Teriam Chegado até Aqui!?

Bem, amigos da Rede Globo... Digo... Amigos do Honradíssimo (com "H" maiúsculo mesmo) Turma CH! Aqui volta o cão arrependido... bem, o resto vocês já sabem... Trazendo mais uma edição da "Coluna do Valette Negro". Acredito que, até mesmo por algumas de minhas colunas anteriores, muitos já devem ter percebido que sou apaixonado por cinema. Portanto, esta coluna chegou para tratar de um assunto muito interessante e até mesmo alarmante, diria eu, envolvido com a sétima arte. Estou falando de nada mais, nada menos que da "evolução" dos meios de armazenamento de arquivos áudio-visuais.

Quando o cinema surgiu, em 1895, com os Irmãos Lumière, tudo era feito em películas. Não sei exatidar qual foi a evolução das metragens, porém, vários formatos foram utilizados ao longo dos anos. Foram basicamente:

--- Standart 8
--- Super 8
--- 16mm Silent
--- 16mm Sound
--- 9,5mm
--- 17,5mm
--- 28mm
--- 35mm (não consta na ilustração abaixo) 

Será que algum grande diretor cinematográfico de hoje vai querer a minha cabeça se eu disser que foram as melhores mídias do mundo e que nunca foram superadas!? Imaginando que a resposta a esta pergunta, seja completamente afirmativa, vou adiantando: calma que vamos chegar a um denominador comum.

Hoje, sou amigo de colecionadores que guardam em seus acervos, inúmeras películas (geralmente em 8mm, Super 8 e 16mm), cujas imagens, encontram-se em excelente estado de conservação. Vale lembrar que estamos falando de filmes que vêm desde a época do cinema mudo até mais ou menos, metade da década de 80.

Essas películas, se conservadas, não têm (realmente não têm) vida útil limitada. Vejam abaixo, um exemplo de curta-metragem que tem seu negativo original perfeitamente conservado até os dias de hoje:


Carlitos Repórter: primeiro filme de Charlie Chaplin, rodado em fevereiro de 1914

O mais incrível da história é que os filmes nem ao menos recebiam tanta atenção como nos dias de hoje, que mal saem do cinema, já estão nas prateleiras das lojas e nas principais locadoras. E mesmo assim, os filmes conseguiram chegar até aqui, com perfeição absoluta (com os desgastes naturais, promovidos pela ação do tempo, é lógico). Claro, que nesse percurso, muitos filmes se extraviaram, chegando até mesmo a desaparecerem, talvez para sempre, como o exemplo do próprio curta desaparecido de Chaplin, rodado no mesmo ano que o da foto acima (mas vale ressaltar que seis curtas do gênio já foram perdidos um dia, e foram aparecendo um a um nos mais inusitados locais, ao longo dos últimos trinta anos). Outro exemplo de filme desaparecido, até bem mais recente que o citado, é o longa nacional "Carnaval no Fogo" de Oscarito, que teria sido supostamente consumido pelo fogo em um incêndio ocorrido na "Atlântida Cinematográfica" ocorrido há muitos anos. Porém, não há relatos de qualquer filme haver se tornado perdido porque o negativo se desintegrou com a ação do tempo.

Vocês devem estar se perguntando, onde eu quero chegar com esta história, certo!? Pois bem, agora é que iremos aos finalmente:

É óbvio que com a "evolução" das mídias, tudo ficou mais fácil. A pessoa pode ter em casa desde os filmes mais clássicos como os já citados, até àquele que estava mês passado nos cinemas; saídos da película diretamente para o DVD (aliás, bem mais econômico no quesito "espaço"; pois "um espaço onde se armazenava um carretel 16mm com meia hora de duração, armazena-se pelo menos, uns trinta DVD"). Mas, será que isso realmente facilitou a vida do consumidor final e assegurou para sempre a existência dos filmes que hoje, inclusive já têm a facilidade de serem rodados em digital!? Creio que NÃO! Mas, por que não!? Porque não! :-P

Estudos que envolvem inclusive envelhecimento precoce têm atestado que as mídias digitais têm uma vida útil, e que inclusive não é nada longa. CD's de áudio e DVD's (principalmente aqueles que gravamos em casa) estão sendo (ou foram) objetos de minuciosos estudos, que estão garantindo (ou garantiram) que as mídias são feitas de um material deteriorável que não alcançam a vida útil de 15 anos (isso é o que dizem, mas creio que este resultado já está exagerado (e bem exagerado) pra mais).

Usuários domésticos têm apontado as mídias como fracas e instáveis. Algumas não chegam a durar 2 anos, após terem sido gravadas. Isso não é realmente alarmante!?

              

O mesmo podemos dizer dos bons e velhos discos de vinil (LP's). Há colecionadores que possuem essas raridades (como eu) e garantem: apesar de todos os chiados que vão se criando ao longo dos anos, o LP supera em 100% o CD, pois há colecionadores (aí já não é o meu caso :-P ) que possuem LP's que apenas servem para serem reproduzidos nas vitrolas com suporte a 78 rotações (a mais antiga) e que até hoje tocam normalmente. Já os famosos Compact-Disc's (CD's), têm a citada vida útil completamente insignificante. Digamos que quando o vinil vai ficando velho, vai perdendo qualidade (mas nunca se acaba), e o CD quando vai perdendo a qualidade, para de tocar irremediavelmente.

Um LP de 78 rotações, normalmente, comportava 1 faixa de cada lado; o de 45 rotações, mais ou menos 4 e o de 33 1/3 normalmente de 6 a 8 faixas.

   

Outro modo de armazenamento de áudio (que eu particularmente aprecio muito até hoje), é a praticamente extinta (sim, ainda há lugares que a comercializam) fita k-7. É bem similar a uma fita VHS, porém, em tamanho compacto e que apenas serve para armazenar áudio. Uma diferença básica entre as duas mídias, é que a fita k-7 tem dois lados graváveis. Colecionadores, ainda guardam suas velhas canções favoritas nesta fitinha simpática (eu particularmente tenho algumas e funcionam perfeitamente).

Mas, voltando aos vídeos! Bem, dizia eu... :-P Depois, de todas as formas de película, passamos às mídias mais domésticas, como a Betacam L, Betacam S, U-Matic e finalmente, o VHS (atualmente, a mais conhecida dentre as citadas). Todas essas mídias em alguns pontos podem se igualar às velhas películas; entre esses pontos, destaca-se o fato de não possuírem uma vida útil (pelo menos, entre os colecionadores que conheço, há fitas armazenadas há quase trinta anos e estão absolutamente perfeitas). Têm o problema de mofarem (principalmente as de marcas inferiores, porém, isso se resolve, limpando-as com materiais adequados). O máximo que ocorre com essas mídias, é o mesmo que ocorre com os discos de vinil, perdem qualidade aos poucos com os "LONGOS ANOS", mesmo assim, não acabam.


Betacam L / Betacam S / VHS

U-Matic

Após o VHS, começou a aparecer no mercado, um estilo de mídia digital, bem semelhante ao já destacado no mercado - o CD - que servia para armazenar, além do áudio, imagens. Essa mídia seria o atual e famoso DVD. Menos de oito anos após sua criação, já existiam no mercado, as mídias graváveis e seus respectivos gravadores.

A princípio, essas mídias eram bem caras, chegando a custar até R$10,00 cada uma. Os preços foram baixando, e hoje, é possível comprar uma dessas por até R$0,80 e, adquirindo no atacado, pode custar bem menos que isso. Mas eu me pergunto: onde será que saímos ganhando mais: comprando uma mídia de R$0,80 que não sabemos por quantas "horas" irá funcionar, ou será que era melhor na época em que chegávamos a pagar até R$10,00 numa fita VHS, sabendo que se tivéssemos o devido cuidado, duraria, talvez para sempre, mantendo intactas, nossas gravações!?

Até mesmo, temos uma grande vantagem sobre as mídias analógicas: películas, VHS's, fitas k-7 e outras, quando dão problema, há concerto. Podemos emendar, colar, e tudo o mais, nos referindo claro, às mídias analógicas; já as mídias digitais, exigem um cuidado extremo, pois, uma vez danificadas, levam consigo todo o conteúdo para a lata do lixo!


Corte e cole

Experimente tentar juntar os pedacinhos

Uma mídia discutível é o antigo disquete. Mídia analógica, porém, nada confiável. Embora seja uma pessoa super cuidadosa com as coisas da Dona Clotilde (e se ela não deixar!?)... Digo... Não tenho um disquete sequer, que esteja funcionando (aliás, nem tenho mais, porque foram todos pro lixo). Vale lembrar, que o disquete começou representado por uma "figura gigantesca". Depois, ficou bem menor, tendo sua segunda e última "versão" lançada no formato 1.44MB. Creio que para computadores, nunca criaram uma boa maneira de armazenar dados, pois, tanto o disquete, quanto o HD, como o CD são completamente instáveis, portanto, de pouca confiança. 


Os dois modelos de disquete

Até mesmo, as filmadoras domésticas foram "evoluindo". Antigamente, usava-se fitas VHS para efetuar gravações nas citadas câmeras. Depois, uma mídia bem similar ao VHS foi desenvolvida para o mesmo fim. Depois, tivemos fitas 8mm e finalmente chegamos ao Mini-DV. O mini-DV, apesar de ser uma fita magnética, como as anteriores, grava com qualidade digital, porém, foi só mais um pequenino problema na vida dos cinegrafistas. Essas fitas dão muitos defeitos. Travam, enroscam muito facilmente... Enfim, somente mais uma evolução "desnecessária".

      

Bem, agora finalmente, explicarei o título da coluna. Será que, se os filmes tivessem sido gravados nas mídias instáveis e inseguras que temos hoje, tendo a mesma pouca atenção que tinham, que como dissemos antes, "permitiam" até que alguns filmes fossem dados como perdidos, desde os tempos do cinema mudo, teriam sobrevivido até os dias de hoje!? E será que os filmes de hoje, ultrapassarão a barreira do tempo, e chegarão a alcançar o próximo século!?

Para terminar, apenas algo para ilustrar: alguns tipos de reprodutores de mídias:


8mm

Super 8

16mm

Vitrola

U-Matic

Videocassete

DVD Player

Bem, por agora é só! Espero que tenham gostado desta coluna; que foi bem diferente de todas as anteriores por mim escritas! É claro que não deu para falarmos de "TODAS" as mídias que já existiram (ou existem) no mundo, mas as principais e mais conhecidas, estão todas aí! AbraCHos e beijos a todos e até mais!

P.S.: Nós do "Turma CH", não temos qualquer vínculo com fabricantes de mídias, nem de qualquer outro material, assim sendo, nenhuma marca aqui apresentada, deverá ser considerada como propaganda. Todas as imagens desta coluna foram retiradas da Internet e, na oportunidade, capturei imagens sem qualquer logo, mas não existiam imagens nessas mesmas condições para tudo o que eu precisava! Podem reparar que, durante a coluna, em nenhum momento, mencionei minhas marcas favoritas!

Eduardo Gouvea (Valette Negro)