12ª EDIÇÃO |
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Chaves: um seriado violento (de certa forma) | |||||||||||||
Em
algumas situações, Chaves pode ser considerado
como um seriado violento. Nessa cena, Sr. Barriga
desmaiou após receber o impacto de uma bola de boliche. |
Olá
amigos! Mais uma vez vou abordar nesse meu espaço um
tema polêmico. Um assunto que, creio eu, vai despertar a
ira dos chavesmaníacos contra esse humilde colunista
(como diria Hiltor Mombach, famoso colunista esportivo
gaúcho). Mesmo assim, resolvi arriscar e
manifestar minha opinião sincera, doa a quem doer. Antes de mais nada, quero dizer que sou um dos maiores fãs dos seriados CH de todos os tempos. Acompanho as séries há quase 15 anos, e desde aquela época as tenho como uma de minhas prioridades, acima inclusive de situações de viagens e baladas (apesar de que eu não gosto muito mesmo). Gravei e comprei todos os episódios de todas as séries CH. Por isso, não vou admitir que ninguém me acuse de não gostar das séries. Não é porque eu as estou criticando que eu não goste delas. |
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Bem, chega de enrolar. A tese que vou defender aqui é: CHAVES É UMA SÉRIE VIOLENTA, de certa forma. É isso mesmo. E digo isso como um fã ardoroso da série. Espero que não aconteça comigo o mesmo que aconteceu com Vilson Fernandes, nosso ex-colunista, que foi execrado pela opinião pública CH porque defendeu uma opinião parecida com a minha. | |||||||||||||
É
claro que não se pode comparar as situações ocorridas
nessa série com a maioria dos filmes, novelas, seriados
e programas humorísticos, onde a extrema violência e o
constante apelo sexual são algumas das marcas
registradas. Não vamos ver no Chaves assassinatos
frios e brutais como vimos recentemente em novelas como Esperança
(onde o personagem de José Mayer foi metralhado pelo
filho de sua amante e também onde o vilão interpretado
por Paulo Goulart degolou uma chantagista) ou Kubanacan
(onde irmão matou irmão e pai tentava de todas as
formas matar o filho herói). A violência violenta, com sangue e assassinatos, felizmente não está presente nas obras de Bolaños. Esse é o vilão Ezequiel da novela Corpo Dourado, ferido no braço e cometendo mais um de seus crimes. A sexualidade está a flor da pele na televisão atual, em especial nos humorísticos. Os programas Zorra Total, da Globo (na foto Efigênia, a gênia estagiária, um dos quadros mais leves da atração) e A Praça é Nossa, do SBT (na foto Edna Velho em seus trajes usuais), são dois belos exemplos desse quadro. |
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Felizmente, a proposta implantada por Chespirito não tem nada a ver com tais apelações. A obra de Roberto Gómez Bolaños é pautada pela simplicidade e pela pureza. Nunca precisou usar desses artifícios para conseguir audiência. O telespectador pode notar que nenhuma das piadas em seus programas tem segundas intenções, pelo menos com relação à sexualidade. Por acaso já aconteceu em qualquer uma das séries CH alguma cena de sexo, ou mesmo um beijo na boca (a não ser em um quadro do Doutor Chapatin exibido no Clube do Chaves, quando o velhote enganou sua bela enfermeira e tascou um selinho nela)? O máximo de excitação provocado foi o episódio de Acapulco do Chapolin, quando a bela Florinda Meza contracenou de biquíni (bem comportado, por sinal). Quanto à violência, já aconteceu algum assassinato frio, ou já apareceram montes de sangue? É claro que não. |
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Não
é desse tipo de violência violenta que
estou falando. Apesar desse tipo de cena não fazer parte
do cotidiano CH, não se pode ser cego a tal ponto de
fechar os olhos para as situações extremas que
acontecem nos seriados. Senão vejamos: em que outro
programa acontecem tantas pancadas como acontecem no
Chaves? São tapas, socos, beliscões, empurrões,
pontapés, pisões, etc. Se fosse só isso, tudo bem. O
problema são os outros artifícios usados pelos
personagens para bater nos outros. Em especial pelo
protagonista. O menino Chaves acerta a todos com
vassouradas, sapatadas, tijoladas e até marteladas
(todos menos quem ele queria realmente acertar). Vamos analisar caso a caso. É claro que uma vassoura ou um sapato não faria grandes estragos. Mas o que dizer de um tijolo ou um martelo? Esses dois instrumentos podem matar uma pessoa. Relembrando algumas pancadas: em Seu Madruga carpinteiro, o Professor Girafales recebe várias marteladas. Uma, em especial, é terrível: aquela que o Quico tenta dar no Chaves e acaba acertando no Mestre Lingüiça. Meu Deus, aquela pancada fortíssima no lado da cabeça é fatal. Claro, como o seriado não precisa ser tão fiel à realidade, acabam deixando passar. Outra martelada potencialmente fatal aconteceu na primeira versão de Quico doente. Quico, da mesma forma, lança um martelo em grande velocidade contra Chaves e pega em cheio Seu Madruga. Isso sem falar nas dezenas de tijoladas dadas pelo Chaves, em especial no Sr. Barriga (Seu Madruga sapateiro) e no Seu Madruga (A casinha do Quico). |
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Seu Madruga beliscando Quico, mais uma vez abusando de sua condição de adulto. |
O que dizer de um adulto batendo em uma criança? Pois isso acontece a toda hora. Seu Madruga abusa de sua condição de adulto e sempre desconta sua raiva nas crianças. Não que elas às vezes não mereçam, mas vamos fazer um teste de imaginação: pode um adulto beliscar sempre uma criança que não é seu filho? Ou socar a cabeça de outra? É claro que não. Muitos têm pena do Seu Madruga quando ele apanha, mas eu não. Essa covardia e o fato dele nunca pagar suas contas fazem com que ele mereça apanhar de vez em quando. | ||||||||||||
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As séries
de Chespirito, em especial Chaves, são muito
assistidas pelo público infantil. Debochar, xingar e
bater nos outros na televisão pode incentivar os miúdos
a agirem da mesma forma. O próprio SBT classifica Chaves
como um programa infantil, praticamente um desenho
animado (que por sinal andam muito violentos atualmente).
Mas um aspecto positivo que devo destacar é o fato de
não haver violência contra as mulheres (apenas um
pontapé de vez em quando). Seria horrível ver uma
mulher levando tapas, socos e pancadas nas séries CH,
bem como é chocante ver isso em qualquer parte do mundo.
As mulheres foram feitas para serem acariciadas, e não
maltratadas. No
entanto, sem essas violências, Chaves se
transformaria num programa monótono. Aí está a graça
das séries. Ninguém assistiria se os problemas fossem
resolvidos apenas na base da conversa. O público gosta
de ação. Ação essa que tem de sobra em Chaves e
Chapolin clássicos. Talvez por isso o público
brasileiro não tenha gostado dos episódios da série Clube
do Chaves, pois os personagens, pela idade, estavam
menos ativos. Bem, era isso. Chaves é
uma série relativamente violenta, mas nada se comparados
com a maioria da programação televisiva atual. Mas é
nessa violência que está o grande atrativo da série,
que cativou imenso público em 20 anos de exibição no
Brasil. Até a próxima,
pessoal! Eduardo (Rufino Rufião) |
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