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O SEXTO BOX DE DVD'S DA AMAZONAS FILMES
Fotos: Valette Negro

            Como no box anterior, a sexta caixa de DVD's vem repleta de versões diferentes de histórias conhecidas pelos chavesmaníacos. Embora, de todo o box, apenas um episódio tenha exibição normal pelo SBT ("O Sonho que deu Bolo") e os demais nunca apresentados no Brasil, seus enredos são bastante familiares, com poucas (ou quase nenhumas) modificações nas cenas e diálogos em relação às versões exibidas pela emissora de Silvio Santos. No disco do Chaves, há uma mistura de remakes antigos e recentes. Já no do Chapolin, prevalecem remakes dos anos 80. E no DVD de Chespirito, com exceção de "Cleópatra e Júlio César", nenhum episódio foi apresentado no país. Roberto Gómez Bolaños, de tantas vezes que regravou suas histórias, fez com que ocorressem duas coincidências envolvendo os discos de Chapolin e Chespirito. Em cada um dos DVD's, despontam duas versões diferentes dos episódios da Cleópatra e do pianista que aparece na saga do estúdio de cinema, com Bolaños fazendo uma antológica imitação de Charlie Chaplin. Essas coincidências serão debatidas detalhadamente ao longo da coluna.
            As legendas se apresentam com caracteres amarelos, em vez de brancos (cor predominante até o box 5), e enfim mantém uma fidelidade ao texto dublado. Vale recordar que, no box 4, a legenda não tinha nada a ver com o que se ouvia no episódio, levando em consideração a primeira tradução feita pela equipe da Amazonas, sem a adaptação que o Fã-Clube Chespirito-Brasil realizaria posteriormente. E de tão fiel ao texto final lido pelos dubladores, ocorreram alguns errinhos que também serão esclarecidos aqui. Outra diferença em relação aos boxes anteriores é a música-tema do Chaves tocada no menu dos três discos, uma vez que os menus dos DVD's de Chapolin e Chespirito apresentavam seus próprios temas até o box 5. Há duas falhas: na primeira, também referente ao menu, os episódios extras não são identificados, sendo listados junto com os episódios normais do disco. E na segunda, as fotos das contracapas dos DVD's são as mesmas que aparecem nos discos do box 5, ou seja, sem nenhuma referência aos episódios presentes. O som original em espanhol continua um tanto abafado e algumas cenas possuem falhas, originais da Televisa, de maneira a aparecer slowmotions por alguns segundos mesmo em reprodução normal.
            Quanto aos dubladores, eles mantêm o mesmo nível dos boxes anteriores. Tatá Guarnieri continua irregular como Chaves, mas muito bem como Chapolin e os demais personagens de Chespirito (impressionante como ele criou uma identidade com os personagens Chaparrón e Chompiras); Gilberto Baroli não agrada emprestando sua voz a Seu Barriga, mantendo-lhe uma voz abafada e de dicção discutível, mas agrada ao dublar Botijão e os outros tipos vividos por Edgar Vivar; Cecília Lemes oscila na voz de Chiquinha, a deixando pesada em alguns momentos, mas faz um trabalho exemplar para a personagem Cleópatra, no DVD do Chespirito; Gustavo Berriel se identifica cada vez mais com Raúl Padilla, deixando imperceptível a diferença de idade entre ator (o intérprete do Jaiminho, com mais de 60 anos na época das gravações) e dublador (Berry tem 24). No mais, Carlos Seidl (Seu Madruga), Osmiro Campos (Professor Girafales), Nelson Machado (Quico) e Helena Samara (Bruxa do 71) continuam na média (faço uma ressalva aos dois últimos, que vêm dublando os personagens num tom contido demais, o que pode ser percebido no episódio "A Festa da Boa Vizinhança". Já Marta Volpiani, provavelmente sem querer, passou a fazer uma voz com sotaque caipira para Pópis, semelhante à desenvolvida para Chimoltrúfia.
            Por fim, queria expressar um descontentamento com o Estúdio Gábia num aspecto: de deixar os episódios maçantes demais nos DVD's. A Amazonas Filmes não pôde utilizar as claques originais da Televisa e do SBT, as famosas risadinhas que, segundo os chavesmaníacos, é uma mistura de barulho de descarga com o latido de cachorros. As claques que a Gábia usa para os episódios de Chaves e Chapolin são inexpressivas demais, deixando as piadas mornas. Como todos os chavesmaníacos estão acostumados a ouvir aquela bizarra risada a cada cena ou diálogo, as discretíssimas claques da Gábia, quase sinônimo de silêncio, deixam um quê de estranheza ao fã do Chaves, que é obrigado a amargar uma sensação de vazio. Arrisco-me a dizer que o maior desfalque dos boxes não é Marcelo Gastaldi (dono da voz marcante de Chaves e Chapolin) ou Mário Villela (Seu Barriga e Nhonho), e sim aquela clássica e querida risadinha ecoada ao término de cada piada. Poderia ser também aquela claque dos episódios dos lotes pós-1992 (presente nas primeiras partes do Desjejum e do Festival da Boa Vizinhança, por exemplo) ou até mesmo a risada do Clube do Chaves, em que a Gota Mágica fez uma excelente sonorização. No caso dos episódios do DVD do Chespirito, tudo bem que, no original, não há claques. Mas a Gábia poderia fazer como a Gota, que colocou as risadas por conta própria, sem precisar imitar o original. Mais do que nunca, afirmo que é difícil acompanhar as séries de Chespirito sem as cômicas e misteriosas risadinhas. Pelo menos uma bola dentro foi dada neste box: a sublime adaptação da música que abre o episódio do Pérola Negra no disco do Chapolin. Talvez a melhor coisa realizada pela Gábia nessas seis primeiras caixas de DVD's.
            Partimos agora para os comentários sobre cada episódio dos três discos:

            DVD DO CHAVES - Neste disco constam os seguintes episódios. "A Festa da Boa Vizinhança", "O Pezinho de Chirimóia", "O Sonho que deu Bolo" e "Barba, Cabelo... e Graxa!", além dos extras "Deus Ajuda quem Cedo Madruga" e "Tortinhas de Merengue sem Açúcar". O terceiro episódio é o que conhecemos como "Sonhos no Restaurante", de exibição normal pelo SBT. Os demais são perdidos ou inéditos no Brasil. "A Festa da Boa Vizinhança" é uma primeira versão bem mais antiga de uma das mais famosas sagas do seriado e que foi exibida apenas em 1988 pelo SBT, segundo relatos de testemunhas da época. "O Pezinho de Chirimóia" é "Barba, Cabelo... e Graxa!" são, respectivamente, as primeiras versões de "Chirimóia" e "Seu Madruga Cabeleireiro". Já os episódios extras são versões posteriores (e cortadas pela Televisa) dos conhecidos "O Belo Adormecido" e "Tortinhas de Merengue", datadas de 1979.

            A Festa da Boa Vizinhança - Sem dúvida, a melhor atração do DVD. Este episódio perdido é um dos primeiros da série "Chaves", cujo pioneirismo é comprovado pelo grande nariz de Florinda Meza, que ainda não havia operado. São raros os episódios em que Dona Florinda aparece com aquele nariz de tucano (ela também é vista com este nariz no esquete do Chapolin "Os Prisioneiros de Maria Bonita", exibido pelo SBT em setembro de 2006). Esta é a primeira versão da saga que eu considero a melhor de todas das séries CH, o Festival da Boa Vizinhança. Em frente à casa de Dona Florinda, o pessoal faz promessas e em seguida apresentações particulares, com Seu Madruga tocando violão e sendo atrapalhado por Chaves, que come sacos de batatas-fritas (esta cena também aparece na quarta parte inédita da mais famosa versão do episódio), Quico recitando o poema "Sapinho Nhô-nhô-nhô" (Glô glô glô no original), Chaves atacando de "O Cão Arrependido" e Chiquinha cantando uma cantiga no violão. O início do episódio lembra "Ano Novo na Casa do Seu Madruga". Excelente episódio, com grandes tiradas da adaptação como "Não sou nenhum John Lennon", dito por Seu Madruga antes de começar a tocar, acompanhado pela resposta de Dona Clotilde: "Ah, mas é só para fazer barulho". Ela, na seqüência do diálogo, pergunta se o pai da Chiquinha sabe tocar alguma coisa dos Iguais. Ele responde que a banda "Os Iguais" não é do tempo dele, e sim do tempo do Dr. Chapatinho (é assim que aparece na legenda). Para quem não sabe, "Os Iguais" era a banda estilo "Jovem Guarda" da qual Marcelo Gastaldi, o saudoso dublador de Chaves e Chapolin, foi vocalista nos anos 60. Também faziam parte do conjunto o produtor Mário Lúcio de Freitas, autor da música de abertura "Aí vem o Chaves", e o cantor e compositor Antônio Marcos, pai da atriz Paloma Duarte e autor de sucessos como "Como Vai Você", famoso na voz de Roberto Carlos. Uma bela homenagem do Fã-Clube à Maga... Durante o concerto de Seu Madruga, nota-se que o Estúdio Gábia "afina" a música tocada por ele. No áudio original, são audíveis algumas notas desafinadas de Ramón Valdez. Vale a pena acompanhar no áudio em espanhol os momentos em que Seu Madruga se descontrola com Chaves em função dos saquinhos de batata, com as claques originais garantindo mais risadas e diversão (porque as inexpressivas claques da Gábia chegam a dar sono...). Em seguida, no início do último bloco do episódio, Seu Madruga termina de cantar uma canção, cuja letra é "Eu passei toda a minha vida sempre chorando por ti". Bem que poderiam mudar para "Quero ver outra vez seus olhinhos de noite serena...". Agradou-me bastante a mudança do nome do sapinho de Glô glô glô para Nhô nhô nhô, cujo poema ficou "Ninguém sabe onde ele vive / ninguém jamais o encontrou / porém todos escutavam / o sapinho Nhô nhô nhô". Aconselho acompanharem este poema citado por Carlos Villagrán no áudio original: é hilariante!!! Ainda há a polêmica da manutenção pelo Fã-Clube da fala original de Chaves, após recitar "O Cão Arrependido": ele diz que o verso é recitado 20 vezes, ao invés de 44 como estamos acostumados. Também preferia que mantivessem as 44 vezes, embora fugindo do "libreto" original. Por fim, Chiquinha canta no violão para todos os chavesmaníacos (legal a citação por Cecília Lemes desta forma pela qual os fãs de Chaves são conhecidos) "um poema triste", e pede para que ninguém chore. Chaves, inconformado por terem interrompido seu poema já na segunda repetição, atrapalha a apresentação da filha do Seu Madruga, colocando os versos de "O Cão Arrependido" entre os desta canção interpretada por La Chilindrina: "Adeus Linda Chiquinha / Não desafogue em pranto / Você é um encanto / Diga que vai voltar / Eu / Te trago uma lembrança / Pequei na esperança / Que nunca esquecerá / Pra te imitar eu cantei / Sardenta e pequenina / Que bonita / Logo vai despertar". Excelente episódio, só acho que Nelson Machado (Quico) e Helena Samara (Dona Clotilde) poderiam se soltar mais um pouco na dublagem, pois noto que Helena dubla calmamente diálogos em que a Bruxa do 71 se exalta demais e fica claro que Quico não está mais gritão como de costume, tanto que a atuação de Nelson no poema "Sapinho nhô nhô nhô" é discreta (muito melhor ouvir Villagrán recitando em espanhol).

            O Pezinho de Chirimóia - Esta primeira versão do ex-perdido "Chirimóia" praticamente não apresenta nenhuma novidade com relação à versão apresentada atualmente pelo SBT. A história é a mesma, sem pôr e nem tirar. Algumas particularidades deste episódio: certamente o visual de Dona Florinda não combina nem um pouco com o dia-a-dia daquela vila horrível cheia de gentalha (parafraseando a valentona do 14), pois ela aparece com um longo vestido preto e o cabelo muito bem penteado após uma passagem pelo salão de beleza (fechado, segundo Chiquinha). Uma mega-produção, se comparada a de episódios posteriores em que a mãe do Quico, quando diz que foi ao salão, simplesmente aparece sem os bobes no cabelo. E ela está muito chique para descer o sarrafo em Seu Madruga, o que deixa a sensação do visual da personagem ainda mais esquisito para o contexto da série e do próprio episódio. A adaptação se saiu muito bem naquele diálogo que apresenta uma série de regionalismos em espanhol que fica sem sentido por aqui, na parte em que Chiquinha pede para que Chaves suba o vaso onde a chirimóia foi plantada e o órfão coloca sua cabeça duas vezes dentro dele, após ela ordenar que Chaves coloque a mudinha no vaso. Primeiro, Chiquinha examina a cabeça de Seu Madruga quando este pergunta pelo saco de terra, e ele diz que não tem "terra na cabeça". E os pedidos de Chiquinha que motivam Chaves a colocar a cabeça no vaso são "Olhe bem para o caixote" e "Não desgruda os olhos do vaso". Pelo menos deixaram o diálogo com algum sentido... Destaque também para a voz feita pelo dublador Carlos Seidl ao responder a Chaves o motivo pelo qual as flores não cheiram: "Porque elas não tem narizes". Seidl, nas cenas em que Seu Madruga imita Chaves, sempre se sai melhor do que o próprio Ramón Valdez na minha opinião. A cena mais hilária do episódio é a do descontrole de Madruguinha após apanhar de uma embonecada Dona Florinda. Ele atira seu chapéu em direção à porta de número 14, no momento em que Quico fecha a porta após fazer "gentalha gentalha". Resultado: o chapéu cai dentro da casa de Dona Florinda. No meio de seu descontrole, Seu Madruga bate na porta para pegar o chapéu de volta. Quico abre e Madruga, agitadamente, retira seu acessório do chão enquanto é empurrado pelo bochechudo. Seu Madruga encara Quico, que fecha a porta, e o pai da Chiquinha prossegue com seu ataque histérico. Cena bizarríssima, característica daqueles primeiros tempos da série "Chaves". Curioso é que, como no texto original, na dublagem Seu Madruga chama Dona Florinda de vizinha algumas vezes, o que não é comum. Outra coisa que me chamou atenção foi a parede da casa de Florinda, visível quando a janela é aberta. Percebe-se nitidamente, no meio de sua cor amarela, um imenso trecho acinzentado composto por massa corrida, que destoa do visual da casa.

            O Sonho que deu Bolo - É o único episódio de exibição normal pelo SBT de todo o box, aquele em que Chaves e Chiquinha adormecem no restaurante de Dona Florinda e sonham que são bem tratados pela mãe do Quico. Leda Figueiró, dubladora original de Paty, volta a emprestar sua voz à personagem (ela já havia atuado no box 2, dublando a Paty interpretada por Rosita Bouchot). A diferença é que, depois de mais de 15 anos, Leda volta a se encontrar com a linda e carismática Ana Lílian de la Macorra (que estréia nos boxes), cujo paradeiro atual é um dos maiores mistérios dos chavesmaníacos, um dos poucos ainda não desvendados em pleno boom da internet. Porém, Leda está sem o mesmo pique de antigamente, com sua voz saindo pesada demais para a personagem. Já Tatá Guarnieri decepcionou nas cenas em que Chaves responde "nada", "não" e "sim" para Chiquinha, tendo precária interpretação (Gastaldi, em contrapartida, dá um show nesta parte na dublagem original do episódio). Osmiro Campos, dublador do Professor Girafales, novamente aparece muito bem na cena em que ele diz "chocolate". No original, ele larga um "chocolhate", clássico até para quem não é fã das séries. No DVD, Osmiro fala "chocolhatê", forçando mais o "e". E, por fim, neste episódio aparece talvez o erro mais tosco do Estúdio Gábia neste projeto dos boxes. E ele ocorre exatamente na mais clássica cena, quando o sanduíche de presunto gigante aparece na mesa de Chaves. No momento em que o sanduíche desponta, do nada ouve-se um gemido do dublador Gilberto Baroli, que empresta sua voz ao Senhor Barriga e aos outros personagens de Edgar Vivar. O tal gemido reaparece quando o sanduíche se transforma no Seu Barriga deitado em cima da mesa, e quando o dono da vila é mordido por Chaves, aí sim Baroli solta o grito adequado para a situação. O som desta cena fica hilário, de tão tosco. Pode entrar tranqüilamente naquele hall de cenas que, pelos erros de gravação ou de dublagem, eternizam-se na memória do chavesmaníaco. Afinal, por que raios o gemido de Baroli aparece naquele momento? Creio que ninguém saiba responder, talvez seja mais fácil saber por onde anda a doce Ana Lílian de la Macorra...

            Barba, Cabelo... e Graxa! - Primeira versão do clássico episódio "Seu Madruga Cabeleireiro" e também de poucas mudanças com relação à história que conhecemos. As maiores curiosidades desta versão mais antiga: a aparição da fachada do salão de cabeleireiro, cujo nome é "Peluqueria Gran Figaro", de estética "moderna" segundo o que está pintado abaixo da denominação. É possível notar também, em frente ao salão, uma daquelas famosas latas de lixo "Ojo - Ponga la basura en su lugar", aquela que fecha os olhos comicamente após Chapolin jogar fora o narcótico no episódio do Porca Solta. Uma boa tirada da dublagem é a resposta de Chaves após Seu Madruga dizer que trabalhará de "cabeleireiro": "de cabideiro?". E o que dizer do "corte de marinheirinho", pedido por Quico a Seu Madruga (ou ao seu irmão gêmeo...)? A equipe de adaptação também faz uma homenagem à socialite Vera Loyola, preterindo assim a fictícia Lola Fernandez, citada por Chiquinha na dublagem do tradicional episódio, quando ela começa a "fatídica" brincadeira com Chaves. Detalhe que, nesta versão, Chaves corta várias vezes o cabelo da filha do Seu Madruga, diminuindo seu tamanho aos poucos. O órfão tenta cortar para que as duas chiquinhas fiquem iguais, mas ele acaba passando um pouco do ponto. E Chaves vai cortando do lado e do outro, até "raspar" a cabeça de Chiquinha (como ela diz na mais famosa versão da história, em que, diferentemente do episódio do DVD, Chaves corta todo o cabelo dela de uma só vez). E como era comum naqueles episódios mais antigos, Chaves tira o boné de Quico para lhe colocar o shampoo (muitas vezes Chaves ficava sem seu gorro nesta primeira fase do seriado). Dá para notar o cabelo do filho de Dona Florinda por alguns segundos...

            Deus Ajuda quem Cedo Madruga - Segunda versão de "O Belo Adormecido". O episódio, de 1979, infelizmente é cortado pela Televisa. Talvez este possivelmente seja o real último episódio de Quico no seriado, pois ele contracena junto com Chaves, Chiquinha e Pópis na vila (o que é coisa rara, já que Pópis só desponta nestes episódios normais para substituir Chiquinha em 1973 e 74 ou ao próprio Quico depois de sua saída. Talvez Pópis já estivesse pegando ritmo para aparecer freqüentemente na vila, não apenas nos episódios da escola). Uma pérola é soltada no começo do episódio, com a dublagem fazendo a sobrinha fanha de Dona Florinda cantar Mamonas Assasinas: "Mina, seus cabelo é da hora / Seu corpo é violão". A propósito, um sotaque capira na voz de Pópis é notado, principalmente quando a dubladora Marta Volpiani solta um "porrrrrcaria". Marta anda dublando tanto Chimoltrúfia que acabou pegando este costume... A dublagem não conseguiu resolver o problema do diálogo em que Quico e Chiquinha comentam sobre "o princípe que dorme" e o príncipe encantado. Pelo menos não ressucitaram o "príncipe da Aeronáutica"... A mudança mais curiosa na dublagem deste episódio com relação às tradicionais (já que a Maga conseguiu a proeza de dublar três vezes a versão mais conhecida de "O Belo Adormecido") é a troca de "meu pai" por "papa", quando Seu Barriga, antes de dar um soco em Seu Madruga, deixa claro que não aceita levar um beliscão nem do papa. As cenas cortadas pela Televisa no DVD abrangem principalmente os momentos em que Seu Barriga pensa que Quico lhe acertará com a bola (inclusive o clássico "Mamãe, a bola me bateu com a bola") e a cena final desta versão também é excluída do disco. Nela, Chiquinha se aproxima lentamente de Seu Madruga estirado ao chão amassado como papel, se agacha, o observa e começa a chorar.

            Tortinhas de Merengue com Açúcar - Segunda versão de "Tortinhas de Merengue", também de 1979, já sem a presença de Quico e com apenas quatro atores presentes (Chespirito, Ramón Valdez, María Antonieta de las Nieves e Florinda Meza). A Televisa, infelizmente, corta todo o segundo bloco e a metade do primeiro. O episódio é idêntico à primeira versão, a única mudança é Pópis no lugar de Quico. A adaptação manteve o "pare de me atazanar" dito por Seu Madruga após Chaves insinuar que o pai da Chiquinha está com raiva, porém suprimiu a palavra "pasteizinhos", dita por Chiquinha na conhecida versão da história, trocando-a por "tortinhas", mais adequada obviamente. Mas estava tão acostumado com "pasteizinhos"... Recapitulando: "bolo" é "pastel" em espanhol. Mas isso todos devem saber, já que episódios como "O Dia Internacional da Mulher" e "As Novas Vizinhas - parte 1" são eternos na lembrança dos chavesmaníacos.

            DVD DO CHAPOLIN - Neste DVD estão presentes estes episódios. "Chapolin x Bulldog & Pingüim: A História de Cleópatra", "Ainda que a cela seja de ouro, não deixa de ser chato ficar preso" e "Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra", mais os extras "O Pianista" e "Um Vendedor Muito Irritante". Todos inéditos no país, o primeiro é um remake dos anos 80 da saga de Cleópatra. O segundo é da década de 70, e o enredo é semelhante à segunda versão do episódio "Piratas do Caribe", exibido em setembro de 2006 pelo SBT. E o terceiro é um remake mais prolongado da primeira versão da saga do Pirata Alma Negra, porém inacabado. Sua seqüência aparecerá no box 7. Sobre os extras, "O Pianista" é um entremés dos anos 70 semelhante ao presente na saga "O Show deve Continuar"; e "Um Vendedor Muito Irritante" é um quadro da década de 80 do Programa Chespirito.

            Chapolin x Bulldog & Pingüim: A História de Cleópatra - Versão da clássica saga de Cleópatra e Júlio César datada da metade dos anos 80, com um Chapolin já mais envelhecido e gordinho. O início é semelhante à versão mais conhecida: Florinda namora os dois gângsters mais perigosos do país, Buldogue (Raul Padilla) e Pingüim (Horácio Gómez Bolaños). E Chapolin, após espantá-los fingindo-se de morto, conta a ela a história de Cleópatra, uma mulher que cobiçava tanto os homens que no fim terminaria sozinha. O episódio é idêntico à clássica versão dos anos 70, com Florinda Meza e Chespirito interpretando os personagens títulos. Edgar Vivar interpreta o empregado de Florinda e também Metamorfosis, Rubén Aguirre é Marco Antônio e Roberto Gómez Fernandez (filho de Chespirito e sósia do figurante narigudo) vive Brutus. A atriz que faz a empregada e Artritis é desconhecida (não possuindo o carisma e, principalmente, a beleza da diva Rosita Bouchot). Destaque para o som das balas disparadas pelo revólveres de Buldogue e Pingüim, que lembra muito mais chicotadas do que tiros (ah, Gábia... no original, o som é de revólver de espoleta). Muito engraçada a reação de Cleópatra quando Júlio César se interessa por Artritis: "A história diz que a bonita sou eu...".

            Ainda que a cela seja de ouro, não deixa de ser chato ficar preso - O enredo é conhecido no país graças à exibição da segunda versão de "Os Piratas", ocorrida em setembro de 2006. A história desta saga é idêntica a este episódio do DVD. Só que ele se passa numa diligência do Velho Oeste, e não num navio de piratas. Racha Cuca (Ramón Valdez) mantém Rosa a Rumorosa (Florinda Meza - no original, Rosa la Revoltosa) prisioneira, já que esta não quer se casar com ele. Ela consegue escapar enganando seus capangas (Carlos Villagrán e Rubén Aguirre), mas é recapturada por Racha Cuca, que também aprisiona Chapolin. O bandido planeja explodir a cela onde está a dupla com uma banana de dinamite, mas ele sente a falta do fósforo. Enquanto Racha Cuca sai para buscá-lo, Chapolin toma uma pastilha de nanicolina (bom saber que esta nomenclatura das pílulas, a minha favorita, está de volta) a fim de procurar a chave da cela. Os dois conseguem sair, mas se deparam com a porta da prisão fechada. Chapolin usa a dinamite para explodir a porta e após confundir a banana com a vela do candelabro, ele explode a porta com Racha Cuca e seus comparsas junto. Durante o episódio, também rola aquela trama com as bolas de ferro, que têm de ser empilhadas num suporte com desvio, o que faz com que as bolas caiam na cabeça de todo mundo. A Gábia mais uma vez pisa na bola na sonorização, pois o som do impacto da bola sempre ecoa antes dela bater na cabeça dos personagens (o som desponta até quando Chapolin pega uma das bolas com as mãos...). Uma adaptação interessante (e, ao mesmo tempo, crítica) ocorre quando os capangas trazem as bolas de ferro. Carlos larga essa: "Carregar isso é pior do que ver a Vila Maluca". Pra quem não se lembra, o programa foi exibido pela Rede TV! em 2005 e era protagonizado pelos atores Marquinho Martini (o hilariante gordinho das pegadinhas do João Kléber, do bordão "o quê, o quê, o quê, rapá?") e Duda Mamberti. Considerado um programa inspirado no "Chaves", sua controvérsia é que ele não foi nada inspirado. Era realmente ruim demais... A mais bizarra cena do episódio é quando Chapolin, de tamanho reduzido e dentro de uma gaveta enquanto procura a chave da cela, mostra uma caixa de fósforos branca à Rosa Rumorosa. Sabendo que era exatamente por não ter os fósforos que Racha Cuca ainda não havia explodido a cela, Chapolin não perdeu tempo e soltou, com a maior sinceridade: "Agora eu entendo porque o pessoal daqui é meio tantã". Show de bola!

            Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra - Talvez umas das mais caras produções dos programas de Chespirito, este episódio é um remake em longa-metragem do estilo que Bolaños passou a fazer a partir dos anos 80 (como "Aventuras em Marte"). O episódio se passa todo fora do estúdio, no mar e numa ilha, com os personagens contracenando em um navio de verdade. De cara, apresenta um ótimo cartão de visitas: a belíssima canção cantada por Flor Marina (Florinda Meza) e os demais corsários, que ganhou uma excelente adaptação dos estúdios Gábia (enfim uma bola dentro, hein?). Eis a letra da música:

Nós todos somos piratas
Vemos a navegar
Audazes e temerários
Por isso é que somos os donos do mar
Somos todos piratas
E por amor devemos lutar
Me sinto legendário
Mas a bandeira com a caveira desse capitão

Quero viver no mar (no mar)
Pois a minha vida é no mar (no mar)
Piratas levam a vida nas águas de sal
Quero morrer no mar (no mar)
E descansar nesse mar (no mar)
Pois essas águas serão o meu refúgio final

A guerra é uma estrada
Que devemos honrar
O barco é nossa casa
E o nosso caminho é nas ondas do mar
Aqui vivemos sentados
Toda essa água do mar
Vivendo com coragem
Essa bandeira com essa caveira desse capitão

Quero viver no mar (no mar)
Pois a minha vida é no mar (no mar)
Piratas levam a vida nas águas de sal
Quero morrer no mar (no mar)
E descansar nesse mar (no mar)
Pois essas águas serão o meu refúgio final

            O enredo é exatamente o mesmo da mais famosa versão em que Chapolin enfrenta o Pirata Alma Negra e seu comparsa Matadouro, que obrigam os outros piratas mais Chapolin e Flor Marina a acompanharem o enterro do tesouro para depois serem executados. A história tem a duração de quase 40 minutos no DVD, mas, mesmo assim, trata-se apenas da primeira parte. Quem quiser acompanhar seu desfecho terá de adquirir o box 7, que deverá ser lançado ainda este ano. No disco número 6 de Chapolin, o episódio se encerra quando os personagens planejam tomar o tesouro de Pérola Negra e Matadouro assim que estes retornarem com o baú à praia. Antes, os bandidos deixam Chapolin e companhia na ilha, e com um barco a remo regressam ao navio para buscar o tesouro. Na ilha, Chapolin diz que nunca sente a morte. Flor Marina avisa que ele está encostando nela e a imagem é congelada com a mão do Polegar Vermelho encostando na caveira de um esqueleto, deixando o suspense no ar. A Televisa poderia ter colocado caracteres do estilo "Continua no próximo DVD" ou algo semelhante... O navio é comandado pelo Pirata Pérola Negra (Rubén Aguirre, "promovido" de Matadouro a Pérola Negra), que no original também tem o nome de Alma Negra ("Alma Susia" em espanhol), mas numa acertadíssima decisão do Fã-Clube Chespirito Brasil, o personagem teve o "Alma" trocado por "Pérola". Sejamos francos: Ramón Valdez eternamente será o único Pirata Alma Negra. Os outros tripulantes do navio: Flor Marina (Florinda Meza), Matadouro (Arturo García Tenório), Pança Louca (Edgar Vivar), Pouca Luz (Raúl Padilla), Logo Ali (Horácio Gómez Bolaños) e Lagartixa (ator desconhecido). Algumas curiosidades do episódio: Chapolin sai do mar e entra direto no navio num estilo reprodução contrária, idêntica à maneira como o herói captura Seu Trocadeiro no episódio "Chapolin em Acapulco". Ocorrem algumas gafes nas legendas, como "Faixa Oca" ao invés de "Pança Louca", "Matador" em vez de "Matadouro"... Mas nenhuma supera a seguinte pérola na fala de Pança Louca "eu tenho tatuado atrás um mapa-mundi". Inacreditavelmente, na legenda aparece "eu tenho tatuado atrás UMA PAMONHA". Céus, tudo bem que "mapa-mundi" e "pamonha" têm pronúncias semelhantes, mas qual seria o nexo de alguém tatuar uma pamonha nas costas??? Benzadeus!!! Outra coisa bizarra é a voz que colocaram no Matadouro. Tudo bem que Arturo García Tenório (o bebê jupteriano, o marciano de "Aventuras em Marte", o pai de Jaime Palilo em "Carrossel"...) resolveu fazer um Matadouro mais ingênuo e bobalhão. Mas não precisava a Gábia colocar nele uma voz masculina afeminada. Pegaram muito mal mesmo... Bem, ficaremos no aguardo do final da história até a chegada do box 7.

            O Pianista - Esquete de três minutos e meio, lembra Charlie Chaplin no piano, na saga do Cinema ("O Show deve Continuar"). Chespirito é um pianista que se atrapalha todo até conseguir tocar adequadamente o instrumento. A história volta a ser relembrada no esquete de Chaparrón "O Concerto de Piano", no DVD de Chespirito neste mesmo box 6.

            Um Vendedor muito Irritante - Nesta divertida história, Florinda é uma mulher mimada que se orgulha em pertencer à Sociedade Protetora dos Animais. Seu marido, vivido por Edgar Vivar, irá sair com a esposa quando, de repente, um vendedor (Chespirito) invade a casa, levando o casal à loucura. Chespirito deixa claro que não sairá da casa sem vender um mata-moscas. Florinda fica traumatizada pelo fato do instrumento servir para matar animais, mas devido à insistência do vendedor, eles compram um mata-moscas. No final, a defensora dos animais Florinda vai com o marido, ironicamente, até a farra do boi. Um remake dos anos 90 desta história foi apresentado pelo SBT em 2001. A equipe de adaptação da dublagem dos DVD's simplesmente faz uma homenagem a um dos melhores sambistas da história: o saudoso Bezerra da Silva. Inclusive eu mesmo me senti homenageado, como fã que sou do porta-voz do morro... É que Florinda chama a empregada Atadolfa (Angelines Fernández) para que ela recolha o chapéu de Chespirito que Edgar jogou no chão. Florinda diz a Atadolfa: "O chapéu". Do nada, a grande dubladora Helena Samara começa a cantar: "Na aba do meu chapéu / Você não pode ficar..." com direito a palmas de Angelines (a imagem acima à direita registra este momento histórico das dublagens CH e também da própria série). E que momento!!!!!! "Na Aba", regravada também por Martinho da Vila, é de autoria de Ney Silva, Trambique e Paulinho Correia e está presente no LP de 1982 "Bezerra da Silva e um Punhado de Bambas", sendo um de seus maiores sucessos. Porém, como nem tudo são flores, há mais uma gafe da legenda: Chespirito vira Chispirito. Ainda não aprenderam...

            DVD DO CHESPIRITO - Este disco apresenta os seguintes episódios. "O Futebol é minha melhor Medicina" (Dr. Chapatin), "A Coceira de Chompiras", "O Concerto de Piano" (Chaparrón), "O Analista que não deu Pé" (Dr. Chapatin), "Cleópatra e Júlio César", "De Grão em Grão, a Galinha enche o Papo" (Chaparrón) e "O Grande Golpe" (Chompiras), além do extra "Cristóvão Colombo". Todos os esquetes são dos anos 80, a exceção de Cleópatra (da década de 90, exibido em 1997 pela CNT e em 2001 pelo SBT) e o extra do Colombo (dos anos 70), primeira versão do episódio.

            O Futebol é minha melhor Medicina - Remake do clássico entremés, mais conhecido como "Dr. Chapatin quer ir ao Futebol". A diferença é que apenas a senhora vivida por Angelines Fernandez é quem atormenta o médico, ao invés do revezamento de atores da versão mais conhecida. Tudo se repete, desde os telefonemas dos pacientes, o problema dos roncos, a dor que vai subindo subindo e depois desce desce, a garçonete que quer saber quando pede a gorjeta, a necessidade do purgante, até Chapatin ser informado de que a partida só será no dia seguinte. A maior diferença responde por alguns diálogos adultos inseridos nesta versão, provavelmente de 1980 (creio eu que o calendário da parede do consultório indique 1980, o ano não está nítido na folhinha). Primeiro, após Angelines lhe informar do problema do ronco, Dr. Chapatin responde que não pensa em se casar com ela. Depois, um dos telefonemas é de um homem que alega que sua sogra foi arranhada por um gato. Chapatin sugere que se coloque álcool no ferimento, mas o cara deseja na verdade saber quanto tempo de vida tem o gato. E, por fim, uma adaptação típica da Gota Mágica para o Clube do Chaves: Tatá Guarnieri faz Dr. Chapatin chamar Angelines de "tribufu". Pegou mal, mesmo! Só faltava amargarmos o regresso do vocábulo "bonecona" nos episódios de Chapatin nos DVD's...

            A Coceira de Chompiras - Botijão relata a Chimoltrúfia que, enquanto planejava um roubo, subiu nas costas de Chompiras para enxergar numa altura maior. Com o peso de Botija, Chompiras fica no formato de tapete. Sargento Refúgio (Rubén) o encontra e leva até a casa de Chimoltrúfia, o passando por debaixo da porta. Chimol, que já sabia da história, revela a Botijão que cuidou de Chompiras como uma enfermeira. O malandro aparece todo enfaixado, com os braços engessados e esticados horizontalmente. Muita confusão acontece, com Refúgio pedindo que Chompiras lhe passe o açúcar e faça o seu café mesmo naquele estado, além de acertar pancadas em todos a cada vez que se vira, devido à posição dos braços. Até que Chompiras faz Chimoltrúfia lhe dar total atenção, lhe coçando o nariz e servindo café na boca. Revoltado com a indiferença de Botijão para com a situação do amigo, o policial se oferece para ajudar Chompiras no próximo favor. Eis que o malandro revela que a próxima coisa que quer fazer é tomar um banho... E agora, Sargento Refúgio? Bom episódio, curiosamente intitulado no DVD de "Uma Boa Ação nem sempre dá bom Resultado" ao invés de "A Coceira de Chompiras". Também há um calendário na parede da casa de Chimoltrúfia, mas não dá para ter certeza do ano que aparece. Creio que seja 1984.

            O Concerto de Piano - Divertidíssimo episódio de Chaparrón, em que um piano está colocado na sala da casa. Segundo Chaparrón, ele queria comprar abóboras macias, mas o piano acabou vindo em troca... Lucas faz a vizinha pentelha (Florinda) entender que Chaparrón irá tocar no Teatro Musical. Chaparrón oferece um hilário concerto ao público, com cenas que aparecem também no entremés "O Pianista", presente no disco do Chapolin deste box. No fim, Lucas consegue até vender as entradas para o concerto, para espanto da vizinha, que fora até o Municipal e viu que lá não aconteceu nada. Entre outras pérolas, Chaparrón revela que a solução para se acertar na loteria é comprar todas as cartelas e também confessa saber ler partituras: "par-ti-tu-ra" ("mu-si-ca" no áudio em espanhol). Lucas ainda revela ser "piracicabano" de Piracicaba e compara Mozart, Bach e Beethoven com Genival Lacerda.

            O Analista que não deu Pé - A enfermeira (Florinda) confidencia a Dr. Chapatin que está sofrendo de insônia, não conseguindo ter boas noites de sono. O médico se torna um analista, ouvindo os problemas da colega deitada no divã. No fim, o próprio Chapatin é quem acaba dormindo, para desespero da enfermeira. A cena mais engraçada é quando o médico diz que a voz de sua consciência pede que ele compre um novo detergente, mas na verdade a recomendação vem do radinho de pilha que está escondido no seu casaco. No mais, entremés fraquinho, passa despercebido no DVD.

            Cleópatra e Júlio César - Remake dos anos 90 do clássico episódio (cuja versão dos anos 80 marca presença no DVD de Chapolin deste mesmo box 6), já foi apresentado pela CNT em 1997 e pelo SBT em 2001. Melhor episódio do disco, trata-se de uma versão mais prolongada da história, sem a introdução com a garota envolvida com os dois bandidos. Desta vez, é María Antonieta de las Nieves quem dá vida à Cleópatra. Moysés Suárez interpreta Metamorfosis (mostrando inclusive um bom rebolado), Rubén Aguirre dessa vez é Brutus e o ator com pinta de galã Arnoldo Picazzo é quem faz o imperador Marco Antônio. Pra quem não lembra, Arnoldo é o namorado da filha de Dom Caveira no episódio que está no box 5 e também é um daqueles que quer "subir na vida" no episódio do Dr. Chapatin presente no box 2 (obrigado mais uma vez, Valette Negro!!!). A atriz que faz a surda-e-muda Artritis é desconhecida, sendo bastante parecida com María Antonieta de las Nieves. Precisa dizer quem interpreta Júlio César? Esta versão ganha um novo personagem: a múmia Temetoamon (Edgar Vivar), tio de Cleópatra e que ao avistar Artritis suspira: "Se eu tivesse 2 mil anos menos...". O pugilista mexicano Julio Cesar Chavez, ex-campeão mundial de boxe, é citado por Metamorfosis como exemplo de homem forte e hábil que ainda não perdeu combates, mesmo com uma pequena ressalva: "Não, esse perdeu alguns...". Mas é claro que Metamorfosis confunde os Júlios Césares, pois o imperador de Chespirito aparece com uma voz bem abobalhada colocada por Tatá Guarnieri, que procurou ser fiel à interpretação de Bolaños. Muito engraçado quando Júlio César chega ao palácio perguntando se é ali que Cleópatra "faz um bico como rainha". Algumas piadas adultas, mais comuns nos anos 80 e 90, despontam quando Júlio, ao se referir a Artritis, coloca que uma mulher que não ouve e nem fala é a mulher ideal, além de insinuar que a mãe de Marco Antônio é um dragão (olha a inspiração no Clube, rapaziada...). A Gábia comete o mesmo erro da Maga no episódio das Pirâmides do Chapolin, ao errar a sílaba tônica da palavra "hieróglifos". Os dubladores Tatá Guarnieri, Cecília Lemes (de ótima atuação neste episódio) e Gilberto Baroli pronunciam "hieroglífos", com mais ênfase no "gli" em vez do "ro", como é correto. Tais hieróglifos na verdade formam a placa "Made in Taiwan". O dublador de Arnoldo Picazzo exagera na sua voz, colocando um timbre de herói musculoso de filmes de ação em Marco Antônio. Sobre a mulher que Marco quer que Cleópatra reencarne, tivemos uma terceira atriz citada nas três dublagens deste episódio. Na dublagem da BKS para a CNT, em 1997, ele cita Elizabeth Taylor como no texto original. Já na da Gota Mágica para o SBT em 2001, Demi Moore é a "homenageada". Por fim, na versão Gábia, desta vez "sobra" para Cláudia Ohana. Justificativa: Ohana é a musa de Gustavo Berriel, sendo uma espécie de Manuela do Monte do Mestre Maciel. Valette aumenta, mas não inventa... Sobra tempo para mais uma gafe na legenda, que troca "coxinhas" por "conchinhas", além da Gábia ter sido fiel à versão do Clube do Chaves na fala de Júlio César após Cleópatra revelar que Brutus é quem quer lhe matar: "Eu não sou o Popeye". No fim da história, Júlio César fica com Artritis, após ser avisado por Brutus que este o estará esperando em Roma. Marco Antônio, por sua vez, foge alegando que suas terras em Itaquaquecetuba foram invadidas e Metamorfosis oferece à Cleópatra uma cesta com uma serpente em promoção. Belo momento das séries CH!

            De Grão em Grão, a Galinha Enche o Papo - Começa com Chaparrón e Lucas fazendo um movimento sincronizado ao folhearem os livros que lêem e também ao cruzarem as pernas. Depois, Chaparrón revela que sua tia Margarida se casou com um refletor de 5 mil watts para não pagar na hora de dar a luz. "Menino!", parafraseando Lucas... Aí aparece a vizinha pentelha (Florinda Meza) querendo uma xícara de açúcar (pra variar), trazendo consigo uma meia que está costurando e um ovo. Ao sair, ela esquece o ovo no sofá da casa. Chaparrón senta em cima dele e naturalmente pensa que o botou. Lucas acha aquilo normal, mas o alerta para os problemas que terá ao ser uma mãe solteira, já que o pai de "seu filho" é desconhecido. Inclusive são mostrados planos fechados de Chaparrón com lágrimas escorrendo pelo rosto para dar uma maior ênfase à "dramaticidade da situação"... Chaparrón se imagina uma galinha, para espanto da vizinha, que retorna à casa dos dois loucos para buscar o ovo que esquecera. Como Chaparrón não deixa ela levar o ovo, Lucas chega a sugerir uma solução a la rei Salomão, a de reparti-lo para que cada um fique com a metade. A vizinha diz que estava usando o ovo para costurar sua meia (cuma????) e resolve se retirar ao ver o estado de nervos da dupla com a possibilidade deles perderem aquele ovo. Porém, Lucas percebe que o amigo não o chocou, e resolve examiná-lo com um estetoscópio. Então ele decreta a morte do "filho de Chaparrón", aumentando ainda mais a "carga dramática" do episódio. Porém, Chaparrón faz uma sepultura para o "filho" em um vaso e, ironicamente, nasce um "pé-de-galinha", onde um galináceo é regado pelo louco. Ótimo episódio! Sem dúvida, tragicômico.

            O Grande Golpe - Botijão faz uma planta de rua, arquitetando um assalto. Chompiras não pára de espirrar, atrapalhando a explicação de Botijão. Chimoltrúfia, mesmo recomendada pelo marido para que fique em casa, resolve acompanhá-los durante o golpe, que ocorre na calada da noite. Eles planejam assaltar uma farmácia, mas quando se pensa que eles vão roubar o dinheiro do estabelecimento, na verdade eles só querem o remédio para curar o resfriado de Chompiras. Um erro de dublagem desponta no início, quando Botijão condena Chompiras e Chimoltrúfia por não terem relógio. Botija então diz que só os perdoará por um motivo. Quando é para Baroli dublar a fala como "Porque eu não tenho relógio", ele diz "Porque eu não tenho razão". Até porque, no áudio em espanhol, ouve-se claramente Edgar pronunciar "reloj". Fraco episódio, muito sem sentido, com cenas dispensáveis e um tanto cansativo no trecho em que Botijão mostra a planta que no fim nem serve para muita coisa...

            Cristóvão Colombo - Primeira versão do episódio, muito inferior à versão que conhecemos, famosa pela frase "quero avisar que a população está com fome", ausente nesta versão do DVD. Os atores estão nos mesmos papéis (Chespirito, Florinda, Ramón e Villagrán, com Rubén ausente) e as situações são as mesmas, incluindo os "cocozitos de mosca" e "as maçãs planas" segundo o rei Ramón. Este, ao perguntar a Colombo se ele irá lhe provar melhor, recebe a seguinte resposta: "Nem que fosse a Cicciolina". Olha a Gota Mágica aí de novo... E, por fim, a tradução original do ditado de navegante dito por Colombo ao negar levar a rainha Florinda na viagem é "Se quando viajas, não queres guerras / Quando viajares, não leve velhas". Mas é evidentemente que ficou no DVD a versão da dublagem Maga, muito mais engraçada: "Se quando viaja, faz o que quer / Quando viajar, não leve mulher".
            Tá feito o carreto! Até o box 7, pessoal!

MESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ
As últimas do meio CH

No último dia 9 de setembro, o estudante Rogério (E) encerrou a sua participação no programa Vinte e Um, respondendo a questões sobre a série "Chaves". Ele então se atreveu a perguntar ao titio Cenoura algo que todos os chavesmaníacos querem saber: sobre o paradeiro dos episódios perdidos. Silvio Santos, sempre de excelente lábia, se saiu bem com a resposta bem-humorada "ainda não encontramos". Silvio também confirmou ao garoto que eles possuem 250 episódios da série (154 são exibidos regularmente pelo SBT) o que pode provar que os perdidos estão realmente escondidos em algum arquivo pelos arredores dos estúdios da Via Anhangüera. A mais válida informação arrancada por Rogério da boca do patrão foi sobre o futuro do desenho animado. Silvio garantiu que os 13 novos episódios (já dublados) estrearão no final do ano. É esperar pra ver, né? Bem que pelo menos Rogério poderia aproveitar a deixa para perguntar sobre o Chapolin... O áudio do papo entre Rogério e Silvio Santos pode ser baixado clicando aqui. Sobre a foto do lado, serve para aumentar ainda mais o mistério sobre o real dia de estréia de Chaves no Brasil. O programa diz que foi no dia 25 de agosto de 1984, com Rogério (que faturou 25 mil reais) acertando a questão. Até então, sabia-se que havia sido no dia 24. Porém, Gustavo Berriel deixa claro que a data foi 27 de agosto, com Chapolin estreando provavelmente no dia seguinte. E o mistério permanece...

Falando no desenho, ele também será exibido pelo Cartoon Network. A emissora de TV a cabo passará a apresentar a animação a partir do dia 6 de outubro, um sábado, às 8h30min, com reprises aos domingos, às 6h30min e às 9h30min. Enfim Chaves dá as caras na TV paga... Tudo bem que é o desenho animado, mas já é alguma coisa. A propósito, o desenho agora vem sendo apresentado diariamente às sete da manhã para algumas praças dentro do "Carrossel Animado". Chaves, por sua vez, é exibido às 14h15min (em rede nacional) e às 19h (para a maioria das praças). Porém, na exibição vespertina, o SBT ora coloca um episódio completo, ora põe dois, com um deles ou até mesmo os dois picotados. Não sei porque cargas d'água insistem nessas porcarias de edições tesouradas...

Mais sobre o desenho: foi divulgada a lista dos 12 primeiros episódios da segunda temporada. Eis os ditos cujos, entre parênteses o possível episódio a ser adaptado de acordo com o título em espanhol: "La Vecindad en Guerra" (A Carabina), "Las aguas frescas" (Tienda del Chavo), "Las historias de terror" (Sustos na Vizinhança), "Como sube los alimentos" (???), "El hombre invisible" (Invisibilidade), "Don Ramón lechero" (Seu Madruga Leiteiro), "Dinero perdido" (Dinheiro perdido), "Cuidemos el agua" (???), "Carrera de coches" (O Carro do Senhor Barriga), "El justiciero enmascarado" (???), "Amar a los enemigos" (As Pessoas Boas Devem Amar seus Inimigos) e "Don Ramón enamorado" (???). Enquanto que por aqui nem a segunda metade da primeira temporada estreou ainda...

O fofoqueiro Nelson Rubens (E) cometeu uma senhora presepada numa edição de agosto da revista "Minha Novela". Na coluna que escreve para a publicação, ele revela que o ator que interpreta o Quico reside em Porto Alegre e faz shows pelo interior do Rio Grande do Sul com o circo Cristal. Porém, o cara que "aumenta mas não inventa" evidentemente se referia ao falsário Roberto Vásquez. Carlos Villagrán, o verdadeiro e único Quico, reside na Argentina. Mandei um e-mail para Nelson corrigindo a informação e esclarecendo a história, porém não obtive retorno e tampouco ele corrigiu a "barriga" (notícia não-verdadeira, no jargão jornalístico) em sua coluna, no caso uma "pança de mamute". Que vergonha, hein sr. Nelson? Francamente...

No dia 7 e 8 de setembro, a maioria das praças puderam acompanhar no horário das 19h os episódios "História do Brasil" e "A Proposta", que vinham passando apenas para São Paulo desde 2002. Estes dois episódios o SBT tornou anuais em 1999, num ato completamente equivocado da emissora. Para se ter uma idéia, é exibido apenas uma vez por ano um episódio que exalta a Independência do México. A citação do Brasil é coisa da dublagem, pois o que tem a ver tantos confetes e serpentinas espalhados pelo pátio da vila com o 7 de setembro? Isso que eu saiba está mais relacionado com o carnaval por aqui... Isso sem contar a segunda parte da saga, em que por nenhuma vez a Independência do Brasil é comentada e ainda por cima a própria dublagem tupiniquim cita personagens históricos do México como Cuahltemóc e Montezuma. Ainda por cima, o SBT inventa de cortar algumas cenas dos dois episódios... Menos mal que a hilária careta de Seu Madruga não foi suprimida na edição ("não vai devolver o meu tamborzinho?", ria à beça com a imagem à direita). O mais interessante foi notar no FUCH (Fórum Único Chespirito) que muitos usuários não se lembravam dessa hilariante aventura da turma da vila. Tudo culpa do SBT e suas bobagens...

Além do box 6, recebi também o box do Kiko. O trabalho de dublagem, dirigido por Nelson Machado nos estúdios Uniarthe (São Paulo), foi muito bem feito e sua qualidade está anos-luz acima dos estúdios Gábia nos serviços para o box do Chaves. Os dubladores foram bem escolhidos e Nelson está perfeito como um Kiko interpretado por um Carlos Villagrán de mais idade. O Quico criança exige que Nelson faça uma voz mais agitada e gritada (o que não acontece nos DVD's de Chespirito, em que Nelson está inibido demais, executando um trabalho até tímido), e já o Kiko adolescente do programa "Ah que Kiko!" (gravado em 1987 e 88 e exibido pela emissora mexicana Telerey) possui mais experiência e responsabilidades, com seu estilo combinando perfeitamente com a atual fase de Nelson Machado para com o personagem. Quanto à série em si, é agradável, pode ser perfeitamente vista por pessoas de todas as idades, porém é demasiadamente infantil com algumas situações bobinhas e inusitadas, como a bela Pamela (com Seu Madruga e Kiko na imagem à esquerda) insistir em comprar fiado na venda e passar por necessidades mesmo morando numa bela casa com a sua sobrinha Nena. Os episódios com Seu Madruga (último trabalho de Ramón Valdez na televisão) de longe são os melhores com relação aos com Seu Brancelha. Mas é um trabalho interessante e vale a pena ser prestigiado. É um barato acompanhar também o making of com depoimentos de Nelson Machado e principalmente o momento em que Raquel Marinho, dubladora de Pamela, está em ação colocando a voz na personagem (com direito à natural confusão do nome Seu Brancelha com sobrancelha), sendo possível assistir ao trabalho de um dublador profissional. Confira mais detalhes da série "Ah que Kiko!" na nova seção do Turma CH. Lembrando: nesta série, Kiko se escreve com "K" mesmo, tudo devido aos direitos autorais do personagem pertencentes a Roberto Gómez Bolaños.

A dubladora de Dona Florinda, Marta Volpiani (à direita, de óculos), está em ação no humorístico Câmera Café. Baseado em um programa espanhol, trata-se de uma espécie de falso reality show composto unicamente por diálogos e desabafos humorísticos junto a uma máquina de café de uma empresa, supostamente filmados por uma câmera de vigilância. A série é exibida em esquetes de cinco minutos diariamente, de forma aleatória no horário nobre do SBT. Marta interpreta a personagem Geni Bulhões. Em alguns episódios, a série "Chaves" é citada pelos funcionários da empresa. Quem sabe Marta não falará sobre sua tão familiar Dona Florinda nos próximos esquetes.

O ex-craque do Atlético-MG Reinaldo (E) mostrou que entende tudo dos seriados CH. Ironias à parte, vale a pena conferir este vídeo em que ele participa do programa "Alterosa Esporte", da afiliada do SBT de Belo Horizonte. O apresentador do programa Leopoldo Siqueira lê um e-mail dizendo que é mais fácil o Professor Girafales se casar com a Dona Florinda do que o presidente do Galo mineiro, Ziza Valadares, contratar reforços para o clube. Eis que Reinaldo solta um monte de pérolas inacreditáveis, como "Esse cara é compadre do Ziza" e "Com esse nome, ele só pode dar aula em escola pública". Evidentemente, os outros integrantes do programa mais o apresentador caem na gargalhada, fazendo do ex-craque motivo de chacota. A edição do programa inclusive mostra divertidas cenas do Mestre Lingüiça. Vale a pena dar uma conferida clicando aqui. É incrível a cultura dos nossos ex-boleiros. Já diria Neto: "só pode estar de brincadeira!".

Este humilde colunista foi homenageado no Orkut com uma comunidade. Mestre Maciel é o CHmaníaco é obra de nosso webmaster Andy. Obviamente, fiquei muito lisonjeado e espero contar com a presença de todos neste espaço, a fim de debater sobre meus textos e, principalmente, a respeito das séries CH. E, sobretudo, obrigado mais uma vez meu amigo e parceiro Andy!

Para encerrar, uma grande homenagem à celebridade mais citada nos seriados CH e que nos deixou no último dia 13 de setembro: Pedro de Lara (D). Seu jeito espalhafatoso unido aos inseparáveis lírios brancos e o mau humor em defesa da moral e dos bons costumes arrancavam gargalhadas de todos. Pedro de Lara foi lembrado pela dublagem das séries CH inúmeras vezes, como o descobridor do Brasil segundo Chiquinha, como um exemplo de monstro horroroso citado por Quico, como pessoa de nariz feio por Chapolin... Tudo em tom de brincadeira, é claro! Grande figura, foi um dos grandes símbolos da TV brasileira e agora irá divertir o povo do andar de cima e iluminar a todos nós. Vai com Deus, querido Pedro!

Mestre Maciel

marcofelgueiras@brturbo.com.br