PRINCIPAL EQUIPE LIVRO DE VISITAS LINKS ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES ARQUIVO DE COLUNAS CONTATO |
||
![]() |
||
Os sambas de 1973 A GRAVAÇÃO DO DISCO - A característica principal da gravação é o uso de tamborins acoplados às caixas. O som do cavaco também se destaca, se harmonizando muito bem com a bateria. A cuíca e o agogô aparecem em algumas faixas. Em Cima da Hora, Mangueira e Portela cantam os melhores sambas do ano. NOTA DA GRAVAÇÃO: 7 (Mestre Maciel). Interessante como a qualidade das gravações dos
discos de samba-enredo mudaram da água para o vinho em apenas
três anos. Enquanto os primeiros vinis possuiam gravações
precárias, sem profissionalismo algum, os LPs dos anos 70 já
conseguiam unir a emoção energizada proporcionada pelos sambas
a uma boa qualidade de aúdio. Os sambas conseguem fluir
sutilmente nos ouvidos dos sambistas sem aquele horroroso ar
pesado e atravessado existente nos discos de 1968, 1969 e 1970.
No vinil de 1A - PORTELA - 1973 foi o ano da primeira vitória de David Corrêa no concurso de sambas-enredo da Portela. No samba "Pasárgada", estão presentes logo de cara todas as características marcantes do compositor, um mestre em aliar lirismo com animação (que também gravou no disco e puxou na avenida). Com uma melodia doce e letra simples, não faltando também as expressões de praxe como "Auê, auê", David começava, a partir do belo samba de 1973, a se consagrar como um dos maiores compositores portelenses, pois sambas de sua autoria também seriam cantados nos desfiles da Águia de 1975, de 1979 a 1982 e em 2002, sem contar as outras obras compostas para outras escolas. Mas "Pasárgada" marcou negativamente devido ao famoso colapso da bateria da Portela durante o desfile, já que sua cadência foi totalmente perdida. Que bicho teria mordido os integrantes da bateria portelense? NOTA DO SAMBA: 9,5 (Mestre Maciel). Clássico portelense! Pessoalmente, eu não faço
parte desse grupo que considera exageradamente “Pasárgada,
o amigo do rei” como um dos melhores sambas-enredo da
história da Portela, até porque é difícil classificar algum
samba como obra-prima quando se trata de uma agremiação de
safra tão rica como a Portela. Mas que é um belo samba, disso
eu tenho certeza. Diria que é até um tanto experimental, já
que foi o primeiro samba-enredo que David Correa compôs para uma
escola de samba. David começou a compor ainda criança, para um
bloco carnavalesco da Pavuna, e já adulto, fora chamado pelo
então presidente Carlinhos Maracanã para fazer samba na escola
de Oswaldo Cruz. Quanto a obra de 1973, é empolgante, possui uma
letra descritiva e excelentes refrões. Uma bela auto-homenagem
aos 50 anos que a escola completou em 1973 e destaque absoluto
numa safra bem mediana! NOTA DO SAMBA: 9,3 (Gabriel Carin). 2A - EM CIMA DA HORA - Fantástico! Com uma letra inspirada e uma melodia envolvente, a Em Cima da Hora cantou, em 1973, um dos melhores sambas da história do carnaval. "O Saber Poético da Literatura de Cordel" é um samba valente, de canto fácil e de intenso agrado. Partes como "Vamos cantar minha gente/Preste atenção no refrão/Viva o poeta violeiro lá do sertão" nunca mais ouviremos em um samba-enredo, pois a ordem de pedir para que "prestemos atenção no refrão" hoje é suplantada por "vamos sacudir a Sapucaí, meu amor, hoje eu tô que tô...". Lamentável! Ney Vianna, intérprete do samba, se saiu tão bem que, no ano seguinte, passaria a defender a Mocidade, iniciando um ciclo que se encerraria com a sua morte em 1989, em plena quadra da verde-e-branco de Padre Miguel. NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Sem dúvida, fascinante. Não foi a toa que a
pequena Em Cima da Hora ganhou o Estandarte de Ouro de melhor
samba de 1973. “Saber poético da literatura de
Cordel”, samba composto pelo célebre Baianinho, possui uma
letra fantástica, poesia pura do início ao fim, narrando o
enredo magicamente. Sua melodia é rica, destacando as subidas
inesperadas que o samba vai tomando até despontar no
deliciosíssimo refrão “Vamos cantar minha gente/Preste
atenção no refrão/Viva o poeta violeiro/Lá do sertão”.
Minha parte preferida do samba é o trecho “Quem é que
não se lembra?/Do conto do boi mandingueiro...”, que
mais ganha mais força poética ao ser complementado por um
excelente e certeiro refrão central. Sem querer desagradar os
colegas bambas, mas acho que a obra é mais bem cantada pelas
pastoras, na segunda passada, do que pelo saudoso Ney Vianna, na
primeira. Bem, na minha singela opinião, o cantor não fora
muito feliz em sua estréia em discos de sambas-enredo, pois sua
interpretação me parece um tanto insossa e desanimada. Seu
grande momento viria no ano seguinte, quando Ney segurou pela
primeira vez o microfone da Mocidade Independente para
praticamente não largar mais. NOTA DO SAMBA: 10 (Gabriel
Carin). 3A - JACAREZINHO - Um samba das antigas devido ao seu único e envolvente refrão, repetido duas vezes em uma única passada ("Vamos meu povo, vamos cantar/Quero ver quem é de samba/Quero ver quem vai sambar"). A primeira parte não possui nada de original. O melhor momento do samba, sem dúvida, fica por conta de sua segunda parte, de melodia lírica e bem inspirada, cujos versos a qualificam bem: "Sinto na alma, meus senhores/Aquela linda melodia/Lentamente entoada/Quando o rancho aparecia/Vibrava a platéia em geral/Matizando alegria/Glorificando nosso carnaval". O samba, no disco, foi gravado pela cantora Ivete Garcia, cuja voz lembra muito a de Elza Soares. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Mestre Maciel). Ótimo samba animado! Foi ao som dessa obra de
letra poética e melodia cativante que os desfiles de 1973 foram
abertos. O envolvente refrão “Vamos meu povo, vamos
cantar/Quero ver quem é de samba/Quero ver quem vai sambar”
é repetido duas vezes durante a obra, fato bem típico dos
sambas de outrora. O trecho “Vibrava a platéia em
geral/Matizando alegria/Glorificando nosso carnaval” é
extremamente bonito. Belo momento da safra e da história da
escola por si só! NOTA DO SAMBA: 9,2 (Gabriel Carin). 4A - IMPERATRIZ - Samba pequeno, de letra simples e melodia de bloco. Mesmo sendo curto, o samba-enredo da Imperatriz em 1973 possui três refrões, com destaque em termos melódicos para o primeiro ("Zé Pereira, boi-bumbá/O abre-alas que eu quero passar") e o último, cantado em forma de cantiga ("Serra velha/Serra serrador/Esta velha deu na neta/Por ter falado em amor"). Para provar as profundas diferenças entre os sambas do presente e os de outrora, pegue uma letra de um samba de 2005 e compare com a letra deste samba da Imperatriz de mais de trinta anos atrás. Bom lembrar também que as escolas haviam deixado de fazer sambas de letra extensa e didática (marca dos anos 50 e 60) e procuravam, a partir dos 70, compor obras bem mais curtas e de fácil canto. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Mestre Maciel). Depois de um samba mágico, cativante e
excepcional como “Martim Cererê”, a Imperatriz
infelizmente passou a compor uma seqüência lamentável de
bois-com-abóbora, desprezando por completo os interessantes
enredos que o departamento cultural (órgão criado por Hiram
Araújo) da escola criava. O samba de 1973 iniciou essa triste
série com uma letra incrivelmente rebuscada e uma melodia muito
mal-resolvida. Além disso, a pequena introdução “Carnaval/Festa
tradicional/Alegria do povo/Euforia geral” é puro
clichê. Passa em branco no LP, que vai aos pouco perdendo a
qualidade. NOTA DO SAMBA: 6,5 (Gabriel Carin). 5A - IMPÉRIO SERRANO - O hino da escola da Serrinha para 1973 possui uma bela melodia em sua primeira parte, principalmente nos versos "Venham ver no Império minha gente/Um navegante procurando ubapuçu/Ansiosamente". A característica de marcha fica presente na parte do saci-pererê (lererererere, como rema o saci-pererê...), infeliz na minha opinião. Mas o samba deve ter tido uma boa passagem pela avenida, já que o Império Serrano ficou com o vice-campeonato em 1973. No disco, é cantado por Graciete (que tem uma voz feiiiiiiinha...). NOTA DO SAMBA: 8,8 (Mestre Maciel). Impressionante como Fernando Pinto tinha um
mal-gosto horrível para sambas-enredo. Digo isso porque foi
justamente esse excepcional carnavalesco um dos principais
responsáveis pela escolha dos hinos imperianos feitos durante a
década de 70, prezando o bom funcionamento dos sambas na
avenida. A escola com certeza havia visto o sucesso de
“Alô! Alô! Taí Carmem Miranda” e ficou anos a fio
tentando bater na mesma tecla para buscar a tão almejada
comunicação popular. Porém, enquanto considero o samba de 1972
bastante agradável, essa típica marcha-enredo de 1973 soa
horrorosamente mal aos meus ouvidos. "Viagem encantada
Pindorama adentro" possui uma melodia irritante e uma letra
pobre, aliada de um refrão central horrendo. Foi um samba feito
para uma explosão momentânea de um desfile de escola de samba,
mas jamais para deixar uma emoção permanente no coração dos
sambistas. O desfile de Fernando Pinto foi empolgante, bonito,
criativo, mágico, enfim maravilhoso, no entando fatou uma trilha
sonora de qualidade. Morreu na quarta-feira de cinzas! NOTA DO
SAMBA: 4,7 (Gabriel Carin). 1B - MANGUEIRA - Sambaço! De letra curta, mas com uma melodia adorável (de excelentes variações) e envolvente, com canto bem facilitado, a Mangueira canta, em 1973, um de seus melhores e mais famosos sambas: "Lendas do Abaeté". Sem dúvida o samba-enredo contribuiu para o título conquistado pela verde-e-rosa. A gravação no disco também é maravilhosa: a primeira passada é cantada só ao som do pandeiro e da inspirada cuíca, para depois a mula-manca arrebentar, acompanhada do agogô. Um grande momento do nosso carnaval! NOTA DO SAMBA: 10 (Mestre Maciel). Realmente de chorar! Em 2B - VILA ISABEL - O último samba-enredo do lendário compositor Paulo Brasão possui uma boa letra e razoável melodia, sem muitas variações. No disco, o samba ganha um balanço irresistível da bateria a partir do último refrão "Dindinha lua...". NOTA DO SAMBA: 8,9 (Mestre Maciel). Clássico de Paulo Brazão! "Zodíaco no
samba" possui uma melodia envolvente e uma letra muito
bem-feita, provando que até mesmo um enredo sobre signos e
astrologia é capaz de gerar um belo samba, quando este é
composto com esmero e inteligência. O samba possui pérolas
adoráveis como "Hoje tudo é sonho e fantasia/Esplendor
e folia/Nesta era 3B - MOCIDADE - Samba inspirado da verde-e-branco de Padre Miguel, numa época em que era uma escola que só fazia número. O único refrão "Olelê, olalá/me solta, me deixa que eu quero sambar...", repetido duas vezes por passada, é envolvente e a melodia das demais partes (a introdução com "É carnaval, canta ioiô, canta iaiá", mais o trecho restante) é de intenso agrado. Destaque para o cavaco, cujos acordes se mantêm sempre agudos. NOTA DO SAMBA: 9,3 (Mestre Maciel). Um dos piores sambas da Mocidade! "Rio -
Zé-Pereira" é mais uma daquelas marchas-enredo que apelam
infinitamente para clichês lastimáveis como "Canta
ioiô, canta iaiá" ou "Olelê, olalá"
para tentar uma boa comunicação com o público. Infelizmente,
isso compromete muito o resultado final da obra, visto que são
expressões muito grotescas para serem utilizadas num gênero
tão nobre como o samba-enredo. Além disso, letra desse samba é
extremamente superficial, fazendo apenas citações rebuscados as
passagens do enredo da escola. Por fim, a marcha possui uma
intragável melodia de bloco e um refrão pra lá de forçado. Um
samba para se esquecer! Para a alegria de todos nós, o bicheiro
Castor de Andrade passaria a bancar a escola de Padre Miguel a
partir do ano seguinte, transformando a Mocidade numa
instituição admiravelmente gloriosa. NOTA DO SAMBA: 5,1
(Gabriel Carin). 4B - TUPY DE BRÁS DE PINA - O mais fraco samba do disco! Cantado de maneira acelerada com versos longos, a harmonia da Tupi deve ter sido prejudicada durante o desfile. A melodia não é das melhores e a letra ainda conta com um verso característico dos sambas-enredo contemporâneos: "Nesta onda que eu vou no carnaval". NOTA DO SAMBA: 8 (Mestre Maciel). Outra marcha-enredo inusitada de 1973.
Impressionante como a Tupy de Brás de Pina só sabe fazer
samba-enredo bom quando está no Grupo do Acesso. "Assim
dança o Brasil", enredo abordando os estilos musicais
brasileiros, é um desses tristes representantes. Trata-se de um
samba de letra cansativa e melodia sonolente, aliada a dois
refrões enjoativos. Além disso, o hino possui passagens
pavorosas como "Hoje cantamos o samba/Do tema das
danças/Que o povo criou" ou "Nesta onda que eu
vou no carnaval". Definitivamente lamentável! NOTA
DO SAMBA: 5,8 (Gabriel Carin). 5B - SALGUEIRO - A letra do samba salgueirense lembra muito as dos anos 60 da escola, onde o cunho didático era a principal característica. Porém, a melodia do hino do Salgueiro de 1973 não apresenta variações melódicas de qualidade. Seu único refrão, escondido no fim do samba ("Ê açaí, ê tacacá..."), para mim é a melhor parte do samba. Detalhe que o primeiro verso "O povo sambando" é parecido melodicamente com o "Delira meu povo", que inicia o samba da Mocidade de 1974. NOTA DO SAMBA: 9 (Mestre Maciel). Foi ao som desse samba que o mundo assistiu o
primeiro desfile da história do carnaval tendo Joãosinho Trinta
como carnavalesco. O maranhense confeccionva desfiles do
Salgueiro desde 1965, quando ainda integrava a equipe de Fernando
Pamplona, e com a saída de seu mestre maior após o carnaval de |
Tweets by @sitesambario Tweets by @sambariosite |