jurados e fez todos darem o caneco para a escola. O efeito Kizomba entrou para a história como um dos cincos maiores desfiles de todos os tempos. Só para constar, o autor do enredo foi Martinho da Vila (os carnavalescos foram Milton Siqueira, Ilvamar Magalhães e Paulo César Cardoso). É por isso que ele idolatra tanto aquele desfile (com razão!). NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin).

Valeu Zumbi, O grito forte dos Palmares, Que correu terras, céus e mares, Influenciando a abolição”. Mais um samba antológico, divinal e magistral do carnaval de 1988. Melodia arrebatadora, letra perfeita. Mais uma vez concordo com o João Marcos: A Vila viveu a Kizomba no desfile daquele ano. Que bom que os jurados tiveram sensibilidade e a escola de Paulo Brazão conquistou um merecido caneco. Uma jóia, um clássico que deu ao puxador Gera seu único título. Mais uma vez: Obrigado Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila por essa obra-prima. Que falta faz um samba dessa qualidade no Grupo Especial de hoje. NOTA DO SAMBA: 10 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

3B (2) - IMPÉRIO SERRANO - O enredo da Império de 1988 é, sem dúvida, polêmico, pois se centraliza na crítica à união do Estado da Guanabara ao Rio de Janeiro, um tema na época já bastante batido. Mas que o samba-enredo é de intenso agrado, isso é mesmo! Bela melodia que marcou a despedida de Quinzinho, o intérprete que mais se identificou com a Serrinha depois do saudoso Roberto Ribeiro. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel).

Como imperiano que sou, tenho um pouco de saudade do tom abusado que a escola tinha nos anos 80 e início dos anos 90. A escola fazia sambas clássicos, mas também ridicularizava e criticava tudo o que tinha de errado no Brasil. A diferença do Império para as outras escolas era a precisão cirúrgica - enquanto as outras escolas faziam isso de forma escancarada, o Império fazia com categoria, seja criticando as "Super Escolas S.A.", seja exigindo - "Pára com isso, Dá Cá o Meu!". Só o Império poderia apresentar um samba simpático para contar um enredo tão azedo quanto este que criticava a fusão do Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro (fato que ocorrera mais de 10 anos antes do desfile), e exaltava as maravilhas do antigo Estado, dizendo que o povo carioca estava cobrando aquilo que perdeu. A escola, tanto em 88 como em 89, deu um azar danado, desfilando após desfiles impactantes, que esgotaram emocionalmente os espectadores. Ainda assim, foi um bom momento da Serrinha. NOTA DO SAMBA: 9 (João Marcos).

Um samba fraco, o que é um verdadeiro milagre no acervo imperial. Com um enredo saudoso do Estado da Guanabara, a verde e branco de Madureira trouxe um samba exageradamente nostálgico e que parecia fora de contexto já em 1988. Além disso, o refrão principal, “o Rio é negro, o negro luta pelo Rio” destoa totalmente do espírito panfletário do mal-sucedido enredo da Serrinha. Por outro lado, destaque para o carro de som imperiano, composto por Quinzinho, Paulo Samara e Roger da Fazenda e para a bateria do imortal Mestre Tião Fuleiro. NOTA DO SAMBA: 7 (Juninho do Porto).

Infelizmente, essa foi a última vez que ouvimos Quinzinho cantando um samba para o Império Serrano. Mas ele o cantou com a categoria de sempre. O samba é bem agradável para um enredo polêmico (a união do Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro). Uma boa melodia agradável e uma letra clara. Os agogôs, como sempre, fizeram a verdadeira festa. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Gabriel Carin).

Bom momento da escola da Serrinha. Um samba bem agradável para um enredo sobre a união do Estado da Guanabara com o Rio de Janeiro. Destaque para a bateria do imortal Tião Fuleiro e ao carro de som do Império. O Império Serrano fez muitos sambas clássicos ou agradáveis como esse aí. Uma pena que por causa de enredos ridículos (Beto Carrero ou Ser Diferente é Normal) junto com sambas péssimos ou desfiles horríveis (caminhoneiros), a escola acabou sendo rebaixado algumas vezes. Não sou imperiano, mas gosto demais da escola e torço para que ela esteja sempre no Grupo Especial com enredos simples e sambas antológicos e não com Beto Carrero e cia. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba

4B (2) - MANGUEIRA - O melhor samba-enredo da Era Sambódromo. Uma letra perfeita, com uma interpretação singular de Jamelão e uma melodia que não tem palavra para descrever. Este samba é o retrato e o melhor documento da histórica e atual situação do negro no Brasil, que não superou a miséria, o preconceito racial e os problemas mesmo depois da liberdade iniciada num longínquo 13 de maio de 1888. Os dois versos "livre do açoite da senzala/preso na miséria da favela" estão entre os mais perfeitos da história do gênero. Ah, destaque para a locução de Milton Gonçalves no início da faixa "Neste carnaval mesmo ausente, o nosso presidente está presente! CANTA MANGUEEEEIRAAAA...". E até hoje o Brasil canta este samba, verso a verso! NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel).

Só mesmo o transe coletivo promovido pela Vila Isabel para tirar o tricampeonato da Mangueira. Com um dos sambas mais belos e populares de sua história, a escola desfilou como campeã, encerrando com chave de ouro o desfile (e o LP) de 1988. Impressionante a categoria com que a escola criticou a situação do negro no Brasil após os 100 anos da abolição da escravatura. O samba de Hélio Turco (sempre ele), Jurandir e Alvinho tem pérolas de beleza incomparável como o seguinte refrão: "Pergunte ao Criador/Quem pintou esta aquarela/Livre do açoite da senzala/Preso na miséria da favela". Um samba inesquecível. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos).

Mais um fora-de-série. Descrevendo em poesia o questionamento sobre o negro na sociedade brasileira, a verde e rosa trouxe um de seus melhores sambas de todos os tempos e tendo um equilíbrio perfeito com a inspiradíssima melodia, juntamente com a cadência que tal obra merece. Jamelão e Sobrinho cantaram de forma estupenda este excelente samba e ajudaram a imortalizar este carnaval na memória do sambista em geral. NOTA DO SAMBA: 10 (Juninho do Porto).

OBRA-PRIMA!!!!!!!!!!!! Pra mim, o terceiro melhor samba-enredo de todos os tempos (atrás de Império Serrano-1969 e Mangueira-1999)! A letra é riquíssima, de alto teor de beleza. A melodia é demasiadamente envolvente, cujas variações são mágicas e vão se superando até o alto clamor de poesia no refrão "Senhor/Eis a luta do bem contra o mal/Que tanto sangue derramou/Contra o preconceito racial". Algo singular desta obra são as introduções das estrofes de notas melódicas longas e fantásticas (Seráaaaaaaaa... Mooooooooço... Sonheeeeeeei... Senhoooooooor...). Lirismo puro, fechando o LP com um arzinho de nostalgia. Na minha singela opinião, o refrão "Pergunte ao criador/Quem pintou essa aquarela/Livre do açoite da senzala/Preso na miséria da favela" simplesmente O MELHOR REFRÃO DE SAMBA-ENREDO DE TODOS OS TEMPOS!!!!! Extraordinário! Obra-de-arte! Passa com muita emoção a atual situação do negro no Brasil. Pra completar, adivinha quem canta??? Acho demais o que Jamelão disse no final da faixa: "Alô presidente Carlinhos Glória, este é o seu carnaval e aí está a sua Mangueira! Nós vamos para o tricampeonato!!!". Mal sabia a verde-rosa do desfile primoroso da Vila Isabel. Mas o samba mágico de 88 está registrado e é um dos mais perfeitos da história, assim como o desfile mangueirense. NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel Carin).

Apesar de vir de dois títulos com sambas dos quais não sou muito fã - preferia muitos outros desfiles e músicas que "No Reino das Palavras" e "Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia tem e a Mangueira também" -, tenho que dizer que me arrepio de emoção todas as vezes que ouço ou vejo um trecho de ''100 Anos de Liberdade (...)" e gosto mais deste samba da Mangueira do que o famosíssimo "Kizomba: Festa da Raça", campeão pela Vila Isabel naquele ano das comemorações de 100 anos da abolição da escravatura, a Lei Áurea. Isso porque esta letra é outra das que aliam o pensamento inteligente deixado através de uma crítica sutil, que perdura até a contemporaneidade, com o sentimentalismo devoto de algumas passagens. O grande diferencial desta crítica mangueirense é que, na verdade, ela é tomada como crítica pelo leitor, deixando claro que o problema está diante dos nossos olhos e não é preciso uma certa "brutalidade" para deixá-lo às claras. Explicando melhor: o samba contrói-se (pelo próprio título do enredo) com perguntas que por nós são respondidas, na maioria das vezes, incoscientemente, com um 'não' ao pregado desde os tempos de 1988.
 
Começamos assim: Será... Que já raiou a liberdade, ou se foi tudo ilusão? /// Será... Que a Lei Áurea tão sonhada, há tanto tempo assinada, não foi o fim da escravidão?. O samba assume essa dívida, mas agora cobra de cada um de nós a resposta. Ela não precisa ser inferida pelo narrador deste autêntico poema, apesar de ele saber a resposta e querer que você repare que também sabe - e já sabia! Porque há a crença no auto-consciente crítico adquirido individualmente pelo interlocutor.
 
Hoje dentro da realidade, onde está a liberdade, onde está que ninguém viu? Agora que o pensamento está assumido, o samba continua procurando as respostas - que já sabe - coletivamente, através do uso do pronome "ninguém" na terceira parte. A inserção de "dentro da realidade" também quer deixar claro que o negro também sera indagado a respeito do que pode cobrar, afinal, nos tempos da escravidão, a liberdade acabou por ser um tanto quanto condicional, já que os escravos não tinham saída (eram analfabetos, não tinham renda, só sabiam fazer o trabalho braçal, etc.), como se sabe por um estudo histórico didático do tena, porém algo que é pouco - ou nada - dito na época de "comemorar o fim da escravidão".
 
Moço, não se esqueça que o negro também construiu as riquezas de nosso Brasil. /// Pergunte ao Criador quem pintou esta aquarela. A revalorização do negro, não como alguém que só merece essas comemorações por ter sofrido no passado às regalias de um homem, mas pelos seus próprios méritos na construção de riquezas brasileiras - e entra aqui a própria história do samba. Livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela. Para mim, esse trecho é de relevância-mor, resume todo o texto, talvez, em dois versos: será que o açoite é menos cruel ao negro que a miséria da favela? Será que o trabalho escravo de outrora é um sofrimento muito maior que a falta de trabalho e a marginalização na sociedade? Por que, então, os olhos nossos se voltam à senzala abandonada, enquanto a favela nos parece tão comum?
 
Sonhei ... Que Zumbi dos Palmares voltou, a tristeza do negro acabou... Foi uma nova redenção. Depois da tristeza, é preciso o sonho de que aqueles lutadores do passado - e há o belo gesto no samba de, ao mesmo tempo em que crititca essa liberade direcionada no século XIX, cultuar os que a buscaram; o Zumbi pioneiro na procura de uma solução para a violentação sofrida pela raça negra - voltem para tentar uma nova redenção à problemática supra-citada e que sustenta uma aparência de irreversibilidade maior que dos tempos de escravidão, até pelo pouco caso manifestado. Senhor... Eis a luta do bem contra o mal, que tanto sangue derramou contra o preconceito racial. Reparem na mudança do vocativo "moço" para o "senhor" agora. O que parecia ser uma solicitação mais desconhecida ganha ares de rico respeito ao declamar essa luta que ainda persiste, contra o preconceito racial - seja aos negros, seja aos índios, seja ao que for.
 
O negro samba, negro joga capoeira. Ele é o rei na verde e rosa da Mangueira. Aqui, um refrão mais simples para a exaltação do negro na comunidade mangueirense, que construiu e constrói a escola de samba do Morro da Mangueira. Apesar de todos as indações e reticências, que predominaram no texto, há-se a certeza de que, enquanto existir o Carnaval - e a Mangueira -, o negro não precisará de uma lei burocrática para ser exaltada; o negro será simplesmente o que é, o sambista, capoeirista e, quando assim for visto, virará rei como é na Mangueira.
NOTA DO SAMBA: 10 (Cassius Abreu).

"Pergunte ao Criador/Quem pintou esta aquarela/Livre do açoite da senzala/Preso na miséria da favela". Falar o que desse trecho? Que ele é uma pérola de beleza incomparável todo mundo já sabe. Que ele é o retrato da história do negro no Brasil atualmente também. O samba e o refrão são mais do que isso. Uma jóia rara, um dos melhores de todos os tempos e digno de ser regrava do por qualquer compositor. Uma pérola da música brasileira. Sambas dessa categoria sempre deveriam existir no carnaval e não muitas porcarias que tocam atualmente. A melodia é envolvente, as variações fenomenais aliados a uma letra perfeita. Enfim, uma jóia de valor inestimável. Fecha de forma fantástica esse fantástico LP. Obrigado mestres por essa obra. Nota? Adivinham? NOTA DO SAMBA: 10 (Daniel Benfica). Clique aqui para ver a letra do samba